terça-feira, 6 de junho de 2017

História das Relações Diplomáticas entre RPDC e Moçambique



A história das relações de amizade entre ambas nações iniciaram por motivos ideológicos e sob o princípio de solidariedade entre as nações que buscam garantir sua soberania nacional, sendo oficialmente estabelecida em 25 de junho de 1975, quando a então proclamada República Popular de Moçambique havia conseguido a independência de Portugal.

Mas os primeiros contatos entre ambas nações deram-se no final dos anos 60 quando a República Popular Democrática da Coreia passou a prestar maior apoio à Frente de Libertação do Moçambique (FRELIMO), enviando armamentos para o movimento mantivesse firmemente sua luta contra o neocolonialismo português e alcançar sua independência. A FRELIMO que adotou o marxismo-leninismo como ideologia central do partido da recém fundada nação socialista que surgiu em 75, com a RPDC junto à URSS como principal aliada.

Com o Presidente Samora Machel, Moçambique promoveu um bom intercâmbio cultural com a RPDC, e embora nunca tenha sido estabelecida uma embaixada oficial em solo coreano ou moçambicano, muitas delegações foram à Pyongyang e à Maputo para estabelecer protocolos de comércio e cooperação. Dessa forma, a RPDC enviou diversos médicos, diplomatas que aprenderam português (os primeiros no país), assim como artistas e engenheiros que contribuíram com projetos de valorizar a cultura local e buscar estruturar a terra ainda bastante atrasada com relação a boa parte do mundo, e foram enviados também enviados trabalhadores moçambicanos de diversas áreas para aprender as técnicas utilizadas pela RPDC que conseguiu rapidamente se reestruturar de uma árdua guerra em pouco tempo e desenvolveu-se em grande velocidade.

Infelizmente, Moçambique mesmo após sua independência viveu sob grande tensão provocadas por forças hostis que financiaram grupos rebeldes contra a FRELIMO, sobretudo a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) que tinha apoio da Rodésia (atual Zimbabwe) e de outras países europeus envolvidos no continente. Os intensos confrontos que geraram uma guerra civil levaram ao fim da nação socialista, sobretudo com a morte de Samora em acidente aéreo em 1986, que posteriormente foi descoberto que teve participação do governo sul africano (a RPDC apoiou Nelson Mandela e toda a luta contra o apartheid). Com Joaquim Alberto Chissano no poder as relações de cooperação foram gradativamente diminuindo sobretudo por fatores como a renúncia ao marxismo pela FRELIMO que fez em 1990 o país mudar seu nome apenas para República de Moçambique (como segue até hoje) que ocasionou por parte do partido moçambicano um distanciamento, a Árdua Marcha na RPDC que fez o país começar a se fechar e buscar resolver o grande problema da fome e claro, a queda da URSS que caiu levando antes ou um pouco depois a maioria de seus aliados.

Nos anos 90, Moçambique também estabeleceu relações com a Coreia do Sul e foi desenvolver suas relações de forma mais efetiva nos anos 2000, recebendo ajuda econômica dos sul coreanos que o governo norte coreano considerou um ato provocativo por parte do vizinho. Todavia, as relações com o norte não terminaram e durante o governo de Armando Emílio Guebuza (2005-2015) a amizade entre os dois países ganhou uma nova força e esperanças para um futuro voltassem a se desenvolver de acordo com os interesses mútuos. Desta forma, o governo norte coreano em 2011 voltou a enviar alguns médicos ao país junto a alguns novos remédios produzidos nacionalmente. Em 2011 também foi concluída a estátua que representa a amizade entre os 2 povos, muito forte no passado, a Estátua de Bronze de Samora Machel erguida em Maputo por trabalhadores norte coreanos do Estúdio de Artes Mansudae.

Desde a eleição de Filipe Jacinto Nyus em 2015, as boas relações parecem ter se normalizado, inclusive com ele recentemente dizendo ao representante da RPDC em Moçambique (pode-se dizer embaixador, embora não aja embaixada oficial) o seguinte: "As relações duradouras de amizade e de cooperação entre Moçambique e a RPDC serão cada vez mais fortes.
Agradecemos ao governo e ao povo da RPDC por terem sempre apoiado e prestado apoio material e moral ao governo e ao povo de Moçambique.
Esperamos o sucesso do povo coreano nos esforços para construir uma potência socialista e reunificar o país sob a sábia orientação do Marechal Kim Jong Un."

Em 2016, ocorreu um encontro de membros do Partido do Trabalho da Coreia e do FRELIMO em Pyongyang.
O Ministro das Relações Exteriores da RPDC, Ri Su Yong e Pak Kun Gwang, Vice Diretor do Departamento de Assuntos Internacionais do PTC lideram a representação do PTC enquanto Eliseu Joaquim Machava, Secretário Geral do FRELIMO liderou a delegação moçambicana. Na conversa Machava disse que Moçambique "Expandirá e desenvolverá as relações de amizade e cooperação com o PTC em um nível elevado. " e foram estabelecidos protocolos de relações bilaterais. Ri Su Yong disse que o "PTC fará esforços positivos para impulsionar as relações tradicionais de amizade e cooperação com o Partido da Frente de Libertação de Moçambique ".

Reunião de 2016: https://nkleadershipwatch.wordpress.com/2016/05/26/ri-su-yong-meets-with-mozambique-delegation/

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