1. Introdução
O grande Dirigente camarada Kim Jong Il ensinou como segue:
"Teorias reacionárias, como 'racialismo' e 'cosmopolitismo', que foram desacreditadas pela história, hoje são adaptadas e transformadas de várias formas, servindo como ferramentas ideológicas para entorpecer a consciência nacional e revolucionária das pessoas e justificar as políticas de genocídio dos imperialistas. Para proteger o caráter e a identidade nacional, é necessário expor e refutar completamente todas as correntes ideológicas reacionárias e sofismas que encobrem e justificam a natureza dominante do imperialismo." (Obras Selecionadas de Kim Jong Il, edição ampliada, volume 19, página 144)
No século XX, à medida que a luta dos povos do mundo contra a exploração capitalista e a pilhagem colonialista e pelo socialismo se intensificava, e o sistema colonial imperialista enfrentava o risco de colapso, os porta-vozes da classe burguesa reacionária começaram a propagar a "crise da civilização ocidental", apresentando várias teorias históricas reacionárias para justificar a eternidade do capitalismo e o sistema de dominação do imperialismo ocidental sobre o mundo.
Entre elas, a mais representativa é a teoria circular sobre "civilização" apresentada pelo historiador burguês britânico Arnold Toynbee (1889-1975).
Toynbee escreveu “Estudo da História”, “Crítica da Civilização Moderna” e “Civilização em Julgamento”, refletindo as exigências e interesses das potências imperialistas que enfrentavam uma grave crise política e económica no período antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Entre eles, a sua teoria reacionária da história, a teoria circular sobre "civilização", é intentensamente refletido em "Estudo da História", uma obra de 10 volumes escrita entre 1934 e 1954.
Neste artigo, tentarei lançar luz sobre a teoria circular acerca da "civilização" de Arnold Toynbee, conhecida como a teoria com mais "autoridade" nos estudos históricos burgueses ocidentais modernos, e a sua essência reaccionária.
2. Tema Principal
2.1 O conteúdo fundamental da teoria circular sobre "civilização" de Toynbee
Em resumo, a teoria circular sobre "civilização" de Toynbee afirma que a história humana não avança através da luta do povo por independência, mas sim por um processo repetitivo de surgimento, crescimento, declínio e desintegração das civilizações.
Arnold Toynbee, em "Estudo da História", estabelece o conceito de "civilização" como a unidade de pesquisa histórica.
Toynbee usou o termo "civilização" em "Estudo da História" com dois significados: um para distinguir as civilizações das sociedades primitivas, e outro para se referir a uma esfera cultural formada por processos históricos, culturais e religiosos específicos de uma região.
Ele não distinguiu claramente esses dois significados e os misturou em suas descrições, enfatizando principalmente o segundo significado ao desenvolver a teoria circular sobre as civilizações.
Ele disse que todos os países pertencem a uma certa “civilização” e citou como exemplos várias “civilizações” que existiram na história mundial.
No entanto, a "civilização" que ele propôs foi estabelecida de forma abstrata, de acordo com julgamentos subjetivos.
Representativamente, ele disse que existem cinco “civilizações” no mundo atual que ainda não foram extintas.
Segundo ele, a primeira é a sociedade cristã da Europa Ocidental, a segunda é a sociedade ortodoxa que acredita no cristianismo oriental, incluindo o sudeste da Europa e a Rússia, a terceira é a sociedade islâmica, a quarta é a sociedade hindu da Índia, e a quinta é a sociedade do Extremo Oriente nas regiões subtropicais e temperadas. Isto mostra que ele ignora a existência de numerosos Estados-nação que existem no mundo de hoje e divide artificialmente o mundo actual em cinco esferas de “civilização” a partir de uma perspectiva puramente arbitrária e subjetiva.
Por que Toynbee defende que, ao invés de usar o conceito de "unidade" ou "Estado-nação" para estudar a história, devemos considerar "civilização", que é uma esfera cultural específica? Historiadores frequentemente escolhem Estados-nações como unidade de pesquisa, mas Toynbee argumenta que isso não constitui uma "área de estudo histórico compreensível".
Ele diz que a história da Grã-Bretanha não pode ser entendida isoladamente das suas relações externas e argumenta que a história interna do país deve estar ligada às influências estrangeiras no país e ao impacto que o país teve em outras regiões do mundo. Ao mesmo tempo, se olharmos para todo o curso da história britânica desde os tempos modernos, encontraremos muito poucas evidências de que o Império Britânico se desenvolveu isoladamente.
