domingo, 20 de outubro de 2019
O Governo Revolucionário Popular é um genuíno Poder do povo
Discurso proferido no ato de estabelecimento do Governo Revolucionário Popular da quinta região de Wangqing, efetuado em Sishuiping, zona guerrilheira da Gayahe, 18 de março de 1933.
Compatriotas:
Permita-me felicitar calorosamente toda a população e os representantes das organizações revolucionárias da zona guerrilheira de Gayahe, e aos delegados procedentes de diversos distritos, que participam hoje neste ato para estabelecer o Governo Revolucionário Popular na quinta região de Wangqing.
O fato de vocês mesmos constituírem o Governo Revolucionário Popular regional é um acontecimento de grande júbilo, sem precedentes na história de nossa nação.
O fundamental na revolução é a questão do Poder. Na sociedade exploradora uma ínfima minoria de governantes, tendo em suas mãos o poder estatal, oprime, explora as massas populares e viola sua liberdade. Estas podem gozar de autêntica liberdade e felicidade somente quando tomam em suas mãos o Poder.
Desde muito tempo nosso povo vem desejando implantar um Poder que represente seus interesses e derramou muito sangue para lográ-lo e pela independência do país. Por fim os comunistas da nova geração realizaram esta luta pelo caminho correto.
Na Coreia os comunistas da nova geração traçaram a linha de estabelecer um Poder que defenda os interesses do povo e vem empreendendo uma ativa luta para sua materialização.
Na Coreia os comunistas da nova geração traçaram a linha de estabelecer um poder que defenda os interesses do povo e vem desdobrando uma ativa luta para sua materialização.
A fundação da Guerrilha Popular Antijaponesa e o estabelecimento das zonas guerrilheiras nas extensas ribeiras do rio Tuman vem a ser um acontecimento transcendental para a luta de nosso povo pela conquista do Poder. No curso desta luta preparamos uma base sólida para edificar o Governo Revolucionário Popular, acumulamos valiosas experiências para estabelecer o Poder e experimentamos também amargas lições.
Desde os primeiros dias da luta armada para estabelecer o Poder revolucionário nas zonas guerrilheiras, os oportunistas de esquerda e os faccionalistas servis às grandes potências impuseram um sistema ao estilo dos soviets que não correspondia com nossas condições sócio-econômicas e nossa realidade.
A forma do Poder se determina pelo caráter, pelo dever fundamental da revolução e as relações sócio-classistas.
Agora na União Soviética existe o Poder dos soviets. Se seu povo o estabeleceu, isto está relacionado com o fato de que naquele tempo na Rússia predominavam as relações econômicas capitalistas e, portanto, a tarefa básica da revolução era derrubar o regime imperante e implantar um socialista, livre da exploração e opressão do homem pelo homem. O soviet é um tipo de Poder conveniente à realidade concreta da URSS e à sua revolução.
A situação de nosso país é diferente da situação da União Soviética. Atualmente em nosso país existe uma sociedade colonial e semifeudal onde está freado o normal desenvolvimento do capitalismo devido à ocupação do imperialismo japonês, e onde prevalecem as relações feudais. O povo coreano não só está sob toda classe de menosprezo à nação e exploração como escravo colonial, mas também padece de inumeráveis sofrimentos por causa das relações feudais, mantidas pelo poder do imperialismo japonês. Sem derrotar estes agressores estrangeiros não é possível libertar nossa nação das correntes da escravidão colonial, nem eliminar as relações feudais. É por esta razão que o primordial dever que compete a nosso povo é derrotá-los e levar a cabo a tarefa da libertação nacional incorporando todas as forças patrióticas opostas a eles. A realidade concreta da revolução coreana exige estabelecer um Governo Revolucionário Popular, um Poder do povo, que defenda não somente os interesses dos operários e camponeses, mas também de todas as demais classes e estratos antijaponeses.
Porém, os partidários do soviet, ignorando esta exigência da revolução coreana, proclamaram este tipo de governo nas zonas guerrilheiras e colocaram em prática as medidas esquerdistas sob o leva da "revolução proletária". Negando toda propriedade privada, confiscaram as terras dos latifundiários médios e camponeses ricos de ideias antijaponesas, e incluso as dos camponeses médios, criaram fazendas coletivas unindo todas as terras e insistiram no "trabalho conjunto", na "distribuição comum" e na "vida coletiva".
Como vocês conheceram de forma direta, em certos lugares o soviet provou do direito ao voto os latifundiários e camponeses ricos de tendência antijaponesa que ajudam com sinceridade a Guerrilha e tomou-lhes não só as terras, mas também as roupas que guardavam nos armários e utensílios domésticos. As coisas não foram ruins só aqui. Segundo me informaram, em determinado lugar qualificaram de burguês um camponês que tinha somente um boi e confiscaram seus bens. O quão esquerdistas foram as medidas adotadas pelo soviet é evidenciado pelo fato de que permanecem amontoados os cereais e outros bens tomados injustamente.
Ademais, os partidários do soviet, se isolando artificialmente dos habitantes das zonas liberadas das regiões dominadas pelo inimigo, repeliram estes chamando-os sem nenhum fundamento de "lacaios do imperialismo japonês", e consideraram os moradores das zonas semi-guerrilheiras como "pessoas de duas caras". Incluso perseguiram sem motivo algum os das zonas guerrilheiras que não aceitavam sua "política soviética", ameaçaram os submeter ao "tribunal soviético das massas" os que somente diziam que estas medidas pareciam esquerdistas e, posteriormente, intitularam-os de "elementos de direita".
Esta atitude de ultra-esquerda debilitou a unidade entre as forças antijaponesas e causou graves consequências perniciosas à luta de nosso povo pela independência do país. A política esquerdista do soviet fez com que os proprietários com ideias antijaponesas saíssem do lado de nossa revolução pensando que esta não tinha nada a ver com eles e criou-se um ambiente de desassossego e vacilação entre as populações das zonas guerrilheiras. Além disso, ao criar discórdia entre os povos de Coreia e China, debilitou sua unidade e interpôs enorme obstáculo para a realização da frente conjunta antiimperialista.
Os fatos mencionados demonstram que para conduzir à vitória a revolução coreana é preciso constituir o quanto antes um Governo Revolucionário Popular, um Poder de novo tipo, capaz de unir as grandes forças antijaponesas.
O Governo Revolucionário Popular que hoje estabelecemos é um genuíno Poder do povo, baseado na liança operário-campesina com a classe operária à frente e apoiado na frente unida das amplas massas antijaponesas. Não terá em sua direção um rei, mas será regido pelo próprio povo que é seu dono. Não se trata de um poder que pugna pelos interesses dos latifundiários, capitalistas ou outros indivíduos, mas um poder popular que defende o direito e a liberdade do povo e luta por sua felicidade e pela independência da Pátria. Entregará a terra aos camponeses, reconhecerá às mulheres os mesmos direitos que os dos homens e permitirá a todos aprender, trabalhar e viver felizmente.
Este governo não somente se diferente essencialmente do Poder que protege os interesses das classes exploradoras que constituem a ínfima minoria, mas também se distingue do soviet que representa somente os interesses dos operários, camponeses e soldados. É um Poder de novo tipo, mais popular e democrático, que abarca as amplas forças japonesas, ou seja, ademais daqueles, agrupa os jovens estudantes, intelectuais, capitalistas honestos e religiosos e que representa seus interesses.
A criação do Governo Revolucionário Popular tem uma significância realmente grande na história de nossa nação e para o desenvolvimento da revolução coreana.
Graças a seu estabelecimento nas zonas guerrilheiras, a população logrou realizar seu desejo de ter um genuíno Poder e desfrutar de uma vida feliz sem ser explorado nem oprimido, acabando com o ranco e a tristeza que sentia no passado submetido ao desprezo e humilhação nacionais, vendo garantidos pelo Poder Popular seus legítimos direitos políticos e liberdades. Com a criação do Poder de novo tipo, popular e revolucionário, contamos agora com uma arma da revolução com a qual podemos fazê-la avançar pelo caminho da vitória unindo solidamente as amplas forças antijaponesas.
Compatriotas:
Em respaldo à linha de instaurar o Governo Revolucionário Popular, devemos nos alçar como um só na luta para criá-lo em todas as zonas guerrilheiras.
Antes de tudo, há que intensificar o trabalho político entre as massas populares para que adquiram conhecimentos corretos aceca do Poder Popular.
Seu apoio e confiança é uma garantia decisiva para o estabelecimento do Governo Revolucionário Popular e seu posterior fortalecimento e desenvolvimento.
O apoio e confiança das massas populares podem ser absolutos somente quando estas compreendam corretamente o que é o Poder Popular. Se não se intensifica entre a população o trabalho explicativo sobre o Poder Popular, é possível que não confie no Governo Revolucionário Popular confundindo-o com o soviet, nem mostre entusiasmo na tarefa de fortalecê-lo e fazê-lo avançar.
Devemos realizar entre elas uma ampla propaganda sobre o caráter, a missão e as medidas democráticas do Poder Popular para que apoiem e defendam de coração a linha de seu estabelecimento. Em especial, temos que reabilitar de forma total os que sofreram danos e perdas como consequência da política esquerdista do soviet e os converter assim em ativos partidários do Poder Popular.
É preciso estabelecer de imediato o Governo Revolucionário Popular em todas as zonas guerrilheiras.
Este se constituirá nas zonas guerrilheiras e aldeias nos respectivos níveis. O zonal e o de aldeia contarão com um aparato específico para cumprir com sua função e papel como órgão de Poder, e instaurarão um ordenado sistema e disciplina de trabalho.
A instauração e consolidação destes governos são inconcebíveis à margem da defesa e salvaguarda das zonas guerrilheiras. Estes constituem o poder que se implanta nas ditas áreas, em forma de regiões liberadas. Somente quando protejam com firmeza estas zonas da "ofensiva de castigo" dos inimigos poderão assegurar à sua população a liberdade política e uma vida feliz sobre bases sólidas. Eliminando as consequências da linha esquerdista do soviet, deverão organizar em seu entorno as massas antijaponesas de todas as classes e setores, forças motrizes de nossa revolução, para que defendam com firmeza as zonas guerrilheiras e apoiem com sinceridade a Guerrilha.
O Governo Revolucionário Popular tem que erradicar o caduco sistema e ordem em todos os terrenos: político, econômico e cultural, e por em prática as medidas revolucionárias e democráticas.
A superioridade do Poder Popular se manifesta em forma intensiva nas medidas democráticas que adota. Por isso o Governo Revolucionário Popular deve oferecer uma atenção primordial à aplicação destas com vistas a garantir ao povo os direitos e liberdades políticos.
Ademais, deve derrogar todas as leis e regulamentos urdidos pelo imperialismo japonês e o Estado títere de Manchukuo.
Deve conceder a todos os cidadãos a partir de 16 anos o direito a eleger e ser eleito, garantir às massas populares a liberdades de expressão, imprensa, reunião, associação e demais atividades sociais e políticas para que possam expressar sem restrição suas demandas e aspirações, e praticar a ditadura sobre a ínfima minoria de latifundiários reacionários, capitalistas entreguistas e traidores da nação.
As mulheres, que representam a metade da população total, são um braço da revolução coreana. O Governo Revolucionário Popular deve considerar como um sagrado dever assegurar-lhes os mesmos direitos que os dos homens já que estão submetidas a toda classe de maus tratos e desprezos sob a opressão feudal e imperialista.
Também, no ramo da economia é preciso realizar as reformas democráticas.
Deve-se confiscar sem indenização as terras de propriedade do Estado japonês, dos japoneses e dos lacaios pró-japoneses e as entregar gratuitamente aos camponeses que não possuam ou que tenham pouca quantidade e assim libertá-los da exploração e subjugação feudais e satisfazer seu desejo secular de cultivar sua própria terra. Há que intervir e transformar em propriedade do povo todas as fábricas, minas, ferrovias e bancos que estão sob posse do Estado japonês e dos japoneses e todos os bens dos capitalistas entreguistas e socorrer com uma parte deste capital os pobres. Tem que implantar os sistemadas de jornada de oito horas, de proteção trabalhista e de salário mínimo para os trabalhadores que se veem forçados a trabalhar sem um horário limite sob a chibata dos capitalistas.
No campo da educação e da cultura, o Governo Revolucionário Popular deve por em prática medidas democráticas.
Sob a nefasta dominação colonialista do imperialismo japonês se veem pisoteados sem piedade nosso idioma e alfabeto, e nossa bela cultura nacional, e os filhos dos pobres estão privados da possibilidade de estudar. O Governo Revolucionário Popular deve abolir o sistema colonial de educação escravizante do imperialismo japonês, por em prática a instrução gratuita obrigatória, e tomar medidas para fazer florescer nossa bela cultura nacional e proteger a saúda do povo. Tem que impulsionar a alfabetização dos adultos e levar a cabo com entusiasmo o movimento de ilustração cultural através das atividades literárias e artísticas, e das publicações.
Os funcionários dos órgãos do Governo Revolucionário Popular são executores diretos de sua política. Se a superioridade deste governo se patentiza ou não, no verdadeiro sentido da palavra, isto dependerá em grande medida do papel de seus funcionários.
A população das zonas guerrilheiras, exercendo seu poder, deve eleger como representantes dos órgãos do governo os melhores de todas as classes e setores que foram provados no curso da luta prática e que podem esforçar-se com abnegação pela independência da Coreia e os interesses das massas populares.
Os representantes assim eleitos devem servir com lealdade à revolução e ao povo, com imensa honra e grande responsabilidade de serem funcionários dos órgãos do verdadeiro Poder Popular. Tem que desenvolver o estilo de trabalhar compartilhando a vida e o risco da morte, as alegrias e dificuldades com as massas, tal como corresponde à sua nova situação.
O dono do Governo Revolucionário Popular é o próprio povo e todas as medidas postas em prática pelo Poder Popular refletem fielmente sua vontade. A população das zonas guerrilheiras deverá participar como protagonista dos trabalhos do Governo Revolucionário Popular, defender e materializar cabalmente suas medidas.
Embora os habitantes destas zonas tenham sido liberados da exploração e opressão e convertidos em donos do poder, nossa Pátria e os vinte milhões de compatriotas seguem sofrendo sob a dominação colonialista do imperialismo japonês. Devemos lutar com vigor para antecipar o dia em que derrotaremos o imperialismo japonês e lograremos a restauração da Pátria e a libertação nacional e nele que se içará a bandeira do Governo Revolucionário Popular no território pátrio de três mil ris.
Participemos todos nas eleições e votemos a favor dos candidatos.
Viva o Governo Revolucionário Popular, o genuíno Poder do povo!
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