quinta-feira, 26 de março de 2020

Sobre a questão da Frente Unida Nacional


Conferência realizada no curso político auspiciado por uma organização juvenil democrática, em 22 de dezembro de Juche 34 (1945).

Gostaria de falar-lhes hoje sobre a necessidade da frente unida nacional na revolução de nosso país e a maneira de organizá-la.

Para lograr a vitória da luta revolucionária é necessário organizar bem as forças revolucionárias, sobre a base de uma avaliação correta da situação criada e da correlação das forças de classe. A questão da frente unida é um dos importantes problemas estratégico-táticos do marxismo-leninismo, que se apresentam para ganhar as massas e assegurar a superioridade decisiva das forças revolucionárias.

Formar agora uma sólida frente unida nacional em nosso país é uma tarefa muito urgente. Construí-la ou não é a condição que decide o aglutinamento monolítico ou não das forças revolucionárias e o isolamento total ou não das forças contrarrevolucionárias; por isso constitui uma das questões mais essenciais que decide o triunfo ou o fracasso de nossa revolução. Precisamente este é o motivo pelo qual, desde muito tempo, enfatizamos sobre o problema da frente unida nacional.

Se desejamos construir com êxito uma nova Coreia democrática, organizando e mobilizando ativamente as forças de todo o povo, na complicada situação atual, interna e externa, devemos ter um critério justo sobre a frente unida nacional. Especialmente é necessário que nossos jovens construtores do país tenham a este respeito uma ideia clara.



1. Caráter da revolução de nosso país.


É preciso que na questão da frente unida nacional, igual que no exame de todos os problemas políticos, comecemos antes de tudo pela análise do caráter que tem nossa sociedade. Somente desta forma poderemos compreender claramente a necessidade e o significado da frente unida nacional em nosso país e formá-la de forma justa, de acordo com as exigências de nossa revolução.

Qual é então a sociedade atual da Coreia?

Nossa sociedade é de tipo semifeudal, recém liberada da dominação colonialista do imperialismo japonês, ou seja, uma sociedade na qual existem todavia muitos remanescentes do imperialismo japonês e feudais.

Como todos sabem, os imperialistas japoneses no passado mantiveram ocupada a Coreia durante quase meio século e aplicaram em nosso país uma cruel política colonialista.

Os agressores imperialistas japoneses exerceram na Coreia uma feroz política de governança geral, sem precedentes na história mundial e dominaram nosso povo com métodos bárbaros. Deslocaram por toda parte numerosas tropas, gendarmerias, polícias e toda classe de organismos repressivos, privando o povo coreano dos direitos e liberdades mais elementares, reprimindo-o e massacrando-o barbaramente.

Praticamente, os imperialistas japoneses submeteram toda a Coreia à espantosa repressão fascista e à política de terror. Os imperialistas japoneses se apoderaram igualmente de todas as artérias econômicas da Coreia e saquearam brutalmente nossos preciosos recursos, convertendo o país em uma base de fornecimento de matérias-primas para o Japão e em um mercado de venda para suas mercadorias. Foram eles que impediram em sumo grau o desenvolvimento econômico nacional da Coreia e os que exploraram com insaciável crueldade o nosso povo. Esta foi a causa do estancamento da economia de nosso país em uma situação de tanto atraso, fazendo com que nosso povo sofresse afundado em um pântano de fome e pobreza.

Ademais, aplicaram uma desalmada política tendente a suprimir a consciência nacional de nosso povo, com o sinistro propósito de convertê-lo em seu eterno escravo colonial. Trataram de extirpar nossa longa história e a brilhante cultura nacional, obrigando à força do ensino escravista e a ideia de servidão ao povo coreano.

Foi assim que os imperialistas japoneses impuseram sua inclemente política colonizadora em todos os domínios —o político, o econômico e o cultural— ao mesmo tempo que frevam até os limites extremos o desenvolvimento do capitalismo em nosso país. Se os imperialistas japoneses desenvolveram algo na Coreia era era tão somente aquilo que necessitavam para intensificar sua dominação e saque colonialistas.

