Biodiversidade é um termo que abrange a diversidade dos ecossistemas onde ocorre a interação entre diferentes organismos, a variedade de espécies dentro desses ecossistemas, e a diversidade genética dentro das próprias espécies. Em outras palavras, refere-se a toda a diversidade biológica existente nos níveis de genes, espécies, populações, comunidades e ecossistemas.
Uma vez extintas, as espécies não podem ser regeneradas. Por isso, a destruição da biodiversidade representa uma grande perda de recursos, compromete a estabilidade dos ecossistemas e afeta negativamente o ambiente de sobrevivência da humanidade.
Os principais problemas enfrentados globalmente — como crescimento populacional, escassez de alimentos, esgotamento de recursos, crises energéticas e degradação ambiental — estão todos direta ou indiretamente relacionados com a biodiversidade.
Em outubro do ano passado, o Fundo Mundial para a Natureza divulgou um relatório informando que, entre 1970 e 2020, o número de indivíduos de cerca de 5.495 espécies de mamíferos e aves selvagens diminuiu em 73%. A maior queda foi observada entre peixes de água doce, em rios, lagos e pântanos, com uma redução de 85%. Já os animais terrestres diminuíram 69%, enquanto os marinhos caíram 56%.
Segundo diversos estudos recentes, mais de 70% da população mundial vive em regiões onde a biodiversidade está sendo gravemente destruída. Na África, até o ano 2100, mais da metade das espécies de aves e mamíferos poderá desaparecer, e o número de espécies vegetais deve cair drasticamente. Já na região da Ásia-Pacífico, estima-se que, até 2048, os estoques pesqueiros estarão esgotados.
A redução acelerada da cobertura vegetal é outro problema crítico.
Nos últimos 30 anos, mais de 400 milhões de hectares de florestas desapareceram do planeta. Na floresta tropical amazônica da América do Sul, 35% da cobertura vegetal foi destruída, colocando em risco de extinção cerca de 8.000 espécies de plantas e 2.300 espécies de animais que ali habitam. Somente nos primeiros nove meses do ano passado, mais de 22 milhões de hectares de floresta foram devastados nessa região.
Os danos causados por incêndios florestais também são graves. Só neste ano, países como Estados Unidos, Canadá, Argentina, Japão e Mongólia sofreram intensamente com incêndios. Em Honduras, foram registrados mais de 960 focos de incêndio, que destruíram 39.949 hectares de floresta — o país perde entre 50 mil e 60 mil hectares de florestas por ano.
A destruição da biodiversidade também afeta fortemente a produção de alimentos. Atualmente, 40% das terras continentais do mundo estão degradadas.
Estudos revelam ainda que a perda da biodiversidade pode aumentar a ocorrência de doenças infecciosas em até 857%.
A situação é grave. Esforços internacionais para conter a destruição da biodiversidade, que ameaça a própria sobrevivência da humanidade, estão sendo intensificados.
Em muitos países e regiões, estão sendo realizadas atividades de educação social e conscientização sobre a proteção da biodiversidade. Datas como o Dia Internacional da Biodiversidade, o Dia Mundial do Elefante, o Dia Mundial da Vida Selvagem, o Dia Mundial dos Oceanos e o Dia Mundial do Meio Ambiente tornaram-se importantes marcos para promover essa causa.
Na 10ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, realizada em 2010, o período até 2020 foi declarado como a “Década da Biodiversidade”, com a apresentação de 20 metas específicas para sua proteção. No entanto, essas metas não foram totalmente alcançadas.
Em resposta, a 15ª Conferência das Partes, realizada em duas etapas, definiu em 2022 um novo conjunto de 23 metas até 2030, incluindo a conservação de pelo menos 30% das áreas terrestres e marinhas do planeta como ecossistemas saudáveis.
Para concretizar essas metas, em junho de 2023, foi adotado um acordo internacional durante a Conferência Intergovernamental da ONU com o objetivo de proteger os ecossistemas em áreas de alto-mar. Já em dezembro do mesmo ano, decidiu-se instituir o Dia Mundial das Zonas Úmidas para promover a preservação ecológica de lagos, represas e ambientes semelhantes.
Uma série de resultados positivos vem sendo alcançada. Cientistas revisaram 665 medidas de proteção implementadas globalmente no ano passado e confirmaram que elas contribuíram para reduzir a perda da biodiversidade ou geraram efeitos positivos. Um exemplo notável é o aumento da população do antílope-saiga, uma espécie ameaçada no Cazaquistão, que chegou a 2,86 milhões de indivíduos.
No final de fevereiro, durante a retomada da 16ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, realizada na Itália, muitos países em desenvolvimento defenderam soluções justas e inclusivas, além do fechamento das lacunas financeiras, para implementar efetivamente o acordo de biodiversidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário