domingo, 22 de março de 2020
Qual caminho a Coreia liberada deve seguir?
Discurso proferido na concentração de massas celebrada na cidade de Sinuiju em 27 de novembro de Juche 34 (1945).
Compatriotas:
Mesmo tendo passado vários meses desde que retornei à pátria, diversos assuntos não me permitiram vir a esta cidade até a data e por fim hoje surgiu a oportunidade de encontrar-me com vocês. Antes de tudo, gostaria de aproveitar esta oportunidade para expressar-lhes minha sincera gratidão pelo caloroso acolhimento que me ofereceram.
Compatriotas:
Os fascistas alemães e os vandálicos imperialistas japoneses, que desataram a Segunda Guerra Mundial para converter em escravos coloniais toda a humanidade, foram esmagados por completo pelos povos do mundo amantes da paz e pelas forças democráticas antifascistas. Como resultado, muitas nações débeis e pequenas iniciaram a criação de uma nova vida, livrando-se do jugo do fascismo e do imperialismo.
Durante os últimos 36 anos, os trinta milhões de nossos compatriotas estiveram submetidos a uma terrível assédio e exploração, privados de todos seus direitos e liberdades políticos, sob a repressão fascista dos imperialistas japoneses. Muitos compatriotas que levavam esta penosa vida de escravos coloniais, se viram forçados a deixar sua querida pátria, onde haviam fincado raízes de muitas gerações, e a emigrar para a Manchúria e outras terras estrangeiras, cruzando montes e rios em busca de meios de sustento. Porém, no solo estrangeiro também tiveram que levar uma vida dolorosa inundada em lágrimas como vítimas da opressão e desprezo por sua condição nacional.
Todavia, nosso povo não se intimidou ante aos imperialistas japoneses. Apesar da cruel repressão por parte destes, sua alma nacional se manteve viva, crescendo dia após dia o sentimento antijaponês. A história da luta antijaponesa de nosso país dá provas credíveis disso.
Por muitos anos o povo coreano veio combatendo sem trégua o imperialismo japonês. Nossos revolucionários e povo patriota lutaram com coragem contra os imperialistas japoneses tanto no interior como no exterior do país para recuperar sua pátria usurpada, e foram numerosos os combatentes patriotas que sacrificaram suas preciosas vidas neste combate sagrado.
O Movimento de 1 de Março, a Manifestação Independentista de 10 de Junho, a greve geral dos trabalhadores portuários de Wonsan e o Incidente Estudantil de Kwangju foram episódios da luta massiva antijaponesa, que demonstram o temperamento combativo com que nosso povo se opunha à política de escravização colonialista do imperialismo japonês.
É verdade que estas batalhas antijaponesas terminaram na derrota, incapazes de resistir a repressão dos imperialistas japoneses, devido a que nossa nação carecia da união organizativa necessária e não contava com uma orientação justa baseada em uma estratégia e tática científicas. Porém, nenhuma repressão foi capaz de conter a férrea vontade de nossos combatentes revolucionários antijaponeses e do povo patriota, vontade de amar a pátria e a nação e de obter a todo custo da independência do país.
A luta antijaponesa de libertação nacional de nosso povo se desenvolveu na luta armada a princípios dos anos da década de 1930. Os autênticos comunistas da Coreia organizaram a Guerrilha Antijaponesa e combateram com as armas na mão contra os cruéis agressores imperialistas japoneses e pela independência do país e liberdade e emancipação do povo. Por fim, aos quinze anos de árdua luta, cumpriram a grande obra de libertação nacional ao resgatar a nação inteira do jugo colonial do imperialismo japonês demostrando ante aos povos do mundo inteiro o excelso espírito de nossa nação.
Vocês não devem esquecer que a libertação de nosso país foi possível somente graças à longa e dura Luta Armada Antijaponesa de quinze anos.
Com a derrota do vandálico imperialismo japonês, com o cumprimento da histórica obra de restauração da pátria, nosso povo recuperou sua liberdade e a luz, desprendendo-se do mundo tenebroso no qual estava mergulhado.
