quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Anunciemos ao povo a aurora da restauração da Pátria com uma ofensiva de grandes unidades ao interior do país


Discurso proferido na Conferência de Quadros Militares e Políticos do Exército Revolucionário Popular da Coreia, celebrada em Xigang, distrito de Fusong, em 29 de março de 1937.

Camaradas:

Em fevereiro do ano passado traçamos em Nanhutou a estratégia de deslocar o Exército Revolucionário Popular da Coreia às regiões fronteiriças e estender paulatinamente o cenário da luta a seu interior.

Como resultado de um trabalho tenaz para cumpri-la, assentamos em pouco tempo as bases sólidas.

Sobretudo, ampliamos a rede da Associação para a Restauração da Pátria nas vastas zonas dentro e fora do país.

Graças à vigorosa atividade dos agentes políticos clandestinos enviados a diversos lugares depois da constituição da Associação já existem hoje organizações de instâncias inferiores em Hyesan, Kapsan, Phungsan e outras regiões da Coreia setentrional, na Coreia Central, incluindo Pyongyang, e incluso na Coreia meridional. A Associação arraigou-se em extensas zonas da China habitadas por coreanos. Este ano foi formado o Comitê da ARP no distrito de Changbai, e como organização no interior do país se constituiu a União de Libertação Nacional da Coreia.

A expansão da rede da ARP tem um grande significado para fortalecer ainda mais a base de massas de nossa revolução, animar energicamente as amplas forças patrióticas antijaponesas ao sagrado combate pela restauração da Pátria, desenvolver a Luta Armada Antijaponesa nas zonas mais extensas e acelerar os preparativos para a fundação do partido.

Criamos também um novo tipo de base revolucionária na região, com a zona de selvas de Paktu como centro.

Depois da Conferência de Nanhutou fizemos grandes esforços para estabelecer regiões estratégicas que pudessem desempenhar um papel importante para estender a luta armada ao país e promover um grande auge no movimento revolucionário ali. Nas extensas regiões no arredor do monte Paektu, lugares favoráveis para as ações do Exército Revolucionário Popular tanto pela natureza e geografia como pela composição da população, organizamos e empreendemos numerosos combates, nos quais aplicamos contundentes golpes político-militares ao inimigo, colocamos sob nosso controle as milenares zonas de selva virgem de Paektu e os vastos territórios no arredor, estabelecendo múltiplos acampamentos secretos nessas zonas.

Deste modo instalamos a base de Paektu, oculta para o inimigo, enlaçando estreitamente os acampamentos secretos - preparados em grande número nas profundas e florestais zonas ribeiras dos rios Amnok e Tuman -, com as organizações revolucionárias clandestinas arraigadas entre as amplas massas populares desta região.

A criação da base de Paektu é uma realização de valor transcendente para fazer realidade a orientação que se tomou na Conferência de Nanhutou de promover um grande auge na luta antijaponesa de libertação nacional em nosso país e estender a luta armada ao interior. Com o estabelecimento desta base, o ERPC, partindo dela como firme ponto de apoio, pôde penetrar no coração do país e intensificar ali as ações combativas e políticas, estimulando fortemente o povo à luta antijaponesa de massas.

Sobre a base destes êxitos devemos levar a cabo uma ofensiva de grande envergadura ao interior do país. A situação exige com urgência que o ERPC se interne o quanto antes na Pátria com grandes unidades.

Os imperialistas japoneses estão recrudescendo como nunca a dominação colonialista sobre o povo coreano.

Promulgam diversas leis infames sem precedentes na história e aumentam as instituições de dominação, desatado uma inaudita repressão fascista contra o povo.

Nos últimos tempos fabricaram a "lei de proteção e vigilância contra os delinquentes políticos" e outras leis infames e ampliam em grande escala os organismos de polícia para aplastar a mínima oposição entre o povo coreano. Reforçam sobretudo o aparato da polícia política e infiltram agentes secretos em todas as esferas. Desta maneira, os invasores imperialistas japoneses reprimem cruelmente a ação revolucionária dos operários e camponeses, e detém, encarceram e assassinam impiedosamente os patriotas.

Empenhados em completar os preparativos de guerra para invadir o continente, apressam a militarização da economia, enquanto intensificam ainda mais a desumana exploração e pilhagem contra o povo coreano. Com o objetivo de preparar o trampolim de agressão ao continente, constroem em grande escala - sob o rótulo de "plano de exploração do Norte da Coreia" -, ferrovias, estradas, portos e outras instalações militares na região da Coreia setentrional, mobilizando à força um grande número de habitantes para trabalhos penosos. Ao mesmo tempo, intensificam a exploração dos recursos naturais, saqueiam impiedosamente as matérias-primas de nosso país para usos bélicos.