Ele diz que a literatura renascentista da Grã-Bretanha foi herdada do norte da Itália, tanto cultural quanto politicamente.
Ele disse: "... a história do povo britânico nunca foi isolada do resto e nunca foi um 'campo inteligível de estudo histórico', e certamente acho que também não há esperança de fazê-lo no futuro", enfatizando sua opinião sobre a “civilização” como a “unidade de pesquisa histórica”.
Então, por que Toynbee se afastou da prática de realizar e descrever estudos históricos com base em nações ou etnias e estabeleceu o conceito abstrato de "civilização" como a unidade de pesquisa histórica?
A razão pela qual Toynbee fez esta afirmação está principalmente relacionada com a situação em que o sistema de dominação do imperialismo Ocidental enfrentava uma crise cada vez mais grave no século XX.
Desde o final do século XIX, os historiadores burgueses ocidentais têm conduzido pesquisas e narrativas históricas, destacando o país e a nação a que pertencem, com base no nacionalismo burguês reacionário, e isto tornou-se um fenómeno universal no mundo da academia histórica burguesa ocidental.
Por exemplo, no final do século XIX e início do século XX, os historiadores burgueses ocidentais promoveram o nacionalismo burguês reaccionário e enfatizaram o confronto entre os países da Europa Ocidental.
A ocorrência e o processo de eventos históricos durante este período foram vistos como devidos a contradições e conflitos entre os países europeus, e os próprios títulos foram definidos como “Supremacia Espanhola”, “Supremacia Francesa” e “Supremacia Britânica”.
Porém, no período após a Segunda Guerra Mundial, à medida que as lutas revolucionárias dos povos em busca de socialismo e independência nacional se intensificaram e o sistema imperialista ocidental estava ameaçado de colapso final, as classes burguesas reacionárias começaram a clamar sobre a "crise da civilização ocidental" e consideraram importante que os países imperialistas ocidentais se unissem para bloquear as lutas dos países da Ásia, África e América Latina em busca de socialismo, independência nacional e construção de uma nova sociedade.
Assim, para representar as demandas e interesses de classe da burguesia ocidental diante da crise, Toynbee estabeleceu o conceito de "civilização" como a "unidade básica da pesquisa histórica", significando uma espécie de esfera cultural com semelhanças históricas, culturais e religiosas. Ao discutir a queda e o futuro da "civilização ocidental", ele tentou defender teoricamente o sistema de dominação do imperialismo ocidental.
Arnold Toynbee, em "Estudo da História", propôs a teoria circular das civilizações, afirmando que o processo histórico é uma repetição do surgimento, crescimento, declínio e desintegração das civilizações.
Ele afirma que, em geral, a sociedade humana, durante seu processo de desenvolvimento, enfrenta conforto interno e ameaças externas, e isso é chamado de desafio. A reação que busca superar esses desafios é definida como uma resposta ao desafio. Se uma sociedade supera um desafio com sucesso, ela pode fortalecer sua posição interna e externa, garantindo sua continuidade. No entanto, se não consegue superar o desafio, ela perderá prestígio externo e força material interna, o que levará eventualmente à sua destruição.
Toynbee discute a origem da civilização.
Sobre a origem da civilização, Toynbee rejeita a visão tradicional de que um ambiente favorável é o berço da civilização, e desenvolve a teoria de que a civilização surge em ambientes adversos.
Ele afirma que, se o ambiente for adverso, surgem várias dificuldades na sociedade humana, e a sociedade inevitavelmente se esforça para superar essas dificuldades. Se as dificuldades forem facilmente superadas, a força intrínseca da sociedade, ou seja, a criatividade, aumenta e resulta no surgimento da civilização.
Ele citou o Egito e a Suméria da antiguidade como exemplos representativos. Afirmou que, após o fim da era do gelo na Terra, o Egito e a região da Mesopotâmia enfrentaram um clima seco. Alguns grupos de habitantes que migraram para escapar disso entraram em um "estado de sono hipnótico" devido ao clima favorável à sobrevivência. Disse que, portanto, os grupos de migrantes que não escolheram enfrentar o desafio do clima natural não desenvolveram a civilização. No entanto, os habitantes que permaneceram nas regiões do Egito e da Mesopotâmia antigas puderam criar civilizações antigas ao enfrentar o desafio da desertificação, desenvolvendo áreas de terras úmidas para cultivar, construindo diques e represando grandes quantidades de água e enfrentando a seca. Ou seja, ao responder com sucesso ao desafio da desertificação, os antigos egípcios e sumérios foram capazes de desenvolver civilizações nas secas regiões do Egito e da Mesopotâmia. Também afirma que os antigos chineses foram capazes de criar civilização ao responder com sucesso ao desafio das inundações do rio Amarelo.