O fato de que existam atualmente em nosso país as relações feudais de produção e a Coreia permaneça atrasada como uma sociedade semifeudal, se deve precisamente ao próprio caráter do imperialismo japonês, a sua natureza predadora. O imperialismo japoneses não era em si um capitalismo altamente desenvolvido, mas com muitos vestígios feudais. Essa é a razão pela qual não estava em condições em desenvolver na Coreia o capitalismo em todos seus aspectos. Em particular, com objetivo de manter e acrescentar sua dominação colonialista na Coreia, os imperialistas japoneses conservaram aqui intencionadamente as relações do feudalismo em coalizão com as forças feudais. No passado, os latifundiários, junto com os capitalistas entreguistas, constituíram uma importante base social de dominação colonialista do imperialismo japonês em nosso país. Os imperialistas japoneses conservaram e utilizaram os restos do regime feudal de caráter medieval para fortalecer sua dominação e sua exploração colonialistas, impedindo com isso o desenvolvimento de nossa sociedade.

Como consequência da dominação colonialista dos imperialistas japoneses, restam todavia em nosso país muitos de seus vestígios e do feudalismo. Os remanescentes dessa dominação se encontram profundamente arraigados em todos os setores —o político, o econômico e o cultural— e até nas facetas da vida ideológica e moral de nosso povo, enquanto os resíduos do sistema feudal exercem uma influência em todos os âmbitos. E ainda subsistem intactas as forças pró-japoneses, implantadas anteriormente pelo imperialismo japonês, e persistem não poucas chegas das forças feudais. Como resultado, os resíduos do imperialismo japonês e os feudais constituem no presente um grande obstáculo para o progresso social em nosso país.

No que a análise do caráter da sociedade coreana se refere, é indispensável ter em consideração o fato real de que as tropas do imperialismo ianque tenham penetrado na Coreia do Sul, a metade do território nacional. Agora, o exército imperialista dos Estados Unidos, implantando sua administração militar na Coreia do Sul, impede as massas populares de uma saída democrática, apresentando no primeiro plano os elementos pró-japoneses, os traidores da nação e outros reacionários que são inimigos de nossa nação.

Partindo desta realidade concreta que apresenta nossa sociedade devemos definir o caráter da revolução coreana.

Atualmente, a revolução coreana se encontra na etapa de construção de uma nova sociedade democrática, varrendo os restos do imperialismo japonês e feudais, ou seja, na fase da revolução democrática, antimperialista e antifeudal.

O alvo para a luta imediata da revolução coreana são os lacaios pró-imperialistas, incluso os remanescentes das forças do imperialismo japonês, e as feudais, coligadas com elas, que tratam de implantar novamente as forças imperialistas. Estas duas forças se apoiam e defendem mutuamente, estando estreitamente ligadas por seus objetivos e interesses comuns.

Os lacaios dos imperialistas, incluso os remanescentes das forças do imperialismo japonês, e as feudais se opõem, por igual, a que nosso país se desenvolva pela via democrática, e maquinam toda classe de conspiração para incitar a Coreia a marchar por um caminho antidemocrático. Eles se opõem às forças democráticas, tentam provocar uma guerra civil em nosso país reunindo as forças reacionárias anacrônicas e podres e pretendem submeter novamente nosso povo à escravidão colonialista do imperialismo, em contubérnio com os agressores estrangeiros. Por isso, a menos que se lute resolutamente para aplastar estas duas forças reacionárias, não é possível realizar com êxito nosso trabalho de construção do país, nem criar um Estado democrático, soberano e independente.

Se queremos isolar por completo os restos das forças do imperialismo japonês e outros lacaios dos imperialistas, assim como as forças feudais, potencializar a luta contra eles e levar a feliz término a causa da construção do país, temos que ganhar todas as forças patrióticas e democráticas e enquadrar solidamente as forças revolucionárias. Aqui reside o problema da frente unida nacional.



