sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

A interferência de forças estrangeiras é fonte de infortúnio e desastre


Lições aprendidas com a história do Oriente Médio em meio à guerra.

A humanidade deseja viver feliz num mundo sem ameaças à sua sobrevivência, num lugar pacífico e estável para viver.

Contudo, o mundo hoje não está em paz. Os imperialistas, com sua ambição de dominar o mundo, agravam as contradições e desconfianças e criam complexidade na resolução dos problemas ao interferir arbitrariamente nos assuntos de vários países e regiões. Como resultado, as chamas do conflito estão aumentando e o som da guerra ressoa ruidosamente em vários países e regiões.

O fato de que o Oriente Médio se tornou hoje uma zona de conflito e um dos pontos mais candentes do mundo é uma tragédia causada pela ambição dos imperialistas de dominar o mundo.

O Oriente Médio foi chamado de diversos nomes, como Oriente Médio e Próximo e Oriente Próximo, como um conceito regional eurocentrista. Diz-se que o conceito de Oriente Médio surgiu no século XX, à medida que se intensificava o avanço das potências europeias na região.

As grandes potências têm estado envolvidas numa competição feroz pelo controle da região do Oriente Médio há muito tempo.

Um acadêmico do Ocidente comentou sobre a importância geopolítica do Oriente Médio:

"A importância militar do Oriente Médio torna-se clara quando se consideram as importantes rotas de transporte marítimo que passam pelo Oriente Médio, a sua localização geográfica na interseção de três continentes, a sua vasta produção e incríveis reservas de petróleo bruto. Alguns estrategistas compararam a Ásia Menor a um porta-aviões gigante ancorado. O Oriente Médio é uma região militar estratégica muito importante onde se pode atacar a Europa Central e Oriental ao norte e a Península Arábica, África e Índia ao sul. A costa norte do Norte de África é um elo estratégico no controle da região do Mediterrâneo e do sul da Europa."

Geograficamente, esta região abrange uma vasta área que inclui o Planalto Iraniano, a Península da Ásia Menor, a Península Arábica e a Planície da Mesopotâmia, e há muito que é chamada de “Encruzilhada dos Três Continentes”, pois é um ponto chave que liga Europa, Ásia e África. É também um centro de transporte que pode controlar o Estreito de Gibraltar, o Canal de Suez, o Estreito de Mandab e o Estreito de Ormuz. A região do Oriente Médio é rica em recursos subterrâneos e, em particular, mais de 70% das reservas mundiais de petróleo bruto estão concentradas lá. As costas dos mares Cáspio e Vermelho são conhecidas como áreas de produção de petróleo bruto de classe mundial. A região do Oriente Médio é chamada de "depósito de petróleo do mundo”.

Devido a estas características geopolíticas e à abundância de recursos, várias potências estrangeiras voltaram-se para o Oriente Médio, o que se tornou o fator fundamental que levou a região a um vórtice de guerra sem fim.

Nos tempos modernos, a complexidade das questões do Oriente Médio foi criada pelos Estados Unidos e está se aprofundando ainda mais.

Os Estados Unidos veem o controle do Oriente Médio como uma questão fundamental para concretizar a sua ambição de dominar o mundo e ampliaram seu alcance para intervir nesta região.

Os Estados Unidos, que emergiram como caudilho do imperialismo mundial após a Segunda Guerra Mundial, colocaram em marcha sua intervenção na região do Oriente Médio. Pode-se dizer que a estratégia dos EUA para dominar o Oriente Médio é promover Israel como um lacaio fiel e tornar os países regionais pró-EUA e, assim, alcançar a hegemonia sobre a região.

Os EUA tentaram dominar toda a região do Oriente Médio com base no regime pró-EUA do Irã, mas perderam seu ponto de maio na década de 1970, quando eclodiu uma revoluta popular neste país e o regime de Pahlavi colapsou. Posteriormente, continuaram causando grandes e pequenos incêndios na região, ao mesmo tempo que encorajavam as ambições de expansão territorial de Israel e aprofundavam constantemente a interferência na região, causando atritos nas relações com os países do Oriente Médio. Com a Guerra do Golfo em 1991, os EUA reforçaram a sua intervenção militar no Oriente Médio e estabeleceram bases militares em alguns países, incluindo a Arábia Saudita. Utilizando o incidente de 11 de setembro de 2001 como uma oportunidade de ouro, ocuparam o Afeganistão e o Iraque pela força, sob a bandeira do “antiterrorismo”, e usaram estes países como ponte para perseguir um plano para dominar todo o Oriente Médio. Na “Estratégia de Segurança Nacional” anunciada em setembro de 2002, os Estados Unidos afirmaram que expandiriam a sua vitória na “guerra antiterrorista” internacional a todo o mundo e que “os Estados Unidos apoiarão mais ativamente o desenvolvimento da democracia nos países islâmicos". No chamado "Plano de relações de parceiros EUA-Oriente Médio" anunciado em dezembro daquela ano, afirmaram que "Uma nova ordem baseada na democracia estadunidense será estabelecida" em toda a região do Oriente Médio. Em essência, isso era" tornar todo o Oriente Médio uma parte do mundo americanizado, substituindo governos autoritários por governos pró-EUA".

O que os EUA viam como um dos métodos eficazes para suprimir os países independentes anti-EUA no Oriente Médio era a chamada "solução líbia", onde a força era usada para obter concessões e, por fim, destruir o regime anti-EUA. Os EUA tentam aplicar métodos baseados na força e na violência ao Irã e à Síria, que têm fortes tendências independentes e anti-EUA na região. Ao mesmo tempo que aumentavam o nível de pressão sobre o Irã usando vários pretextos, planejavam expandir uma guerra civil enviando forças agressivas à Síria sob a bandeira da expulsão da organização terrorista internacional chamada "Estado Islâmico". No entanto, apenas tornaram a situação do Oriente Médio mais complexa e ampliaram a insatisfação e antipatia em relação aos Estados Unidos entre os países da região.

A questão mais premente no Oriente Médio hoje é o conflito entre a Palestina e Israel, uma questão que tem uma longa origem histórica.

À primeira vista, o conflito entre Palestina e Israel parece ser uma contradição territorial, mas é um produto direto da estratégia dos EUA para o Oriente Médio.

Os Estados Unidos estão tentando estabelecer o controle no Oriente Médio, criando uma situação instável controlável e intervindo nela. Para este fim, os Estados Unidos plantaram o tumor maligno chamado Israel no Oriente Médio e estão utilizando-o para intensificar sistematicamente a situação na Palestina.

A Palestina, sob o domínio do Império Otomano desde o século XVI, tornou-se um mandato britânico após a Primeira Guerra Mundial. Naquela época, a luta árabe pela independência nacional estava em pleno andamento nesta região. Entretanto, sob a influência do movimento de restauracionismo judaico (sionismo) que surgiu no final do século XIX, muitos judeus reuniram-se na região da Palestina no século XX.

Em outubro de 1915, quando a Primeira Guerra Mundial estava em pleno andamento, o Reino Unido emitiu a "Declaração McMahon" afirmando que entregaria a Palestina do pós-guerra se os árabes cooperassem com ela. Porém, dois anos depois, em novembro de 1917, foi anunciada a "Declaração Balfour", cujo ponto principal era apoiar a criação de um Estado judeu na Palestina. A manobra britânica foi uma tática astuta para intensificar as contradições entre árabes e judeus e estabelecer o controle sobre a região, transformando a região da Palestina numa zona de conflitos sangrentos. Entretanto, a antipatia entre árabes e judeus contra a Grã-Bretanha, que desempenhou um papel na guerra entre árabes e judeus, aumentou em ambos os lados, levando ao resultado de colocar a Grã-Bretanha num canto.

Aproveitando o temor da Grã-Bretanha sobre a questão da Palestina, os Estados Unidos começaram a expulsar a Grã-Bretanha do Oriente Médio e a expandir a sua influência. Os Estados Unidos, que apoiaram abertamente o movimento de restauracionismo judaico (sionismo), adotaram uma decisão ilegal de dividir a Palestina e estabelecer um Estado árabe e um Estado judeu na segunda sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em novembro de 1947. Sob a proteção ativa dos Estados Unidos, os sionistas declararam a “fundação” do Estado de Israel na Palestina em maio de 1948. Apenas 16 minutos depois, os EUA anunciaram sua posição de reconhecer o Estado judeu. Desta forma, um cogumelo venenoso chamado Israel começou a brotar no Oriente Médio. Foi o início do conflito centenário que continua entre a Palestina e Israel.

Os países árabes, enfurecidos pelos métodos bandidescos dos judeus para estabelecer o seu próprio Estado na Palestina, levantaram-se em uníssono. Com isso, eclodiu a primeira guerra no Oriente Médio. Nas fases iniciais da guerra, quando o destino de Israel estava em jogo, os Estados Unidos salvaram o Estado judeu da destruição ao fazerem com que o Conselho de Segurança da ONU adotasse uma resolução de cessar-fogo. Além disso, fizeram com que Israel expandisse a sua força militar e lançasse um contra-ataque contra os países árabes. O fato de Israel, que foi "fundado" num período recente, ter conseguido obter superioridade militar e expandir o seu território em várias guerras no Oriente Médio deveu-se inteiramente ao apoio das grandes potências imperialistas. Israel, que provocou a 3ª Guerra do Oriente Médio em 1967, tomou Quds Oriental e uma grande área da Cisjordânia. Desde então, continuou expandindo os assentamentos judaicos na região e impondo um bloqueio bárbaro à Faixa de Gaza. Em 1974, após a 4ª Guerra do Oriente Médio, as Nações Unidas apresentaram o quadro básico para a "solução de dois Estados", em que ambos lados coexistem como países separados. Em Oslo, 1993, foi assinado um acordo para a criação de dois Estados na região e a devolução por parte de Israel de alguns territórios ocupados à Palestina, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. No entanto, Israel ignorou o acordo e continuou a expandindo os assentamentos nas áreas ocupadas, oprimindo brutalmente o povo palestino que resistia. Vozes de crítica e condenação contra Israel ecoaram por todo o mundo, mas os Estados Unidos continuaram promovendo suas ambições de expansão territorial ao aliar-se a Israel. Em 2020, os Estados Unidos incluíram os assentamentos na Cisjordânia como parte do território de Israel no âmbito do "Plano de Paz para o Oriente Médio" e declararam Quds como a capital indivisível de Israel, o que inflamou ainda mais o confronto entre os dois lados.

O trágico incidente que eclodiu em Gaza em outubro do ano passado é um resultado inevitável da estratégia agressiva dos Estados Unidos para dominar o Oriente Médio. Atualmente, o bárbaro massacre de Israel na Faixa de Gaza está causando fortes protestos por parte da comunidade internacional, mas os Estados Unidos só estão piorando a situação ao continuarem oferecendo equipamentos de assassinato e reforçando a intervenção militar na região, ao mesmo tempo que falam do “direito à autodefesa” de Israel.

Imediatamente após o início da crise em Gaza, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia afirmou num comunicado de imprensa que os Estados Unidos apoiaram apenas um lado e forneceram armas em todas as guerras árabe-israelenses desde a década de 1960. Apontou também que tudo foi feito para garantir que ambos os lados nunca conseguissem chegar a um acordo de paz, que manter sua influência na região estrategicamente importante sempre foi de vital importância para Washington e que a melhor maneira para isso era consolidar a instabilidade, acrescentando que os EUA avaliam que alcançaram ótimos resultados. Esta é a visão estrita da comunidade internacional. O mundo vê claramente a hedionda identidade dos Estados Unidos como o culpado que está instigando e agravando o derramamento de sangue no Oriente Médio.

A história do Oriente Médio, que sofre com a guerra, ensina-nos a lição sangrenta de que a interferência estrangeira é a raiz de todos os infortúnios e desastres e que, se não for evitada, o conflito e a tragédia na região nunca cessarão.

Un Jong Chol

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