quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Declaração de Pyongyang de Setembro: Um marco histórico ou mera formalidade?


Nesta quinta-feira (19) completa-se um ano da assinatura da "Declaração de Pyongyang de Setembro" entre o Presidente da Comissão de Assuntos Estatais da República Popular Democrática da Coreia, Kim Jong Un, e o Presidente da República da Coreia, Moon Jae In, durante a V Cúpula celebrada com grande esplendor na capital norte-coreana.

Depois de realizadas duas Cúpulas em Panmunjom, símbolo da divisão nacional, em abril e maio de 2018 entre os máximos líderes do Norte e do Sul, um progresso significativo foi observado nas relações intercoreanas que, outrora congeladas, entraram em fase de retomada de diálogo por meio da reconciliação e entendimento mútuo.

O Presidente sul-coreano que havia dito em seu discurso de posse que "se as condições forem atendidas" ele iria para Pyongyang - ademais de Washington, Pequim e Tóquio-, para que a paz fosse instalada na Península Coreana. E atendeu de bom grado ao convite do líder norte-coreano para que realizasse uma visita à Pyongyang e lograssem maior entendimento para o maior avanço nos laços Norte-Sul

Por outra parte, o Presidente Kim Jong Un ao longo do histórico ano de 2018 tomou medidas de boa vontade e consideravelmente ousadas para mudar completamente a situação hostil em que a Coreia encontrava-se à beira de uma nova guerra.

Propôs a participação da delegação da RPDC nos Jogos Olímpicos de Pyongchang como oportunidade para a retomada do diálogo entre as partes e para promover o evento esportivo internacional como marco de reconciliação nacional, com o cunho político sobressaindo-se aos resultados práticos obtidos nas arenas esportivas.

Também, surpreendeu o mundo com a proposição de desnuclearização sob um ponto de vista sensato onde defende, sem qualquer concessão, os interesses supremos e a soberania do Estado, e assim abriu uma via ampla no campo diplomático que inevitavelmente elevou o status do país no cenário internacional.

Depois de assinada a Declaração de Panmunjom sob os olhares atentos de todo o mundo, embora a comunicação entre as partes tenha melhorado substancialmente e projetos tenham sido abordados, alguns entraves graves surgiram devido à postura de padrão duplo das autoridades do sul que vão desde declarações duvidosas até planejamentos para realização de exercícios militares conjuntos (com os EUA) de caráter provocativo.

Entretanto, com paciência e sensatez, o Presidente Kim Jong Un, manteve sua palavra e sua confiança na contraparte, propondo uma nova oportunidade para que fossem acertados pontos de interesse comum e logrado consenso entre as partes.

Graças à sua sábia direção, o evento histórico da nação coreana foi realizado logo após a celebração exitosa do 70º aniversário de fundação da República, onde a Coreia socialista exibiu ante ao mundo seu enorme poderio nacional e seu futuro prometedor.

Na ocasião, o Presidente Moon, sua esposa e toda sua comitiva foram muito bem recebidos e tratados de forma amigável, como compatriotas. Foi organizada uma recepção estatal de alto nível, foram bem recebidos pela população local e tiveram a oportunidade de desfrutar de banquetes e performances artísticas em Pyongyang, ademais da visita à Samjiyon, onde o Presidente sul-coreano pôde realizar seu sonho de conhecer o Monte Paektu.

Após as conversações formais e informais, os líderes assinaram a Declaração de Pyongyang de Setembro e o Acordo do Domínio Militar Norte-Sul (este, também com a rubrica de autoridades relacionadas) e assumiram um compromisso frente à toda nação coreana.

Contudo, tal compromisso, transcorrido apenas um ano, parece ter sido mera formalidade para as autoridades sul-coreanas que constantemente ignoram-o e tomam atitudes hostis típicas dos velhos tempos dos governos conservadores.

Reforçando a chamada "aliança" com os Estados Unidos no campo militar, a Coreia do Sul incrementou os gastos com o setor castrense e inclusive introduziu armas ultramodernas em seu território, elevando a tensão na região. Para piorar, em violação flagrante dos acordos norte-sul, realizou exercícios conjuntos, um atrás do outro, com os EUA e cinicamente vociferou sobre o caráter "defensivo" das atividades militares enquanto na prática somente o nome mudou.

Para não ser injusto, houve outra mudança que deve ser destacada; mas não é nada animador. Diferente dos antigos exercícios militares que recebiam considerável divulgação, estes passaram a ser, em várias oportunidades, às escondidas, com pouca divulgação numa tentativa de evitar alarde.

Em seu discurso fútil no dia da libertação nacional, o presidente sul-coreano foi extremamente descarado ao falar sobre diálogo intercoreano em momento em que se realizava as manobras militares conjuntas que visam "exterminar" dentro de 90 dias das forças medulares do Exército Popular da Coreia, ser conciliador frente às ações agressivas do Japão e falar sobre "economia e prosperidade" no lugar de armas nucleares.

Suas palavras absurdas, obviamente, irritaram Pyongyang e desde então as conversações de alto nível foram interrompidas, causando grande decepção à população coreana e a todos aqueles que defendem a reunificação pacífica da Coreia.

Ao contrário do que imaginaria-se naquele tempo em que fora assinada a referida declaração, o panorama atual é mais favorável às negociações com os EUA do que com a Coreia do Sul por conta da posição que o presidente estadunidense vem tomando para reatar as negociações e sua boa relação com o líder norte-coreano.

Por outro lado, a Coreia do Sul segue engajada no que chama de "desenvolvimento independente" das forças de autodefesa ao dedicar somas exorbitantes ao setor militar que de "independente" não tem nada, afinal, qual país realmente soberano bancaria - e até aumentaria os gastos (com) - tropas de exercito estrangeiro em seu território?

Como o Máximo Dirigente Kim Jong Un disse em seu discurso de orientação política em abril passado, orientou que as autoridades sul coreanas deveriam regressar à sua intenção inicial  dos encontros de Panmunjom e de Pyongyang de Setembro e por em prática as declarações Norte-Sul ao largar seu papel de "mediadora" e agir com critério próprio, dizendo o que deve ser dito e não submetendo-se vassalamente aos interesses dos EUA.

Contudo, a Coreia do Sul não deu ouvidos ao Máximo Dirigente e mantém sua lamentável postura subserviente que perdura, de forma geral, por mais de sete décadas, e não se altera simplesmente da mudança de "conservador" para "liberal".

A Coreia do Sul permanece incapaz de dizer "não" à Washington e seu atual chefe de Estado tem poder limitado, como fantoche dos interesses das forças externas, mesmo sendo consideravelmente mais "progressistas" que os anteriores governantes que causaram estragos imensos em diversos aspectos à nação coreana.

Infelizmente, se para a República Popular Democrática da Coreia, Estado livre e independente, um acordo é algo sério a ser implementado e seguido cabalmente, para a "República da Coreia", um acordo como a "Declaração de Pyongyang de Setembro" ainda trata-se de mera formalidade política.

Por: 레난

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