Porém, ao examinarmos a realidade interna, não passa de um “bolo pintado”, algo que só existe na imagem.
Mesmo nos países ocidentais, todos os anos constroem-se não poucas residências luxuosas. Em contraste com isso, ao redor delas aumentam cada vez mais barracos de lona, moradias subterrâneas e outros tipos de moradias que nem podem ser chamadas de casas, criando um contraste gritante. Aqueles que nada possuem vagam de um lugar para outro. Quando chega o inverno frio, aquecem o corpo sobre tampas de bueiro nas ruas. No Ocidente, pessoas assim existem em grande número: pessoas que não podem comprar uma casa porque o preço é extremamente caro e que tampouco conseguem alugar uma.
Há algum tempo, um jornal de um país ocidental relatou que o preço das moradias nos Países Baixos dobrou nos últimos dez anos. No âmbito da União Europeia, o problema dos preços exorbitantes de imóveis não se limita a regiões já conhecidas por isso, como Lisboa em Portugal, Madri na Espanha ou Dublin na Irlanda; também em outras regiões a disparada dos preços das moradias está ocorrendo. O jornal acrescentou que as causas da crise habitacional na Europa são diversas e complexas, mas a mais fundamental é que o lucro está em primeiro lugar.
Em qualquer país ocidental, as empresas, sob o pretexto de “cobrir custos”, vendem casas por preços várias vezes mais altos ou aumentam drasticamente os aluguéis.
Nos Estados Unidos, desde 2020, o preço das moradias subiu em média mais de 25%. Para adquirir uma residência de classe média nesse país, é necessário ter mais de 400 mil dólares — uma quantia inimaginável para um trabalhador comum.
No Reino Unido, diz-se que o preço médio das moradias aumentou 6,4% no período de um ano até março deste ano. Em particular, na Irlanda do Norte e na Inglaterra os aumentos foram de 9,5% e 6,7%, respectivamente, e em Londres o preço médio chegou a 552 mil libras.
Na Alemanha, a situação é a mesma. O diretor-geral da “Associação para Bem-Estar e Igualdade” afirmou, em entrevista a uma emissora, que o problema habitacional é uma questão importante de direitos humanos, mas que se testemunha um afastamento crescente entre esses dois conceitos; observou ainda que aumenta o número de pessoas que, embora possuam uma casa, já não conseguem pagar o aluguel.
Até mesmo os políticos ocidentais admitem isso, dizendo de forma hipócrita que a disparada dos preços das moradias e dos aluguéis provoca uma crise social.
Alguns políticos ocidentais alegam que, se os capitalistas aumentarem os investimentos e se revisarem normas estatais de apoio, será possível reduzir os preços das moradias e resolver o problema habitacional — mas isso é impossível.
O capitalismo é, como o próprio nome indica, uma sociedade dominada pelo capital, cujo modo de existência é a expansão do capital por meio da obtenção de lucros. Não existe capitalista que não busque lucro. É absurdo esperar que eles distribuam generosidade pelos outros.
No Ocidente, uma minoria extremamente pequena de capitalistas detém a maior parte dos meios de produção e da riqueza, controlando tudo. Seu único objetivo é extrair o máximo lucro de alta taxa. Isso inevitavelmente leva à falência de pequenas e médias empresas e ao aumento das demissões.
O fato de haver desempregados enchendo as ruas nos países capitalistas não é acidental.
Somente na Austrália, entre agosto e setembro, o número de desempregados aumentou cerca de 34 mil. A taxa de desemprego atingiu seu nível mais alto desde novembro de 2021.
Na Finlândia, a taxa de desemprego chegou a 10% em agosto, o nível mais alto desde o início dos registros. Entre os jovens com menos de 30 anos, o número de desempregados aumentou mais de 60%.
No mundo ocidental, que tanto alardeia “liberdade”, não se pode viver livremente sem dinheiro. Essa é a contradição oculta por trás da “prosperidade” ocidental.
Por isso, é mais do que evidente que trabalhadores não conseguem comprar nem uma pequena casa com seus rendimentos ínfimos, e não podem entrar com tranquilidade em lojas e restaurantes. Para que um trabalhador comum adquira uma casinha confortável, teria de investir todo o dinheiro ganho durante décadas sem comer nem vestir.
Em suma, para muitas pessoas, especialmente os jovens, o problema da moradia tornou-se o maior motivo de preocupação. O número de jovens sem casa, obrigados a vagar, está aumentando rapidamente. Para conseguir recursos suficientes que permitam comprar uma moradia, mesmo que modesta, ou pagar um aluguel, muitos não hesitam em enveredar pelo caminho do crime.
Os políticos ocidentais cobrirem uma sociedade assim com o véu da “prosperidade” e do “bem-estar” é nada menos que uma caricatura política.

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