segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Males gerados por um sistema social podre e doente

Os políticos japoneses frequentemente alardeiam que seu país é um "país onde os direitos humanos são garantidos”.

No entanto, a realidade está longe disso. Crimes como assassinatos e assaltos acontecem diariamente, obrigando as pessoas a viverem em meio ao medo.

Embora as autoridades policiais publiquem anualmente um chamado “livro branco”, declarando que eliminarão decisivamente os crimes “de acordo com uma sociedade desenvolvida”, nenhum progresso é visível. Isso nada mais é do que uma formalidade vazia.

Segundo dados da Agência Nacional de Polícia, em 2024 o número de crimes chegou a 737.679 casos, um aumento de 34.328 em relação ao ano anterior, marcando crescimento por três anos consecutivos. E dizem que esses números foram bastante reduzidos na divulgação oficial.

O que mais causa grande apreensão na população japonesa são os crimes de sequestro e rapto. Apenas em 2021 ocorreram mais de 380 casos de rapto, um aumento de 15,4% em comparação ao ano anterior. O mesmo ocorreu no ano seguinte, e também no último ano, com tendência de alta. Entre esses, os crimes de sequestro de crianças representaram uma grande parcela.

Os criminosos exploram os sentimentos dos pais que prezam por seus filhos, sequestrando-os para exigir dinheiro e, caso não recebam, não hesitam em matá-los ou vendê-los ao exterior.

O Japão também supera outros países capitalistas no número de crimes em que vizinhos se esfaqueiam ou familiares se matam entre si.

Dias atrás, na prefeitura de Kanagawa, um filho matou a mãe a facadas. Antes disso, em Hyogo, um marido estrangulou a esposa até a morte, enquanto em Gunma um filho de 15 anos esfaqueou o pai. Já em Chiba, uma mulher, que era mãe, afogou seu bebê de apenas quatro meses em uma banheira. No Japão, tais crimes horrendos de assassinato tornaram-se corriqueiros.

Neste país, cresce a insatisfação popular contra as autoridades, incapazes de apresentar uma única medida eficaz. A aflita elite no poder faz um grande alvoroço, alegando que é preciso identificar as causas do aumento da criminalidade e eliminá-las. O absurdo está justamente nas “causas” e “soluções” que apresentam.

Segundo eles, os criminosos desabafam sua frustração por não levarem uma vida tranquila atacando pessoas totalmente alheias a isso; além disso, como não receberam uma educação familiar adequada, não sabem manter relações humanas saudáveis e ficam fechados em seu próprio mundo, não conseguindo se libertar de tal estilo de vida. Portanto, dizem que é preciso se esforçar para identificar tais pessoas mais facilmente. E concluem que se deve reforçar e ampliar o papel da polícia.

Entretanto, no Japão, a própria polícia, que deveria impedir os crimes, tem se tornado criminosa. Somente no ano passado, não poucos policiais foram punidos disciplinarmente por crimes como roubo e fraude.

Certa vez, o "Asahi Shimbun" publicou um artigo intitulado “Abuso de poder dos policiais — será que existe apenas uma maçã podre?”

Segundo o conteúdo, um inspetor de polícia, depois de receber dinheiro de um amigo, chegou a ligar para delegacias subordinadas exigindo que não reprimissem suas atividades ilegais. Além disso, atendeu ao pedido de seu amigo e chegou a vazar informações sobre os antecedentes criminais de indivíduos que estavam em posse da polícia.

O jornal escreveu: “A insegurança do povo está crescendo. A Agência Nacional de Polícia apela pelo aumento do número de policiais. Mas este problema não se resolve simplesmente aumentando o efetivo. Isso não se limita a um único indivíduo. O problema está no próprio solo que não vê suas ações como anormais. Será que no cesto há apenas uma maçã podre?”

Os crimes no Japão são um subproduto do sistema social podre e doentio.

Apesar do Japão vangloriar-se de ser uma “potência econômica”, o povo vive constantemente preocupado com a forma de manter a subsistência e sob permanente ansiedade.

Devido às dificuldades de gestão e à falência de empresas, a fila de desempregados cresce sem cessar. Nos países capitalistas, o desemprego vem acompanhado de pobreza e pressão psicológica. Pessoas que perdem até mesmo o mais elementar dos direitos humanos — o direito ao trabalho — acabam mergulhadas em frustração, desespero e vazio espiritual diante da vida, não possuindo ideais ou aspirações para o futuro e caindo inevitavelmente no caminho do crime e da degradação. Isso é alimentado pelo individualismo extremo e pelo método de competição pela sobrevivência baseado na lei da selva, que domina toda a sociedade.

No Japão, a desconfiança, a discórdia, o ódio e a hostilidade transformaram-se em uma corrente social. Sacrificar os outros para desfrutar de conforto, não importando o que aconteça com eles, contanto que se obtenha benefício pessoal, é considerado legal, cotidiano e até natural no Japão capitalista.

Todas as formas de males sociais que assolam o Japão, bem como a vida espiritual, cultural e moral desumana que corrói a sociedade a partir de dentro, são todas produtos gerados pelo individualismo. Exatamente por isso, enquanto não mudar o próprio sistema social fundamentado no individualismo, será absolutamente impossível impedir os crimes.

Ri Hak Nam

Rodong Sinmun

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