domingo, 18 de fevereiro de 2024

Ri Ji Won critica estratégia do Indo-Pacífico dos EUA


Ri Ji Won, investigador do Instituto para Assuntos Estadunidenses do Ministério das Relações Exteriores da República Popular Democrática da Coreia, publicou um artigo intitulado "A estratégia do Indo-Pacífico de Washington é o roteiro de enfrentamento geopolítico que destrói a paz e estabilidade da região".

Seu texto íntegro segue:

Recentemente, com motivo do segundo aniversário de publicação do informe sobre a "estratégia do Indo-Pacífico dos EUA", a administração estadunidense insistiu em que foi logrado um "avanço histórico" no cumprimento dessa estratégia e descreveu como "êxito" principal a realização em grande escala da tentativa de organizar um bloco regional e ampliá-lo.

Ademais, anunciou em tom orgulhoso que foi avançada a construção de um Indo-Pacífico livre e aberto, foi consolidado o contato com os Estados dentro e fora da região e fomentadas a prosperidade e segurança da região, assim como foi preparada a capacidade de recuperação frente à ameaça do século XXI que ultrapassa as fronteiras.

O que mostra tal egolatria pomposa da administração Biden?

Qualquer pessoa se dará conta facilmente de que os EUA, que aprofundam a crise na Ucrânia, no Oriente Médio e em toda parte do mundo, estão desesperados para anunciar como se estivessem obtendo somente "êxitos" na região da Ásia-Pacífico.

Contudo, a realidade de hoje, ou seja, 2 anos após a publicação da "estratégia do Indo-Pacífico dos EUA", deixa claro o quão absurda é a "construção de uma região livre, aberta, próspera e estável" que preconiza a atual administração estadunidense preconiza.

Primeiro, a estratégia do Indo-Pacífico dos EUA não trouxe "liberdade e abertura" à região, mas o "fechamento e enfrentamento entre campos".

Como todos sabem, essa estratégia tem a missão principal de fazer frente aos países independentes anti-EUA e tomar a posição de hegemonia na região.

A estratégia em questão, que tem sua origem na de reequilíbrio da Ásia-Pacífico apresentada em 2012 pela administração Obama, foi conceitualizada e se tornou mais abarcadora durante o mandato de Trump.

Durante a administração Trump, os EUA estenderam ao Oceano Índico o âmbito da estratégia, que se limitava à região da Ásia-Pacífico, reclamando a "construção de um Indo-Pacífico livre e aberto" e, em 2019, o Departamento de Estado e o de Defesa publicaram os informes que a estipulam.

A tendência hegemônica e o caráter agressivo da estratégia em questão foram colocados em relevo durante o mandato da administração Biden.

No começo do mandato, fez mais evidente o caráter conflitivo do "QUAD" e, em setembro de 2021, fabricou a "AUKUS" causando a tensão e preocupação sobre a proliferação nuclear na região.

Se tornaram mais abertos os movimentos para incorporar em um bloco belicista e irreversível as forças satélites, ao sistematizar a cooperação tripartida EUA-Japão-República da Coreia títere e a outra EUA-Japão-Filipinas.

Os EUA obrigaram os países membros da ASEAN, os insulares do Oceano Pacífico e outros Estados regionais a optar por uma das duas alternativas ideológicas: a postura pró-EUA ou a independente.

Com isso, os países que optaram pela postura pró-EUA ficaram sujeitos ao comando estadunidense, obedecendo sua estratégia regional, enquanto os que escolheram a via da independência se tornaram alvos do imperialismo estadunidense.

Segundo, a estratégia do Indo-Pacífico dos EUA não produziu "estabilidade" na região, mas a "instabilidade da situação e crise de guerra".

Os EUA se empenharam mais em pressionar os países regionais mediante a intensificação do contubérnio militar com as forças seguidoras, a fim de cumprir a referida estratégia.

Sobretudo, consolidaram a cooperação militar tripartida com o Japão e os sujeitos da República da Coreia títere e despacharam com frequência suas propriedades estratégicas à Península Coreana e seu contorno falando de "fornecimento do dissuasivo ampliado".

No ano passado, entraram na República da Coreia títere um submarino e bombardeiro estratégicos nucleares dos EUA pela primeira vez em mais de 40 e 30 anos, respectivamente. E nas reuniões do "grupo consultivo nuclear", efetuadas em duas ocasiões, foi discutido com vista à etapa prática o plano de uso de armas nucleares contra a República Popular Democrática da Coreia.

Os EUA exacerbaram de maneira intencional a situação e fomentaram o litígio entre os países regionais, ao enviar os navios de guerra e caças às águas candentes como o Mar Sul e o Mar Leste da China e o Estreito de Taiwan sob o pretexto de "liberdade de navegação".

