quarta-feira, 26 de novembro de 2025

A "democracia liberal" é uma fachada para a tirania da minoria

Na França, na Grécia e em outros países capitalistas, protestos antigovernamentais continuam ocorrendo sem pausa. Diversos partidos políticos, aproveitando o fluxo turbulento da conjuntura, intensificam seus esforços para expandir suas zonas de influência. Os conflitos entre os partidos tornam frequente a alternância de poder, e todo o mundo ocidental sofre, literalmente, de caos sociopolítico.

Mesmo nesse contexto, os políticos e seus porta-vozes servis continuam repetindo obstinadamente o refrão da democracia ocidental e da “democracia liberal”, tentando justificar o capitalismo. Afirmam que a “democracia liberal” seria uma “democracia baseada na liberdade individual que maximiza os direitos fundamentais do ser humano”, uma “democracia baseada em uma integração emocional entre políticos e povo”, e que, por isso, a sociedade ocidental que nela se apoia seria plenamente capaz de superar o caos, resolver os problemas de subsistência da população e se desenvolver.

Isso não passa de um sofisma para embelezar o capitalismo. A chamada “democracia liberal”, que se tornou o princípio político dos países capitalistas, já foi rejeitada pela história por gerar todo tipo de desigualdade, males sociais e estagnação.

Originalmente, a ideia da “democracia liberal” foi inventada pelos imperialistas como forma de maquiar a democracia burguesa, distorcendo os conceitos de liberdade, igualdade, direitos humanos e democracia, que eram almejados pelas massas trabalhadoras, adaptando-os aos interesses da classe capitalista. Durante a Guerra Fria, os imperialistas utilizaram essa “democracia liberal” como ferramenta ideológica para defender a exploração e a pilhagem do capital e para difamar de maneira maliciosa o socialismo.

Com a mudança dos tempos, a verdadeira face reacionária e antipopular da “democracia liberal”, apresentada sob o rótulo enganoso de “democracia”, revelou-se novamente.

No sentido verdadeiro, democracia é a política que reúne e reflete a vontade das massas populares. Estabelecer políticas de acordo com a vontade das amplas massas trabalhadoras, defender rigorosamente seus interesses e garantir-lhes verdadeira liberdade, direitos e uma vida material e cultural feliz — isso sim é democracia.

Entretanto, a “democracia liberal”, tão exaltada pelo Ocidente, não é uma política para as massas trabalhadoras. Embora os políticos ocidentais afirmem que a “democracia liberal” é uma “política baseada no povo, para o povo e que reflete a vontade do povo”, o “povo” a que se referem não é a massa trabalhadora. O “povo” de que falam corresponde às camadas privilegiadas, incluindo os capitalistas, que representam uma minoria ínfima da sociedade. É evidente que uma política estatal da qual as massas trabalhadoras — que constituem a imensa maioria da população — estão excluídas, e na qual apenas a minoria privilegiada participa, não pode ser considerada democracia.

A “democracia liberal”, repetida como mantra pelos políticos ocidentais, é apenas um rótulo destinado a encobrir a arbitrariedade e o autoritarismo dessa minoria privilegiada. Embora tentem camuflar o caráter antipopular da “democracia liberal” afirmando que “povo” inclui todos os residentes, inclusive os trabalhadores, em uma sociedade ocidental dividida em classes antagônicas com interesses opostos, a política inevitavelmente defende os interesses da classe dominante e privilegiada.

A “democracia liberal” é uma “democracia” na qual apenas a ínfima minoria composta por capitalistas e governantes exerce privilégios, enquanto as massas trabalhadoras, que constituem a esmagadora maioria da sociedade, não desfrutam de direito algum.

O capitalismo, que se desenvolveu no seio da sociedade feudal, é um sistema de exploração que apenas substituiu a sujeição estamental pela sujeição ao capital, sendo, do início ao fim, uma sociedade em que a minoria domina a maioria. Os capitalistas exercem privilégios e concentram em si a riqueza e o poder. A soberania estatal nada mais é do que um instrumento para que os capitalistas implementem seu domínio político e econômico sobre a sociedade.

Os capitalistas, apoiando-se no poder estatal que controlam, intensificam a espoliação dos trabalhadores. Isso constitui o modo de existência do sistema capitalista e da classe exploradora.

Mesmo nos Estados Unidos, que se autodenominam “modelo da democracia liberal”, todas as políticas são elaboradas e executadas conforme os interesses dos capitalistas monopolistas, subordinando-se à maximização de seus lucros. Por essa razão, a disparidade entre ricos e pobres se aprofunda ainda mais.

Nos demais países ocidentais, a polarização entre riqueza e pobreza também se acentua. Um grande número de trabalhadores cai em situações em que sequer consegue manter o próprio sustento. Enquanto isso, as camadas abastadas chegam ao ponto de satisfazer gostos de caráter animalesco, despejando somas colossais de dinheiro nesse propósito.

Na sociedade capitalista, o exercício de privilégios por parte da minoria fere os direitos da maioria. Os direitos políticos, bem como os direitos mais básicos e elementares do ser humano — como o direito à vida e o direito ao trabalho — são ignorados. A ínfima minoria que detém a maior parte da riqueza social desfruta de poder e privilégios, ao passo que as amplas massas trabalhadoras são tratadas como mercadorias — essa é a verdadeira face da sociedade capitalista.

A chamada “democracia liberal” é uma “democracia” que legaliza a opressão e a ditadura da minoria exploradora sobre as massas trabalhadoras.

Os políticos ocidentais e seus representantes afirmam que “democracia” significa que todos os residentes participam das eleições parlamentares e das atividades políticas. Contudo, os capitalistas monopolistas, valendo-se de seu poder econômico, tomam o controle do Estado, impedindo que os representantes dos trabalhadores obtenham assentos no parlamento, restringindo o exercício de seus direitos políticos e oprimindo o povo à vontade. Não por acaso, Du Pont, um dos magnatas monopolistas estadunidenses, declarou certa vez de modo aberto que “os Estados Unidos são propriedade nossa, e o Estado americano não pode existir separado dos monopólios”. O presidente estadunidense Johnson reconheceu que os monopólios eram os “acionistas” de seu governo e que ele era, de fato, seu porta-voz.

O site da Al Jazeera do Catar comentou: “No sistema oligárquico descarado, suavemente chamado de ‘sistema democrático’, os doadores dos Estados Unidos (os capitalistas monopolistas que fornecem enormes quantias aos candidatos dos dois partidos durante as eleições) exercem enorme poder e influência. A manipulação pelos oligarcas tornou-se algo comum no ‘cenário político’ dos Estados Unidos. O governo estadunidense pertence aos donos do dinheiro, é composto por eles e a eles serve.”

Entre os ricos que detêm imensa riqueza e os trabalhadores pobres, nos países capitalistas, não pode existir igualdade política.

O jornal Lianhe Zaobao de Singapura afirmou que a chamada “política democrática” apregoada pelo Ocidente, desde muito tempo, tem servido apenas à minoria, encontrando-se nas mãos dos ricos e dos políticos, a serviço de interesses pessoais. As massas não conseguem exercer influência real no domínio político, e esse sentimento de impotência e frustração em relação à política aprofunda a crise social.

Na realidade, sempre que a posição dominante da classe capitalista é abalada pela luta dos trabalhadores, ela lança fora até mesmo a máscara da “democracia” e recorre à repressão fascista. Há pouco mais de dez anos, quando nos Estados Unidos e em outros países ocidentais eclodiram lutas contra a exploração e a opressão do capital, a classe dominante também empregou a força para reprimi-las de forma implacável.

E hoje nada mudou. Os países capitalistas mobilizam inúmeras leis reacionárias e vastos aparatos repressivos para vigiar e restringir, de forma constante, as atividades dos partidos progressistas, das organizações sociais e de todos os cidadãos. Embora finjam garantir a democracia, quando seus interesses são contrariados, brandem sem hesitação a espada da repressão.

Recentemente, na França, mais de um milhão de pessoas protestaram em diversas regiões contra as medidas de austeridade do governo. As autoridades lançaram dezenas de milhares de policiais, além de drones e forças blindadas, entregando-se a uma repressão feroz contra os manifestantes e prendendo muitas pessoas.

O que no Ocidente se alardeia como “símbolos da democracia” — “liberdade plena de personalidade”, “igualdade”, parlamentarismo, pluripartidarismo e separação de poderes — não passa de disfarces destinados a ocultar a ditadura da burguesia. Mesmo que haja pluripartidarismo nos países capitalistas, quase todos esses partidos representam a classe exploradora. Qualquer partido que assuma o poder governa para os capitalistas, e nada mais.

Que os políticos ocidentais maquiem esse sistema político reacionário com o discurso da “democracia liberal” é, na verdade, um escárnio e uma afronta às amplas massas trabalhadoras que aspiram à verdadeira liberdade e aos direitos democráticos.

A chamada “democracia liberal” é uma política do culto ao dinheiro, determinada pelo capital. A democracia existe para o povo, e a verdadeira liberdade e os verdadeiros direitos do ser humano não podem ser mensurados nem trocados por dinheiro. Uma “democracia” controlada pelo capital não é, de fato, democracia.

Entretanto, no mundo capitalista, dinheiro é sinônimo de política, e as eleições tornaram-se um monopólio das camadas abastadas. As aspirações democráticas das massas trabalhadoras são tratadas como simples ruído. O demônio chamado dinheiro ocupa cada recanto da arena política, e, nesse cenário, equidade e justiça são impossíveis.

No Ocidente, dinheiro é sinônimo de poder. Quem governa um país não é o presidente nem o parlamento: o verdadeiro dominador da sociedade é o capital. O dinheiro decide quem será presidente ou parlamentar. Mesmo alguém sem qualidades ou capacidades pode tornar-se presidente desde que tenha recursos financeiros.

A cada eleição no Ocidente, somas gigantescas são consumidas. Para concorrer à presidência ou ao parlamento, é preciso antes de tudo ter dinheiro — seja para ser indicado como candidato, seja para se promover pela televisão ou pelos jornais, seja para financiar toda a campanha, em que é necessário espalhar recursos por todos os lados.

Esse fenômeno repete-se periodicamente. Em época eleitoral, os candidatos começam pela disputa de arrecadação. Os grandes monopólios capitalistas selecionam aqueles que poderão aplicar políticas favoráveis aos seus interesses, elevam-nos à condição de candidatos e financiam-nos com vastos recursos — um “investimento político” voltado para o lucro do capital.

Assim, nos países capitalistas, dinheiro é, na verdade, política de Estado. Os governantes promovidos pelos ricos e pelos monopólios não podem senão servir como seus fiéis servidores.

Como afirmou um analista político do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o nível de riqueza dos abastados e sua influência na elaboração das políticas são diretamente proporcionais.

Num sistema político como esse, não há como esperar políticas que contrariem os interesses dos ricos.

Os sucessivos governantes do Ocidente sempre foram representantes dedicados dos ricos e dos monopólios capitalistas. É evidente que eles jamais poderiam apresentar políticas em favor dos trabalhadores. O processo de adoção de leis e resoluções nos parlamentos ocidentais não passa de um procedimento formal para legalizar decisões já tomadas fora deles pelos monopólios.

A natureza reacionária e o caráter profundamente enganoso da chamada “democracia liberal” já ficaram totalmente expostos.

A “democracia liberal” já cumpriu o seu tempo.

Ri Hak Nam 

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