quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Empreendamos com audácia as operações de dispersão em consonância com a atual conjuntura


Discurso proferido na Conferência de Quadros Militares e Políticos do Exército Revolucionário Popular da Coreia, efetuada em Hualazi, distrito de Antu, em 3 de abril de 1940.

Camaradas:

Desferimos contundentes golpes político-militares aos agressores imperialistas japoneses no curso das operações de manobra circular com grandes unidades que empreendemos a partir do outono do ano passado, em extensas zonas ao nordeste do monte Paektu.

Como todos sabem, em setembro do ano passado os imperialistas japoneses instalaram um novo "comando de tropas e castigo" em Jilin e com a mobilização de centenas de milhares de efetivos, incluídos o exército Guandong e o exército manchu títere, realizaram operações de "castigo" contra o Exército Revolucionário Popular da Coreia. Criando "corpos de castigo" zonais sob a jurisdição do "comando de tropas de castigo" e introduzindo seus efetivos até nos recônditos lugares montanhosos, se empenham obstinadamente em assediar e assaltar nossos acampamentos secretos.

Frente a estas ações do inimigo, fizemos uma manobra circular com grandes unidades por extensas zonas ao nordeste do monte Paektu, golpeando o inimigo em distintos lugares. Quando este tentava cercar as unidades do Exército Revolucionário Popular, atacávamos com audácia seus pontos débeis e nos retirávamos dali como um relâmpago, para deslocar-nos a um lugar completamente inesperado e golpear o inimigo que ali se encontrava.

No inverno passado deixamos despistadas nas zonas de Antu e de Helong as principais forças de "castigo" dos imperialistas japoneses, que tratavam de realizar seu plano de "castigar" as unidades do ERPC, e seguindo um itinerário secreto irrompemos por surpresa na recôndita zona de Dunhua, onde golpeamos o inimigo em Liukesong e Jiaxinzi e nos retiramos sigilosamente dali. Quando o inimigo, concentrando suas forças na profunda região montanhosa de Dunhua, andava em busca do ERPC, organizamos cursos político-militares em Baishitan. E quando o inimigo encontrou este acampamento e o atacou, nós irrompemos de novo nas zonas próximas ao rio Tuman e desferimos golpes mortais ao inimigo em Damalugou e Hongqihe, com o que logramos neutralizar sua tentativa de levar a cabo a "operação de assédio e aniquilamento".

O fato de que no inverno passado as unidades do ERPC provocaram pânico entre o inimigo ao dizimas suas tropas de elite, entre outras a de Maeda, considerada "unidade sempre vitoriosa" e "príncipe das operações de castigo", é uma poderosa demonstração da superioridade política e ideológica do ERPC e de suas hábeis táticas guerrilheiras.

Na luta armada contra o imperialismo japonês pudemos percorrer um caminho vitorioso graças a que tivemos como princípio básico da guerra de guerrilhas conservar ao máximo nossas próprias forças e debilitar e aniquilar sem cessar o inimigo e tomamos com firmeza a iniciativa, empurrando-o à uma posição passiva e aproveitando suas debilidades.

Depois da fundação da Guerrilha Popular Antijaponesa, frente à "operação de terra arrasada" e a de assédio e ataque que os imperialistas japoneses puseram em prática contra as bases guerrilheiras nas zonas próximas ao rio Tuman, aplicamos a tática de vincular estreitamente a defesa ativa apoiada nessas bases com as operações de assédio da retaguarda do inimigo e assim pudemos destruir suas manobras. Também no período em que atuamos na parte sudoeste do monte Paektu e durante as últimas operações invernais frustramos com êxito os planos do inimigo e obtivemos vitórias ao utilizar, de acordo com as exigências da guerra de guerrilhas, diversas táticas e métodos de combate, entre outros, a combinação das ações com grandes e pequenas unidades e as operações de manobra circular com grandes unidades por um itinerário secreto, para fazer frente à "tática de perseguição prolongada", o "assédio e aniquilamento" dos acampamentos secretos e outros planos do inimigo.

Hoje nos apresenta a tarefa de consolidar a vitória alcançada nas operações de manobra circular com grandes unidades e traçar a orientação de luta conforme o requisito da nova situação para seguir levando a iniciativa na luta armada.

Na atualidade, a situação se tornou mais grave que nunca devido às operações "punitivas" dos imperialistas japoneses e sua intenção de provocar uma nova guerra de agressão, motivo pelo qual as unidades do ERPC afrontam séria dificuldades.

Os imperialistas japoneses, que sofreram derrotas ignominiosas na operação de "castigo invernal" contra o ERPC, após prolongar o prazo da "campanha especial para preservar a paz e estabelecer a segurança do Sudeste", perpetram uma ofensiva de "castigo" sem precedentes contra o ERPC com a intenção de vingar-se de suas derrotas e não deixar barato.