2. Experiências históricas do movimento da Frente Unida.


A questão da frente unida não é apresentada hoje pela primeira vez, tendo sido apresentada há muito tempo, a níveis nacional e internacional, e muitas experiências foram acumuladas neste sentido.

Em nosso país o movimento da frente unida nacional antijaponesa se desenvolveu energicamente desde o começo da década de 1930, sob a direção dos verdadeiros comunistas.

Ao iniciar-se essa década, os imperialistas japoneses, que ocuparam a Coreia pela força, intensificaram, por uma parte, as maquinações de agressão ao continente e, por outra, reprimiram com maior crueldade o movimento comunista e a luta de libertação nacional na Coreia e atuaram febrilmente para redobrar sua opressão fascista e saque colonialista contra nosso povo. Este foi um motivo que exacerbou o sentimento antijaponês de nosso povo.

Desta forma se intensificou mais a luta antijaponesa entre os operários, camponeses e outros setores das massas populares de nosso país. A nova situação exigiu que se agrupassem monoliticamente as extensas massas populares e se desenvolvesse a luta antijaponesa de libertação nacional em uma nova etapa superior.

Sobre a base desta exigência objetiva, no começo da década de 1930 os autênticos comunistas coreanos organizaram destacamentos armados e empreenderam a Luta Armada Antijaponesa, levando a cabo simultaneamente o combate resoluto para formar a frente unida nacional antijaponesa. Deste modo, sob a bandeira antijaponesa, uniram os amplos setores patrióticos do povo, que se opunham ao imperialismo japonês, os organizaram e mobilizaram tenazmente para a luta contra este.

Especialmente em maio de 1936 fundamos a Associação para a Restauração da Pátria, organização da frente unida nacional antijaponesa. Esse constituiu um marco transcendental para desenvolver o movimento da frente unida nacional antijaponesa de nosso país a um nível superior. A Associação para a Restauração da Pátria incorporou numerosas massas antijaponesas de diversos setores e classes, que aspiravam à recuperação da pátria, como são os operários e camponeses, na primeira fila, e os intelectuais, os pequenos e médios comerciantes e industriais, os religiosos, assim como os nacionalistas.

Com a união dos amplos setores e classes patrióticos do povo na Associação para a Restauração da Pátria, pudemos assentar firmes bases de massas para a Luta Armada Antijaponesa e fortalecer o combate armado, ao mesmo tempo que estendíamos e desenvolvíamos mais o conjunto da luta antijaponesa pela libertação nacional em nosso país.

No período da Luta Armada Antijaponesa realizamos também a frente unida com o povo chinês. Fortalecendo a unidade com os comunistas da China, formamos a frente aliada antijaponesa, incluso com as unidades antijaponesa chinesas que olhavam com hostilidade aos comunistas; graças a isso, pudemos empreender uma luta resoluta contra o imperialismo japonês, inimigo comum dos povos coreano e chinês.

Mediante este movimento da frente unida no decurso da Luta Armada Antijaponesa, adquirimos valiosas experiências. Hoje, quando construímos uma nova pátria, estas experiências servem como valioso cimento para o fortalecimento da frente unida nacional.

O movimento da frente unida se desenvolveu ademais em outros vários países de Europa e Ásia.

Os povos europeus, amantes da  paz e da democracia, organizaram o movimento da frente unida desde que as malignas forças do fascismo surgiram como uma ameaça para o mundo. Entre os anos de 1933 e 1935 levantou sua cabeça a camarilha fascista de Hitler na Alemanha; também naquele tempo se fortaleceu a ditadura fascista de Mussolini, na Itália. Em diversos países da Europa os povos formaram a frente unida com o objetivo de empreender com êxito a luta contra os fascistas, que tratavam de apoderar-se de todo o mundo e escravizar a humanidade. Na própria Alemanha, para não falar de França e Espanha, o povo e as organizações amantes da liberdade e da paz empreenderam o combate contra o nazifascismo apoiando-se na frente unida.

O movimento da frente unida não só se desenvolveu nos países capitalistas, mas também nos coloniais e semicoloniais. Ante à exacerbação das maquinações agressivas e da política de colonização dos imperialistas, os povos dois países coloniais e semicoloniais formaram a frente unida nacional.

Na frente unida nacional para opor-se à agressão imperialista participa quase todas as nações. Os imperialistas, nos países que ocupam, não só oprimem e exploram os operários, camponeses e outros setores das massas trabalhadoras, mas também contrariam os interesses de todas as classes do povo, incluso os capitalistas nacionais, salvo um punhado de seus lacaios. Por isso, na batalha contra a invasão do imperialismo tomam parte amplos setores e estratos das massas. Desde logo os operários e camponeses constituem as forças principais do combate antimperialista e batalham mais resolutamente que qualquer outra classe contra os agressores. Todavia, nesta luta participam não só os operários e camponeses, mas toda a nação e neste processo se forma a frente unida nacional. Eloquente prova disso é a experiência do movimento da frente unida nacional antijaponesa de nosso país, assim como também os exemplos da China.

Quando os imperialistas japoneses agrediram a China, todo o povo chinês lutou unido contra a colonização do país. Logo que o imperialismo japonês ocupou a região nordeste da China e estendeu seus tentáculos agressivos sobre este continente, o Partido Comunista da China propôs ao Guomindang o cessar imediato da guerra civil, constituir a frente unida e começar a luta antijaponesa de salvação nacional, enfatizando a necessidade de dar ao povo a liberdade de palavra e de associação, assim como armá-lo. Os recalcitrantes reacionários do Guomindang, durante muito tempo, não aceitaram esta proposta nem ofereceram resistência ao invasor.

Porém, quando os amplos setores do povo chinês exigiram que se formasse a união de toda a nação na luta antijaponesa de salvação nacional, respondendo ao chamado do Partido Comunista, os reacionários do Guomindang não tiveram outra escolha e aceitaram a proposta do Partido Comunista. Como resultado se estabeleceu na China a colaboração entre o Partido Comunista e o Guomindang, constituindo-se a frente unida nacional antijaponesa.

A nível mundial o movimento da frente unida se estendeu e se desenvolveu mais todavia pelo chamado do VII Congresso do Comintern, celebrado em 1935. O camarada Dimitrov, quando aumentava o perigo do fascismo, fez neste Congresso um apelo aos povos de todo o mundo, amantes da paz e da democracia, para que fortalecessem a luta comum contra os fascistas e, ao mesmo tempo, apontou a orientação de formar uma frente popular antifascista. De acordo com esta orientação, o movimento da frente popular antifascista se desenvolveu com amplitude em escala internacional.

De tal forma que, já desde muito tempo, se desenvolveu o vasto movimento da frente unida, a nível nacional e internacional.



3. Tarefas imediatas da revolução coreana e da Frente Unida Nacional.


Como expus acima, a revolução coreana, na presente etapa, é uma revolução democrática, antimperialista e antifeudal. Nossa tarefa imediata é a luta para criar um Estado completamente soberano e independente —que possa marchar ombro a ombro com todos os países do mundo amantes da paz e da liberdade, contra as forças da guerra e de agressão—, erradicar totalmente em todas as esferas as consequências da dominação colonialista do imperialismo japonês e os restos feudais, e lograr o desenvolvimento democrático do país.

Esta obra da criação do Estado, que se apresenta a nós, não se pode realizar somente com as forças de um partido ou de umas tantas pessoas, mas que só se pode cumprir exitosamente mediante a organização e mobilização acertadas do potencial das amplas massas. Para organizar e mobilizar ativamente as energias das massas é preciso aglutinar solidamente todas as forças patrióticas e democráticas.

Aglutinar as amplas massas é a garantia decisiva para alcançar a vitória da revolução. Enquanto não se assegure a superioridade das forças revolucionárias ganhando as massas, não se pode repelir a ofensiva das forças contrarrevolucionárias, nem lograr o triunfo na revolução. Para levar a cabo com êxito a revolução, é necessário, primeiramente, realizar com acerto o trabalho de ganhar as vastas massas.

Devemos lutar para unir sob a bandeira da democracia todos os setores e classes do povo que se opõem aos lacaios dos imperialistas, incluídos os restos das forças do imperialismo japonês, e das feudais. Procedendo assim, não só poderemos criar um verdadeiro Estado democrático, erradicar os remanescentes do imperialismo japonês e as sequelas feudais, e realizar a democratização da sociedade, mas também desenvolver com celeridade a economia do país.

Os imperialistas japoneses arrasaram por completo nossas fábricas e empresas e arruinaram a economia agrícola. Esta é a razão pela qual hoje só hajam em nosso país fábricas e empresas destruídas e estéreis. Para reconstruir e desenvolver tal economia não basta o esforço de uma ou duas pessoas, é preciso que se mobilize todo o povo. O homem que possua energias deve aportá-las; quem tem conhecimentos, deve oferecê-los; o que disponha de dinheiro, entregá-lo; é assim que todo o povo deve se mobilizar e lutar pela reconstrução e o desenvolvimento da economia do país e pela criação de uma nova Coreia democrática.

Atualmente, estamos realizando a construção do país em umas circunstâncias muito complexas. Na Coreia do Sul, muito ao contrário do que ocorre no Norte, se abrigaram ao amparo do imperialismo estadunidense os elementos pró-japoneses, os traidores da nação e outras forças reacionárias, que perdem a cabeça desesperados para impedir que nosso povo prossiga seu caminho de avanço construindo uma nova Coreia democrática. Incluso os elementos pró-japoneses e os traidores da nação, que ainda existem na Coreia do Norte, tentam destroçar, confabulados com os reacionários sul-coreanos, a grande obra de construção do país que foi apresentada ao nosso povo.

Além disso, os pseudorrevolucionários e os faccionalistas, todos eles com máscaras de patriotas, pretendem dividir as massas, manobrando para desorientar o povo no referente à direção pela qual deve marchar. Tal estado de coisas nos exige com urgência o fortalecimento da luta para aglutinar solidamente na frente unida nacional todas as forças patrióticas e democráticas, interessadas na construção da nova Coreia democrática.

Atualmente, todos os setores e estratos do povo de nosso país se interessam pela revolução democrática, antimperialista e antifeudal. Somente quando esta revolução chegue à sua culminação e se edifique um Estado democrático, soberano e independente, todos os setores e estratos do povo poderão ter verdadeiros direitos políticos e liberdades democráticas e desfrutar de uma vida ditosa.

Sob a passada dominação colonialista dos imperialistas japoneses todos os coreanos, salvo a exígua minoria de elementos pró-japoneses e traidores da nação, sofreram a cruel opressão e exploração coloniais daqueles. Até os capitalistas nacionais, sem falar dos operários, camponeses, intelectuais, pequenos comerciantes e artesãos, estiveram submetidos à opressão e ao menosprezo dos imperialistas japoneses e sofreram incessante devastação e ruína econômica, provocada pelo capital monopolista japonês. Em poucas palavras, toda a nação experimentou em sua própria pela o quão trágicas são a privação do poder e a vida de servo colonial do imperialismo.

Este é o motivo pelo qual a nação inteira, incluso os capitalistas nativos honestos, para não falar da classe despossuída, se opõe aos pró-japoneses, aos traidores da nação e demais reacionários que buscam converter novamente nosso país em uma colônia do imperialismo, e exige a criação de um Estado democrático, soberano e independente em nosso país. Portanto, na edificação da nova Coreia democrática, podem participar, desde logo, os operários, camponeses e outras massas trabalhadoras e até os capitalistas nacionais honestos.

Tudo isso nos demonstra que em nosso país é muito necessário e factível constituir uma sólida frente unida nacional que agrupe as amplas massas pertencentes a diversos setores e classes sociais.

Devemos integrar na frente unida nacional  todas as forças políticas que amam sua pátria, sua nação e desejam o desenvolvimento democrático do país.

Em nosso país existem diferentes classes e estratos, tais como operários, camponeses, intelectuais, religiosos, latifundiários e capitalistas, que desejam ter organização política que represente os interesses de sua classe ou seu estrato. Por este motivo, depois da libertação já foram organizadas e seguirão sendo criadas no futuro diversos partidos políticos e entidades sociais. Incluso os coreanos que residiam antes em ultramar, tinham várias organizações políticas. Entre eles foram criadas e funcionaram organizações políticas, que representavam os interesses dos operários, camponeses, intelectuais, e outras que defendiam os interesses dos latifundiários e capitalistas. Incluso agora, após a libertação, foram criadas em nosso país as agrupações políticas das massas trabalhadoras e outras de latifundiários e capitalistas.

Devemos empreender um trabalho intenso para unir as massas pertencentes a diversas classes e estratos em organizações democráticas multitudinárias, para preparar firmemente a base da frente unida nacional. Especialmente, os quadros juvenis devem lutar para organizar o quanto antes, aplicando cabalmente a linha de nosso Partido a respeito, a União da Juventude Democrática, que será a única organização dos jovens, e agrupar nela todos os jovens patriotas. Devemos integrar todas as classes e estratos do povo patriótico nas organizações democráticas de massas, e aglutinar compactamente na frente unida nacional os partidos políticos e as associações sociais que desejam a construção de um Estado democrático, plenamente soberano e independente, para que todos eles unam suas forças na edificação da nova pátria.

Para propiciar a formação de uma sólida frente unida nacional e aglutinar os amplos setores e classes patrióticos do povo é preciso, antes de tudo, fortalecer o Partido Comunista.

O Partido Comunista é o partido revolucionário que traça a linha política mais justa que aclara o caminho por onde nosso povo deve avançar, e luta mais decididamente que nenhum outro pelo desenvolvimento democrático do país, pela liberdade e felicidade da classe operária e das outras massas trabalhadoras. Somente quando fortaleçamos o Partido Comunista e potenciemos seu papel dirigente, poderemos unir com solidez as forças democráticas, dirigir as massas populares por uma via certeira e coroar com êxito a revolução coreana.

No passado não existia em nosso país um partido revolucionário da classe operária que pudesse dirigir corretamente as massas populares. Em 1925 foi fundado o Partido Comunista da Coreia, porém foi dissolvido em 1928 devido à repressão do imperialismo japonês e as odiosas disputas sectárias dos faccionalistas. Claro que continuou posteriormente em nosso país o movimento comunista, e a luta para a fundação do Partido Comunista foi levada a cabo sem cessar, porém o objetivo não pode ser logrado até a libertação. Por não ter existido o partido revolucionário da classe operária, a tarefa de organizar as massas não pôde ser realizada sob a direção unitária do partido e as lutas antijaponesas que se desenvolviam no país surgiam, em não poucos casos, de maneira espontânea e, por conseguinte, terminaram com fracassos, inevitavelmente..

Nunca devemos esquecer as lições amargas do passado. Todos, com clara consciência de que sem a direção do Partido Comunista não podemos levar a bom término o trabalho de construir o país, nem alcançar a vitória da revolução coreana, temos que ajudar ativamente no trabalho de fortalecimento do Partido Comunista. Desta maneira, sob sua direção devemos aglutinar firmemente na frente unida nacional todas as forças patrióticas e democráticas, organizá-las e mobilizá-las de modo ativo na construção da nova Coreia democrática.



4. Dois tipos de Frente Unida


No referente à frente unida, se deduz que existe uma de caráter justo e outra de caráter injusto. Uma delas é a qual advogam os patriotas autênticos, que amam seu país e sua nação, e a outra que também é chamada de “frente unida”, é patrocinada por elementos antipopulares e antidemocráticos.

E nesse caso, qual deve ser nossa frente unida?