Além disso, aumentou ainda mais o perigo de choque armado desenvolvendo quase todos os dias na Ásia-Pacífico os exercícios militares conjuntos de diferentes títulos como Ulji Freedom Shield, Pacific Dragon, Resilient Shield, Noble Fusion e Cope North.

Para pi0rar, a nuvem negra de guerra se estende da Europa à Ásia por culpa dos EUA que instigam com afã o avanço da OTAN à região da Ásia-Pacífico.

Em junho de 2022, a OTAN se referiu à "ameaça" dos países da região da Ásia-Pacífico em sua nova concepção estratégica e, atualmente, incorpora os países regionais na fila de seus sócios estratégicos, o que significa o prelúdio de sua agressão à Ásia-Pacífico que ocorrerá em um futuro não muito distante.

Devido à febre de enfrentamento militar dos EUA e seus satélites, a eclosão da guerra nuclear na região da Ásia-Pacífico, em particular, na Península Coreana, o maior barril de pólvora nuclear do mundo, já se tornou questão de tempo, deixando de ser um tema de discussão de possibilidade, e os países regionais tiveram que tomar a opção indispensável de incrementar o potencial de autodefesa nacional com base na situação de segurança em que se encontra.

Evidentemente, está chegando à região a época de nova Guerra Fria devido à tentativa de EUA, Japão e República da Coreia títere de fundar a OTAN de versão asiática e às garras deste bloco europeu que se estendem à região da Ásia-Pacífico.

Terceiro, a estratégia do Indo-Pacífico dos EUA fomentou o "distúrbio" na região, em vez de "prosperidade".

Os EUA expuseram abertamente sua sinistra intenção de excluir e isolar Estados específicos no sistema de economia regional e estendeu sua concepção de segurança ao setor econômico, fato que restringe e obstaculiza seriamente o desenvolvimento e crescimento da economia regional.

A administração Biden aprovou a "lei de semicondutores e ciência" e apresentou o projeto de fundação da "aliança de semicondutores de 4 partes", declarando assim a ilegal guerra econômica orientada a frear o desenvolvimento científico-técnico dos países regionais, tendo como arma este mecanismo de isolamento.

Ademais, advogando pela "desvinculação e redução de risco", proíbe caso por caso as empresas estadunidenses e ocidentais de cooperar com os países rivais no campo de tecnologias sofisticadas.

Em particular, tenta estabelecer, por meio do marco econômico do Indo-Pacífico, uma rede de abastecimento que exclui os países regionais.

Perplexo com o declínio da influência econômica dos EUA na Ásia0-Pacífico, o atual mandatário estadunidense fundou oficialmente tal marco econômico agrupando 13 países satélites durante sua visita ao Japão em maio de 2022.

Na Cúpula da APEC, realizada em novembro do ano passado em San Francisco, abriu a outra porta do marco econômico do Indo-Pacífico, onde expôs a intenção de exercer pressão econômica coletiva contra alguns países da região.

A fundação do "aparato de diálogo sobre os minerais medulares" em uma "reunião do grupo da minoria" convocada nesse lugar, que busca supostamente a vida de cooperação e desenvolvimento da economia regional, aclarou o objetivo que os EUA perseguem través de tal marco.

Sob o vistoso cartaz de "ajuda financeira", os EUA intervêm flagrantemente nos assuntos internos dos países me vias de desenvolvimento pondo as condições políticas de todo tipo, fato que aumenta as perdas econômicas da região e e impede que alguns países busquem o meio para o desenvolvimento independente devido ao estado de distúrbio permanente.

No fim das contas, a guerra econômica dos EUA contra os Estados soberanos e independentes converteu em vítima política a economia regional impedindo o estabelecimento de uma rede estável de abastecimento e danificando seriamente o processo de unificação da cooperação econômica e comercial da Ásia-Pacífico.

Sujeitar os países regionais à estrutura de enfrentamento entre os campos e gerar a situação instável e o distúrbio econômico, eis aqui o maior presente que a estratégia estadunidense do Indo-Pacífico deu à região.

Não é casual que os veículos de imprensa internacionais e os especialistas opinem que apesar de qualquer cor que se dê a tal estratégia, esta serve de ponta a ponta aos EUA e, como resultado, foram produzidos distúrbio e instabilidade sem precedentes na região da Ásia-Pacífico.

Os EUA jamais poderão dissimular o caráter agressivo de sua estratégia do Indo-Pacífico ainda que falem tanto de "esforços abnegados" e "ameaça" dos Estados independentes anti-EUA na região, para manter a posição hegemônica e a velha ordem internacional que vão sendo rompidas.

Os países da região da Ásia-Pacífico deverão tomar precaução e rechaçar tangentemente as tentativas dos EUA de converter a região em uma mesa de jogo de azar geopolítico para tomar a hegemonia unipolar e satisfazer seus interesses.

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