quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Caderno do vingador transmitido por três gerações

À medida que a geração muda e a revolução avança, tenhamos uma consciência de classe anti-imperialista mais forte

Há alguns dias, o camarada Ro Jong Hyok, residente no condado de Nyongbyon, não conseguiu desviar os olhos de um artigo publicado no jornal do Partido.

“Os reacionários japoneses, que deportaram à força milhões de coreanos, arrastando-os até terras estrangeiras e impondo-lhes todo tipo de sofrimento, chegando inclusive a ceifar incontáveis vidas de forma brutal, e que ainda hoje negam obstinadamente seus crimes passados, recusando-se a indenizar e se entregando à distorção da história — quão desavergonhados e insolentes são esses miseráveis!”

Sem perceber, ele levou a mão ao caderno que guardava no peito. Era um caderno que passara do avô materno para a avó materna, depois para a mãe e, por fim, chegara a ele — um companheiro que o acompanhara durante os dias de serviço militar e que ainda hoje carregava e consultava com frequência. Já bastante gasto, com as letras esmaecidas e em muitos trechos ilegíveis, aquele caderno continha a dolorosa história de seu avô materno, gravada profundamente em seu coração. Mesmo agora, ao reler suas páginas, ele renova mil vezes o sentimento de vingança que o consome.

O estimado camarada Kim Jong Un disse:

“A realidade em que a nova geração, que apenas ouviu falar de exploração e opressão e não passou pelas provações da guerra, constitui a força principal de nossas fileiras revolucionárias exige elevar ainda mais o nível da educação de classe.”

O avô materno do camarada Ro Jong Hyok, Kim Sok Hwa, vivia antes da libertação em uma aldeia do condado de Nyongbyon. Sua família, mesmo trabalhando o dia inteiro sem descanso, mal conseguia colocar algo na boca, e a vida se tornava cada vez mais miserável.

Certo dia, para piorar ainda mais a situação, um aviso de recrutamento forçado chegou para Kim Sok Hwa e para seu amigo que morava na vizinhança. Era um ato tramado pela polícia japonesa, que via neles um espinho nos olhos por serem fortes, de compleição robusta e, acima de tudo, por não se curvarem diante de suas constantes violências.

Ao saberem disso, os dois não conseguiram conter a fúria que lhes subia ao peito. Acabaram por derrubar o policial japonês que tratava os coreanos como animais e os atormentava, e deixaram sua aldeia natal.

Mas, em uma terra cuja soberania fora completamente usurpada pelo imperialismo japonês, não havia lugar seguro. Eles acabaram sendo capturados em um vale montanhoso, espancados durante um mês inteiro até quase morrerem e, no fim, não tiveram escolha senão ser levados para o Japão. Foram transportados como cargas — do trem ao navio de carga, e do navio ao caminhão — até chegarem a uma mina de carvão conhecida como a mais profunda de todo o Japão.

Os japoneses empurraram à força os coreanos para dentro de galerias sem nenhuma instalação de segurança, obrigando-os a trabalhar 18 horas por dia, alimentando-os apenas com um punhado de soja seca e uma sopa rala de sal. Para impedir fugas, colocavam grilhões nos tornozelos dos trabalhadores e os faziam trabalhar sob vigilância brutal, trancando-os à noite em porões com cadeados.

Nessas condições, inúmeros coreanos sucumbiam diariamente à fome e aos maus-tratos, caíam nas profundezas das galerias escuras ou morriam em explosões de gás que ocorriam a todo momento. Entre os muitos jovens e adultos levados à força para o Japão, a maioria foi obrigada a trabalhar como escravos nas minas, e dezenas de milhares de coreanos foram massacrados nelas.

O jovem da aldeia natal que fora levado junto com Sok Hwa, com as mãos reduzidas a ossos, agarrou-se à perna dele e, antes de morrer dentro da mina, implorou-lhe que vingasse sua morte — sem conseguir fechar os olhos ao partir.

Certo dia, os japoneses, de repente, mandaram reunir os trabalhadores e trouxeram várias pessoas arrastadas à força. Então, um deles gritou para que todos vissem claramente o destino dos que tentassem fugir.

Os prisioneiros foram jogados de bruços no chão, e os japoneses começaram a golpeá-los alternadamente com cabos de pá e picareta. Em instantes, suas colunas se partiram, suas cabeças se despedaçaram, e sangue escuro jorrou de suas bocas e narizes. Como se isso não bastasse, despiram-nos completamente, amarraram-nos a estacas, cobriram seus corpos com óleo de sardinha e soltaram cães ferozes sobre eles. Em meio a gritos dilacerantes, seus corpos ficaram cobertos de sangue, e, por fim, eles fecharam os olhos para sempre naquela terra estrangeira e áspera.

Realmente, aqueles eram bestas disfarçadas de humanos.

Depois disso, o corpo de Sok Hwa — que fora tão robusto — foi ficando cada vez mais débil com o trabalho extenuante, até que, por fim, ele desabou tossindo sangue. Pensando que ele estava morto, os algozes o enrolaram num saco de estopa e o atiraram no riacho que corre para o mar.

No dia seguinte, ele foi encontrado por algumas pessoas e conseguiu ser resgatado por um triz.

Mas sair da cova da morte não mudou sua condição. A terra japonesa era para os coreanos um solo estéril em qualquer lugar — um inferno terreno. Só quando a pátria foi libertada e ele voltou ao seio da pátria pôde Sok Hwa desfrutar de uma vida verdadeira. Quanto mais feliz ele ficava, mais considerava dever de sua geração contar às futuras gerações as desgraças e sofrimentos que nosso povo tivera de suportar, e passou a relatar sua história passada a muitas pessoas. Sentindo que apenas relatar aos jovens o ódio profundo do nosso povo não bastava, ele gravou, letra por letra, seu passado naquele caderno — e esse caderno acabou por ser transmitido por três gerações.

Um caderno passado de geração em geração em uma família — não continha apenas a dura e sangrenta história vivida por uma pessoa. Ali estavam escritas as amarguras e os sofrimentos cortantes que nosso povo padecera no passado, e os apelos das gerações anteriores para que as novas não esquecessem de vingar-se.

Sim. Nosso povo, por mais que o tempo passe, jamais esquecerá o dever de vingar-se e, mesmo através das gerações, fará questão de cobrar o preço do sangue cem vezes, mil vezes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário