terça-feira, 24 de março de 2020

Ao senhor Ho Hon


20 de dezembro de Juche 34 (1945).

Me alegra muito escrever-lhe a presente carta na terra-pátria liberada.

Eu sei bem que em outro tempo o senhor seguiu firmemente o caminho patriótico antijaponês e conservou íntegra sua inteireza nacional, contendo no peito a tristeza de ver a nação escravizada sob a dominação colonialista do imperialismo japonês. Lhe agradeço por sua sincera simpatia e apoio à Luta Armada Antijaponesa levada a cabo pelos comunistas coreanos pela recuperação da pátria.

Por meio de outras personas e por sua carta sei que você se preocupa com minha saúde e mostra grande desejo de ver-me. O mesmo ocorre comigo. Gostaria de vê-lo se possível agora mesmo, porém hoje não posso mais que enviar-lhe minha saudação com a presente carta, ante à impossibilidade do encontro.

É verdadeiramente uma grande alegria e felicidade para mim estar trabalhando e vivendo entre meus compatriotas, depois de meu retorno à pátria, que nem nos sonhos podia esquecer. Sinto imensa alegria e me reconforto muito vendo o fervor patriótico e o inabalável espírito combativo de nosso povo, que se mobilizou resolutamente para construir uma nova pátria, com uma grande esperança e grande propósito para o futuro.

Apesar dos trinta e seis anos em que os imperialistas japoneses estiveram reprimindo nosso povo, intentando afogar sua alma nacional, o povo coreano vive mantendo-a intacta.

Agora liberto, nosso povo tem aberta adiante uma perspectiva luminosa.

Porém, nosso país está atravessando uma situação muito complicada. Como você mesmo está vendo, na Coreia do Sul foi criada uma situação complicada que não podemos deixar de preocupar-nos.

Na Coreia do Sul está restringida ao extremo pela administração militar estadunidense a atividade democrática do povo patriótico para levantar uma nova pátria e, pelo contrário, se intensificam com o passar dos dias as manobras antidemocráticas dos pró-japoneses, traidores da nação e demais reacionários. Tudo o que os ianques fazem na Coreia do Sul é alarmante e nos faz pensar que não difere no mínimo do comportamento dos imperialistas japoneses em seu tempo na Coreia.

A situação criada hoje na Coreia do Sul exige de todos os revolucionários e personalidades patrióticas e democratas dessa parte do país julgar com acerto a tendência de desenvolvimento da situação e atuar como corresponde, seguindo a linha patriótica e progressista.

É nosso dever levantar um Estado democrático, soberano e independente na Coreia liberada. Para cumprir esta missão histórica, temos que empreender a luta para estabelecer um governo democrático. O governo democrático que queremos criar será um governo autêntico do povo, que garante a liberdade e os direitos das massas populares.

Os reacionários estão tentando impor um governo burguês, implantar a democracia burguesa em nosso país. A democracia burguesa serve a um punhado de privilegiados, às classes exploradoras, porém não às massas trabalhadoras.

Plenamente conscientes da natureza reacionária da democracia burguesa, devemos combatê-la resolutamente, fazer o que estiver ao nosso alcance para instituir uma democracia autêntica.

Hoje, na Coreia do Norte o povo já empreende com segurança o caminho à uma autêntica democracia. Aqui estão garantidas as condições para que as massas populares possam exercer seus direitos e liberdades democráticos em todos os âmbitos da vida social, como a liberdade de expressão de imprensa, de reunião, de associação, de crença religiosa, e são tomadas as medidas para democratizar todas as esferas: política, economia, cultura, etc. Em um futuro não distante, através da realização de reformas democráticas, estabeleceremos uma sólida base sócio-econômica para uma verdadeira democracia e levantaremos um Estado democrático e unificado, soberano e independente.

Também, a população sul-coreana deverá desenvolver uma luta enérgica contra toda classe de manobras antidemocráticas dos pró-japoneses e traidores da nação, para estabelecer uma democracia autêntica. Eu acredito que todos os revolucionários e personalidades patrióticas e democráticas da Coreia do Sul terão que se pôr na vanguarda das massas populares na luta para construir uma nova Coreia democrática.

Para conquistar a independência completa do país e levantar uma nova Coreia, democrática, rica e poderosa considero que é necessário, antes de tudo, adotar uma postura correta sobre como construir o Estado. Devemos ter uma atitude correta de construir o país com os esforços do próprio povo coreano, rejeitando consequentemente o errôneo ponto de vista que tende a consegui-lo com apoio de certas forças estrangeiras.

Hoje, há na Coreia do Sul indivíduos que adulam e se humilham ante aos ianques e semeiam entre as massas a ilusão acerca dos Estados Unidos com o fim arrivista, sem importar-se com o destino do país e da nação.

Nós pensamos que não devemos abrigar nenhuma ilusão acerca dos Estados Unidos. Esperar que os Estados Unidos, um país imperialista, nos presenteie com a independência total seria uma grande estupidez.

