domingo, 14 de julho de 2019

Breve comentário sobre o desenvolvimento atual das relações RPDC-EUA


Recentemente, atendendo ao chamado do presidente dos Estados Unidos, que realizava visita oficial à Coreia do Sul, o Máximo Dirigente Kim Jong Un deslocou-se para a localidade fronteiriça de Panmunjom para realizar um histórico encontro cercado de significância para a paz e segurança mundial e para o estabelecimento de relações normais - em todos os campos, sobretudo, político e diplomático - entre a República Popular Democrática da Coreia e os Estados Unidos da América.

Na ocasião, sob os olhares atentos de todo o mundo, os mandatários trocaram saudações cordiais e mantiveram conversações relevantes que possibilitam o retorno das conversações de alto nível entre os dois países que estavam suspensas desde o desacordo entre as partes na Cúpula do Vietnã em fevereiro passado.

Ademais, aproveitando a oportunidade excepcional, o líder coreano convidou o mandatário estadunidense para tornar-se o primeiro presidente (em exercício) de seu país a pisar em solo norte coreano e tirou uma fotografia de recordação com ele.

Embora tenha sido apenas, em visão fria das ações, alguns passos que o presidente estadunidense deu, ultrapassando um simples demarcação no chão, foi uma atitude que demonstrou coragem e determinação de superar quaisquer obstáculos: de uma simples demarcação às relações hostis entre os dois Estados.

Não busco, entretanto, engrandecer as ações de Trump, ações tais que qualquer um com determinação poderia ter feito. Todavia, destaco que, ao tomar uma posição aberta ao diálogo, respeitando a contraparte e estabelecendo boas relações com o mandatário coreano, ele fez algo diferente em relação às administrações anteriores, algo que deve-se avaliar com cautela.

Deve-se observar também a atitude sempre aberta ao diálogo da parte coreana, que se mantém invariável enquanto respeitados os princípios básicos para relações bilaterais em pé de igualdade; com respeito mútuo, sinceridade e medidas práticas.

É um fato, não cabe dúvida, que tudo isso foi possível somente graças à sábia e enérgica liderança do Máximo Dirigente que mostrou os meios para retirar do caminho os obstáculos da desconfiança e enfrentamento, tomou as medidas iniciativas de boa fé e tomou as medidas cabíveis frente à posição dual as autoridades estadunidenses.

Em seu excelente discurso de orientação política na primeira sessão da XIV legislatura da Assembleia Popular Suprema da RPDC, em 12 de abril, o dirigente coreano definiu um prazo até o final do presente ano para os EUA tomarem iniciativas para a retomada das conversações e virem até a RPDC com um novo modo de cálculo.

Vale a pena citar aqui uma parte de seu discurso, onde ele diz:

"Posto que existe a arraigada hostilidade entre a RPDC e os EUA, ambas partes tem que retirar demandas unilaterais e buscar a solução construtiva que convenha aos interesses de ambas partes.

Para tal, é necessário sobretudo que os EUA nos apresento um novo método de cálculo, largando o atual.

Acerca da terceira Cúpula que os EUA tanto fala, não nos agrada, nem temos intenção de reproduzir uma Cúpula semelhante a realizada em Hanói.

Não obstante, como o presidente Trump menciona reiteradamente, minhas relações pessoais com ele não são hostis como as de ambos países, mas tão excelentes que como podemos trocar cartas a qualquer momento.

Se os EUA pede a terceira Cúpula após nos buscar com uma posição correta e metodologia com que possamos compartilhar, temos a intenção de fazê-la mais uma vez."

Suas palavras demonstram com grande clareza a posição justa do Governo da RPDC em relação aos EUA no presente momento: busca estabelecer relações normais, eliminando a hostilidade que perdurou por décadas e encerrar de vez a guerra da Coreia, mas também se recusa resolutamente à submeter-se às demandas unilaterais da contraparte.

Nota-se, neste ponto, que o método de cálculo arrogante e prepotente dos estadunidenses é uma característica peculiar de várias administrações anteriores, de democratas a republicanos, de Bush a Obama.

