A correta compreensão do processo de evolução da psicologia burguesa é uma questão importante para reconhecer claramente a sua natureza reacionária e anticientífica e prevenir com antecedência sua infiltração. Isso porque as diversas transformações da psicologia burguesa estão sendo disfarçadas como se fossem algum tipo de “processo de desenvolvimento”.
O estimado Dirigente camarada Kim Jong Il apontou:
“Os teóricos científicos devem expor com perspicácia a natureza reacionária e nociva de todas as ideias hostis que se opõem a Ideia Juche, e devem impedir completamente que mesmo os menores elementos de ideias não classistas e não revolucionárias penetrem em nosso interior.” (Sobre a ideia Juche, página 86)
A psicologia burguesa chegou até os dias de hoje passando por diversas alterações conforme as condições sociopolíticas e históricas de cada época e os interesses da burguesia.
O processo de transformação da psicologia burguesa reflete a crise da própria psicologia burguesa, decorrente da crise do capitalismo.
Desde o seu surgimento, a psicologia burguesa passou por diversas dificuldades devido às contradições que carrega, e chegou até os dias atuais enfrentando essas vicissitudes. Sempre que essas vicissitudes se aprofundaram, resultaram em uma situação de crise para a psicologia burguesa.
A crise da psicologia burguesa tem origem nas condições socio-históricas da sociedade capitalista da época e no estado da filosofia burguesa sobre a qual ela se fundamenta.
Desde sua formação, a psicologia burguesa enfrentou duas grandes crises representativas, e em cada uma dessas ocasiões ela passou por diversas transformações.
A psicologia burguesa, iniciada com a psicologia experimental de Wundt na segunda metade do século XIX, enfrentou sua primeira crise no final do século XIX e início do século XX. Esse período corresponde à entrada do capitalismo na fase imperialista, e do ponto de vista do desenvolvimento interno da psicologia burguesa, tratava-se de um momento logo após sua separação da filosofia, quando ainda estava começando a adquirir os contornos de uma ciência psicológica própria.
A primeira crise da psicologia burguesa reflete as condições socio-históricas da época e a influência da filosofia burguesa.
Na segunda metade do século XIX, a acumulação de capital nos países capitalistas ocidentais e a transição para o imperialismo levaram a classe dominante a buscar meios para extrair não apenas a força física dos trabalhadores, mas também sua energia mental e psicológica. Em outras palavras, com a transição para o imperialismo, a natureza anti-humana do capitalismo e de seus representantes ideológicos se intensificou, e as tentativas de transformar as pessoas em instrumentos cegamente obedientes e escravos submissos ao capital tornaram-se ainda mais acentuadas.
Com isso, a psicologia burguesa, que em sua formação inicial se concentrava principalmente na consciência, começou gradualmente a se afastar desse enfoque e voltou sua atenção para a questão dos instintos, supostamente situados abaixo da consciência e do comportamento humano, passando a criar representações distorcidas da natureza social do ser humano e do significado de suas ações.
Isso marcou a crise da psicologia burguesa, que até então havia se centrado principalmente na consciência.
A burguesia chegou até mesmo a utilizar indevidamente os avanços da ciência para atingir esse objetivo.
A teoria da evolução de Darwin teve grande significado para a psicologia, pois esclareceu as leis do desenvolvimento dos seres vivos. Sob sua influência, tornou-se possível adotar uma nova perspectiva que via os fenômenos psíquicos não apenas como eventos internos e subjetivos, mas como atividades voltadas para a adaptação ao meio ambiente.
O desenvolvimento da ciência é influenciado pelas condições socio-históricas. Por isso, a ciência não avança apenas na direção da verdade científica, de forma neutra, mas pode tanto contribuir para a felicidade da humanidade como também, distorcida, ser usada como instrumento de reação que impede o progresso da sociedade.