No ano passado, por causa de uma inundação sem precedentes foram erodidas muitas áreas cultiváveis, diminuindo sensivelmente a colheita de cereais, porém nem mesmo isso deteve os imperialistas japoneses que levaram praticamente todos os produtos agrícolas.

Sua feroz política de pilhagem afundou o povo coreano na fome e na miséria e obrigou muita gente a dedicar-se à mendicidade pelas ruas ou emigrar para terras estranhas.

Falando ruidosamente de que "Japão e Coreia são do mesmo tronco e raiz", recorreram a frenéticas manobras para suprimir a nacionalidade coreana.

Os inimigos tratam de eliminar, por uma parte, nossa língua e alfabeto, para não falar de nossos belos traços morais e costumes e, por outra, tenta encucar em nosso povo o "espírito japonês" levantando em todas partes panteões e templos xintoístas. Nos últimos dias tem intensificado toda classe de infame propaganda, completamente infundada, com a tentativa de desvanecer a esperança no ERPC, afundando o povo na desesperança.

Hoje a Coreia é literalmente um inferno, e sobre a cabeça do povo pairam densas nuvens escuras. No território nacional, que vive uma tenebrosa época, reina um horripilante terror; tanto o povo na pátria quanto inúmeros compatriotas em terras estranhas, sem a esperança da independência, vivem seus tristes dias no abandono, lamentando-se do mundo odioso.

Camaradas:

Nós, como comunistas responsáveis da revolução coreana, não podemos ficar com braços cruzados enquanto nossos pais e irmãos sofrem sob estas nuvens negras. Temos que internar-nos no país com grandes unidades e aplicar demolidores golpes político-militares contra os agressores imperialistas japoneses e inspirar no povo a firme fé na vitória da revolução. Somente o fato dos grandes destacamentos do ERPC, que estão formados por filhos e filhas do povo, serem vistos entrando com passos firmes no interior do país bastaria para dar um grande ânimo ao povo, e tão somente com alguns disparos impregnaríamos neles infinito valor.

Na operação de avanço ao interior do país com grandes destacamentos devemos aniquilar os agressores e por fogo em seu baluarte para demonstrar claramente ao povo que o ERPC está sã e salvo e segue triunfando na sagrada luta pela recuperação da Pátria, os convencendo de que a Coreia será sem falta independente enquanto exista nosso Exército Revolucionário Popular.

Ao Exército Revolucionário Popular da Coreia daremos três direções para a ofensiva com grandes destacamentos: o grosso das forças cruzará o rio Amnok para avançar até Hyesan, um importante ponto de guarda fronteiriça dos imperialistas japoneses; outra unidade bordeará o monte Paektu e cruzará Antu e Helong, caminho das zonas fronteiriças do norte, próximas ao rio Tuman, e a terceiro marchará às comarcas de Linjiang e Changbai, nas ribeiras do Amnok.

A tarefa que se apresenta ante às unidades que marcham às ribeiras dos rios Amnok e Tuman consiste em realizar vigorosas ações político-militares em um território extenso e aplicar golpes demolidores aos agressores imperialistas japoneses, e dispersar e debilitar por um tempo seus efetivos concentrados na zona de Changbai, provocando um grande descontentamento na guarda fronteiriça, para assegurar assim o êxito do avanço das forças principais ao país.

O grosso das unidades que se adentram no país deverá estar muito bem preparado apoiando-se na base do monte Paektu, e logo atravessar inadvertido a linha de vigilância fronteiriça.

Se fixamos o setor de Hyesan como a direção principal desta operação foi porque se apresenta como favorável para alcançar com êxito o objetivo. Esta zona ligada por extensos bosques com a base do monte Paektu oferece vantagens desde o ponto de vista militar e geográfico, para as ações do ERPC, e é favorável para levar a luta armada ao coração do país. É, ademais, uma região onde foi constituída a União de Libertação Nacional da Coreia, organização no interior do país da Associação para a Restauração da Pátria, e outras agrupações de massas revolucionárias, que estão apoiando e respaldando com paixão a atuação de nosso Exército Revolucionário. Nesta região atua também um bom número de nossos agentes políticos clandestinos.

Temos que internar-nos no país e combater com habilidade e audácia para varrer implacavelmente os imperialistas japoneses e seus lacaios, os elementos pró-japoneses e traidores da nação, prender a chama da vingança nos postos de polícia e em outros baluartes inimigos, descarregando assim a fúria que o povo guarda no fundo do coração. E tiraremos também dos cárceres os patriotas e os homens e mulheres inocentes que ali estão.

Combinando intensas atividades políticas com ações militares despertaremos no povo a consciência classista, e lhe daremos ânimo para levantar-se à sagrada batalha pela recuperação da Pátria.