Toynbee discutiu o crescimento da "civilização".
Toynbee afirma que, embora uma civilização possa atingir uma fase de crescimento, não é garantido que ela cresça com sucesso apenas por ter surgido. Na história, há muitos exemplos de civilizações que desapareceram durante o processo de desenvolvimento, e a razão para isso é que os desafios eram tão intensos que quase consumiram toda a vitalidade da civilização no processo de enfrentamento desses desafios. Ele se refere às civilizações que desapareceram durante o desenvolvimento como "civilizações em estagnação", citando como exemplos representativos os polinésios no Pacífico e os esquimós no Ártico. Por outro lado, ele afirma que sociedades que não enfrentaram desafios extremos podem superar com sucesso os desafios e entrar no caminho do crescimento.
Uma das questões a serem destacadas na teoria de Toynbee sobre o crescimento das civilizações é a sua afirmação reacionária sobre a atividade das "minorias criativas".
De acordo com ele, na fase de crescimento de uma civilização, surgem as "minorias criativas", que são representantes da classe dominante. Elas lideram as massas, que não possuem proatividade e criatividade, e as orientam a imitá-las, levando assim ao crescimento da civilização.
Dessa forma, ele denigre as massas, que são os sujeitos da história, como uma entidade sem proatividade e criatividade, e classifica os representantes da classe dominante reacionária como "minorias criativas", desenvolvendo uma teoria reacionária segundo a qual a civilização cresce devido às suas atividades.
Toynbee discute o declínio das civilizações.
Toynbee afirma que há muitos exemplos de sociedades que foram destruídas por forças políticas ou militares externas, e que isso ocorreu porque essas sociedades já estavam internamente enfraquecidas na época. Ele argumenta que, se uma civilização é vigorosa, desafios externos, como pressões políticas ou invasões de exércitos estrangeiros, podem servir como grandes estímulos, fazendo com que a sociedade se desenvolva ainda mais. Ele cita o exemplo da invasão das forças anti-francesas durante a Revolução Francesa, que fortaleceu ainda mais a França.
Ele afirma que o declínio das civilizações ocorre devido a fatores internos.
De acordo com sua teoria, os fatores internos do declínio de uma "civilização" são a ausência de capacidade criativa da "minoria criativa" e a "rebelião" dos "proletariados internos" e "proletariados externos". Durante o período de decadência da "civilização", a "minoria criativa" se transforma na "minoria dominante" que tenta manter sua posição e privilégios através do poder. Essa minoria perde sua capacidade criativa de liderar as massas e tenta forçar a liderança sobre elas, mantendo sua posição por meio da força. Como resultado, as massas não seguem nem se submetem à "minoria dominante", levando a uma "rebelião" do "proletariado" contra sua condição servil. Este "proletariado" pode ser dividido em dois grupos: o "proletariado interno", que finge submissão externamente, mas resiste obstinadamente por dentro, e o "proletariado externo", composto por povos oprimidos que rejeitam a fusão forçada pela violência. Assim, a "civilização" entra em decadência interna devido à "rebelião" do "proletariado interno" e do "proletariado externo".
Assim, ele desenvolve uma teoria reacionária que vê a decadência da "civilização" como resultado da fraqueza na capacidade de governo da classe dominante reacionária, enquanto é extremamente hostil à luta das massas populares contra a classe exploradora. Por outro lado, Toynbee discute a desintegração das "civilizações".
De acordo com sua teoria, em uma comunidade social em declínio, ocorre um processo de desintegração que se manifesta como fragmentação vertical e horizontal. A fragmentação vertical refere-se às guerras entre Estados, enquanto a fragmentação horizontal não é a expressão mais característica dos conflitos que levam ao declínio da civilização; ela simplesmente divide a sociedade em comunidades locais.
Ele afirma que o aspecto mais importante na desintegração é a fragmentação horizontal da sociedade, que ocorre com base nas classes sociais. De acordo com essa fragmentação, a sociedade se divide completamente entre a "minoria dominante", o "proletariado interno" e o "proletariado externo". A resistência do "proletariado" ao governo da "minoria dominante", que tenta manter sua posição à força, leva à completa desintegração da "civilização".
Ele divide o processo de desintegração da "civilização" em três fases: "Época das Perturbações", "Estado Global" e "Período de Vácuo".
De acordo com ele, o "proletariado" que nutre hostilidade em relação ao governo da "minoria dominante" inicia uma "rebelião" contra esse governo. Isso dá início à "Época das Perturbações", marcando o começo da primeira fase da desintegração da "civilização".
Ele afirma que os "dominantes" reprimem continuamente a rebelião dos "proletariado" com violência e, à força, estabelecem sua supremacia na civilização, criando um "Estado Global". Um exemplo notável disso é o Império Romano antigo. O "Estado Global" é criado quando os "dominantes" suprimem com violência as revoltas dos "proletariados internos" e "proletariados externos", resultando em uma resistência ainda maior por parte dos "proletariados".
Ele afirma que a luta do "proletariado" contra o governo da "minoria dominante" leva à destruição da "civilização", com o fim completo da primeira fase da "civilização". Nesse momento de desintegração da "civilização", começa a germinar uma nova "civilização". Esse período é conhecido como o "Período de Vácuo", que ocorre entre a antiga "civilização" e a nova "civilização". Durante o "Período de Vácuo", ocorrem a sobrevivência dos restos do antigo "Estado Global" e grandes deslocamentos de povos bárbaros. Neste período, a religião desempenha um papel histórico muito importante; embora se retire temporariamente da superfície social, ela ressurge como a força motriz para a criação da nova "civilização".
Ele afirma que, após a extinção de uma "civilização", uma nova "civilização" surge sobre as fundações da civilização extinta e passa a repetir o ciclo de crescimento, declínio e desintegração. Esse ciclo é, portanto, o próprio processo da história.
Assim, Toynbee, ao discutir a teoria circular das "civilizações", demonstrou uma hostilidade em relação à luta das massas populares contra as classes dominantes reacionárias, a partir da perspectiva dessas classes. Ademais, desenvolveu uma teoria reacionária que glorifica o papel prejudicial da religião no desenvolvimento histórico.
2.2. A natureza reacionária da teoria circular sobre "civilização" de Toynbee
A teoria circular das civilizações de Toynbee nega a legitimidade do desenvolvimento histórico e é uma teoria histórica reacionária que justifica a perpetuação do sistema de exploração e a dominação imperialista do Ocidente.
A essência reacionária da teoria circular das civilizações de Toynbee reside, acima de tudo, na negação da posição e do papel das massas populares no desenvolvimento histórico e na promoção da classe exploradora como "criadora" da história.
Primeiramente, Toynbee negou a posição e o papel das massas populares no desenvolvimento histórico e pregou o pacifismo.
Ele, ao discutir a origem das civilizações, argumentou que a diferença essencial entre civilizações e sociedades primitivas está na "imitação", e afirmou que as massas populares são entidades passivas que imitam ou seguem as "minorias criativas".
Ele desconsiderava as massas populares que se levantaram contra a exploração de classe e as chamava de "proletariado interno", ofendendo-as e hostilizando-as, ao mesmo tempo em que pregava o pacifismo e a obediência. Afirmava que a violência não era apenas uma resposta única para o "proletariado interno", mas um ato "suicida", e que somente uma resposta não violenta e moderada era uma verdadeira resposta. Além disso, apresentava a alegação absurda de que o "proletariado interno" da antiguidade havia conduzido a resposta não violenta de maneira evolutiva ao criar o cristianismo, uma religião superior, sob o domínio da "minoria dominante". Citando o provérbio "A honestidade é a melhor solução" e o versículo bíblico "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra", ele pregava o pacifismo e a obediência.
A afirmação de Toynbee é apenas uma falácia destinada a justificar a dominação de classe dos exploradores, ao considerar as massas populares como seres passivos que seguem as ações da classe exploradora e pregar a passividade e a obediência.
Além disso, Toynbee afirmou que a classe dominante reacionária desempenha um papel decisivo no desenvolvimento da história.