Pois bem, qual caminho deve seguir a Coreia liberada? Pois, o da construção de um Estado democrático, soberano e independente, que trará a liberdade e felicidade ao nosso povo.
Hoje, este afronta a difícil porém importante tarefa de fundar uma República Popular Democrática, um autêntico Estado do povo. Para tal, não há tarefa nacional mais urgente e mais importante, e não exagero se digo que do êxito em seu cumprimento depende o futuro brilhante de nossa nação.
Para construir um Estado com estas características, necessitamos o esforço mancomunado de toda a nação. Para levantar uma Coreia democrática não bastam os braços de umas tantas pessoas, mas os de todo o povo. Para poder realizar a magna e histórica tarefa de construir uma nova Coreia, todos devem, independentemente do partido ou grupo ao qual pertencem, unir-se compactamente sob a bandeira da democracia e lutar com valentia em uníssono.
Lamentavelmente nossa nação não está todavia unida em detrimento desta importante missão de construir uma nova Coreia.
Incluso hoje, três meses depois haver-nos sacudido o jugo colonial do imperialismo japonês, há quem se entregue somente a rinhas sectárias em vez de dedicar-se à construção do país. Sem ter em conta os interesses do país e da nação, levam as massas à divisão, tratando de ampliar somente as forças de seu grupo. Com isso impedem a união da nação obstaculizando notoriamente a construção do país e a estabilização da vida do povo.
Ainda é insuficiente o que se faz para reabilitar as fábricas e empresas destruídas pelos imperialistas japoneses, os estabelecimentos industriais não funcionam como é devido nem foi solucionado satisfatoriamente o problema dos víveres para o povo, cuja situação é precária. Tampouco marcha bem a educação escolar. As escolas carecem de combustível e os alunos não podem estudar devidamente por causa do frio. Também a ordem pública deixa bastante a desejar. Estes fenômenos se devem a que alguns sujeitos mal-intencionados desconsideram os interesses do povo e impedem que nossa nação realize, unida, a construção do país.
Também, os recentes incidentes de Sinuiju e Ryong-ampho nos mostram que nossa nação não está unida. Enquanto a esses incidentes, foram provocados precisamente pelas maquinações dos pró-japoneses, traidores da nação e outros reacionários.
Aproveitando-se da falta de ordem pública, das dificuldades pelas quais nosso povo passa, e de que alguns sujeitos espúrios, infiltrados no Partido Comunista e nos organismos do Poder, atentaram contra os interesses do povo, os reacionários instigaram os estudantes a armar escândalos que acabaram em atos violentos. A contenda entre compatriotas, além de ser uma vergonha da nação, é um grande obstáculo para a construção do país.
Devemos qualificar de traidores da nação todos os que instigaram as massas a provocar as recentes desordens, e é lógico que serão castigados severamente pelo povo.
Todos devemos refletir profundamente se viemos atuando de forma correta em aras da pátria e do povo e corrigir os erros.
Compatriotas:
A fim de construir uma República Popular Democrática e obter a soberania e independência completa do país, devemos combater implacavelmente os que obstruem a unidade da nação, unidade que deve ser lograda o quanto antes.
Na tarefa de construir uma nova Coreia democrática tropeçamos hoje com muitas dificuldades. Devemos vencê-las com a força das massas, com a força unida de nossos trinta milhões de compatriotas. Todas as classes e estratos do povo, com exceção dos pró-japoneses, dos traidores da nação e outros reacionários, devem mobilizar-se unidas para levar a cabo a construção do país.
Com o fim de unir as forças de toda a nação há que formar o mais rápido possível uma sólida frente unida nacional democrática.
Para isso, os partidos ou organizações particulares não devem recorrer a atos faccionalistas encaminhados a impor-se a outros. Necessitamos somente daqueles partidos e organizações que se consagrem em defensa dos interesses populares, necessitamos somente a luta em aras destes interesses. Todos os partidos e organizações devem lutar pelos interesses do país e da nação em vez de procurar sua preponderância e obstinar-se somente em seus planejamentos. Devem se esforçar desta maneira para lograr a unidade da nação, não de palavra mas de fato.
