Entrando no ano novo, foi informado que a administração dos EUA decidiu oficialmente impedir que a Nippon Steel Corporation, uma grande siderúrgica japonesa, adquira a US Steel Corporation, uma das maiores fabricantes de aço dos EUA.
O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou em um comunicado relacionado que permitir que uma empresa estadunidense fique sob controle estrangeiro poderia representar riscos à segurança nacional e às cadeias de suprimento extremamente importantes. Ele enfatizou que as siderúrgicas estadunidenses devem continuar liderando a luta em prol dos interesses nacionais dos EUA.
Em resposta, as autoridades japonesas, com discursos vagos e evasivos, afirmaram que as relações econômicas entre os dois países são importantes e que continuarão trabalhando em estreita colaboração para fortalecer a aliança Japão-EUA.
Essa situação é mais uma demonstração de que a chamada aliança entre os EUA e o Japão, que se autodenomina "aliança sólida" e "parceria global", na verdade está fundamentada em uma fria relação hierárquica de mestre e subordinado, em que os interesses do superior são priorizados.
Diz-se que a transação entre a Nippon Steel Corporation e a US Steel Corporation foi anunciada em dezembro de 2023. Provavelmente, havia cálculos de interesse mútuo relacionados à sobrevivência de cada parte envolvida.
A US Steel Corporation, com uma história de mais de 100 anos, já foi uma gigante da indústria, mas hoje, junto com o declínio dos Estados Unidos, tornou-se um símbolo da "região industrial decadente". A Nippon Steel Corporation, por sua vez, enfrenta dificuldades nas exportações para os EUA. Somente em 2017, foi atingida por tarifas antidumping de 50% a mais de 200%, dependendo do produto.
Embora tal cenário seja comum no competitivo mundo capitalista, regido pela lei da selva, a questão é que nem mesmo países aliados dos EUA estão isentos dessa dinâmica. Isso ocorre porque estão completamente subordinados ao jugo de "segurança" imposto pelos EUA.
Desde o início da aliança com o Japão, os EUA têm usado a justificativa de que o Japão desfruta gratuitamente da segurança proporcionada por eles para manipular a política comercial e econômica japonesa em benefício próprio. Em troca, o Japão oferece submissão total, enquanto, gradualmente, realiza sua ambição de se tornar uma potência militar.
Durante a Guerra Fria, disputas econômicas e comerciais entre os EUA e o Japão, envolvendo têxteis, aço, semicondutores, carne bovina, frutas cítricas e automóveis, sempre terminavam com concessões japonesas. Não é coincidência que, enquanto o Japão mergulhava em uma longa estagnação econômica após o colapso de sua bolha econômica nos anos 1990, os EUA revertiam seu enorme déficit em conta corrente para superávit. Esse resultado foi consequência inevitável da constante pressão econômica dos EUA sobre o Japão, exemplificada pelo "Acordo de Plaza" de 1985, que valorizou o iene em relação ao dólar, sob o pretexto de fortalecer a aliança.
Essa relação de mestre e subordinado, mascarada como aliança, não mudou no século XXI. A única diferença é que, sob o pretexto de complementar o poder em declínio dos EUA, o papel militar do Japão na aliança tem aumentado até certo ponto. Embora isso se deva em parte à pressão dos EUA, também reflete a persistente ambição expansionista do Japão.
Isso não significa que a visão de supremacia dos EUA como potência dominante possa mudar.
É evidente que, enquanto a economia dos EUA entra em um ciclo de declínio em contraste com a ascensão visível das economias emergentes, a economia japonesa continua presa a uma estagnação prolongada que já dura décadas. Nesse contexto, os EUA impuseram tarifas adicionais sobre produtos de aço e alumínio do Japão, pressionaram o país a liberar suas reservas de petróleo para estabilizar os preços e até o colocaram sob vigilância como manipulador cambial. Essas ações refletem a postura inflexível dos EUA, que priorizam seus próprios interesses acima de tudo.
A recente intervenção direta das autoridades estadunidenses para barrar a transação entre duas empresas é parte dessa mesma lógica. Isso demonstra que os EUA estão em uma posição de dificuldade quase irreversível e que, por isso, sua sensibilidade está cada vez mais exacerbada.
A conduta arrogante de um "mestre" que trata seus aliados como servos é impressionante, mas igualmente lamentável é o destino de um subordinado que, com as rédeas firmemente controladas, não consegue discernir se o caminho que segue o levará a um abismo de ruína ou ao precipício do desespero, sendo forçado a segui-lo cegamente.
Jang Chol
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