A razão é a arrogância e a conduta autoritária e arbitrária dos Estados Unidos.
Historicamente, os EUA têm agido de maneira insolente, como se nenhuma organização internacional ou tratado pudesse existir sem sua participação. Demonstraram comportamento unilateral e dominacionista em inúmeros acordos e instituições internacionais — como o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, a Organização Mundial da Saúde e a UNESCO — chegando até a suspender o pagamento de contribuições ou a se retirar dessas entidades.
Mais recentemente, os EUA deixaram de pagar devidamente suas contribuições financeiras à ONU, o que gerou muitos problemas na administração e operação da sede da organização.
Durante a 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, também ocorreram diversos incidentes devido à atitude arrogante e autoritária dos Estados Unidos.
Um dos casos foi a anulação do visto do presidente da Colômbia por parte do governo estadunidense. Em 26 de setembro, após o presidente colombiano participar de uma manifestação em apoio ao povo palestino em frente à sede da ONU, o governo dos EUA imediatamente invalidou seu visto.
De acordo com o acordo especial firmado em 1947 entre a ONU e os Estados Unidos, a área onde se encontra a sede da ONU está fora do controle do governo estadunidense. Este tem a obrigação de garantir os privilégios diplomáticos e a imunidade de todos os funcionários das Nações Unidas e dos representantes dos países-membros. No entanto, os EUA ignoraram flagrantemente essa obrigação.
O presidente da Colômbia reagiu com veemência à decisão dos EUA. Ele criticou o fato de seu visto ter sido invalidado por condenar o genocídio cometido por Israel, afirmando que isso demonstra que os Estados Unidos já não respeitam o direito internacional.
Ele também condenou a recusa dos EUA em emitir vistos ao presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, e a outros representantes palestinos, impedindo sua participação na Assembleia Geral da ONU. Segundo o presidente colombiano, isso prova que o governo estadunidense não cumpre o direito internacional e que, portanto, a sede das Nações Unidas não deve mais permanecer em Nova Iorque.
Nesse contexto, um porta-voz de uma alta autoridade da ONU causou grande repercussão ao declarar que está sendo discutida a possibilidade de transferir a ONU e suas principais instituições para outras cidades do mundo. Afirmou categoricamente que essa discussão se deve à pressão financeira e à interferência política dos Estados Unidos sobre a organização.
Muitos chefes de Estado e representantes que subiram à tribuna da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU manifestaram a intenção de sediar instituições e agências das Nações Unidas em seus próprios países.
Atualmente, entre os seis principais órgãos da ONU, cinco — o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Secretariado e outros — estão sediados em Nova Iorque. O Tribunal Internacional de Justiça, por sua vez, tem sua sede em Haia, nos Países Baixos.
O presidente da Turquia, em seu discurso na tribuna da Assembleia Geral, afirmou ter a intenção de transformar Istambul no novo centro das Nações Unidas. Ele já havia defendido, há mais de dez anos, quando era primeiro-ministro, a ideia de tornar Istambul uma “capital global” da ONU. Nos últimos anos, o país tem recebido elogios por sediar grandes eventos internacionais, como conferências e competições esportivas.
Enquanto isso, o Catar propôs abrigar em seu território o escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ruanda também demonstrou interesse em sediar agências da ONU, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O Quênia anunciou estar preparado para receber a transferência de instituições como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a ONU Mulheres.
O presidente da Sérvia igualmente expressou disposição em receber diversas instituições e agências da ONU em seu país. Ele explicou que a Sérvia está situada em um ponto estratégico da Europa, com fácil acesso tanto ao Oriente quanto ao Ocidente, e que, do ponto de vista da eficiência de custos, seria mais vantajosa do que Nova Iorque ou Genebra.
Atualmente, muitos países estão promovendo suas cidades como potenciais centros da ONU. A imprensa internacional relatou que a competição entre os países para sediar instituições e órgãos das Nações Unidas está se intensificando.
Tudo isso reflete o crescente sentimento de frustração diante da postura arbitrária dos Estados Unidos — que insistem que tudo deve servir aos seus próprios interesses e, caso contrário, consideram dispensáveis até as organizações e tratados internacionais — e representa um movimento global de resistência a essa atitude.
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