O povo deve liquidar com suas próprias mãos qualquer partido ou organização que atue em detrimento da frente unida nacional, traindo os interesses populares. Deve opor-se unânime e consequentemente a todos os surtos que obstruam a unidade da nação e esforçar-se com afinco para formar uma sólida frente unida nacional democrática.
Agora algumas pessoas veem com maus olhos o Partido Comunista, porém isso é um erro. Pois é o partido mais progressista e revolucionário que luta pelos interesses dos operários, camponeses e outros setores do povo trabalhador. No momento atual, toda sua linha e política implica em proveito das massas populares e reflete fielmente os interesses de nosso povo. O Partido Comunista luta para formar uma sólida frente unido nacional em nosso país, estabelecer sobre esta base um genuíno Poder popular e construir um Estado democrático, soberano e independente em que todo o povo possa viver feliz. Somente quando todo o povo apoie o Partido Comunista, nosso trabalho de construção do país poderá ser levado a feliz término.
Alguém acaba de me perguntar se sou comunista, e digo que sim. Os comunistas somos autênticos patriotas que combatemos resolutamente pela completa independência do país e pela felicidade de nosso povo. Se alguém que se diz comunista não ama seu país e sua nação não é um autêntico comunista. Eu não sou um comunista que tenha os olhos postos em algum outro país, mas um comunista que se apoia em nosso povo, que luta pela nação, pelo povo da Coreia.
Devemos saber distinguir nitidamente os comunistas genuínos dos pseudo-comunistas. Não se deve julgar mal o Partido Comunista, nem todos seus membros, pelo injusto proceder de alguns sujeitos espúrios infiltrados em suas filas. São antigos lacaios do imperialismo japonês que, mascarando-se, se introduziram no seio do Partido Comunista, cometem atos censuráveis ameaçando o povo e satisfazendo seus interesses pessoas. Eles tentam divorciar o Partido Comunista das massas e desprestigiá-lo ante a elas. Devemos expulsar sem reserva de suas filas tais indivíduos estranhos e perniciosos para fazer dele um partido de massas que desfrute verdadeiramente de prestigio entre as massas populares e conte com seu apoio absoluto.
Conscientes de que sem a direção do Partido Comunista não se pode haver nem a frente unida nacional nem prosperidade e desenvolvimento de nossa pátria, vocês devem apoiá-lo ativamente em sua linha e política e, seguindo os comunistas, somar-se à tarefa de construir uma nova Coreia democrática.
Para formar uma sólida frente unida nacional, há que expulsar, ademais do Partido Comunista, também do Partido Democrático todos os lacaios do imperialismo japonês e outros que impedem a unidade e coesão da nação, e orientá-lo a seguir a linha da democracia pelos interesses do povo.
Ao mesmo tempo, é preciso formar prontamente as organizações de massas. Devemos fundá-las com um sistema unificado desde o centro até a instância inferior, baseando-nos nas instituições de massas que já funcionam em diversas localidades, e atrair para elas as massas de todas as classes e estratos.
Devemos formar uma sólida frente unida nacional democrática agrupando as amplas massas para mobilizá-las ativamente à construção do país. Todas as classes e estratos do povo patriota, independentemente de que sejam operários, camponeses, intelectuais, comerciantes, empresários ou religiosos, devem formar as filas nesta frente e esforçar-se por todos os meios para a construção de uma nova pátria.
Com vista a levantar uma Coreia democrática devem mobilizar não somente os homens mas também as mulheres, que constituem a metade da população de nosso país. As mulheres devem empreender uma enérgica luta para participar na vida política do Estado com os mesmos direitos que os homens. Devem se esforçar para desprender-se dos costumes feudais e elevar seu nível de consciência política e cultural, convertendo-se assim em trabalhadoras excelentes, capazes de construir e administrar o Estado, e contribuindo em grande medida a forjar um novo país.
Logo, devemos estabilizar e melhorar a vida do povo. Se não logramos estabilizá-la, será impossível formar exitosamente a frente unida nacional e construir uma nova pátria, rica e poderosa.
Devemos acabar com o desemprego, assegurar emprego a toda população mediante a pronta restauração e funcionamento das fábricas e empresas. Junto a isso, devemos tomar com urgência as medidas necessárias para solucionar o problema de alimentos e fornecer regularmente cereais racionados aos operários, empregados, professores e alunos.
