quinta-feira, 21 de maio de 2020

Incidente de 18 de Setembro



O Incidente de 18 de Setembro trata-se de um ataque deliberadamente conspirado pelo Japão no nordeste da China, como justificativa para a invasão do imperialismo japonês em todo o território chinês.

Este evento ocorrido no território da então Manchúria em 18 de setembro de 1931 está relacionado também com a Coreia que naquele tempo ocupada pelo imperialismo japonês (desde 1905) foi preparada como "base segura" para a invasão ao continente e teve certo impacto no sistema de dominação colonial dos imperialistas japoneses na Coreia.

O coronel Kenji Doihara, chefe do organismo de serviço especial em Shenyang, e o general Seishiro Itagaki arquitetaram o plano de detonar uma parte da ferrovia em Liutiaogou, a oeste de Beidaying, Shenyang, sob administração de uma companhia japonesa e acusaram militares chineses de sabotagem. Naquela mesma noite lançaram um ataque surpresa contra quarteis da região, ocupando Beidaying e o aeroporto de Shenyang.

De forma relâmpago, o exército Kwantung e outras tropas que atravessaram o rio Amnok ocuparam sucessivamente as cidades da região nordeste da Manchúria como Andong, Yingkou, Changchun, Fengcheng, Jilin e Dunhua.  Em menos de cinco dias, os agressores já ocupavam a maior parte do extenso território das províncias de Liaoning e Jilin e estenderam a área de conflito à Jinzhou.

Na manhã de 18 de setembro, antes do ocorrido, para tentar evitar suspeitas, o coronel Kenji Doihara estava em Seul onde visitou Kanda Masatane, oficial superior do Estado-Maior do exército imperial japonês na Coreia com quem manteve conversações particulares. Pouco depois também chegou em Seul o general Watanabe Gotaro, chefe do quartel-general de aviação que participou de um banquete no restaurante denominado Paekunjang junto com o general Hayashi Senguro, comandante do exército estacionado na Coreia.

Através desta trama, os imperialistas japoneses anexaram a Manchúria e se prepararam para empreender futuramente uma nova guerra sino-japonesa, visando tomar todo o território chinês que ainda tinha o governo central comandado por Jiang Jieshi, que viria a estalar em 1937 com o Incidente de Lugouqiao.

A região onde ocorreu o incidente era até então controlada pelas tropas de Zhang Xueliang do Kuomintang que, sob orientação de Jiang Jieshi, manteve a política de “manter prudência e evitar o choque, por todos os meios, quando exista provocação por parte do exército japonês". Sem sucesso em sua plano conciliador, as tropas de Zhang se retiraram de Shenyang sem oferecer resistência

Ademais, depois do Incidente de 18 de setembro, o governo de Jiang Jieshi, em Nanjing, publicou uma declaração capituladora chamando o povo e o exército de toda a China a mostrar serenidade e paciência, sem resistir ao exército japonês, o que causou grande descontentamento da população, especialmente os quadros antijaponeses coreanos e chineses.

Após esse evento, onde o imperialismo japonês estendia suas garras de agressão, a exploração colonial e o recrudescimento das leis fascistas do governo colonial na Coreia foram impulsionados. A década de 1930 é marcada pela fome em vastas áreas da Coreia com a imposição do sistema de "entrega de grãos", ademais da exploração massiva de recursos naturais do país pelos imperialistas japoneses.

O grande Líder camarada Kim Il Sung que residia em território chinês naquele tempo, disse o seguinte - segundo transmite em suas memórias "No Transcurso do Século" - sobre aquele trágico evento:

"A Manchúria se converteu na guarida do tigre. É aqui onde podemos caçar a fera, o imperialismo japonês. Já chegou a hora de lutar com armas. Nestas circunstâncias em que devemos ganhar, em uma batalha decisiva, para recuperar a dignidade humana."

Assim seria intensificada a luta armada antijaponesa dos coreanos residentes na China e a luta dos chineses antijaponeses, que ao longo das várias batalhas travadas contra o inimigo comum se tornaram forças unidas e companheiras.

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