Há alguns dias, foi realizada em Copenhague, Dinamarca, a 7ª Reunião de Cúpula da Comunidade Política Europeia.
Participaram da reunião cerca de 50 líderes de países membros da União Europeia e de outros países europeus, discutindo principalmente a questão da adesão da Ucrânia à União Europeia e os problemas de segurança do continente.
A primeira-ministra da Dinamarca, anfitriã da cúpula, destacou os desafios de segurança da Europa. Já o lado ucraniano divagou dizendo que, à medida que avançassem as negociações para sua adesão à União Europeia, isso fortaleceria a segurança de toda a Europa.
Entretanto, o primeiro-ministro da Hungria reafirmou sua posição contrária, afirmando que a adesão da Ucrânia como membro pleno da União Europeia traria guerra à Europa e declarando que a esse país só deveria ser permitido estabelecer uma parceria estratégica com a União Europeia nas áreas econômica, energética e de segurança. Essa tendência revela a crescente insegurança e as divergências internas que vêm se intensificando entre os países europeus à medida que a situação ucraniana se prolonga.
A Comunidade Política Europeia é um organismo de negociação em formato de mesa-redonda, criado após o início da crise ucraniana, reunindo principalmente os países membros da União Europeia, bem como mais de 40 outros países, incluindo os dos Bálcãs, o Reino Unido, a Suíça, a Ucrânia e a Turquia.
A proposta de criação do organismo foi apresentada em maio de 2022, e a primeira reunião de cúpula foi realizada em outubro do mesmo ano, em Praga, República Tcheca, marcando o início de suas atividades.
Segundo os idealizadores e promotores da comunidade, seu objetivo seria fortalecer a segurança e promover a prosperidade do continente por meio da cooperação entre todos os países europeus. Alegam que, como toda a Europa se encontra mergulhada em um caos econômico e em uma insegurança crescente devido ao agravamento da crise energética e ao aumento da inflação provocados pela situação na Ucrânia, não apenas os países da União Europeia, mas todos os europeus deveriam cooperar.
No entanto, a verdadeira intenção é rotular a Rússia como a fonte das ameaças, isolá-la e empurrar todos os países europeus para um confronto anti-Rússia. Desde sua formação, a comunidade excluiu deliberadamente a Rússia.
Então, de onde vêm, afinal, a crise econômica e as ameaças à segurança que a Europa tanto menciona? A chamada crise econômica surgiu como resultado direto das sanções e bloqueios abrangentes impostos pela própria Europa contra a Rússia após o início do conflito na Ucrânia, com os quais ela mesma cortou o fornecimento de energia russa de baixo custo.
De acordo com dados de avaliação de especialistas, o volume comercial entre a Rússia e a União Europeia praticamente chegou a zero, e, até agosto deste ano, as perdas sofridas pela União Europeia já ultrapassavam 1 trilhão de euros. Na Europa, o preço do gás natural subiu de quatro a cinco vezes em relação aos níveis dos Estados Unidos, enquanto o preço da eletricidade aumentou de duas a três vezes. Trata-se do efeito bumerangue e do preço pago pela Europa por ter interrompido todos os contatos econômicos com a Rússia.
O aumento dos gastos militares para pressionar a Rússia está sendo feito à custa de sacrificar os fundos destinados às áreas social, de saúde, científica e educacional — e esse ônus, no fim das contas, recai sobre os próprios cidadãos europeus.
Quanto à chamada “ameaça à segurança”, pode-se dizer que ela é consequência da obstinada ambição de dominação da Europa. É amplamente sabido que a principal causa do surgimento da situação na Ucrânia foi a imprudente expansão para o leste da OTAN, que comprimiu continuamente o espaço estratégico da Rússia e violou seus interesses de segurança.
Desde o início da crise, a Europa forneceu fundos e armas à Ucrânia, empurrando-a para um confronto anti-Rússia insensato. E agora, quando o equilíbrio começa a mudar e surgem movimentos em direção ao ajuste da situação, a Europa recorre até a métodos vis e covardes — como o roubo de ativos russos congelados — para obstruir a resolução do conflito a todo custo.
Um vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia afirmou que o impulso para ajustar a situação na Ucrânia tem sido amplamente consumido por causa dos adversários que desejam que a guerra continue até que reste o último ucraniano.
Assim, se há insegurança na Europa, pode-se dizer que é ela mesma quem a está provocando.
Em matéria de gestão da segurança europeia, existe a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que inclui a Rússia. Essa organização regional de segurança foi renomeada em 1995, de acordo com uma resolução adotada em reunião de cúpula, com o objetivo de transformar a então Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa — criada durante a Guerra Fria para ajustar as questões de segurança entre os blocos Leste e Oeste — em uma entidade operacional.
Entretanto, devido à atitude preconceituosa e ao padrão duplo dos países ocidentais, ela não tem conseguido desempenhar um papel justo.
Apesar disso, os países europeus criaram separadamente a chamada “Comunidade Política Europeia”, que exclui a Rússia, e dentro desse organismo falam de “segurança do continente”.
Em última análise, não se pode dizer outra coisa senão que a insegurança da Europa provém de sua própria ilusão exclusivista e anacrônica de derrubar a Rússia.
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