A afirmação reacionária de que a classe dominante reacionária desempenha um papel decisivo no desenvolvimento histórico se manifesta claramente no conceito de "minoria criativa". Ele considerava que, na sociedade de exploração, os representantes da classe exploradora reacionária eram a "minoria criativa" que, ao exercer a "liberdade de escolha" dentro do "estágio divino da história", criava a história com uma personalidade sobre-humana. Segundo ele, a história é criada por esses indivíduos. Argumentava que a massa absoluta e individual da sociedade está em um estado de estagnação e inatividade, e que o crescimento da "civilização" ocorre quando as "minorias criativas"' emergem, movendo as massas sem iniciativa e criatividade para imitá-las. Para justificar suas afirmações reacionárias, ele apresentava os representantes da classe exploradora reacionária como os criadores da "civilização" em seus estudos históricos, descrevendo como suas ações criativas proporcionaram as condições para a transição histórica.
Ele argumenta sobre o declínio e a decomposição da civilização e descreve os representantes da classe exploradora, a "minoria dominante", como "representantes da capacidade intelectual" e afirma que a filosofia foi criada por essa "minoria dominante". Segundo ele, a "criatividade comum" da "minoria dominante" não se restringe apenas à capacidade política. Ele enaltece o papel da classe dominante reacionária, afirmando que foi a "minoria dominante" que criou a filosofia na sociedade greco-romana, a filosofia budista na Índia e a filosofia confucionista e taoísta na China.
A natureza reacionária da teoria circular das civilizações de Toynbee é a seguinte: trata-se de uma teoria não científica e reacionária que ignora as leis do desenvolvimento histórico. Primeiramente, Toynbee nega a lei do desenvolvimento histórico que afirma que a história avança através da luta de classes e hostiliza e distorce cruelmente a luta do povo por independente. Ele nega completamente a importância e o papel da luta de classes no desenvolvimento histórico e distorce completamente esse papel.
Ele desdenha a luta do povo contra a opressão nacional e a de classe, chamando-a de "rebelião" e pregando que isso levaria à destruição da "civilização". E classifica dogmaticamente o povo que se levanta na luta por independente como "proletariado" e se opõe ferozmente a essa luta do povo, difamando-a de forma cruel.
Historicamente, a palavra "proletariado" origina-se do latim "proletarius", usado na Roma antiga no século VI a.C. para se referir a cidadãos que não possuíam nenhum bem além de seus filhos. Com a Revolução Industrial na Europa, o termo "proletariado" passou a se referir à classe trabalhadora, que se tornou o grupo mais poderoso na luta para derrubar o sistema capitalista, o último dos sistemas de exploração, e estabelecer o socialismo. Assim, o termo adquiriu um novo significado político e revolucionário.
Marx e Engels, em várias obras como o "Manifesto Comunista", explicaram cientificamente a missão histórica do proletariado e formalizaram o termo "proletariado" para designar a classe mais avançada e revolucionária da sociedade. No entanto, Toynbee apresentou a absurda alegação de que já havia "proletariado" na antiguidade e na Idade Média, desconsiderando e desvalorizando a luta do povo por independência.
Ele argumenta que o proletariado não surgiu na sociedade capitalista, mas teria aparecido primeiro na Grécia antiga. Durante a Guerra do Peloponeso (431 a.C. - 404 a.C.), surgiram pessoas desamparadas, semelhantes aos párias, e muitos desses indivíduos se alistaram em exércitos estrangeiros como mercenários. Considera isso como o arquétipo do "proletariado interno". Segundo ele, o "proletariado interno" é composto por pessoas que, como parte de sua sociedade, trabalham para ela, mas não desfrutam plenamente dos benefícios e privilégios sociais. Portanto, o "proletariado interno" desenvolve uma "opressão" e "crueldade" resultantes da perda do "direito de herança social", o que leva a ações violentas e a um eventual colapso da "civilização", citando a revolta de Espártaco na Roma antiga como exemplo.
Ele, de forma absurda, inclui também os judeus e os comerciantes da era Tokugawa no Japão como parte do "proletariado interno". Etende o conceito de "proletariado interno" aos intelectuais e faz uma crítica feroz e caluniosa ao papel progressista que os intelectuais desempenham no desenvolvimento histórico. Chamando os intelectuais de "ervas daninhas sociais", desdenha os intelectuais da "intelligentsia" russa do final do século XVII, afirmando que, na Revolução Bolchevique de 1917, eles expressaram o "ódio acumulado ao longo do tempo". Ele denigre ainda mais o papel dos intelectuais revolucionários na Revolução de Outubro Socialista e ataca maliciosamente Marx e Lenin, líderes da classe trabalhadora.
