Na noite do dia 17, as forças israelenses atacaram um ônibus que transportava palestinos no norte da Faixa de Gaza, matando 11 pessoas, entre elas 7 crianças e 2 mulheres. Sob as ordens do primeiro-ministro Netanyahu, o exército israelense voltou a bombardear indiscriminadamente, no dia 19, mais de 100 alvos na Faixa de Gaza. Os principais alvos foram locais onde civis se reuniam, cabanas e tendas de refugiados, resultando na morte de 44 palestinos e em dezenas de feridos.
Israel alega que suas ações militares são uma resposta à suposta violação do acordo de cessar-fogo por parte do Hamas, mas a imprensa e especialistas afirmam que “Israel está testando a fragilidade do cessar-fogo”.
Desde o início, o verdadeiro responsável por semear a faísca da provocação, mostrando-se relutante quanto ao cessar-fogo, não é outro senão Israel.
Logo após o acordo de cessar-fogo com o Hamas ser alcançado, o primeiro-ministro israelense Netanyahu afirmou em um discurso transmitido pela televisão: “Vencemos em todos os lugares onde lutamos”, acrescentando: “Mas a ofensiva ainda não acabou.” Em outro discurso televisionado, feito apenas um dia após a aprovação do acordo de cessar-fogo e de libertação de prisioneiros, declarou que as forças israelenses permanecerão na Faixa de Gaza até que o Hamas seja desarmado e a região seja desmilitarizada, e ameaçou que, se seus objetivos não forem alcançados de maneira fácil, “serão atingidos da forma mais dura”.
Autoridades israelenses e altos funcionários do governo, em coro, proclamaram que o acordo de cessar-fogo representava uma vitória de sua ofensiva militar e declararam abertamente sua intenção de retomar a guerra.
As verdadeiras intenções por trás disso ficaram claramente reveladas na visita do conselheiro de segurança nacional de Israel à mesquita Al-Aqsa, ocorrida pouco antes da adoção do acordo de cessar-fogo.
Como é amplamente reconhecido, a mesquita Al-Aqsa é um dos locais sagrados do Islã. No passado, Israel, alegando que o santuário lhe pertencia, repetidamente cometeu atos de violação contra o local, o que transformou a mesquita em um dos pontos mais sensíveis e inflamados do conflito religioso e da confrontação entre muçulmanos e judeus.
Os muçulmanos consideram as violações à mesquita por parte dos judeus como uma profanação de sua fé e uma provocação contra as forças e os países islâmicos, reagindo fortemente a tais atos. O fato de que muitos dos confrontos, grandes e pequenos, entre Palestina e Israel tenham começado ali mostra claramente quão sensível é esse local.
O simples fato do indivíduo chamado conselheiro de segurança nacional de Israel ter ousado pisar neste santuário justamente no período que antecedia a adoção do acordo de cessar-fogo equivale a lançar um desafio direto ao povo palestino. Ele fez orações no local e, proferindo palavras de ódio, declarou: “Nós somos os donos deste lugar sagrado”, afirmando ainda: “Só rezo para que o primeiro-ministro consiga uma vitória total também em Gaza. Com a ajuda de Deus varreremos o Hamas, resgataremos os reféns e alcançaremos a vitória completa.” Mesmo com a adoção do acordo de cessar-fogo, ele sustentou que é preciso continuar as ações militares até a “vitória total” em Gaza — isto é, até ocupar completamente a região.
À luz desses fatos, fica claro que os ataques militares de Israel contra a Faixa de Gaza não são uma resposta a uma suposta violação do cessar-fogo, mas sim uma provocação deliberada e planejada para quebrar o acordo e intensificar o confronto.
A fanática beligerância de Israel lançou uma sombra de inquietação sobre a frágil fase de cessar-fogo que havia sido alcançada com tanto esforço.
No início da crise em Gaza, Netanyahu afirmou que “o essencial é varrer o Hamas e libertar os reféns”, garantindo que não pretendia ocupar permanentemente a Faixa de Gaza.
Contudo, a prática foi totalmente contrária. No começo deste ano, Israel quebrou deliberadamente o cessar-fogo, arduamente alcançado mediante mediação internacional, e ampliou as operações militares, demonstrando que seu objetivo não era o resgate de reféns.
Os militares israelenses proclamaram publicamente que não cessarão suas ações até atingir todos os objetivos, inclusive planos de reassentamento voluntário dos moradores de Gaza, e que, ao contrário do passado, não se retirarão das áreas ocupadas — espalhando assim, de modo imprudente, as chamas da guerra para os países vizinhos.
Seja qual for a pressão internacional por um cessar-fogo, seja qual for a gravidade da crise humanitária em Gaza, a verdadeira intenção de Israel é continuar a guerra para ocupar e anexar a Faixa de Gaza.
O fato de Netanyahu ter declarado, logo após a conclusão do acordo de cessar-fogo, que “atingirá seus objetivos mesmo que de maneira dura” indica que Israel se agarrará com ainda mais ferocidade ao uso da força militar.

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