Atualmente, algumas pessoas insistem em unir-se todos incondicionalmente, sem nenhum principio, com o pretexto de formar a frente unida. Esta não é a autêntica frente unido que exigimos. Nossa frente unida nunca deve ser um conglomerado que concebe a coalizão de todos os coreanos sem distinção alguma, incluindo os elementos pró-japoneses e os traidores da nação. Não se pode formar nem muito menos tal frente unida.

Nossa frente unida é necessária para levar a cabo a revolução democrática, antimperialista e antifeudal e construir um Estado democrático, soberano e independente. Por isso, insistir em formar a frente unida com os restos das forças do imperialismo japonês e das feudais é uma aberração.

Como podemos marchar ombro a ombro com os inimigos do povo? Para nós, que lutamos para construir uma nova sociedade progressista, é algo intolerável admitir incluso no menor grau os resíduos das forças do imperialismo japonês e as feudais, unindo-nos com eles.

Em vez de integrar na frente unida os elementos pró-japoneses, os traidores da nação e outros indivíduos antipopulares e antidemocráticos, devemos combatê-los inexoravelmente.

Porém, aqui o problema ao que devemos prestar atenção é o de definir corretamente os elementos pró-japoneses e traidores da nação. Devem ser considerados necessariamente como elementos pró-japoneses e criminosos nacionais os que no passado prestaram ajuda ativa aos imperialistas japoneses e traíram o país e a nação. Todavia, não devemos considerar sem critério qualquer pessoa como elemento pró-japonês ou traidor da nação. Durante 36 anos, quando nosso país era uma colônia do imperialismo japonês, alguns coreanos trabalharam em seus organismos, a maioria dos quais serviram aos japoneses para subsistir ou através de coerção, atuando passivamente. São poucos os que, enrolados nos organismos dos imperialistas japoneses, lhes deram ajuda para reprimir e assassinar nosso povo e atuaram consciente e ativamente para executar sua política colonialista.

Nós não podemos desconfiar destas pessoas e marginá-los; devemos nos esforçar para ganhá-los, ainda que se trate de uma pessoa a mais.

Atualmente, entre as massas de todos os setores e classes da população que podem participar em nossa revolução democrática, antimperialista e antifeudal, existem certas diferenças, desde o ponto de vista da posição sócio-econômica e seu interesse de classe; por esta razão, não poucas pessoas adotam uma posição ou atitude diferente da que tem a classe operária e outras massas trabalhadoras no trabalho para a construção do país.

Particularmente, os capitalistas nacionais e outros setores vacilam no referente à construção do país devido a suas próprias limitações de classe, em vez de mostrar seu entusiasmo. Se partindo desta motivação os marginássemos e rejeitássemos, passariam ao lado do inimigo. Ainda que sejam pessoas que todavia tomam uma postura inconsequente e vacilante na construção do país, se constituem o alvo de nossa revolução, devemos incorporá-las na frente unida e marchar junto com elas, superando no curso da luta os fenômenos negativos que manifestem. Desta forma devemos converter nossa frente unida em uma organização que abarque toda a nação, que possa agrupar solidamente  todas as forças patrióticas e democráticas.

Seguidamente é importante saber corretamente a missão de nossa frente unida.

Em primeiro lugar, esta deve ser uma frente unida que se oponha ao imperialismo e à colonização do país, que lute contra a política de agressão e guerra.

Os imperialistas praticam como costume a agressão e a guerra e realizam toda classe de maquinações para converter os povos dos países pequenos e débeis em seus escravos coloniais. Sem lutar contra o imperialismo e o colonialismo, não se pondo contra a política de agressão e guerra, não se pode lograr a independência completa do país, e os povos não podem desfrutar de uma vida livre e feliz. Nosso povo o compreende com maior clareza pela experiência da vida no passado.

Para construir um Estado democrático, soberano e independente, devemos fazer fracassar completamente os complôs e maquinações dos imperialistas, tendentes a impedir a causa da construção do Estado de nosso povo e a colonizar novamente a nossa pátria.

