segunda-feira, 5 de junho de 2017
Árdua Marcha (1994-1998)
Também conhecida como "Marcha Penosa", foi o pior período da história da República Popular Democrática da Coreia que se deu em decorrência a diversos fatores externos e internos que puseram em risco a sobrevivência do regime mas que mostrou ao mundo outra vez a força do povo coreano e sua lealdade ao líder.
Para entender o que aconteceu é preciso voltar um pouco atrás na história do país e da história internacional também.
Durante muito tempo a RPDC, embora dando importância à sua auto-determinação, barganhou entre China e URSS para fazer alavancar sua economia por um bom tempo, buscando gradualmente reduzir isso mas sem uma forma muito drástica porque o momento não lhe era ruim, pelo contrário, o cenário era de apoio internacionalista e defesa da causa socialista. Porém, nos anos 80 as coisas começaram a mudar ainda mais. No final dos anos 70 a relação com URSS e China já não era tão forte como foi em um período nacional com uma redução significativa e a visão para com a China não era nada positiva ao ver gradualmente o aumento do contato com o governo estadunidense que foi se desenvolvendo ainda mais nos anos 80, enquanto a URSS, condenada pelo mundo comunista de seguir uma linha revisionista, também era motivo de críticas mas o contato passou a ser mais fácil do que com os chineses que outrora pareciam o grande aliado.
Tentando reforçar por si, a RPDC ainda se via refém do comércio com a URSS e com a China, que agora era motivo de receio. Quando chegou os anos 90, com a queda da URSS a RPDC sentiu bastante porque ainda não estava preparada o suficiente para se garantir por si mesma e isso afetou na sua economia, mas diferentemente de outros países, a RPDC, embora pequena, tinha suas formas de sobrevivência, não era um "Estado-satélite" como alguns erroneamente tentam fazendo uma referência à Guerra Fria e ao controle soviético no mundo socialista. Fora esse baque, a RPDC já era bastante ameaçada pelos EUA que agora estavam de mãos dadas com a China como nunca antes e não tinha mais a URSS para lhe defender, então a política Songun estabelecida há muito tempo atrás e que sofreu algumas alterações ao longo do tempo agora focou-se em armamentos, não somente em um exército forte, mas produzir mísseis e estudar a possibilidade do desenvolvimento de armas nucleares. Para isso, o governo chegou a colocar 20% de seu PIB para a produção de armas, porém neste período estava com sua economia se enfraquecendo e para piorar sofreu enchentes e secas fortes e ainda em 1994 sofreu a perda do Presidente Kim Il Sung.
Era então um país que já tinha armas, ainda nada "ameaçador" mas um início e que se mantinha vivo quando o mundo socialista desabava. Quando os desastres naturais ocorreram o país não teve alternativas nem ajuda internacional em primeiro momento. O mundo capitalista assistiu e observou, torcendo para que o governo por si mesmo desse o braço a torcer e se entregasse às mãos dos imperialistas. Mas Kim Jong Il jamais faria isso. Manteve o desenvolvimento bélico e estimulou a lealdade do povo que buscava raízes de árvores e gramas para comer.
A Árdua Marcha matou cerca de 450 mill pessoas, cerca de 2% da população da época e muitos pela falta de alimento acabaram adquirindo doenças e morrendo mesmo após o término da crise alimentícia.
Neste período também houve a fuga de muitas pessoas para a Coreia do Sul que são algumas usadas até hoje para propagandear contra o norte.
Superando todas as adversidades e surpreendendo o mundo a RPDC em 1998 conseguiu melhorar a situação alimentícia do país e passou a buscar formas para fazer a economia enfraquecida voltar a crescer e para isso testou mísseis e aceitou barganhar com os EUA e com a ONU, e no início do século XXI recebeu ajudas humanitárias, em quantias que ajudavam mas não era algo exorbitante como alguns mal intencionados costumam dizer e iniciou conversações com os EUA ainda que distantes, assinando o famoso acordo de não proliferação e saindo depois ao ver que seria um suicídio, pois estaria sem armas que necessitaria e a contrapartida de negociação com Japão e Coreia do Sul não ia a frente.
Depois disso a RPDC conseguiu entre altos e baixos fazer sua economia se manter sustentável, estabelecendo relações melhores com a China e buscando relações econômicas mais fortes também com vários países capitalistas.
Embora a Árdua Marcha tenha sido nos anos 90, ela deixou marcas, como muitos órfãos que perderam seus pais mortos pela fome e também muitos desnutridos em com sérios problemas de saúde. A questão alimentar após a Árdua Marcha foi bastante discutida internamente para que se promovesse métodos de se aproveitar ao máximo os apenas 20% de território disponíveis para o cultivo e intercâmbios sobre isso também foram incentivados.
A Árdua Marcha mostrou a lealdade do povo coreano, dentre os muitos que ficaram e sobreviveram que confiaram no Dirigente Kim Jong Il de que tudo iria passar e o país voltaria a prosperar, mas também uma marca terrível que embora superada é usada como propaganda contra o país e faz pessoas mesmo no ano de 2017 achar que no país o povo passa fome.
A RPDC atualmente embora com todas as sanções e com pouco território propício para o plantio já possui conhecimento de técnicas que conseguem aproveitar ao máximo cada lugar e consegue oferecer ao povo uma alimentação suficiente, que não é a ideal, oferecendo tudo o que o corpo necessita, mas mantendo todos alimentados e vivos, sem fome. A desnutrição que era marca dos anos 90 diminuiu muito e os relatórios na ONU quando lá estiveram mostraram isso.
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