segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A falsidade da "defesa exclusiva" não pode ser encoberta


 As autoridades japonesas anunciaram que fornecerão gratuitamente equipamentos militares, incluindo um sistema de radar costeiro, para Djibouti, na África. Trata-se de uma "ajuda militar" sob o pretexto de "apoio ao fortalecimento da capacidade de segurança do governo".

O fornecimento de "ajuda militar" pelo Japão a um país costeiro no Golfo de Áden, distante de seu território, visa manter e fortalecer sua base militar. Em Djibouti, há uma instalação militar estabelecida em 2011 sob o pretexto de servir como base para as operações da "Força de Autodefesa" japonesa na luta contra a pirataria nas águas do Golfo de Áden, próximo à Somália.

O Japão tem insistido em argumentar que essa instalação não é uma base militar, mas sim um "posto de operações" destinado a objetivos temporários. Isso ocorre porque, após a derrota na Segunda Guerra Mundial, o país está impedido de manter forças armadas regulares ou realizar atividades militares no exterior, e a construção de bases militares em outros países enfrentaria condenação interna e internacional.

No entanto, a situação atual, que inclui pistas de pouso, portos, alojamentos para centenas de militares e a movimentação constante de grandes destróieres e aviões de transporte, deixa claro para os observadores que se trata de uma base militar. A construção dessa instalação militar em Djibouti já estava, desde o início, alinhada com a perspectiva de expansão militar do Japão.

Djibouti está situada em uma posição geoestratégica crucial, na interseção da África, Oriente Médio e Ásia, além de ser uma rota marítima internacional vital que leva ao Canal de Suez. Essa região tem sido palco de interesses conflitantes entre os Estados Unidos e outras grandes potências, o que atraiu a atenção do Japão. Sob a liderança dos EUA, o Japão aderiu entusiasticamente às operações militares internacionais iniciadas para "suprimir atividades de pirataria" nessa área, chegando a estabelecer uma base militar em Djibouti.

Nos últimos anos, com a diminuição das atividades de pirataria, o pretexto original tem perdido força, enquanto a opinião pública local tem se inclinado contra a presença de forças estrangeiras. Diante disso, as autoridades japonesas têm buscado ampliar a funcionalidade dessa base, apresentando-a como um ponto de "apoio para a proteção e resgate" de cidadãos japoneses em regiões próximas da África e Oriente Médio. Além disso, enviaram um embaixador em Djibouti oriundo do Ministério da Defesa e despacharam representantes da Guarda Costeira para "apoiar" as atividades de vigilância marítima das autoridades locais, como parte de seus esforços para manter e fortalecer a base.

O problema central é que a existência de uma base militar no exterior contradiz o princípio de "defesa exclusiva" frequentemente proclamado pelo Japão. Segundo esse princípio, o uso de forças de defesa está restrito a situações em que o território japonês é diretamente atacado, o que, em teoria, impediria o Japão de manter bases militares em outros países.

Ainda assim, o Japão estabeleceu e continua operando uma base militar em Djibouti, o que demonstra sua busca por expansão militar no exterior, mesmo sob o pretexto de "defesa exclusiva". A base militar em Djibouti tornou-se um fato consumado para o desdobramento externo das "Forças de Autodefesa" japonesas e serve como precedente e plataforma para a criação de bases militares semelhantes em outras regiões no futuro. De fato, a base de Djibouti pode ser vista como uma extensão da experiência adquirida entre 2004 e 2006, quando o Japão estabeleceu instalações de acampamento no Iraque sob o pretexto de atividades de reconstrução.

Desde o final de 2013, as "Forças de Autodefesa" japonesas têm participado de operações conjuntas no âmbito de uma força multinacional composta por tropas dos Estados Unidos, Reino Unido e outros países, justificando sua presença com a alegação de que as áreas de atividade de piratas estavam se expandindo. Nessas operações, o Japão aprimora sua capacidade de operações conjuntas em situações reais, chegando até mesmo a ocupar, de forma rotativa, cargos de comando. Além disso, compartilha informações com o exército dos EUA e realiza suas próprias atividades de coleta de informações militares, focando principalmente nas forças de potenciais adversários ativos na região.

Em outubro do ano passado, após o início da crise em Gaza, o Japão rapidamente formou uma força-tarefa integrada de cerca de 400 militares da aviação e do exército terrestre, enviando aviões de transporte para a base em Djibouti sob o pretexto de "proteger seus cidadãos". Essa manobra remete às práticas históricas do Japão, que justificava intervenções militares no exterior com o pretexto de "proteger residentes japoneses".

Desde o início deste ano, o Japão tem ampliado os equipamentos dessa base, intensificado a coleta de informações militares e fortalecido sua coordenação com o exército dos EUA e outros aliados.

A ambição de expansão militar do Japão continua crescendo, mas o pretexto de "defesa exclusiva" não se alinha mais a essa aspiração.

Jang Chol

Rodong Sinmun

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