Para levar a cabo eficientemente a luta contra as maquinações dos imperialistas devemos antes de tudo intensificar o combate contra seus lacaios. Em nenhum caso devemos conceder liberdade aos pérfidos que apoiam e defendem o imperialismo e o colonialismo, a política de agressão e guerra, assim como os títeres do imperialismo japonês que ajudaram estas forças a se introduzir na Coreia e buscam fazê-lo novamente no futuro, mas empreender contra eles uma luta intransigente.

Nossa frente unida deverá contribuir ativamente a lograr a independência completa do país mediante o fortalecimento da luta contra as intrigas e maquinações dos imperialistas e seus fantoches.

Ao mesmo tempo, nossa frente unida terá que manter uma firme posição contra as relações feudais de produção e os métodos feudais de exploração.

Atualmente se conservam no campo de nosso país as relações feudais de produção, por parte dos latifundiários. O regime feudal, no qual uma ínfima minoria oprime e explora impiedosamente a absoluta maioria de nosso povo, é intolerável desde o ponto de vista do desenvolvimento social e da própria nação. Sem eliminar as relações feudais de produção e os métodos feudais de exploração não é possível assegurar, naturalmente, uma vida ditosa aos camponeses e outros setores das massas trabalhadoras, nem lograr o progresso de nossa sociedade, nem a prosperidade da nação, assim como tampouco edificar um Estado democrático, soberano e independente.

Portanto, nossa frente unida deve empreender uma enérgica luta para se opor às forças feudais e arrancar pela raiz os vestígios do regime feudal.

Todavia, o fato de que nos oponhamos ao regime feudal, não deve ser nunca motivo para que nossa frente unida permita estabelecer o sistema capitalista na Coreia.

Este é um sistema que serve a um punhado de pessoas pertencentes às classes privilegiadas, porém para as massas trabalhadoras é um sistema antipopular que as despoja de seus direito e as afunda na miséria. Na atualidade, alguns elementos conspiram para criar o governo burguês e estabelecer o regime capitalista em nosso país. Se instaura-se na Coreia o sistema capitalista, não só seria impossível alcançar a prosperidade e o desenvolvimento do país, mas também que este voltaria a converter-se em colônia do imperialismo e nossa nação seria submetida ao destino de servo apátrida, igual que no passado.

Agora, nosso povo exige um autêntico Poder popular e deseja construir uma Coreia democrática, rica e poderosa. A nova Coreia não deve empreender o caminho do capitalismo mas a via à democracia progressista. Temos que construir uma sociedade democrática na qual as amplas massas populares possam exercer seus legítimos direitos políticos e liberdades democráticas, assim como gozar de uma vida ditosa. Nossa frente unida deve combater para fundar um Estado democrático, de acordo com a realidade de nosso país e a vontade de todo o povo.

Precisamente tal frente unida deve ser a nossa.

No presente, os elementos pró-japoneses, os traidores da nação e os renegados da revolução enganam as massas populares com objetivo de atraí-las ao seu lado e tratam de formar uma suposta “frente unida”, completamente distinta da que nós propomos. Sendo assim, o que tentam é lograr sua finalidade antipopular e satisfazer sua ambição política.

Se trata, pois, de uma frente unida de caráter justo e outra de caráter iníquo, ou seja, uma é a progressista que tem como objetivo defender os interesses da nação, lograr a prosperidade e o desenvolvimento da pátria, e a outra é vetusta, reacionária, cujo propósito consiste em vender a nação e impedir o progresso do país. Está claro qual é a frente unida que nossas massas populares querem. As vastas massas desejarão tão somente a frente unida justa e progressista, em torno da qual se unirão.

Devemos formar uma sólida frente unida nacional democrática, de caráter justo e progressista, e agrupar monoliticamente nela todas as forças patrióticas e democráticas, para acelerar deste modo a construção de uma nova Coreia democrática.

Nossos jovens, tendo um conceito claro da frente unida, devem se esforçar com afinco para formar solidamente a frente unida nacional democrática.

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