Além disso, há que estabilizar os preços das mercadorias. Devido à especulação dos agiotas flutuam por agora os preços obstaculizando consideravelmente a vida do povo. Além de lutar contra essas práticas, devemos adotar medidas concretas para estabilizar os preços.
A medida fundamental para estabilizar e melhorar a vida do povo é por em prática as reformas democráticas. Devemos nos esforçar para cumprir, entre outras a reforma agrária, a nacionalização das principais indústrias, a implantação de um sistema tributário único e imparcial e da jornada de oito horas para operários e empregados. Só mediante tais reformas será possível estabilizar e melhorar a vida do povo, assim como consolidar a frente unida nacional e acelerar a construção de um Estado democrático, soberano e independente.
Teremos que nos emprenhar, antes de tudo, em realizar a reforma agrária. Mediante o confisco das terras dos imperialistas japoneses e dos latifundiários e sua distribuição gratuita entre os camponeses devemos satisfazer o desejo secular destes de possuir suas próprias terras e destruir as travas feudais que obstruem o desenvolvimento de nossa sociedade.
Outra tarefa importante que se apresenta hoje é estabelecer uma rigorosa ordem pública.
Atualmente, devido à complicada situação de nosso país e às maquinações de alguns elementos sediciosos, a ordem pública está turbada. Embora com a libertação do país nosso povo tenha recuperado sua liberdade, ainda não está em condições de exercer seus direitos que merece e vive desassossegado pela instabilidade da ordem pública. Temos a obrigação de liquidar o quanto antes todos os elementos espúrios que perturbam a ordem pública e lutar por seu restabelecimento.
O que importa no restabelecimento da ordem pública é elevar o papel dos organismos de segurança. Devemos nos esforçar para implantar entre os funcionários destes organismos um estilo de trabalho que tenha como objetivo servir fielmente ao povo, erradicando os costumes policialescos do imperialismo japonês, que se dedicava a ameaçar e chantagear o povo. Há que lograr desta maneira que os órgãos de segurança se convertam em instituições capazes de proteger devidamente a vida, os bens e a tranquilidade do povo.
A fim de consolidar a unidade de todo o povo e construir um Estado democrático, soberano e independente, é preciso aplicar uma política democrática. Nós, que estamos construindo uma nova Coreia, não aceitamos uma política antidemocrática.
A democracia da qual falamos não é a de tipo ianque, que só existe para as classes latifundiárias e capitalistas, que oprimem e exploram as massas trabalhadoras, nem tampouco de tipo soviético. A nossa é uma democracia de novo tipo, uma democracia de estilo coreano, que se ajusta às condições reais de nosso país. Implantando consequentemente uma democracia genuína devemos procurar a aplicação de uma política democrática que ofereça ao povo a liberdade e os direitos políticos, se apoie em sua força e lhe assegure o bem-estar e felicidade.
Para por em prática uma política democrática correta há que elevar o papel dos comitês populares, órgãos do Poder do povo. Porém, para que estes comitês populares realizem com retitude seu trabalho, é necessária uma efetiva supervisão sobre eles. Nosso povo tem o direito de controlá-los e supervisá-los em seu trabalho. E deve expulsar todos os pró-japoneses, traidores da nação e outros reacionários dos órgãos do Poder popular e supervisar bem os comitês populares para que trabalhem sempre com fidelidade em prol dos interesses do povo.
Devemos nos esforçar para que os comitês populares, apoiando-se na força do povo, lutem energeticamente para estabilizar a ordem pública estatal, unir as massas populares com uma mesma ideia, desenvolver a produção e melhorar a vida do povo.
Compatriotas:
Todo o povo coreano, não importa onde trabalhe, deve unir-se solidamente sob a bandeira da democracia e lutar para cumprir a causa histórica da construção de uma nova pátria. Só assim poderemos levantar o quanto antes um Estado democrático, soberano e independente, rico e poderoso.
Viva a independência da Coreia!
Vivam a unidade e coesão do povo coreano!
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