Porém, Trump, em sua campanha eleitoral demonstrou posição diferente em relação à política externa onde avaliava a possibilidade de resolução de velhos problemas por via diplomática e fazia questão de colocar-se em um pedestal como o presidente que faria o que outros não fizeram.

Na época, um site norte coreano divulgou um artigo que expunha a opinião de um chinês-coreano que avaliava ser preferível Trump à Hillary, analisando as propostas de política externa do então candidato como boas se postas realmente em prática, enquanto a adversária explicitamente falava em levar adiante a política de hostilidade da administração Obama. Aproveitando-se disso, sem avaliar cautelosamente o artigo, com posição totalmente parcial, as grandes mídias fizeram questão de estampar manchetes afirmando que o governo norte coreano estaria apoiando Trump.

A realidade é vista apenas pelos que querem ver. Aqueles contaminados com desinformação e, pior ainda, com obscurantismo, não consegue mover-se por conta própria, tornando-se assim um ser meramente passivo controlado por aqueles que adotou como mestres.

Apesar de seu repertório diferenciado acerca de política externa, pressionado pelo Deep State, Trump tornou-se um maníaco de guerra em seu primeiro ano à frente dos EUA, soltando palavras agressivas que empolgaram seus adoradores que, encantados como o dito "ressurgimento da (extrema) direita" aplaudiram a posição do líder estadunidense. No entendo, o que viu-se foram muitas palavras e pouca ação prática, o que demonstrou o fracasso de seu "temperamento" inicial e tornaram-o motivo de escárnio em todo o mundo.

Em 2018, após o sucesso na busca de descongelar as relações intercoreanas dirigida pelo Máximo Dirigente, quando a situação em torno da Península Coreana mudava de forma inesperada em curto espaço de tempo, os EUA viu-se obrigado a buscar as vias diplomáticas, após muito resistir a ela.

Tivemos então duas Cúpula - em Singapura e no Vietnã - que renderam aprendizados, em meio aos altos e baixos, e sobretudo reforçaram as boas relações entre Kim Jong Un e Trump.

É verdade que a RPDC fechou seu principal centro de testes nucleares e garantiu que não mais testaria mísseis balísticos ou armas nucleares. Mas é de extrema levianidade querer dizer houve um "recuo frente às ameaças". Por acaso a Coreia socialista eliminou suas armas nucleares e mísseis balísticos que já possuem? Ou mesmo fez alguma concessão no campo político ou econômico aos EUA, de forma a permitir que estrangeiros "modifiquem" seu regime?

A resposta é bem conhecida. E aqueles que tentam se valer de argumentos sobre uma "vitória" da parte estadunidense obviamente ignoram-a, como tem sido ao longo dos tempos em várias situações que envolvem a RPDC.

A Coreia do Norte, que há sete décadas enfrenta os EUA, potência militar de nível mundial, e consegue êxitos impressionantes apesar de sua inferioridade em diversos aspectos, seria um país a ser tratado de forma tão simplista e arrogante?

A verdade que transcorre entre as décadas é que a RPDC é um país independente que não busca a guerra mas não suplica pela paz; é um país aberto ao diálogo sincero e preparado para contramedidas em tempo necessário. Tratar deste país com argumentos sem bases é como querer construir uma casa começando pelo telhado.

Nossa posição é, e sempre será, de apoiar os desenvolvimentos por via pacífica, independentemente de concordar com determinados pensamentos de Trump sobre outras questões. O ser humano que busca o progresso deve apoiar o entendimento e não promover a discórdia.

Aqueles que buscam formular nas ações de seu "mestre" estadunidense um argumento para tentar menosprezar seus "adversários", argumentos tais como uma casa sem alicerce, são autoproclamados derrotados, seres atrasados que tentam elevar o próprio ego à toda custa.

Apoiamos o desenvolvimento das relações RPDC-EUA no campo diplomático por meio de conversações sinceras e com compromissos pertinazes.

Por: 레난



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