Há pouco tempo, foi realizada em Ljubljana, capital da Eslovênia, a Assembleia Parlamentar da OTAN. Nela, foram aprovadas seis resoluções relacionadas ao “fortalecimento da capacidade de dissuasão e defesa”, ao “reforço das relações econômicas e de cooperação em segurança entre as duas margens do Atlântico” e à “continuação do apoio à Ucrânia”, entre outros temas. Durante a reunião, o secretário-geral da OTAN afirmou que os países-membros deveriam aumentar seus “gastos militares relacionados à segurança”, alegando que isso seria “necessário para manter a segurança no Atlântico e no Ártico”.
Atualmente, os gastos militares dos 32 países-membros da OTAN ultrapassam a marca de 1,5 trilhão de dólares — o que representa 55% das despesas militares mundiais.
Mesmo assim, em junho passado, a OTAN decidiu destinar até 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país-membro para gastos militares até 2035. Para evitar divergências e alcançar consenso entre os membros, a OTAN anunciou que 3,5% do PIB seriam aplicados em despesas militares centrais, e os restantes 1,5% em outras áreas, como infraestrutura e segurança cibernética, prorrogando o prazo final de 2032 para 2035. Além disso, eliminou a cláusula que especificava o aumento anual dos custos — uma manobra evidente.
Na época, analistas apontaram que a meta de 5% para gastos militares era irrealista, afirmando que a maioria dos países-membros — inclusive as chamadas potências europeias, como o Reino Unido e a França — não conseguiria atingi-la. A imprensa também avaliou que essa decisão representaria um grande fardo para os países europeus, já assolados por dificuldades financeiras.
E tais preocupações não eram infundadas. Apenas a dívida pública da Alemanha, considerada o “motor” da economia europeia, já havia atingido 2,51 trilhões de euros no final do ano passado, o que representa mais de 30 mil euros por habitante. A dívida da Espanha era de 1,62 trilhão de euros, e a da Itália, de 3,052 trilhões de euros. Grécia, França, Bélgica e Reino Unido apresentavam dívidas públicas superiores ao próprio PIB.
O problema é que esses dados foram divulgados no final do ano passado. Dado que o ano está chegando ao fim e a situação econômica da Europa continua difícil, não há dúvida de que os recordes de endividamento foram novamente superados.
É amplamente reconhecido que a crise da dívida europeia se agravou ainda mais após o início da situação na Ucrânia. Isso ocorreu porque os países europeus romperam suas relações econômicas com a Rússia e, tomados pela histeria anti-Rússia, despejaram enormes quantias de dinheiro em apoio à Ucrânia.
Fechando por conta própria o canal de fornecimento do barato gás natural russo e dependendo durante anos do caro gás natural liquefeito dos Estados Unidos, as dívidas aumentaram e os preços das matérias-primas e mercadorias dispararam. Por outro lado, os Estados Unidos, que controlam a fonte energética da Europa, estão acumulando enormes lucros.
A compra de armas estadunidenses caras para entregá-las à Ucrânia também se tornou um fator que agravou ainda mais a crise da dívida europeia. O tesouro público está esgotado, e o volume da dívida cresce sem limites.
Como resultado, o que coube aos países europeus foi apenas a decadência da vida da população, a desordem social e o caos. Em diversos países europeus, as lutas dos trabalhadores contra as políticas de austeridade das autoridades não cessam. Um exemplo representativo disso foram as greves e manifestações de protesto realizadas em setembro passado em várias regiões da França, nas quais participaram um milhão de pessoas de diferentes setores, incluindo educação, transporte, saúde e energia.
Apesar de a Europa estar afundada por completo no “pântano da dívida”, o secretário-geral da OTAN ainda fala em aumentar os gastos militares.
Não se pode senão dizer que isso é um comportamento totalmente anacrônico.
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