Os dias que já se passaram, mais de meio ano, confirmam novamente que a humanidade vive uma era perigosa, a mais instável e caótica da história, onde o confronto prevalece.
Com as guerras tarifárias e comerciais provocadas pelos Estados Unidos, a economia mundial sofreu fortes abalos. A ONU publicou um relatório prevendo que o ritmo de crescimento econômico mundial em 2025 será ainda mais lento do que havia sido estimado em janeiro deste ano.
A economia global está sendo sacudida e as contradições entre os Estados Unidos e muitos outros países estão vindo à tona.
Mais grave ainda é que a paz e a segurança em várias regiões e no mundo estão caindo em crise. A tragédia sangrenta em Gaza, transformada em rotina devido aos brutais ataques militares de Israel, tornou-se a principal fonte de ameaça e destruição da paz no Oriente Médio. A injusta guerra de 12 dias entre Irã e Israel, os frequentes ataques militares de Israel contra Líbano e Síria, e o esmagamento da solução de dois Estados — considerada o caminho para a criação de um Estado palestino independente — são provas claras dessa realidade.
Na Europa, o aumento dos gastos militares e o fato de que os países europeus continuam empurrando a Ucrânia para a linha de frente do confronto com a Rússia constituem fatores que alimentam o risco de guerra. Recentemente, um vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia revelou que a OTAN e a União Europeia estariam tentando estabelecer seu sistema de segurança tendo Moscou como alvo.
Na região da Ásia-Pacífico, a situação militar e política também continua se deteriorando. A presença constante dos meios estratégicos nucleares ofensivos dos EUA na Península Coreana, os exercícios de guerra nuclear — bilaterais e multilaterais — conduzidos sob a liderança dos EUA em nível de operações reais, a consolidação da aliança militar trilateral EUA-Japão-República da Coreia dentro do roteiro de blocos militares regionais elaborados por Washington, e o movimento para formar uma “OTAN asiática” baseada nessa estrutura, estão provocando um desequilíbrio militar na Península Coreana e no Nordeste Asiático, atuando como causa fundamental para a criação de novos cenários de confronto.
Agrupamentos exclusivos e restritos, como Quad e AUKUS, estão interferindo nos assuntos internos de Estados soberanos independentes, fomentando confrontos de blocos e ameaçando a paz e a segurança tanto na região da Ásia-Pacífico quanto no mundo inteiro. A OTAN, por sua vez, vem reforçando sua conivência e aliança com países pró-Ocidente da Ásia-Pacífico, lançando sérios desafios ao ambiente de segurança regional.
A grave realidade de hoje — marcada por uma desordem sem precedentes em escala global e pela rápida intensificação do perigo de guerra — evidencia de forma clara uma verdade: as ambições de invasão e hegemonia do imperialismo chegaram ao extremo.
Desde séculos atrás, as potências ocidentais têm perseguido a expansão territorial e a prosperidade material egoísta por meio da invasão, pilhagem e exploração de outros países. O que sempre buscaram incessantemente foi a hegemonia mundial.
Particularmente, com a transição para o capitalismo monopolista de Estado, os países imperialistas desencadearam sucessivas guerras mundiais voltadas à expansão e repartição de colônias, consolidando a dominação mundial como essência inata do imperialismo.
Após a Segunda Guerra Mundial, estabeleceu-se o sistema imperialista, liderado pelos Estados Unidos e seguido pelos países da Europa Ocidental, que começou a operar em função de guerras e confrontos destinados a firmar a hegemonia global. A OTAN, criada como uma aliança militar agressiva, foi colocada em oposição ao Pacto de Varsóvia, aliança político-militar dos países socialistas do Leste Europeu, arrastando o mundo durante décadas ao turbilhão da Guerra Fria.
Depois do fim da Guerra Fria, os Estados Unidos e os países ocidentais alardearam a construção de uma “ordem unipolar mundial”, mas, em vez de dissolverem a OTAN — como deveriam —, expandiram-na e reforçaram-na constantemente em direção ao Leste Europeu, expondo de forma aberta suas ambições hegemônicas. Puseram também em ação suas forças seguidoras para esmagar a qualquer custo os países que avançavam pelo caminho da independência anti-imperialista e do socialismo. Muitos países viram sua soberania violada, foram reduzidos à condição de neocolônias dos imperialistas e obrigados a suportar exploração e pilhagem. Sob o rótulo de “globalização”, os imperialistas forçaram a adoção de sua chamada democracia ocidental, recorrendo a todos os meios e métodos para transformar as nações do mundo em suas fontes de matérias-primas e mercados de capital.
Embora os imperialistas tenham se debatido desesperadamente para colocar todo o planeta sob o domínio de sua cobiça, sua tentativa não pôde se concretizar.
Como afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, hoje o Ocidente está mascarando suas ações agressivas sob o disfarce do sistema de “globalização” — sistema este criado segundo seus próprios padrões — para “conter” os países que implementam políticas independentes consideradas por eles como um desafio à sua hegemonia.
Isso porque a chamada “globalização” promovida pelo Ocidente acabou gerando, em última instância, a sua própria decadência. Os monopólios ocidentais reorganizaram suas indústrias em torno das finanças e dos serviços, transferindo as manufaturas mais poluentes para países em desenvolvimento. A partir da exploração da mão de obra barata nesses países, acumularam lucros imensos e tentaram manipular o mundo, mas o efeito resultou na própria estagnação de suas manufaturas, no aumento da dependência das importações e no crescimento exponencial dos déficits comerciais.
Além disso, ao mesmo tempo em que o Ocidente perseguia sua estratégia de estabelecer uma “hegemonia unipolar”, diversos países se fortaleceram e emergiram como potências capazes de influenciar as mudanças na ordem internacional. Essa mudança drástica tornou-se um golpe político e militar de grande envergadura para os imperialistas, que sonhavam com uma “hegemonia eterna” sobre o mundo.
Isso representa uma séria ameaça ao modo de sobrevivência do Ocidente, que, geração após geração, tem girado sua máquina de guerra, praticando agressões e conflitos, impondo a neocolonização a outros países e extraindo de forma impiedosa o sangue e o suor de seus povos para acumular riqueza.
Os imperialistas, ao mesmo tempo em que lançam o mundo na confusão político-econômica, procuram saída para manter e expandir sua hegemonia ao prender seus aliados em diferentes blocos militares e realizar manobras conjuntas cada vez mais desenfreadas, aumentando constantemente o grau de intimidação e chantagem contra os países que hostilizam.
A realidade atual deixa claro para toda a humanidade que, quanto mais o mundo avança no sentido da independência e contra a dominação, tanto mais inevitavelmente se agravam as contradições e confrontos entre as forças anti-imperialistas e o imperialismo.
No século XXI, muitos países passaram a enxergar claramente a natureza invasiva, dominadora e hipócrita do Ocidente. A intervenção militar descarada no Afeganistão e no Iraque, o ato vergonhoso de lançar a Ucrânia como sacrifício em prol de suas ambições hegemônicas, o apoio ativo e o fornecimento de armas às ações militares brutais de Israel para se apossar da terra palestina, bem como o uso da ONU e de outros organismos internacionais como instrumentos para realizar sua política de dominação, tudo isso revelou que os slogans ocidentais de “paz”, “defesa da democracia”, “humanitarismo” e “ordem baseada em regras” não passam de hipocrisia e engano. Suas palavras melosas escondem um veneno perigoso: a legitimação da violação da soberania e da independência de outros países.
Muitos Estados passaram, assim, a desafiar o injusto sistema “unipolar”, que mina as bases das relações internacionais fundadas na igualdade soberana, e começaram a se orientar para a multipolaridade. Em nenhum país do mundo há povos que queiram viver sem autonomia e como escravos. Os países da Ásia, África e América Latina, que no passado foram reduzidas a colônias e forçados a uma vida de servidão, aspiram unanimemente à independência. E quanto mais os imperialistas se lançam em busca de hegemonia, mais intensa se torna essa aspiração.
O Ocidente teme profundamente o avanço acelerado da multipolaridade e faz todos os esforços para bloqueá-la. Espalha rumores de que a multipolaridade trará divisão, caos e conflitos, ao mesmo tempo em que exerce ameaças militares e econômicas contra os países que fortalecem a cooperação multilateral baseada no desenvolvimento independente, no respeito mútuo e na justiça.
No final do ano passado, a imprensa de um país citou uma reportagem da Bloomberg dos EUA que dizia: “O Ocidente já não consegue mais liderar o ‘baile’. Cada vez mais países se recusam a seguir as velhas regras.” E acrescentou: “No entanto, o Ocidente não está disposto a entregar sua ‘trincheira’ de forma pacífica, por isso enfrentaremos novas crises e grandes mudanças.”
A realidade atual — em que o Ocidente continua aplicando, nas relações internacionais, sua lei de sobrevivência baseada no “mais forte devora o mais fraco”, e em que a divisão, o confronto e o risco de guerra aumentam em todos os cantos do mundo — deixa claro que somente com força é possível defender a soberania e a dignidade nacionais, assim como estabelecer a nova ordem mundial que a humanidade almeja.
Os imperialistas não hesitam em violar e pisotear a soberania e os direitos de outros países, nem em destruir a paz, para exibir sua hegemonia, garantir sua segurança e acumular lucros monopolistas.
Para aqueles que cultuam a superioridade da força, súplicas, concessões ou persuasão jamais funcionam.
A história que se desenrolou após o fim da Guerra Fria demonstra claramente que qualquer concessão feita aos imperialistas, obcecados pela lógica da força absoluta, acaba sendo paga, em última instância, com morte e destruição.
Contra aqueles que impõem a força bruta, só há uma resposta: o fortalecimento do poder nacional. Nenhuma ameaça, intimidação ou arbitrariedade das forças hostis pode prevalecer diante de um povo e de um país dotados de poder nacional robusto.
Hoje, a realidade mostra que muitos países e povos, que consideram a independência e a dignidade como sua própria vida, estão empenhados em reforçar suas forças nacionais com base em seus próprios recursos.
Por mais que os imperialistas se debatam em desespero, jamais conseguirão eliminar ou suprimir a aspiração e a luta da humanidade progressista por um novo mundo independente e por uma ordem mundial multipolar.

Nenhum comentário:
Postar um comentário