A existência cancerígena para a paz – denunciando os crimes da OTAN (2)
A Guerra Fria, baseada em uma interminável corrida armamentista e ameaças, foi, de fato, uma intensa confrontação nuclear travada entre duas alianças militares hostis na Europa, cada uma buscando alcançar a supremacia e derrubar a outra.
À medida que os anos se passavam, o risco de uma guerra nuclear aumentava, levando a um clamor crescente, tanto na Europa quanto em outras regiões do mundo, pela redução dos armamentos e pela preservação da paz. Ambas as partes se viram obrigadas a levar isso em consideração.
Em março de 1960, foi realizada uma reunião do Comitê de Redução de Armamentos de Dez Nações, composta por representantes de cinco países do Pacto de Varsóvia e cinco da OTAN.
As propostas apresentadas pelos Estados Unidos e quatro países da Europa Ocidental na época eram extremamente vagas. Embora previssem um processo de redução de armamentos em três etapas, não estabeleciam prazos para sua implementação. Além disso, a primeira etapa envolvia uma "supervisão e verificação internacional", mas isso se limitava a uma mera "análise preliminar". Paralelamente, foi levantada a ideia de criar uma "polícia internacional" especializada em monitorar a redução de armamentos.
Com isso, a OTAN revelou claramente que sua proposta ao Comitê de Redução de Armamentos não visava, de fato, à diminuição dos arsenais nem à garantia da paz, mas sim à consolidação de sua própria superioridade militar em relação ao outro lado.
Devido à ambição da OTAN, obcecada pelo confronto, os esforços dos países socialistas para reduzir os armamentos e pôr fim à Guerra Fria foram frustrados.
Por volta de 1980, com a escalada imprudente do reforço militar dos Estados Unidos e da OTAN, a Guerra Fria atingiu um nível crítico de perigo, tornando o cenário internacional ainda mais tenso.
Em dezembro de 1979, na reunião do Conselho Ministerial da OTAN realizada em Bruxelas, Bélgica, foi adotada uma decisão que, sob o pretexto do "equilíbrio de forças", previa a implantação de cerca de 600 novos mísseis nucleares de médio alcance de fabricação estadunidense em vários países da Europa Ocidental. Com essa decisão, o risco de uma guerra nuclear na Europa tornou-se ainda mais iminente, provocando forte oposição das amplas massas trabalhadoras desses países contra a instalação dos mísseis em seus territórios.
No entanto, a implantação dos mísseis nucleares estadunidenses foi apenas o início das ações da OTAN.
Em 23 de março de 1983, o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, apareceu em uma transmissão de TV para anunciar a chamada "Iniciativa de Estratégica de Defesa" (SDI, na sigla em inglês), um projeto de guerra espacial.
Esse plano, apelidado de "Guerra nas Estrelas", previa a criação de um sistema defensivo tridimensional, composto por armas de energia direcionada instaladas em satélites no espaço, mísseis interceptadores em bases terrestres e sistemas de defesa lançados de aeronaves de alta altitude. Em resumo, buscava-se estabelecer uma rede de interceptação de mísseis modernos distribuída no solo, no ar e no espaço para reforçar a capacidade defensiva dos Estados Unidos.
Desde a década de 1960, os Estados Unidos vinham desenvolvendo secretamente sua estratégia de militarização do espaço, denominada "Operação Porrete Nuclear Espacial", e promovendo o projeto "Guerra nas Estrelas". Antes mesmo de ser oficialmente revelado pelo governo Reagan, esse plano já havia consumido uma soma astronômica de recursos financeiros.
Na década de 1980, os Estados Unidos criaram o Comando Espacial da Força Aérea e elaboraram um plano para fabricar satélites interceptadores de mísseis, intensificando os preparativos para implantar mísseis nucleares de médio alcance no espaço. Ficou evidente que a implantação de mísseis nucleares estadunidenses nos países membros da OTAN era, na realidade, apenas um componente do plano de "Guerra nas Estrelas".
A partir de novembro de 1983, os países da OTAN começaram a instalar mísseis nucleares estadunidenses em seus territórios. Em abril de 1984, os Estados Unidos realizaram, em seu próprio território e em amplas áreas do Pacífico, um exercício de guerra nuclear chamado "Global Shield 84". Essa simulação envolveu um grande contingente das forças armadas estadunidenses e das tropas da OTAN, além do emprego massivo de equipamentos de guerra, incluindo mísseis balísticos intercontinentais e bombardeiros estratégicos armados com ogivas nucleares.
A OTAN também intensificou sua expansão militar.
De acordo com dados de 1987, entre os 16 países membros da OTAN, excluindo a Espanha e a Islândia, as forças militares combinadas dos 14 restantes somavam 5,782 milhões de soldados, um aumento de 519 mil em relação a 1975. Durante esse período de oito anos, cerca de 3 trilhões de dólares foram gastos no fortalecimento militar.
O caráter belicoso da OTAN foi ainda mais evidenciado no gigantesco exercício de guerra realizado na Alemanha Ocidental em 1988, que resultou em mais de 250 vítimas fatais. Além disso, entre novembro de 1987 e outubro de 1988, a força aérea da OTAN perdeu mais de 100 aeronaves de combate, comprovando o nível de obsessão dessa organização com o confronto nuclear.
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