quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Reação internacional contra a coerção e o autoritarismo

Recentemente, nos Estados Unidos, surgiram vozes defendendo a transferência da sede das Nações Unidas, atualmente localizada em Nova Iorque, para outro país. Esse sentimento se intensificou ainda mais por ocasião da abertura da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU.

A razão é a arrogância e a conduta autoritária e arbitrária dos Estados Unidos.

Historicamente, os EUA têm agido de maneira insolente, como se nenhuma organização internacional ou tratado pudesse existir sem sua participação. Demonstraram comportamento unilateral e dominacionista em inúmeros acordos e instituições internacionais — como o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, a Organização Mundial da Saúde e a UNESCO — chegando até a suspender o pagamento de contribuições ou a se retirar dessas entidades.

Mais recentemente, os EUA deixaram de pagar devidamente suas contribuições financeiras à ONU, o que gerou muitos problemas na administração e operação da sede da organização.

Durante a 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, também ocorreram diversos incidentes devido à atitude arrogante e autoritária dos Estados Unidos.

Um dos casos foi a anulação do visto do presidente da Colômbia por parte do governo estadunidense. Em 26 de setembro, após o presidente colombiano participar de uma manifestação em apoio ao povo palestino em frente à sede da ONU, o governo dos EUA imediatamente invalidou seu visto.

De acordo com o acordo especial firmado em 1947 entre a ONU e os Estados Unidos, a área onde se encontra a sede da ONU está fora do controle do governo estadunidense. Este tem a obrigação de garantir os privilégios diplomáticos e a imunidade de todos os funcionários das Nações Unidas e dos representantes dos países-membros. No entanto, os EUA ignoraram flagrantemente essa obrigação.

O presidente da Colômbia reagiu com veemência à decisão dos EUA. Ele criticou o fato de seu visto ter sido invalidado por condenar o genocídio cometido por Israel, afirmando que isso demonstra que os Estados Unidos já não respeitam o direito internacional.

Ele também condenou a recusa dos EUA em emitir vistos ao presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, e a outros representantes palestinos, impedindo sua participação na Assembleia Geral da ONU. Segundo o presidente colombiano, isso prova que o governo estadunidense não cumpre o direito internacional e que, portanto, a sede das Nações Unidas não deve mais permanecer em Nova Iorque.

Nesse contexto, um porta-voz de uma alta autoridade da ONU causou grande repercussão ao declarar que está sendo discutida a possibilidade de transferir a ONU e suas principais instituições para outras cidades do mundo. Afirmou categoricamente que essa discussão se deve à pressão financeira e à interferência política dos Estados Unidos sobre a organização.

Muitos chefes de Estado e representantes que subiram à tribuna da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU manifestaram a intenção de sediar instituições e agências das Nações Unidas em seus próprios países.

Atualmente, entre os seis principais órgãos da ONU, cinco — o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Secretariado e outros — estão sediados em Nova Iorque. O Tribunal Internacional de Justiça, por sua vez, tem sua sede em Haia, nos Países Baixos.

O presidente da Turquia, em seu discurso na tribuna da Assembleia Geral, afirmou ter a intenção de transformar Istambul no novo centro das Nações Unidas. Ele já havia defendido, há mais de dez anos, quando era primeiro-ministro, a ideia de tornar Istambul uma “capital global” da ONU. Nos últimos anos, o país tem recebido elogios por sediar grandes eventos internacionais, como conferências e competições esportivas.

Enquanto isso, o Catar propôs abrigar em seu território o escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ruanda também demonstrou interesse em sediar agências da ONU, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O Quênia anunciou estar preparado para receber a transferência de instituições como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a ONU Mulheres.

O presidente da Sérvia igualmente expressou disposição em receber diversas instituições e agências da ONU em seu país. Ele explicou que a Sérvia está situada em um ponto estratégico da Europa, com fácil acesso tanto ao Oriente quanto ao Ocidente, e que, do ponto de vista da eficiência de custos, seria mais vantajosa do que Nova Iorque ou Genebra.

Atualmente, muitos países estão promovendo suas cidades como potenciais centros da ONU. A imprensa internacional relatou que a competição entre os países para sediar instituições e órgãos das Nações Unidas está se intensificando.

Tudo isso reflete o crescente sentimento de frustração diante da postura arbitrária dos Estados Unidos — que insistem que tudo deve servir aos seus próprios interesses e, caso contrário, consideram dispensáveis até as organizações e tratados internacionais — e representa um movimento global de resistência a essa atitude.

Ho Yong Min

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