quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Desmascarando a fachada de "defesa exclusiva"


Recentemente, o jornal japonês "Tokyo Shimbun" publicou um editorial em relação ao nono aniversário da promulgação da lei sobre segurança, afirmando que, com a possibilidade de exercer o "direito de autodefesa coletiva" e a adição da capacidade de ataque a bases inimigas, a probabilidade de participação do Japão em guerras aumentou significativamente. No entanto, o governo ainda insiste que está agindo "dentro dos limites da autodefesa", enquanto continua expandindo as forças militares sob essa bandeira, gerando preocupações.

A "defesa exclusiva" é uma frase clichê que os governantes japoneses têm repetido como um mantra sempre que discutem políticas de militarização.

Desde o momento em que, no meio do século passado, o Japão rompeu as restrições de rearmamento e ressuscitou abertamente suas forças armadas até os dias de hoje, a militarização do Japão atingiu um nível surpreendente, mas o rótulo de "defesa exclusiva" tem sido mantido inalterado por todos os governos que se sucederam.

Nos três documentos de segurança, como a estratégia de segurança nacional e a estratégia de defesa nacional, estabelecidos pelas autoridades japonesas no final de 2022, a expressão "defesa exclusiva" estava claramente presente. Naquela ocasião, o primeiro-ministro Kishida reiterou no parlamento que a "defesa exclusiva é o princípio fundamental da política de segurança militar do Japão".

Mas, o que significa exatamente "defesa exclusiva"?

O primeiro documento de defesa, oficialmente mencionado em 1970, afirmava: "A autodefesa do Japão significa defesa exclusiva, e o Japão impõe rigorosas restrições a si mesmo para manter apenas o mínimo necessário de forças de defesa, em conformidade com o princípio da defesa exclusiva, tanto sob a constituição quanto nas políticas".

A partir de 1976, os documentos de defesa, publicados anualmente, declararam: "A defesa exclusiva significa que a capacidade de defesa é exercida apenas quando há um ataque armado do adversário, e sua extensão se limita ao mínimo necessário para a autodefesa, refletindo assim uma postura defensiva de acordo com o espírito da constituição". Além disso, foi especificado: "Para isso, as Forças de Autodefesa não possuem mísseis de longo alcance, bombardeiros estratégicos ou porta-aviões".

Está estipulado que o Japão não possui armas de ataque estratégico que possam ameaçar outros países, não realiza ataques preventivos, limita as operações de defesa ao seu espaço aéreo, águas territoriais e áreas circunvizinhas, e não realiza reconhecimento estratégico ou contra-ataques em bases ou territórios do adversário.

Assim, pode-se entender que "defesa exclusiva" significa que o Japão se dedica apenas à defesa. É uma fachada para justificar a criação de forças armadas que a Constituição proíbe.

A ambiguidade do nome "Forças de Autodefesa", que não deixa claro se se trata de um exército ou de uma polícia, também foi utilizada pelos governantes para enfatizar que "as Forças de Autodefesa não têm capacidade de combate", o que, na verdade, reforça o significado da "defesa exclusiva".

Em 1973, o governo Tanaka apresentou os "Três Princípios de Aeronaves de Reabastecimento", que afirmavam que não realizariam reabastecimento em voo, não possuiríam aeronaves de reabastecimento e não realizariam exercícios com tais aeronaves. A remoção dos equipamentos de reabastecimento e de lançamento de bombas dos caças "F-4" das "Forças de Autodefesa" Aérea também foi apenas um espetáculo para dar a impressão de que estavam seguindo o princípio da "defesa exclusiva".

Por isso, a fachada de "defesa exclusiva" logo se desfez, revelando sua verdadeira essência.

Após 1980, as autoridades japonesas abandonaram os "Três Princípios de Aeronaves de Reabastecimento" e instalaram equipamentos de reabastecimento em caças de ponta como o "F-15" e o "F-2", aumentando o número de aeronaves de reabastecimento de quatro para sete, expandindo assim o alcance das operações aéreas para mais de 1.000 a 1.500 km a partir do território japonês. Sob o pretexto de "defesa das rotas marítimas", também ampliaram o alcance das operações navais para entre 1.000 e 2.000 milhas náuticas.

Após o fim da Guerra Fria, o Japão intensificou suas atividades de envio de tropas para o exterior em resposta às guerras de agressão dos Estados Unidos e a vários conflitos regionais. Em 2015, foi promulgada uma lei de segurança que legalizou essas atividades como a missão básica das "Forças de Autodefesa".

Recentemente, o Japão tem implementado uma política de guerra consistente com ataques preventivos, caracterizada por um aumento acentuado nos gastos militares, a aquisição de vários mísseis de longo alcance, a transformação de fragatas em porta-aviões, a criação de sistemas de resposta ofensivos em áreas como o espaço, ciberespaço e guerra eletrônica, além da implementação de um sistema de comando unificado para diferentes ramos e serviços de forças armadas.

Todas essas ações provocativas de guerra são justificadas sob a mesma bandeira de "defesa exclusiva".

Até mesmo a projeção de forças para regiões distantes, como o Oceano Índico, o Oriente Médio e a África, é justificada como "defesa exclusiva", assim como os ataques preventivos a territórios soberanos de outros países.

Portanto, o que o Japão chama de "defesa exclusiva" não apenas se desvirtuou, mas se tornou um lema que indica uma política de guerra de agressão, em total contradição ao seu significado original. É apenas uma frase de efeito para mascarar a vigilância rigorosa da comunidade internacional.

O aumento da frequência e da intensidade do discurso sobre "defesa exclusiva" é um sinal muito perigoso que indica que o Japão está se aproximando da provocação de uma nova guerra de agressão.

Jang Chol

Rodong Sinmun

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