A teoria da evolução de Darwin, um acontecimento marcante no desenvolvimento científico, foi utilizada pelos burgueses, em meio à crise da psicologia burguesa, para transformar a psicologia em um campo dedicado ao “controle do comportamento” de acordo com o ambiente. Os burgueses abordaram essa questão do controle do comportamento a partir da perspectiva da eficácia econômica voltada ao máximo rendimento. Eles investigaram como extrair completamente não só a força física, mas também todo o potencial da capacidade psicológica humana para intensificar a exploração capitalista. Esse estudo do controle do comportamento esteve estreitamente ligado ao avanço da tecnologia.
No entanto, como o ser humano, ao contrário das máquinas, possui características psicológicas, encontrar métodos adequados de controle comportamental não era uma questão simples.
Contudo, com a entrada na fase imperialista, o capital monopolista passou a exigir urgentemente a solução dessa questão. Assim, a resolução do problema do “controle do comportamento” tornou-se uma tarefa premente para a psicologia burguesa, o que impulsionou fortemente seu desenvolvimento. Como resultado, surgiram diversas correntes dentro da psicologia burguesa, entre as quais ocorreram intensas disputas teóricas. Com o agravamento das confusões e contradições, a psicologia da consciência e a psicologia burguesa em geral mergulharam em uma crise.
Essas foram, em linhas gerais, as condições socio-históricas que provocaram a primeira crise da psicologia burguesa.
A crise da psicologia da consciência burguesa está relacionada não só a essas condições socio-históricas, mas também à incapacidade da filosofia idealista, sobre a qual a psicologia burguesa se fundamenta, de resolver questões fundamentais da psicologia — como a relação entre o psíquico, entendido de forma subjetiva, e a realidade objetiva, ou entre o psíquico e o cérebro, especialmente no que diz respeito à essência do ser humano como ser social independente e criador. Essa incapacidade foi agravada pela infiltração do machismo (ideia de Ernst Mach) na psicologia burguesa, o que acelerou ainda mais sua crise.
Ao distorcer e utilizar indevidamente os novos avanços da física, o machismo surgiu com o lema de que “a matéria foi aniquilada”, e, ao se infiltrar na psicologia, gerou o lema de que “a consciência evaporou”, dando assim um respaldo filosófico à crise da psicologia burguesa e da psicologia da consciência da época.
A posição machista sobre a “aniquilação da matéria” e a visão da psicologia burguesa sobre a “evaporação da consciência” têm, em essência, o mesmo objetivo.
Enquanto Mach tomava a matéria como alvo de ataque, buscando reduzi-la às sensações como supostos “elementos neutros” da experiência, a psicologia burguesa, influenciada por essa visão, passou a duvidar da existência da psique ou da consciência, tentando igualmente reduzi-los a “elementos neutros” da experiência.
A visão da psicologia burguesa influenciada pelo machismo — que transformava as sensações em “elementos neutros”, como se o mundo fosse constituído a partir delas — acabou por se opor ao reconhecimento da existência material independente da consciência. Embora isso pudesse parecer uma forma de expandir ilimitadamente o campo da consciência e da psicologia, na realidade trouxe o resultado contrário: a psicologia perdeu seu objeto de estudo.
O fato de Wundt, defensor da psicologia da consciência, ter tentado fundir todas as ciências baseadas na experiência indireta dentro da psicologia, que se voltaria à experiência direta, pode parecer uma tentativa de ampliar o campo da psicologia.
No entanto, ao expandir o escopo da consciência e da psicologia para incluir toda experiência, acabou-se por retirar da psicologia seu caráter específico e próprio, e como resultado ela perdeu seu objeto. A perda do objeto de estudo pela psicologia — esse foi o aspecto essencial da crise da psicologia da consciência e da psicologia burguesa em geral naquela época.
Como resultado dessa perda de objeto, restou apenas a “experiência pura”. Foi a partir dessa posição da “experiência pura” que o liberalismo burguês se fundamentou, tanto filosoficamente quanto psicologicamente, o que, por sua vez, levou ao surgimento desenfreado de diversas correntes dentro da psicologia burguesa.
Segundo a teoria da “experiência pura”, tudo aquilo que é consciente, sentido e vivido é considerado real enquanto experiência individual, mas o mundo, com sua infinita riqueza e diversidade, só tem uma pequena parte inserida na consciência de cada indivíduo. A partir disso, conclui-se que não pode existir um critério de verdade plena que coincida com o objeto.
No entanto, como a experiência constitui um fato da vida do indivíduo, ela é tomada como expressão da realidade. Por isso, o valor da experiência passa a ser avaliado com base na satisfação que proporciona ou nos resultados obtidos nas atividades decorrentes dela.
Dessa forma, o liberalismo burguês foi fundamentado filosoficamente utilizando até mesmo conceitos da psicologia.
Com isso, cada ponto de vista individual passa a ser considerado como possuidor de uma faceta própria e legítima da realidade, o que leva à ideia de que todos os pontos de vista possuem o mesmo direito e, portanto, devem ser igualmente aceitos.
Essa perspectiva individualista e liberal influenciou também as tendências da psicologia durante a crise da psicologia burguesa, ao absolutizar a experiência pessoal de cada um, provocando o surgimento de várias “teorias” distintas. Em outras palavras, a crise da psicologia burguesa levou ao aparecimento de diversas escolas dentro da própria psicologia burguesa.
Desse modo, o processo de transformação da psicologia burguesa, desde o início, foi produto da crise interna dessa psicologia, baseada nas contradições do sistema capitalista e na falência da filosofia burguesa. Isso é uma consequência inevitável do caráter classista da psicologia burguesa, que serve aos interesses da classe capitalista.
As escolas psicológicas que surgiram como produtos da crise da psicologia burguesa incluem, principalmente, o estruturalismo, o funcionalismo, o behaviorismo, a psicologia da Gestalt e a psicanálise.
Cada uma dessas correntes apresentava visões e características próprias quanto à definição, à tarefa e aos métodos da psicologia.
O estruturalismo, considerado o “fundador” da psicologia burguesa, tratava do conteúdo da mente (consciência) e baseava-se no método da “introspecção” (ou auto-observação). Essa escola tornou-se o principal “alvo de ataque” durante a crise da psicologia burguesa.
O funcionalismo voltou sua atenção para a adaptação e buscava compreender por que surgiam os diversos fenômenos mentais (psicológicos).
O behaviorismo não tomava a experiência, mas sim o comportamento como objeto de estudo, e defendia que a única metodologia válida era a observação.
A psicologia da Gestalt, por sua vez, afirmava que tanto a experiência quanto o comportamento eram objeto da psicologia, e se opunha à análise fragmentada dos fenômenos psicológicos.
A psicanálise (ou freudismo) abordava os processos psíquicos inconscientes fundamentais e as forças dinâmicas que constituem a personalidade, utilizando como método a análise de associações e dos sonhos.
Embora essas diversas correntes da psicologia burguesa apresentassem diferenças teóricas entre si, todas abordavam os problemas a partir de uma posição de classe burguesa. Devido a essa orientação classista comum, essas escolas psicológicas, mais tarde, passaram a se aproximar e se unir com o objetivo de controlar a nova crise do capitalismo que havia se formado. Como resultado, ocorreu o colapso das escolas como correntes distintas, o que levou a uma nova transformação, indicando uma nova crise da psicologia burguesa.
No final da década de 1920 e início da década de 1930, formou-se uma nova crise econômica nos Estados Unidos e em vários outros países capitalistas. Essa crise lançou a classe operária no desemprego e levou as amplas massas trabalhadoras a uma situação de extrema pobreza. Como consequência, o movimento operário cresceu ainda mais e a luta de classes se intensificou. Em especial, a elevação da consciência de independência da classe operária e das amplas massas populares, bem como o avanço das lutas políticas de massas contra as classes dominantes dos regimes coloniais imperialistas, causaram fortes golpes aos imperialistas e agravaram ainda mais sua crise política.
A nova crise política e econômica dos países capitalistas do mundo lançou a psicologia burguesa em uma nova confusão, levantando diversas questões a respeito da psicologia.
Essas questões incluíam o tratamento do número crescente de pacientes com doenças mentais devido ao agravamento das contradições sociais, o aconselhamento psicológico para ajudar as pessoas a superar angústias e conflitos internos, a busca de métodos de adaptação às novas condições sociais em transformação e, especialmente, a investigação de formas psicológicas pelas quais a classe dominante pudesse explorar ao máximo as massas trabalhadoras e administrar e governar de maneira mais eficaz.
A psicologia burguesa, até então dividida em várias correntes, tentou “unir-se” e “resolver” esses diversos problemas sociais e psicológicos como forma de superar a crise do mundo capitalista, mas essa tentativa resultou no colapso das escolas e acabou por gerar uma nova crise da psicologia burguesa.
Essa nova crise se manifestou da seguinte maneira:
A psicologia estadunidense, que se autoproclamava à frente da psicologia burguesa mundial, passou a depositar esperanças na psicologia da Europa Ocidental, buscando nela algum tipo de apoio para resolver os problemas sociais e psicológicos. Com isso, a psicanálise e a psicologia da Gestalt, que até então não eram amplamente difundidas, começaram a influenciar a psicologia estadunidense na década de 1930.
Isso ocorreu, sobretudo, porque as orientações ideológicas dessas correntes psicológicas correspondiam em muitos aspectos às exigências impostas pela crise sociopolítica vivida então pelos Estados Unidos.
Na época, a principal questão colocada diante da psicologia estadunidense era esclarecer as causas psicológicas dos diversos comportamentos das pessoas e explicar como determinados comportamentos são determinados por diferentes estímulos.
No entanto, a psicologia behaviorista tradicional, representada pelo esquema de “estímulo–resposta” de Watson, enfatizava apenas as causas externas do comportamento, sem considerar os fatores internos. Por isso, essa psicologia behaviorista não oferecia respostas à pergunta de como controlar o comportamento das pessoas — em outras palavras, como influenciar a psicologia humana para guiar suas ações de acordo com os objetivos da burguesia.
Esse foco nos fatores psicológicos internos era, desde o início, a principal preocupação da psicanálise e da psicologia da Gestalt.
Contudo, embora essas duas correntes tenham abordado, até certo ponto, os aspectos fisiológicos ou físicos dos fatores internos, negligenciaram seu aspecto social e a correlação entre estímulo e resposta.
No entanto, diante da crise do capitalismo, diversos problemas sociais foram colocados de forma aguda — especialmente a necessidade de esclarecer as causas psicológicas do comportamento humano — e, sem esse esclarecimento, a psicologia da época não poderia servir adequadamente ao capital. Por isso, tornou-se inevitável voltar a atenção para a psicanálise e a psicologia da Gestalt.
Desse modo, cada escola psicológica não pôde mais se apegar rigidamente às suas posições anteriores, e isso levou a uma série de transformações no panorama da psicologia burguesa até então estabelecido.
A psicanálise e a psicologia da Gestalt passaram a reformular suas posições com base em seus “estudos” sobre a determinação social da psicologia e sobre a estrutura da personalidade, adaptando-as aos interesses do capital.
Os sucessores da psicanálise (os neofreudianos), além dos fatores biológicos como o instinto — especialmente o instinto sexual, que viam como causa do comportamento humano — passaram a tratar, ainda que de forma limitada, de fatores socioeconômicos e culturais. Já a psicologia da Gestalt passou a abordar uma série de questões relacionadas à motivação psicológica dos comportamentos coletivos, ou seja, aos aspectos sociais.
A psicologia estadunidense, dominada pelo behaviorismo de Watson, também modificou sua posição ao incorporar a psicologia da Europa Ocidental. Ou seja, a antiga fórmula de “estímulo–resposta” foi “desenvolvida” para “estímulo → organismo → resposta”. O elemento recém-adicionado, o “organismo”, passou a ser considerado como um fator interno no comportamento.
Em suma, as diversas correntes da psicologia burguesa, movidas pela mesma ideia de salvar o capitalismo em crise, passaram a absorver aspectos umas das outras. Isso parecia ser um esforço para superar as limitações teóricas que cada escola possuía. Como resultado, as falhas de cada corrente psicológica foram, em certa medida, mitigadas, e os confrontos agudos entre elas começaram a diminuir, conduzindo ao colapso das escolas psicológicas distintas.
Tudo isso reflete o impacto da nova crise capitalista da década de 1930 sobre a psicologia burguesa.
A crise do capitalismo promoveu uma estreita ligação entre a psicologia burguesa e a prática social, fazendo com que a psicologia penetrasse não apenas na medicina, educação e trabalho, mas também nas esferas social, política, econômica, cultural e até militar.
Por exemplo, passaram a ser consideradas pesquisas sobre a opinião pública e sua inclusão na formulação de políticas estatais, bem como a “guerra psicológica”. Como resultado, as conexões entre psicologia e sociologia tornaram-se estreitas, a ponto de em alguns casos suas fronteiras ficarem pouco claras.
A segunda crise da psicologia burguesa foi resultado, junto às condições socio-históricas da época, da influência da filosofia burguesa vigente.
Na década de 1930, a principal influência filosófica que contribuiu para a formação da segunda crise da psicologia burguesa foi o positivismo lógico.
O positivismo lógico afirmava a “inutilidade” das questões filosóficas e, para convencer disso, focava principalmente na interpretação de sentenças, defendendo o que chamava de “lógica”. Para isso, introduziu métodos da lógica matemática para esclarecer o sentido de proposições individuais e buscava eliminar os “elementos sem sentido” que estivessem misturados nelas.
Com o tempo, o positivismo lógico se radicalizou, deslocando a “análise lógica” para uma “análise formal da linguagem” pura, completamente desvinculada do conteúdo das proposições.
Dessa forma, o positivismo lógico restringiu a filosofia ao limite da experiência humana limitada, agravando o empirismo crítico, e acabou reduzindo a análise lógica ao campo restrito da “linguagem comum” e da “linguagem científica”. Essa “linguagem científica” passou a ser vista apenas como meios linguísticos e simbólicos relacionados ao conhecimento científico e às relações lógicas entre eles, e sob o pretexto de investigar a “análise lógica”, retirou o conteúdo científico presente na linguagem.
Os psicólogos burgueses da época, buscando, assim como o positivismo lógico, uma orientação ideológica para salvar o capitalismo da crise, tentaram elevar a psicologia a uma ciência baseada nesse modelo filosófico.
Para isso, a psicologia burguesa adotou a tendência de abstrair os aspectos concretos da psicologia humana, fundamentando-os e formalizando-os por meio de fórmulas matemáticas.
No entanto, embora o positivismo lógico tenha conseguido, por meio de seu método lógico-simbólico, alcançar em parte seus objetivos reacionários, na psicologia esse método não foi capaz de resolver os problemas concretos levantados, pois a psicologia, ao contrário da filosofia, lida com questões específicas e concretas. Não é possível resolver problemas psicológicos concretos apenas por meio de esquemas formais e formalizações matemáticas.
Assim, a contradição entre a demanda prática por soluções concretas e o método formal trazido pelo positivismo lógico tornou-se uma das condições que provocaram uma nova crise na psicologia burguesa.
De modo geral, esse é o contexto socio-histórico e a base filosófica da segunda crise da psicologia burguesa.
Essa segunda crise, oriunda dessas condições gerais, levou ao colapso das escolas da psicologia burguesa, fazendo com que essa ciência passasse da estabilidade temporária para um estado de nova instabilidade e confusão.
Após o colapso das escolas, a psicologia burguesa passou a adotar tanto a conciliação entre correntes quanto a criação de novas vertentes derivadas.
A psicologia behaviorista, adotando uma tendência de absorver ou assimilar outras psicologias da consciência, transformou-se no “novo behaviorismo”. A psicologia da Gestalt, por sua vez, foi absorvida ou utilizada por várias outras correntes, o que alterou um pouco suas características originais. A psicanálise, sem alcançar uma unidade completa, incorporou aspectos socioeconômicos e culturais, evoluindo para o que se chamou de “neofreudismo”.
O desmantelamento das escolas, a conciliação entre diversas correntes e a transformação das correntes intermediárias foram o resultado do colapso da psicologia burguesa.
Após o colapso das escolas, o novo behaviorismo tornou-se a corrente dominante na psicologia burguesa.
O novo behaviorismo trouxe de volta para a psicologia a mente, que havia sido ignorada pelo behaviorismo clássico. Contudo, essa mente não é a mente da psicologia interna, entendida como experiência direta, mas sim uma mente inferida objetivamente a partir da observação do comportamento — uma mente considerada como algo “realista” ou “empírico”.
O novo behaviorismo ampliou o alcance de sua teoria ao “absorver” a consciência a partir da posição behaviorista, buscando assim superar o conflito com a psicologia da consciência. Como resultado, os conceitos da psicologia da consciência foram distorcidos e incorporados pelo novo behaviorismo, transformando-o numa mistura de introspecção e mecanicismo. Isso revela a contradição e falhas da psicologia burguesa, ou seja, seu ecletismo.
No entanto, essa abordagem não conseguia resolver os problemas essenciais.
O novo behaviorismo reduzia os fenômenos psicológicos à sequência funcional do comportamento “estímulo → organismo (isto é, mente) → resposta”, formalizando e esquematizando esse processo. Ao abstrair o significado concreto e real do comportamento humano, especialmente os pensamentos e emoções complexas por trás dele, transformando-os em fórmulas e esquemas, ele minava e vulgarizava a compreensão dos fenômenos psicológicos. Isso impedia uma verdadeira compreensão da realidade do ser humano, que é um ser social independente e criativo.
A psicologia do novo behaviorismo não unifica comportamento e consciência, mas reduz a consciência ao comportamento, ignorando as características da psicologia e da consciência, configurando uma psicologia falsa.
Não se pode compreender o ser humano e sua atividade sem considerar sua consciência.
Essa tentativa do novo behaviorismo representa os interesses do capital monopolista.
No âmbito dessa psicologia, o objetivo prático do estudo do comportamento é a “regulação” ou “controle do comportamento” para adaptar melhor as pessoas ao sistema capitalista.
Entretanto, se, como defende o novo behaviorismo, as características psicológicas são ignoradas e tudo é reduzido à resposta, então o controle consciente do comportamento se torna impossível. Em outras palavras, o comportamento do indivíduo passa a ser controlado e determinado não por ele mesmo, mas por influências externas.
Para um controle racional do comportamento, é necessário que, além da pessoa que age, outra pessoa intervenha para controlar seu comportamento. Assim, admite-se tacitamente que o sujeito controlado ou dominado possui processos psicológicos e conscientes, enquanto o controlador ou dominador pode negar tais processos em si mesmo. Isso acaba por legitimar a existência do dominado, mas também a do dominador.
Em última análise, essa psicologia justifica psicologicamente as relações de dominação e subordinação, protegendo, assim, o sistema capitalista e imperialista.
Dessa forma, a psicologia burguesa chegou até hoje passando por várias reviravoltas.
A psicologia que se transforma enfrentando crises é a história da psicologia burguesa, e seu desenvolvimento tem como objetivo a perpetuação do capitalismo e do imperialismo.
Por isso, a característica essencial da psicologia burguesa atual é a sua orientação consistente de, sob a aparência de ciência, salvar o capitalismo e o imperialismo em sua crise descontrolada, utilizando todos os métodos e meios disponíveis.
Nam Sung Il
Enciclopédia Científica, volume 2 de 1989, páginas 44 a 48