quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A fantasia de Ri Jae Myong sobre relações norte-sul e desnuclearização não convence ninguém

Na terça-feira, 23 de setembro de 2025, teve início o debate geral da Assebleia Geral da Organização das Nações Unidas, com chefes de Estado e representantes diplomáticos de vários países fazendo seus discursos na sede da organização em Nova Iorque.

Depois de um longo discurso performático de Trump, sem qualquer menção à RPDC, à sua liderança ou a perspectivas de diálogo futuro, no mesmo dia, Ri Jae Myong, Presidente da República da Coreia, proferiu um discurso fantasioso e bajulador, repetindo sua monótona ladainha sobre a melhoria das relações intercoreanas.

Por ocasião dos 80 anos da ONU, dedicou grande parte de sua fala a exaltar o papel dessa organização internacional na formação de seu país, ressaltando que a história da ONU e a da República da Coreia se entrelaçam, marcadas pela construção e defesa da democracia, dos direitos humanos e de outros termos já banalizados, usados de forma genérica como bandeiras legitimadoras do sistema de governo dos burocratas no poder.

Essa bajulação não causa surpresa. É natural que o regime de Seul defenda sua legitimidade como Estado sob a bandeira da ONU — utilizada como máscara pelo imperialismo estadunidense para impor divisão, guerra, opressão e subordinação na Península Coreana. Nesse momento e nesse contexto, quando o mandatário sul-coreano expressa gratidão a uma organização que serviu para legitimar a agressão e os interesses coloniais dos Estados Unidos em território alheio, em clara contradição com o propósito da Carta da ONU, percebe-se com nitidez que a distância entre um “democrata” como Ri Jae Myong — que defende a permanência das tropas estadunidenses, o fortalecimento da aliança com o imperialismo e a realização de constantes exercícios de guerra anti-RPDC em território da RC e seus arredores — e Ri Sung Man — fantoche do imperialismo, “fundador” da RC, que assinalou na Constituição o Norte como inimigo, reivindicou o território norte-coreano como parte da RC e ainda criou a abominável Lei de Segurança — não é tão grande assim.

Além disso, Ri Jae Myong voltou a repetir seu discurso fantasioso sobre a melhoria das relações com o Norte, que já deixou claro, em várias oportunidades, não estar disposto a aceitar, por meio do que chama de “diálogo abrangente”. Essa teoria apresenta uma estratégia de três pontos: intercâmbio, normalização e desnuclearização.

Se sua ladainha sobre diálogo e desnuclearização soa semelhante ao discurso de alguns presidentes sul-coreanos do passado, seu “trunfo” para tentar convencer a RPDC são declarações de que Seul não busca a reunificação por absorção e de que respeita o regime político norte-coreano, tentando transmitir a impressão de ausência de hostilidade. No entanto, como já comentei em outra oportunidade, as verdadeiras intenções revelam-se na prática.

Apesar de o mandatário sul-coreano esforçar-se ao máximo para aparentar intenções pacíficas em relação ao Norte, suas ações práticas — como a realização de exercícios militares cada vez mais perigosos e em maior escala com os EUA, o Japão e até países de fora da região — evidenciam a mesma hostilidade inveterada de sempre contra a RPDC.

Mesmo deixando de lado a questão da reunificação, falando em aceitar a existência de dois Estados e afirmando respeitar o regime político de Pyongyang — possivelmente em tentativa de ajustamento após a rejeição da reunificação por parte da RPDC —, não consegue demonstrar, na prática, coerência entre palavras e ações.

A retirada de alto-falantes de propaganda na zona fronteiriça ou a proibição do lançamento de panfletos anti-RPDC são medidas elementares e não merecem elogios. O verdadeiro fator agravante da tensão, capaz de provocar uma desastrosa guerra nuclear na Península Coreana, é a demonstração militar desmedida em conjunto com forças estrangeiras, tendo a RPDC como alvo direto dessas simulações bélicas.

Ri Jae Myong fala em “pôr fim à Guerra Fria” com um roteiro repleto de promessas irrealizáveis, quando, na realidade, o estado de submissão da RC aos EUA é o verdadeiro legado inalterado desse período histórico.

De forma direta e clara: sem a retirada dos imperialistas estadunidenses da Península Coreana, sem a abolição da Lei de Segurança da RC e sem a modificação de sua Constituição para refletir a realidade do território sul-coreano, não será possível alcançar paz ou normalização das relações entre os dois Estados da Península.

O nojento termo “desnuclearização”, que nada mais é do que a defesa da rendição da RPDC diante das bestas sedentas de sangue, é repulsivo ao povo norte-coreano. Já está definido constitucionalmente que a Coreia socialista é um Estado nuclear, e, para entender o motivo, basta observar a longa história de mais de sete décadas de ameaças e chantagens nucleares por parte dos imperialistas estadunidenses.

Embora Ri Jae Myong fale em “realismo” em sua abordagem, ele não passa de um embusteiro, tentando emplacar sua narrativa em oposição à desastrosa política da administração anterior.

O realismo verdadeiro só pode ser observado do lado norte-coreano, que, atento à realidade prática, fortaleceu suas forças autodefensivas, abandonou a ideia de reunificação e segue firme em suas convicções, sem dar ouvidos aos cães que ladram no Leste ou no Oeste.

A história já provou — e continuará provando — que a escolha justa e correta está do lado norte da Península Coreana.

Lenan Menezes da Cunha, criador e administrador do "A Voz do Povo de 1945"

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