O inimigo está reforçando e alocando unidades de elite japonesas e outras do exército manchu títere e de polícias nas regiões ao nordeste do monte Paektu, onde opera o grosso do ERPC, e mobilizando até aviões, rastreia aparatosamente as montanhas e vales destes lugares, em cujo centro se encontra Antu.

Os agressores se empenham em concentrar seu "castigo" contra o ERPC, acrescentando a chamada "tática de guerrilha" a diversas táticas de "castigo" que vêm aplicando, entre outras, a "tática de perseguição prolongada" e a "tática de deslocamento em pontos importantes", entre as quais a principal é o sistema de responsabilização por zonas. Aceleram freneticamente as obras de instalações militares, sobretudo a construção de estradas e de redes de linhas telefônicas de uso militar até nos intricados vales ao nordeste do monte Paektu.

Para dissipar definitivamente a "campanha especial para preservar a paz e estabelecer a segurança no Sudeste" dos imperialistas japoneses e seguir impulsionando continuamente a revolução coreana em meio a esta situação, é preciso que as unidades do ERPC passem às operações de dispersão. Seguir enfrentando o inimigo em grandes unidades, sem ter em conta as mudanças nas circunstâncias, seria uma ação militar insensata. Se procedemos assim, nossas forças armadas podem sofrer perdas desnecessárias. Somente quando as unidades do ERPC passem a atuar de modo disperso poderemos desbandar e debilitar as forças do imperialismo japonês, alocadas concentradamente, e conservar e aumentar as forças revolucionárias, assim como materializar a orientação estratégica de por sob nosso controle as zonas fronteiriças setentrionais com o monte Paektu como centro, para expandir e desenvolver a luta armada ao interior do país.

Com vista a realizar com êxito as atividades em dispersão, é necessário, em primeiro lugar, reestruturar devidamente as unidades.

Até a data as filas do ERPC estavam formadas em grandes unidades de acordo com as exigências das operações de manobra circular no nordeste do monte Paektu, porém desde agora devemos reformá-las conforme as exigências da operação de dispersão, de modo que os regimentos se encarreguem separadamente das zonas ao nordeste do monte Paektu e das áreas fronteiriças setentrionais com este monte no centro, e que as ações sejam realizadas por companhias.

Para levar a bom término as operações dispersas, também é preciso aplicar com habilidade diversas táticas e métodos de guerra de guerrilhas.

As experiências mostram que por mais superior que seja em número o inimigo que nos ataca, podemos vencê-lo tomando sempre a iniciativa, se aplicamos de maneira correta as táticas e métodos de combate de guerrilha, conforme as circunstâncias específicas e as peculiaridades geográficas.

Em vista das atuais circunstâncias, é importante aplicar nas atividades dispersas a tática de golpear sucessivamente. Dado que o inimigo controla as zonas importantes divididas e encarregadas permanentemente a suas unidades, devemos assaltar sucessivamente seus lugares de acantonamento e instalações militares, sem dar-lhes tempo de reagir.  Deste modo tempos que cansá-lo e debilitá-lo até que seja incapaz de manter e consolidar as zonas sob seu controle.

Nas operações de dispersão também se deve aplicar a tática de golpear repetidamente. Não devem limitar-se a atacar uma só vez os ninhos do inimigo, mas voltar a fazê-lo quando diminuam as tensões, quando eles acreditariam que não haveria outro golpe, para que estejam sob permanente temor.

Ademais, é necessário valer-se da tática de golpear simultaneamente vários pontos importantes do inimigo. Atacando-o ao mesmo tempo, devem deixá-lo em um estado tão isolado que não possa ajudar-se reciprocamente.

A aplicação das táticas de golpes sucessivos, repetidos e simultâneos constitui uma via eficiente para atar o inimigo pelos pés e mãos, fazê-lo renunciar seu plano de ação original ao sentir-se extremamente inquieto e extenuado, após perder a iniciativa e a orientação.

As unidades do ERPC, ao mesmo tempo que aniquilam o inimigo e o brigam a passar à defensiva com a aplicação ativa de novas táticas e métodos de combate, devem controlar de modo seguro as zonas fronteiriças setentrionais com o monte Paektu no centro, para ampliar sem cessar o alcance da luta armada no interior do país.

Estreitar os laços com a população é uma garantia importante para assegurar o êxito das atividades em dispersão.

A fonte das forças com que vencemos o inimigo até agora radica em haver fortalecido nossos laços com as massas populares. Dado que hoje os imperialistas japoneses mantém uma rigorosa rede de vigilância e estão atuando sinistramente para cortar os vínculos entre nosso ERPC e a população, se deve prestar atenção especial a este aspecto.

Com o fim de cortar ditos vínculos e não deixar apoio algum ao ERPC, os imperialistas japoneses incorporaram as "aldeias de concentração" de todas as zonas rurais, desdes as recônditas áreas montanhosas até as próximas às cidades, à "organização confederal", e mediante o deslocamento de policias e corpos de autodefesa armados nos povoados, intensificam a vigilância como nunca antes. Para bloquear economicamente o ERPC, até finais do ano passado criaram "aldeias de concentração" em quase todas partes onde consideravam necessário ao mesmo tempo que exercem controle mais rigoroso sobre os víveres e castigam atém quem possuem provisões como o sal em quantidade um pouco superior à necessária, qualificando-as de "pessoas que se confabulam com os bandidos comunistas".

Frente a esta situação, e para passar às operações em dispersão e golpear o inimigo, atacando seus pontos importantes em todas partes, as unidades do ERPC devem estreitar as relações com a população e receber sua ajuda. Se não recebem eles os fornecimentos como víveres, roupas e medicinas, assim como a informação acerca do inimigo, não se pode esperar a vitória nos combates.

Os chefes e soldados do ERPC, profundamente conscientes de que sem o sólido apoio das massas populares não podem avançam nem um passo, ante às cada vez mais astutas manobras do inimigo, deverão prestar uma atenção especial a estreitar as relações com elas.

Em primeiro lugar, tem que penetrar profundamente entre a população para realizar com energia o trabalho político encaminhado a mostrar-lhes a inevitabilidade da vitória de nossa revolução e da derrota do imperialismo japonês, assim como a tarefa de restabelecer e ampliar as organizações revolucionárias destruídas. Deste modo lograrão que a população não perca a fé na vitória por cima das dificuldades conjunturais, ajude ativamente o ERPC e mantenha estreitas relações com ele.

Outro assunto importante para fortalecer os laços com o povo é estabelecer uma rigorosa disciplina revolucionária entre os chefes e soldados do ERPC com respeito às massas. Não devem danificar nem no mínimo a vida e os bens do povo e devem ajudá-los como se fossem seus irmãos carnais, em qualquer lugar e momento. Assim mostrarão sem reservas os traços político-morais correspondentes a um exército do povo e farão com que a população, confiando sinceramente no ERPC, se entregue por completo à sagrada guerra antijaponesa.

A nova tarefa revolucionária que enfrentamos hoje e a situação atual exigem que lutemos tenazmente, vencendo as dificuldades e manifestando mais do que nunca a fé na vitória da revolução.

Até a data, durante quase dez anos, viemos empreendendo combates sangrentos em aras da independência da Pátria e da liberdade e emancipação do povo, cruzando e recruzando as escarpadas cordilheiras do Paektu, sob intenso frio de 40 graus abaixo de zero ou no sufocante calor de agosto. Supondo que por dia caminhamos por média 20 quilômetros, a trajetória que percorremos durante os últimos 10 anos equivaleria a uma larguíssima marcha, de 80 mil quilômetros. Porém temos que estar dispostos a caminhar várias dezenas de milhares de quilômetros a mais para a vitória final de nossa revolução, para expulsar os imperialistas japoneses da Coreia e obter sua libertação e independência. Para conquistar a vitória final, superando as severas dificuldades neste caminho, devemos lutar com inabalável fé na vitória da revolução.

Ao igual que a primavera chega após o inverno, nos também, se nos sobrepomos às difíceis conjunturas de hoje, acolheremos sem falta o dia da vitória. Todos temos que vencer as dificuldades e as provas com uma firme fé na vitória da revolução e manter até o fim sua bandeira sem menor vacilação.

Todos os chefes e soldados do ERPC assimilarão corretamente a lei do desenvolvimento social de que, inevitavelmente, o novo triunfa e o caduco se arruína, e se armarão firmemente com lineamentos, táticas e com a estratégia da revolução coreana.

Se equiparão, ademais, com um amor fervente pela Pátria e povo e com um espírito de luta resoluta contra o inimigo. Ao mesmo tempo, possuirão um profundo sentimento de camaradagem e dever revolucionário com que devem estimar infinitamente os camaradas da revolução.

Hoje combatemos contra os imperialistas japoneses a partir de claros objetivos e estratégias e táticas corretas. O ERPC possui suficiente poderio para vencer o inimigo e com o tempo se fará mais forte.

Estou seguro de que todos os chefes e combatentes do ERPC, com uma firme fé na vitória, empreenderão de modo dinâmico as operações em dispersão para superar a difícil situação e assim alcançarão uma ressoante vitória, frustrando por completo a "campanha especial para preservar a paz e estabelecer a segurança no Sudeste" do imperialismo japonês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário