No entanto, mesmo hoje, quando se completam 80 anos desde a derrota do Japão, os governantes japoneses continuam com o jogo das visitas, desafiando abertamente o pedido unânime da comunidade internacional.
Os políticos que, no último dia 15 de agosto, haviam se aglomerado no Santuário Yasukuni, voltaram agora, sob o pretexto do “grande festival do outono”, a realizar novamente uma visita coletiva. Também houve a encenação da oferenda de tributos por parte das autoridades governamentais.
As visitas dos políticos japoneses ao Santuário Yasukuni não são, de forma alguma, uma questão meramente religiosa ou de assuntos internos.
O Santuário Yasukuni é um símbolo do militarismo que embeleza e disfarça a história criminosa de agressões do passado. As chamadas “almas que deram a vida pela pátria”, que estão consagradas ali, são, na verdade, invasores, saqueadores e assassinos que impuseram morte inocente, sofrimento e calamidades nacionais a muitos povos da Ásia, incluindo o nosso.
A atitude diante do Santuário Yasukuni é, ao mesmo tempo, a atitude diante dos crimes cometidos pelo Japão no passado e diante da justiça e da consciência da humanidade.
Visitar o Santuário Yasukuni não é apenas um ato de insulto às incontáveis vítimas e sofredores da Ásia, mas também uma conduta repugnante que nega a vitória da guerra antifascista mundial.
Prestar culto e louvar criminosos de guerra de classe A, que foram condenados e executados pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, é um desafio público e uma violação da justiça internacional.
Atualmente, dentro da política japonesa, ressoam sem pudor absurdos como: “É natural que, como japoneses, expressemos gratidão àqueles que deram a vida pela política nacional” e “se persistirmos sem hesitação, os países vizinhos acabarão achando inútil reclamar e deixarão de criticar”. Há até mesmo uma lógica absurda que afirma que os criminosos de guerra de classe A “já não são culpados, pois suas penas foram cumpridas”, ou que o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente foi “um julgamento dos vencedores sobre os vencidos”, e portanto “não há problema algum em homenageá-los”.
Por que esse comportamento ultrajante, que choca o mundo, não foi erradicado e, ao contrário, se repete de forma cada vez mais obstinada com o passar do tempo? É porque a ambição que está em sua base é tanto mais perversa e profundamente enraizada.
O fato de os políticos, que hoje detêm as rédeas da política japonesa, rezarem pela “paz das almas” dos criminosos de guerra condenados pelo julgamento severo da história, mostra claramente que estão conduzindo o país rumo à realização do sonho da “Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental” deixado por esses mesmos criminosos.
Desde logo após a derrota, a ambição e as tentativas de nova agressão, forjadas ao longo de décadas pelos militaristas japoneses, entraram hoje em uma fase extremamente perigosa.
A história do Japão no pós-guerra tem sido uma corrida incessante rumo à militarização, enganando o povo dentro e fora do país. Nesse processo, a constituição que proibia o rearmamento tornou-se uma cerca apodrecida. O raio de operação das forças de "autodefesa" terrestres, navais e aéreas já ultrapassou amplamente as fronteiras, e diversos navios e aviões de combate cruzam abertamente oceanos e continentes. Ataques preventivos contra territórios de outros países são abertamente defendidos, enquanto as capacidades e os meios para isso são constantemente reforçados. Exercícios militares conjuntos com outros países ocidentais, realizados em aliança, acontecem incessantemente durante todo o ano, aquecendo todo o arquipélago com o fervor da nova agressão.
À luz dessa perigosa tendência, as insistentes visitas dos políticos japoneses aos espectros do militarismo não podem ser vistas apenas como nostalgia pelo passado, mas como expressão da ambição de nova agressão que pretendem, em breve, reviver a qualquer custo.
Internamente, procuram doutrinar as novas gerações — que não vivenciaram a guerra nem a derrota — com ideologias militaristas e revanchistas; externamente, tentam, por meio dessas “visitas habituais”, criar uma espécie de imunidade na comunidade internacional.
Esses atos insanos, contudo, apenas reforçam a vigilância e a consciência dos países vizinhos. A obstinada persistência nas visitas aos espectros do militarismo, alimentada por uma ambição vã, só poderá tornar ainda mais sombrio o futuro do Japão.
Jang Chol
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