Realizando em grande escala as ações político-militares no seio do país demonstraremos ao mundo inteiro que a Coreia não está morte, mas que está bem viva; que o povo coreano segue sua resistência ao invasor imperialista japonês; que não reconhecem o absurdo de que "Japão e Coreia são do mesmo tronco e raiz".

Não devemos limitar-nos a esta ofensiva ao interior do país, mas repeti-la com grandes unidades para cair com golpes mortais sobre o inimigo e culminar a histórica causa da restauração da Pátria. Temos que predominar no militar nas regiões setentrionais do país e ensanchar a base do monte Paektu até a cordilheira Rangnim, que servirá de apoio para levar a um grande auge a revolução coreana em seu conjunto, que tem como eixo a Luta Armada Antijaponesa.

Redobrar a ofensiva político-militar nas regiões fronteiriças do Norte constitui uma iniciativa que fará possível repelir a violenta ofensiva de "castigo" dos agressores contra o ERPC e aproximar a vitória decisiva de nossa revolução.

Recentemente, os imperialistas japoneses, com o propósito de realizar a batalha total contra o ERPC, nomearam governador-geral da Coreia o tristemente famoso militar fascista Minami, deslocaram o grosso de suas forças de agressão na Coreia e na Manchúria, declararam como zona especial a região de Dongbendao, onde o ERPC está operando com mais intensidade, e instalaram incluso um "comando de tropas de castigo" em Tonghua. Deste modo, mobilizando abundantes forças armadas, como o exército japonês, o exército manchu títere, a polícia e os corpos de autodefesa armados, empreendem ataques de grandes dimensões contra nosso Exército Revolucionário. Ademais, fazem esforços desesperados para consolidar como "muralha de aço" a linha de guarda fronteiriça com a tentativa de deter o avanço do ERPC ao interior do país.

A ofensiva com grandes unidades sobre o interior do país, empreendida quando os imperialistas japoneses desatam uma operação de "castigo" total e de grande envergadura contra o ERPC, tem muita importância não somente para frustá-la mas também para sacudir os mesmos fundamentos do sistema de dominação colonialista do imperialismo japonês na Coreia. Irrompendo com grandes unidades no país e desenvolvendo ofensivas político-militares poderemos unir os comunistas do interior do país no aspecto orgânico e ideológico e agrupar firmemente as amplas massas na frente unida nacional antijaponesa, o que dará muito mais vigor a nossas forças revolucionárias.

Como tarefa imediata para levar a cabo com êxito a ofensiva ao interior do país há que preparar bem no político e ideológico aos membros do ERPC. A boa preparação política e ideológica é a condição chave para a vitória do combate. Somente assim os soldados poderão cumprir nesta operação não só o dever de combatentes mas também atuar como ativistas políticos.

Há que explicar bem a todos guerrilheiros os fins e a significância da marcha à Pátria e inspirar neles infinito fervor patriótico, firme fé na vitória da revolução e ódio implacável ao inimigo. Tem suma importância sobretudo aproveitar esta oportunidade de internamento no país para que todos os soldados conheçam bem a Pátria. Sem conhecê-la bem não poderá ter orgulho nacional nem dignidade de revolucionário, nem sentir amor ardente à Pátria. Em todas as unidades se deverá ensinar corretamente aos soldados a história e geografia de nosso país, falar-lhes das nobres virtudes e costumes do povo. Na preparação política e ideológica dos soldados se procurará elevar ainda mais o papel das organizações políticas nas unidades.

Para o bom êxito do avanço à Pátria é necessário, ademais, efetuar perfeitamente a preparação combativa. Sem uma boa preparação combativa não poderemos passar pela bem fortificada linha de guarda fronteiriça do inimigo nem realizar com habilidade as ações de combate por todo o país.

Assim sendo, primeiro devemos realizar bem os exercícios de combate. Organizando e efetuando com urgência o treinamento de combate e a instrução política fortaleceremos ao máximo a combatividade das unidades. Nesta preparação militar e política cada unidade deverá instruir todos seus soldados em nossos métodos de guerra de guerrilhas e lograr que saibam manejar bem suas armas e demais equipamentos técnicos bélicos e sejam bons na arte de tiro. Instruir-lhes também no acatamento aos regulamentos militares estabelecidos.

Dentro da preparação de combate é preciso também conseguir o necessário fornecimento de vestuário, calçados, aprovisionamento e outros materiais. Já que entramos no país, necessitamos estar bem abastecidos de tudo o que se necessita para a intendência.  Em particular, é preciso preparar em quantidade suficiente uniformes novos para todos os soldados.

Estou firmemente convencido de que todos os comandantes e soldados, bem conscientes da importância de seu dever revolucionário, cumprirão com brilhantismo a sagrada tarefa da ofensiva à Pátria.

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