Ele descreve as massas oprimidas que se levantam contra a opressão nacional como "proletariado externo" e as desdenha como "tropas de combate bárbaras". Com isso, ele se opõe à luta de libertação nacional nas colônias e tenta justificar a exploração colonialista ocidental.
Além disso, Toynbee interpreta todos os fenômenos históricos sociais a partir de uma perspectiva religiosa e idealista, adotando uma abordagem pseudocientífica. Ele afirma que "o significado dos fatos históricos... é uma revelação divina e uma expectativa de contato com Deus", descrevendo as leis do desenvolvimento histórico como "leis divinas".
Afirma que "o desafio sempre oferece a liberdade de escolha que Deus concede à alma humana", descrevendo as atividades conscientes das massas populares para transformar a natureza e a sociedade, e moldar seu próprio destino, como se fossem guiadas pelas "leis divinas". Isso, essencialmente, é uma abordagem reacionária, pois introduz as leis religiosas para negar as leis do desenvolvimento histórico.
Ele nega a posição da classe burguesa ocidental, que está dominada pela sensação de desesperança em meio à crise de decadência, afirmando que o objetivo fundamental da pesquisa histórica é a percepção de Deus. Descreve esse meio de percepção como uma revelação mística e nega o papel ativo e consciente dos seres humanos no desenvolvimento histórico. Isso fica claro quando ele responde à pergunta "Por que as pessoas estudam a história?" dizendo que, como todos os humanos que têm um objetivo na vida, ele, como historiador, vê sua missão no comando divino de "Buscar Deus, Ver Deus."
Ele distorce a história para apresentar a religião como tendo um papel positivo no desenvolvimento histórico, enquanto prega a manutenção e o fortalecimento do sistema imperialista ocidental.
Um aspecto importante da teoria circular da "civilização" de Toynbee é a ideia de "sucessão civilizacional através da religião". Ele argumenta que quando uma civilização entra em declínio, a religião presente dentro dessa civilização se fortalece e absorve o conteúdo da civilização, de forma que, após a queda da civilização, apenas a religião sobrevive. Essa religião, então, herda o legado da civilização e promove o surgimento de uma nova civilização. Ele considera que a civilização é uma serva da religião e que o declínio e a queda de uma civilização são um processo e uma etapa para alcançar uma consciência religiosa superior. Assim como o Império Romano preparou a propagação do cristianismo ao longo da costa do Mediterrâneo, ele argumenta que a civilização ocidental e o futuro "Império Global" devem ter a missão de espalhar o cristianismo pelo mundo.
Além disso, Toynbee ignora completamente as características temporais e regionais existentes na história, assim como as diferenças essenciais entre os eventos históricos.
Ele afirma que todas as "civilizações" na história são homogêneas e equivalentes, desconsiderando as diferenças essenciais entre uma civilização e outra. Assim, ele equipara a civilização ocidental moderna com as civilizações antigas do Egito e da China.
Partindo de uma visão reacionária sobre as "civilizações", ele adota uma perspectiva antitética na pesquisa histórica, contrapondo eventos e fenômenos históricos de maneira reacionária.
Ele compara o czar russo Pedro I ao faraó Amenófis IV do Egito antigo, que realizou uma reforma religiosa, e afirma que o militarismo da Alemanha no início do século XX, que provocou a Primeira Guerra Mundial, é uma cópia do militarismo espartano da época da Guerra do Peloponeso. Além disso, ele descreve a política militarista de Hitler como tendo raízes na política do rei assírio Tiglate-Pileser III do século VIII a.C. Até mesmo chega a classificar Esparta como um Estado militarista e, ao compará-la com a União Soviética, acusa a União Soviética de ser um Estado militarista.
Isso demonstra claramente que a teoria de Toynbee é subjetiva, reacionária e pseudocientífica, baseada na completa negligência das diferenças temporais, regionais e institucionais fundamentais, que são aspectos básicos da metodologia histórica.
A natureza reacionária da teoria circular das "civilizações" de Toynbee reside no fato de que ela serve totalmente para pregar a eternidade do sistema capitalista ocidental e do sistema imperialista de dominação.
Toynbee tenta pregar a eternidade do sistema de exploração.
