domingo, 23 de novembro de 2025

Isso não é ficção, é a realidade

A polícia existe em todos os países. Ela é necessária para impedir crimes e violações da lei, manter a ordem social e proteger a vida e os bens da população. Por isso, quando ocorre um crime ou uma infração, as pessoas procuram primeiro a polícia.

Há uma história interessante.

Em um lugar distante de uma cidade da Escócia, no Reino Unido, uma jovem mulher foi encontrada ao amanhecer, sangrando e agonizando na neve. As pessoas que a encontraram eram quatro universitários que, após participarem de uma recepção social, estavam retornando tarde ao dormitório.

Muito abalados, a primeira pessoa que eles procuraram foi um policial chamado James Lawson, que se encontrava não muito longe da cena do crime. Quando o policial correu ao local, a mulher já havia falecido.

A polícia apontou os quatro estudantes como suspeitos.

Consta que este caso ocorreu em dezembro de 1978. Somente 25 anos depois, com o surgimento da tecnologia de análise de DNA, o caso foi esclarecido.

Quem era o assassino? Surpreendentemente, o criminoso era o próprio policial da época do incidente, James Lawson, que com o passar dos anos havia sido promovido a chefe de um departamento policial.

Diz-se que o nome Lawson foi escolhido com o significado de “filho da lei”. Fingindo ser um “defensor da lei”, ele violentou a jovem que trabalhava em um bar, infligiu ferimentos fatais e a jogou secretamente na neve, deixando-a morrer. Depois disso, eliminou um por um, por meios ardilosos, os estudantes que haviam testemunhado a cena do crime.

A história relacionada a este caso de crime é o conteúdo resumido do romance de uma escritora britânica intitulado "Eco de um Lugar Distante".

Então, seria essa obra uma ficção artística criada pela autora, afastada da realidade? Não. Ela reflete fielmente fatos que existem na sociedade britânica.

Na verdade, é perfeitamente possível encontrar no Reino Unido criminosos disfarçados de policiais.

Em 3 de março de 2021, ocorreu um incidente inesperado em Londres, capital do Reino Unido: uma mulher de 33 anos, que havia saído de casa apesar do confinamento imposto para conter a propagação da COVID-19, foi assassinada. Segundo o que se esclareceu, um policial que patrulhava a área algemou a mulher, a levou para um local isolado, violentou-a e, para ocultar o crime, a matou. Posteriormente, por meio das investigações, os atos criminosos do policial foram revelados.

Esse policial foi, de forma impressionante, uma réplica do James Lawson que aparece no referido romance.

O fato de policiais, que supostamente combatem diversos crimes e transgressões, tornarem-se criminosos e assassinos ilustra a sombria realidade da sociedade capitalista.

E não é apenas no Reino Unido.

Em 2023, ocorreu na França um crime em que a polícia matou um adolescente. Isso desencadeou protestos em escala nacional, que duraram vários dias e evoluíram inclusive para atos de violência.

Na Austrália, entre 2015 e 2016, o número de pessoas que morreram durante processos de detenção policial foi de 21; no Canadá, calcula-se que entre 2000 e 2017 houve 461 mortes causadas por policiais.

Esses dados numéricos representam apenas uma ínfima parte dos crimes de homicídio cometidos por policiais nos países capitalistas.

No que diz respeito à prática de homicídios por parte de policiais, nenhum país supera os Estados Unidos.

Segundo dados, em 2024 a polícia estadunidense matou a tiros 1.361 pessoas. E não só isso: a polícia nos EUA recorre à violência anualmente contra pelo menos 300.000 pessoas, causando ferimentos em cerca de 100.000 delas.

Por isso, um ativista de direitos humanos dos EUA denunciou em um de seus textos: “A cultura da violência nos Estados Unidos já penetrou profundamente, há muito tempo, no setor de aplicação da lei. A impunidade apenas intensificou a violência policial. Nos EUA, devido ao nível extremamente baixo de responsabilização, os órgãos de aplicação da lei frequentemente ferem civis sem arcar com as consequências posteriores.”

As pessoas do mundo ainda não esqueceram o movimento “Vidas Negras Importam” (Black Lives Matter), que irrompeu em diversos lugares do planeta há cinco anos.

Esse movimento foi justamente uma manifestação de protesto que condenava o crime cometido pela polícia dos Estados Unidos ao sufocar e matar George Floyd, um homem negro.

Foram 8 minutos e 46 segundos — o tempo em que Floyd teve o pescoço pressionado pelo joelho do policial até perder a consciência. Dia após dia, os manifestantes que tomavam as ruas realizavam protestos silenciosos durante esse intervalo de tempo, julgando o ato brutal cometido pela polícia estadunidense.

Nos países ocidentais, não são raros os casos em que o governo e as autoridades judiciais absolvem ou encobrem silenciosamente agressões brutais e assassinatos atrozes cometidos pela polícia contra pessoas inocentes.

Na sociedade capitalista, o nome da polícia, falando claramente, significa violação desenfreada da lei — criminosos que praticam repetidamente estupros, agressões e assassinatos.

Uma sociedade em que não ter poder, não ter dinheiro ou nascer como pessoa não branca se torna motivo de culpa e torna alguém vítima da polícia — isso é o capitalismo. Por isso, nos países ocidentais, jamais se poderá eliminar o crime.

Em uma sociedade onde a própria polícia comete abertamente os mais variados delitos, dizer que se pretende erradicar crimes e infrações é algo absurdo.

Ri Kyong Su

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