sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

A crise social é ainda mais agravada pela crise habitacional

Certa vez, um jornal de um país capitalista publicou um artigo afirmando que uma família de trabalhadores urbanos teria de economizar dinheiro sem gastar um único centavo durante, em média, cinco anos para conseguir alugar uma casa minimamente decente.

O que é ainda mais grave está justamente na expressão “sem gastar um único centavo…”. Isso porque o resultado do cálculo mostrou que, usando apenas o dinheiro restante após cobrir os custos básicos de manutenção da vida, seriam necessários nada menos que 25 anos para conseguir alugar uma casa.

Se até mesmo um trabalhador com um emprego relativamente estável precisa economizar com extremo sacrifício durante longos 25 anos para, no máximo, conseguir uma casa alugada, é impensável que os inúmeros desempregados ou aqueles que vivem de trabalhos ocasionais, fazendo bicos de um dia para o outro, possam sequer sonhar em garantir uma moradia.

Esses dados são como um retrato condensado da gravidade do problema habitacional enfrentado por qualquer país do Ocidente.

O que foi citado acima é um material de cerca de 20 anos atrás. Nos países ocidentais, os preços das casas continuam subindo mês a mês, ano após ano.

Nos Países Baixos, eles dobraram nos últimos dez anos. No Reino Unido, apenas entre março do ano passado e março deste ano, o preço médio das moradias aumentou 6,4%. Em Londres, o preço médio de uma casa chega a 552 mil libras.

Na Alemanha, também, entre janeiro e março deste ano, os preços das moradias subiram mais de 3,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Diz-se que os preços são mais elevados nas grandes cidades, como Berlim e Hamburgo.

No Japão, a situação não é diferente. No primeiro semestre deste ano, os preços médios das moradias em Tóquio e nas áreas vizinhas aumentaram significativamente em relação ao mesmo período do ano anterior. Em Tóquio, os preços subiram cerca de 20%, e na prefeitura de Saitama, nada menos que 26,9%. No ano passado, grandes inundações causaram danos a mais de dez mil edifícios, incluindo moradias, e a esmagadora maioria das vítimas ainda vive em construções provisórias.

Nos Estados Unidos, os preços das moradias continuam subindo vertiginosamente, sem limites, deixando as pessoas atônitas.

De acordo com o Relatório Nacional sobre a Situação Habitacional de 2024, desde 2020 os aluguéis aumentaram 26% e os preços das casas, 29%. No caso de uma moradia de padrão médio, o preço médio chegou, em setembro do ano passado, a 427 mil dólares.

“Há três coisas que os estadunidenses desejam, nem que seja em sonhos. São elas: ter sua própria casa, constituir uma família e levar uma vida estável. Porém, isso não passa de um sonho ilusório. Quase não há estadunidenses que acreditem que esse sonho possa se realizar.”

Isso consta de um artigo publicado em agosto do ano passado no jornal estadunidense Wall Street Journal.

O desespero das pessoas sem moradia se aprofunda a cada dia. Diz-se que possuir a capacidade de alugar ao menos uma moradia barata tornou-se “o ponto de partida de uma vida satisfatória”, o que dispensa maiores comentários.

A explosão dos preços das moradias e dos aluguéis está provocando uma grave crise social. Protestos e manifestações não cessam em toda parte. Além disso, forças de extrema-direita que defendem políticas anti-imigração estão atribuindo a escassez de moradias aos refugiados e imigrantes, tornando o clima social ainda mais conturbado.

A causa do surgimento da crise habitacional nos países ocidentais não está, como afirmam alguns meios de comunicação, no aumento da população urbana ou no fluxo de imigrantes.

Ela está no primado do lucro, precisamente aí.

O capitalismo, em todo o período de sua existência, nunca defendeu nem representou, em nenhum momento sequer, as demandas e os interesses das massas trabalhadoras.

Em uma sociedade capitalista em que uma ínfima classe exploradora se comporta como dona de tudo, é impossível sequer imaginar algo voltado para as massas trabalhadoras.

O problema da moradia é um exemplo representativo disso.

Há pouco tempo, a União Europeia apresentou uma política imobiliária denominada “plano de fornecimento de habitação a preços acessíveis”. Segundo se diz, isso está relacionado ao fato de que, nos últimos dez anos, os preços das moradias nos países-membros subiram mais de 60% e os aluguéis, mais de 20%. A opinião pública questiona se uma medida desse tipo pode realmente surtir efeito no Ocidente, onde a construção de moradias se tornou um espaço de enriquecimento.

Enquanto um pequeno número de bilionários leva uma vida de devassidão em residências luxuosas, dezenas de milhares de pobres vagam sem rumo à beira da miséria — essa é a trágica realidade dessa sociedade injusta.

Expressões como “respeito aos interesses nacionais” ou “políticas para o povo”, alardeadas pelas classes dominantes dos países capitalistas, não passam de frases enganosas destinadas a encobrir políticas antipopulares que absolutizam os interesses da classe exploradora.

Ho Yong Min

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