A destruição dos antigos sistemas de exploração e o surgimento de novos sistemas sociais devido à luta das massas populares por independência é um processo inevitável no desenvolvimento histórico.
No entanto, ele vê a história da humanidade na pesquisa histórica como uma troca e sucessão de chamadas "civilizações", e tenta pregar a eternidade dos sistemas de exploração e, mais ainda, do sistema capitalista.
Ele afirma que quando uma "civilização" entra em colapso, uma nova "civilização" surge a partir das raízes da civilização que foi destruída, de modo que as civilizações se substituem e se sucedem.
Descreve a relação entre a antiga "civilização" em colapso e a nova "civilização" que surge como uma relação entre a "civilização pai" e a "civilização filho", negando a inevitabilidade do desenvolvimento histórico baseado na luta das massas, na qual o antigo é destruído e o novo surge.
Afirma que todas as civilizações existentes são civilizações de terceira geração, descendentes da primeira civilização. Isso indica que ele vê o desenvolvimento da história humana não como um processo de troca de sistemas, mas simplesmente como uma sucessão de civilizações, uma substituição e continuidade entre elas.
De acordo com sua alegação, os chamadas "minoria criativa" e "minoria dominante", assim como o "proletariado", não desaparecem com a troca de civilizações, mas continuam a existir. Ou seja, continuam existindo a classe exploradora e o sistema de exploração.
Dessa forma, Toynbee, ao entender o desenvolvimento da história humana como uma troca e sucessão de civilizações, nega o processo inevitável do desenvolvimento histórico que ocorre através da luta de classes, na qual os antigos sistemas de exploração são destruídos e novos sistemas sociais emergem. Ele busca pregar a eternidade dos sistemas de exploração, sobretudo do capitalismo.
Toynbee também prega a eternidade do sistema imperialista ocidental.
Ele descreve que "entre as civilizações existentes, exceto a nossa civilização ocidental, as outras já passaram por um processo de declínio e desintegração", destacando assim a eternidadeda civilização ocidental.
Ele afirma que "a única civilização existente atualmente que não apresenta sinais claros de declínio é a civilização ocidental", e que, enquanto as cinco outras civilizações estão na fase de declínio, a sociedade ocidental ainda está na fase de emergência de uma civilização. Ele argumenta que a expansão da sociedade ocidental e a disseminação da civilização ocidental estão levando o mundo inteiro, incluindo outras civilizações existentes e sociedades não desenvolvidas, a se ocidentalizar.
Revelou abertamente a intenção dos imperialistas ocidentais de submeter o mundo inteiro sob seu domínio. Além disso, argumenta que, devido ao risco de uma Terceira Guerra Mundial causada pelo uso de armas nucleares e biológicas, a humanidade enfrenta pela primeira vez a ameaça de extinção total. Ele enfatiza que a única maneira de escapar desse perigo de destruição é a integração baseada nos princípios de "liberdade", "democracia" e "valores ocidentais".
Afirma que as aeronaves que eliminam as distâncias entre os países e as armas nucleares, que ameaçam a própria existência da vida na Terra, forçam todos os seres humanos a se unirem e viverem juntos sob um mesmo teto, como uma única família. E Argumenta que a integração da humanidade deve ser baseada nos princípios de "liberdade", "democracia" e "valores ocidentais".
É claro que a "liberdade", a "democracia" e os "valores ocidentais" defendidos por Toynbee como base para a integração da humanidade são, na verdade, o sistema de dominação imperialista ocidental.
3. Conclusão
Em resumo, a teoria de Toynbee é uma sofística reacionária que representa os interesses e demandas de classe burguesa ocidental em crise de declínio. Ela nega a posição e o papel das massas populares no desenvolvimento histórico, embeleza e distorce o papel reacionário das classes exploradoras, e defende ativamente a política de agressão dos imperialistas ocidentais, incentivando sua realização.
Toynbee não é, como proclamam os porta-vozes da burguesia, um "gigante da historiografia mundial moderna", mas sim um servil porta-voz do imperialismo e um defensor ideológico de seus interesses.
Devemos estar firmemente armados com uma visão histórica socialista do Juche e lutar resolutamente contra todas as ideias burguesas e teorias históricas reacionárias.
Palavras-chave: "Teoria circular", "Minoria criativa", "minoria dominante"
Juche 109 (2020)
Choe Song U, professor de História da Universidade Kim Il Sung
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