segunda-feira, 25 de maio de 2020

Relações diplomáticas vendidas e compradas com dólares



Artigo publicado em 5 de outubro de 1990 no diário Rodong Sinmun.

O curso de avanço da história é sempre acompanhado pelo processo de ascensão e queda, mudança de alinhamentos de países e nações. Incluiu capítulos que brilham com reputação e honra e incidentes marcados por escândalos e máculas.

A União Soviética, mudando radicalmente sua posição, decidiu estabelecer "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul desta vez, e isso pertence à última categoria, ousamos dizer.

Segundo os informes da imprensa estrangeira, um "comunicado conjunto" sobre a decisão de abrir "relações diplomáticas" entre União Soviética e Coreia do Sul foi publicado em Nova Iorque em 30 de setembro. Não há nenhum mistério nisso. É apenas a materialização dos rumores que tem estado constantemente à tona. Um bom escrutínio aponta que a água fluiu em seu próprio curso. Porque o estabelecimento o estabelecimento destas "relações diplomáticas" que mancham a reputação da União Soviética ocorre em um momento em que a União Soviética desce ladeira abaixo, afundando em caos e confusão no vórtice da "perestroika".

Nas conversações entre os ministros das relações exteriores de RPDC e União Soviética no início de setembro em Pyongyang, o lado soviético, explicando as "circunstâncias inevitáveis" que os obrigaram a decidir estabelecer "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul, enfatizou categoricamente a União Soviética de hoje não é a mesma do passado, mas um "Estado completamente novo" e uma "nova sociedade".

Por vários canais no período posterior, o lado soviético sustentou que a abertura das "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul "provém dos interesses da União Soviética" e que se trata da uma questão "a ser decidida pela própria União Soviética, um Estado soberano", não precisando de "aprovação" de ninguém.

Para resumir a longa história, isso significou que a União Soviética de hoje não é mais a União Soviética do passado que aderia ao internacionalismo socialista, mas um Estado que degenerou em outro caráter e, portanto, encontra-se em busca de "novos amigos" que correspondam a isso e que não precisa hesitar em prejudicar os interesses de outros países e nações e mesmo seus aliados, em benefício próprio. E, se nos fez uma promessa em relação a suas relações com a Coreia do Sul, ela não é mais válida.

De certo modo, pode ser considerada como uma confissão franca.

No entanto, enquanto ao subterfúgio, achamos necessário dizer o que queremos dizer e ajustas as contas.

Há apenas alguns anos, a máxima autoridade da União Soviética disse que a URSS nunca mudaria sua posição de princípio em relação à Coreia do Sul.

O chefe da diplomacia soviética nos disse também mais de uma vez não só que não há mudanças na posição de princípio sobre a Coreia do Sul e que não estavam dispostos a reconhecer oficialmente a Coreia do Sul ou estabelecer relações políticas ou diplomáticas com este.

Hoje a União Soviética jogou todos esses compromissos inequívocos na lixeira e decidiu estabelecer "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul. Isso pode ser descrito de outra forma que não seja "traição" ?

A União Soviética ignorou e sistematicamente violou o Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua firmado entre RPDC e URSS.

Fala sobre "reconhecimento da realidade" e "mudança de situação" em uma tentativa de justificar o comportamento indecente.

No que diz respeito à União Soviética, ela foi responsável junto aos Estados Unidos por dividir a Coreia no Paralelo 38 após a Segunda Guerra Mundial e, ao mesmo tempo, foi o primeiro país a reconhecer a RPDC como único Estado legítimo da nação coreana.

O estabelecimento de "relações diplomáticas" da União Soviética com a Coreia do Sul significa reconhecer legalmente a existência de "duas Coreias" na Península, abandonando seus compromissos e cometendo atos separatistas contra a reunificação da Coreia, mesmo que use "reconhecimento da realidade" como escusa.

Quanto ao seu argumento sobre "mudança de situação", não se trata de mudança de situação, mas da mudança de posição e ponto de vista da União Soviética.

Se a violação de compromissos da União Soviética resultasse de uma mudança de poder como em outros países, seria compreensível até certo ponto.

Porém, no caso da União Soviética é bem diferente.

Do fato de que aqueles que se comprometeram agora voltam atrás em suas palavras, fingindo inocência, podemos ver em tal medida o seu valor moral e padrão de consciência.

De fato, a própria história de luta severa do povo soviético desde a Revolução de Outubro é agora negada e definida como "era de trevas". Sendo assim, não importa para eles descartar os compromissos que haviam assumido outrora.

Quando o estabelecimento das "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul é visto de outro ângulo, não importa quais sejam suas intenções subjetivas, em análise final, não pode ser interpretada de outra forma de abertamente se juntar aos Estados Unidos em sua estratégica básica destinada a congelar a divisão da Coreia em "duas Coreias" nos isolando internacionalmente e nos guiando à "abertura" e finalmente derrubar o regime socialista em nosso país.

Vendo pelo atual ponto de vista da União Soviética, que torna regra inquestionável evitar confrontos e estabelecer "relações de companheirismo" entre as superpotências, não há nada estranho nesta se unir e cooperar com os EUA na política de "duas Coreias", traindo um velho amigo.

Isso significa a formação da conclusão tripartida EUA-URSS-Coreia do Sul acerca da Coreia e será um elo em cadeia para desorganizar o socialismo na Ásia de acordo com a estratégia de "transição pacífica".

A reunificação de países divididos hoje é uma inevitável tendência dos tempos. Na Coreia também o desejo ardente do povo pela reunificação está mais elevado que antes.

Neste mesmo momento, a União Soviética reconheceu a Coreia do Sul como um "Estado" contra a tendência dos tempos e fez uma reviravolta a fim de obstruir a reunificação e incitar a divisão, afirmando que existem "dois Estados" na Coreia. Isso não pode ser interpretado de outra forma que não seja de tomar medidas conjuntas com os Estados Unidos.