Estou seguro de que o senhor contribuirá ativamente a desfazer essas ilusões sobre os Estados Unidos e a criar uma consciência de independência nacional entre as personalidades patrióticas e democráticas e entre as massas populares da Coreia do Sul.

Todos os coreanos, sejam da condição que forem, porém com consciência sã e profunda reflexão, desejam que nossa nação construa uma nova pátria com seu próprio espírito.

Se os homens como você, que gozam de confiança e respeito das massas desenvolvem uma boa atividade, creio que poderão obter grandes êxitos na educação de amplos setores do povo na consciência de independência nacional.

Um dos problemas mais importantes para construir um Estado democrático, soberano e independente é o fortalecimento da unidade de vastos setores das forças democráticas.

Como você bem saber, na Coreia do Sul as forças democráticas não estão unidas, mas divididas. E sua principal causa são as desavenças entre os grupos sectários. Observando como estão as coisas na Coreia do Sul, vemos que os que se intitulam “patriotas” e “revolucionários” tem cada qual sua própria facção e se envolvem em disputas divisionistas tratando de lograr a preponderância de seu grupo. Procedendo assim criam um grande obstáculo ao fortalecimento da unidade das forças democráticas e ao agrupamento de amplos setores do povo patriótico.

As disputas faccionalistas levam o país à ruína e fazem a revolução naufragar. O testemunha a história de nosso país. Por essas disputas precisamente chegou incluso a arruinar-se o país em outro tempo e sofreu grandes danos também o movimento de libertação nacional de nosso país.

Longe de tirar lições destes amargos fatos históricos, os faccionalistas voltam às disputas hoje na Coreia do Sul. Agora os reacionários estadunidenses e seus cães de pesa colocam lenha às escondidas no fogo dessas disputas entre os grupos sectários com o objetivo de dividir desde dentro as forças democráticas.

Das facções não se pode esperar coisas boas; as disputas entre grupos beneficiam somente os inimigos. Como a realidade da Coreia do Sul está demostrando, os faccionalistas não vacilam em confabular-se com o inimigo a fim de conseguir seus desígnios. Somente de palavra são patriotas e revolucionários, porém na realidade não lhes interessa em absoluto nem a revolução nem a pátria.

Na Coreia do Sul a luta por uma nova pátria está passando por provas e vicissitudes que se derivam das disputas sectárias. Todo aquele que sinta amor pelo país e pela nação e deseje a vitória da revolução coreana, não pode permanecer como mero espectador ante a tal situação.

Eu penso que você mantém uma posição justa ante a estas disputas entre sectários, que tratam de atrair todos que lhes sirvam em seus fins. Você deve lutar resolutamente contra as facções e, quando eles se aproximarem, fazer-lhes uma crítica de princípios e explicar-lhes bem que devem se unir para conquistar a total independência do país.

Sua tendência e atitude, senhor, podem influenciar as pessoas em grande medida. Se você condena resolutamente com uma posição justa as maquinações dos pró-japoneses, dos traidores da nação e demais reacionários e atua decididamente contra as facções, muita gente lhe seguirá e serão feitos grandes progressos nesta luta.

Ao mesmo tempo que luta contra as facções, creio que seja necessário também que contribua à união das personalidades patriotas e democráticas de diferentes classes e estratos. Se queremos levar a feliz término a obra de construir o país, devemos nos unir com todos os que amam o país, independentemente de seu partido político, de suas crenças religiosas ou ideais políticos, e ganhar-nos as amplas massas. Embora sejam inconsequentes em suas posições políticas, temos que nos unir com o máximo de pessoas que tenham sentimento patriótico.

Especialmente, colaborar com patriotas e democratas como o senhor Ryo Un Hyong tem muita importância para ganhar as amplas massas e engrossar e robustecer as forças democráticas na Coreia do Sul. O senhor Ryo Un Hyong manteve no passado a ideia de patriotismo, de oposição aos japoneses, e também hoje se opõe a que nosso país dependa de outro, e por isso influencia bastante os jovens estudantes e outras massas. Por isso mesmo, eu lhe aconselho a marchar junto com homens patriotas e democratas como ele.

Ganhar as massas é verdadeiramente importante. Não se pode construir uma nova pátria tão somente com o esforço dos comunistas ou de umas tantas personalidades democráticas que amam a pátria. Devemos fazer todo o possível para aglutinar as amplas massas, aumentar e robustecer as forças democráticas.

Essa é uma parte do que eu queria dizer ao senhor.

Estou seguro de que não deixará de trabalhar conforme à justa linha de construção do país, tendo em mente nosso conselho. No caminho de sua luta podem ser criadas condições difíceis e complicadas, porém lhe aconselho que lute com êxito, levando em conta a importância da tarefa que leva sobre seus ombros.

Para terminar, desejo-lhe de todo coração saúde e grandes êxitos em seu trabalho patriótico. Meu desejo é poder encontrar-lhe em alguma ocasião.

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