Nós não apenas alertamos a União Soviética que se estabelecida "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul isso iria fundamentalmente contra a causa de reunificação da Coreia, aumentaria os infortúnios e sofrimento do povo coreano pela divisão nacional, quebrar o balanço de forças, agravar a confrontação norte-sul e fomentar a corrida armamentista, como também elevaria ao extremo a situação da Península Coreana.

Estes avisos foram, entretanto, ignorados.

Enquanto existirem forças dominantes no mundo, as práticas de interferir no destino de países e nações pequenos e vitimá-los não cessarão.

Isso é confirmado pela invasão armada dos EUA ao Panamá no final de 1989, logo após as conversações em Malta.

O estabelecimento das "relações diplomáticas" da União Soviética com a Coreia do Sul não pode ser meramente considerado confinado a si mesmo.

As "conversações de cúpula URSS-Coreia do Sul" foram realizadas nos EUA em junho passado através dos bons escritórios do Presidente dos EUA, Bush, e como extensão direta disso, o estabelecimento da "relações diplomáticas" entre União Soviética e Coreia do Sul foi anunciado no solo dos EUA. Este fato pro si só sugere fortemente que é fruto do conluio entre URSS e EUA por trás das cortinas.

Fica evidente através disso no que implica o "novo modo de pensar" o "estabelecimento de relações internacionais sem viés ideológico" defendidos ferrenhamente pela URSS.

Isso significa, em sua essência, fazer-se amigo do Tio Sam, aceitando humildemente todas suas demandas e ganhando seus favores a fim de preservar a paz.

Portanto, pode-se dizer que é um resultado lógico natural que a União Soviética não queira se opor aos EUA em apoio ao seu aliado, a RPDC, no que diz respeito à questão coreana, mas tenta subordinar a RPDC ao seu plano estratégico, de mãos dadas com seu "companheiro", os Estados Unidos.

Outra "circunstância inevitável" que forçou a União Soviética a estabelecer "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul, explicada pelo lado soviético em Pyongyang, é que a URSS não ter outra alternativa a não ser estabelecer "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul já que sua economia está totalmente arruinada e enfrenta uma crise agora.

Isso nos lembra um velho ditado que diz: O homem que se afoga agarra-se em qualquer galho. Mas vendo uma coisa dessas realmente acontecendo neste mundo sentimos até uma sensação de futilidade.

Como chegou a esse ponto a União Soviética, que se denominava superpotência do mundo, que se encontra agora à beira do colapso, praticando a política de "restruturação" e agora pedindo por assistência da Coreia do Sul.

De acordo com um noticiário, coincidindo com a notícia de que a União Soviética decidiu estabelecer "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul, foi anunciado em Seul que a Coreia do Sul decidiu conceder "fundo de cooperação econômica" de cerca de 2,3 bilhões de dólares para a URSS.

A União Soviética vendeu a dignidade e honra de potência socialista e os interesses e confiança de um aliado por 2,3 bilhões de dólares.

Os iniciantes soviéticos, que estão se esforçando ao máximo para adquirir o conhecimento básico da gestão econômica capitalista, enquanto transformam a economia socialista em um sistema de economia de mercado, podem se sentir satisfeitos, tendo aprendido que a venda de uma comódite imaterial, que  é o estabelecimento de "relações diplomáticas", a um "preço alto" é uma negociação capitalista lucrativa.

Como todos sabem, moralidade ou obrigação não valem um centavo nas relações capitalistas. Lá tudo é dominado pela consideração inexorável do interesse, pela qual cada um deseja permanecer vivo com o sacrifício do outro.

Para dizer a verdade, todo o curso da URSS até o anúncio do estabelecimento de "relações diplomáticas" com a Coreia do Sul é caracterizado por hipocrisia e traição incitado pela tática de "jogo duplo".

Hoje a Coreia do Sul não está em condição de emitir uma quantia tão colossal de dinheiro. É bem provável que provenha do fundo especial dos imperialistas dos EUA para desorganizar o socialismo.

Quando a União Soviética iniciou a "perestroika" nós desejamos sinceramente seu sucesso no rejuvenescimento do socialismo e a prosperidade e desenvolvimento da URSS.

Ainda agora nós esperamos que a "perestroika" da URSS traga bons frutos.

Para este fim, eles devem confiar nas próprias forças.

Não há mudança na estratégia básica do imperialismo de derrubar regimes socialistas por meio de ameaças militares e chantagem, pressão e subjugação econômicas e desorganização ideológica e cultural.

Um país socialista digno e independente deve reforçar a vigilância contra isso e nunca se envolver nos movimentos astutos dos imperialistas, obcecado por dólares.

A situação global é, de fato, complicada e aguda no momento. A "reconciliação" entre as superpotências é vista como um meio de aliviar a situação internacional. Mas, pelo contrário, está agitando e agravando a situação em algumas regiões.

Apesar da mudança de alinhamento e estabelecimento de laços entre as superpotências, cada um segue buscando seus próprios interesses e seguem tendo grande efeito sobre o mundo; porém o mundo de hoje não é o que apenas segue as vontades das grandes potências.

A presente era é a era da independência.

Não importa o quão sérias sejam as reviravoltas, seguiremos nosso próprio caminho até o fim, desviando das pedras que surjam no caminho.

A história não permite e jamais permitirá traição, injustiça e arbitrariedade.

Nosso povo marchará adiante cheio de confiança na vitória, sem vacilação alguma sob qualquer vento com a bandeira do Juche e defenderá a posição socialista como uma fortaleza inexpugnável e realizará sem falta a causa da reunificação nacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário