terça-feira, 17 de setembro de 2019
Os revolucionários coreanos devem conhecer bem a Coreia
Discurso pronunciado ante aos quadros e professores políticos do Exército Revolucionário Popular da Coreia, em 15 de setembro de 1943.
Dado que se aproxima um grande acontecimento, a restauração da Pátria, hoje gostaria de falar-lhes da intensificação do estudo sobre a Pátria e de algumas tarefas imediatas.
Hoje, a situação mundial se desenvolve vertiginosamente a favor favor da revolução, e o grande acontecimento da restauração da pátria se apresenta como um tema de atualidade.
Japão, Alemanha e Itália, países fascistas que provocaram a Segunda Guerra Mundial com o propósito de dominar o mundo, vão mais e mais ladeira abaixo à medida que os dias se passam.
A Alemanha fascista, atiçada solapadamente pelos imperialistas ianques e ingleses, se vangloriava de que ia vencer a União Soviética em alguns meses, motivo pelo qual lançou sobre ela um pérfido ataque surpresa com grande número de efetivos: 170 divisões reforçadas por aviões e tanques. Apesar disso, o povo soviético e seu Exército Vermelho, dirigidos pelo grande camarada Stalin, puderam remontar pouco a pouco a situação adversa do começo da guerra, logrando não somente frear somente com suas forças o violento ataque da Alemanha fascista, a qual havia mobilizado todo seu potencial e todos os recursos bélicos, humanos e materiais dos quatorze países europeus que havia ocupado, mas também passar à contraofensiva.
Ao princípio deste ano o Exército Vermelho, de valor ímpar, aniquilou em Stalingrado trinta divisões fascistas alemãs motorizadas, seletas e equipadas com armamento ultramoderno, criando assim uma favorável conjuntura para uma nova viragem na guerra soviético-alemã. É um fato real que em Stalingrado se decidiu a sorte do exército da Alemanha fascista.
Na atualidade o Exército Vermelho vem empurrando os agressores alemãs até as proximidades do rio Dnieper, e em um tempo próximo acabará varrendo-os de todo o território soviético e alcançará a grande vitória.
Também, os imperialistas japoneses que, dando por certa a vitória da Alemanha sobre a URSS, desataram a aventureira Guerra do Pacífico, estão sofrendo uma derrota atrás da outra na China, no Sudeste da Ásia e em outras amplas frentes do Pacífico.
Na frente chinesa os imperialistas encontram-se atormentados cada vez mais pela contraofensiva do Exército de Rota Nº 8 e do Novo Quarto Exército, dirigidos pelo Partido Comunista da China. Embora tenham lançado a maior parte de suas forças enviadas à frente chinesa e o exército títere nas operações para "aniquilar" esses exércitos, são eles, os imperialistas japoneses, os que estão sofrendo frequentes derrotas em suas operações de "limpeza" enquanto que na região de Huabei, China, o Exército de Rota Nº 8 continua liberando zonas cada vez mais extensas.
Os imperialistas japoneses realizaram ataque surpresa à Pearl Harbor, no Havaí, desferindo golpes destruidores à frota estadunidense do Pacífico, e antes de que os EUA se recuperasse do golpe, tentaram ocupar umas tantas zonas do Sudeste da Ásia, saqueando nelas petróleo, caucho e outros recursos que são abundantes ali. Desta forma, trataram de suprir sua escassez de material estratégico para fazer frente à uma guerra prolongada. Eles abrigavam a ilusão de que uma vez logrado esse objetivo, poderiam derrotar as forças estadunidenses e inglesas no sudeste asiático e nas áreas do Pacífico, confiando que a Alemanha derrotaria a União Soviética. Todavia, no Pacífico o equilíbrio das forças já havia sido quebrado em desvantagem aos imperialistas japoneses, que perdem combates atrás de combates.
A Itália se rendeu e Alemanha e Japão tiveram que iniciar assim uma rápida retirada.
Assim sendo, à luz desta análise do estado da Segunda Guerra Mundial podemos ter a segurança de que os imperialistas japoneses vão ser inevitavelmente derrotados e que se aproxima o grande acontecimento: a restauração da Pátria.
1. Realizar um bom estudo da Pátria
Hoje em dia, ante à proximidade do grande acontecimento, a restauração da Pátria, uma das tarefas importantes que se apresentam é a de estudar bem a Pátria.
Somente se conhecemos bem a Pátria e o povo poderemos cumprir com honra nossos deveres patriotas e comunistas e levar à feliz término a revolução coreana.
Para leva-la a cabo com responsabilidade temos que conhecer bem a história, a geografia e as brilhantes tradições culturais de nossa Pátria. Somente assim aprenderemos a amá-la ternamente, teremos um alto grau de consciência no serviço abnegado à Pátria e ao povo, e alentaremos nosso povo a tomar parte ativa na luta revolucionária, dando-lhe uma educação que concorde com seus sentimentos.
Ademais, nós, os comunistas, somente quando conheçamos bem a história e a geografia, a economia e a cultura da Pátria, poderemos aplicar de maneira criadora os princípios do marxismo-leninismo à realidade de nosso país e adotar uma postura e um critério independentes noque diz respeito à nossa revolução.
Para proteger as magníficas tradições e relíquias de nossa nação da política de exterminação nacional aplicada pelos governantes colonialistas do imperialismo japonês, também é importante que conheçamos bem a história, a geografia e a cultura da Pátria.
Na atualidade os imperialistas japoneses, além de intensificar seu impiedoso saque colonial a nosso povo, em uma tentativa de recuperar-se das constantes derrotas sofridas na guerra, estão impondo abertamente uma política de assimilação nacional, predicando que "os japoneses e coreanos são da mesma cepa, raiz e tronco", para apagar para sempre o nosso país do mapa. Os governantes colonialistas imperialistas japoneses tratam de eliminar tudo o que constitui uma característica nacional nosso, tergiversando nossa antiquíssima e brilhante história e as tradições culturais e pregoando com pompa o "espírito de guerreiro" dos "cidadãos do império japonês". Para impedir o ressurgimento da Coreia, nos proíbem de usar o idioma e o alfabeto maternos e até nos obrigam a renunciar os nomes coreanos substituindo-os pelos nomes japoneses como "Ushichiro" e "Umasaburo".
Nestes momentos em que os imperialistas japoneses poem tão raivoso empenho em suprimir a história e a cultura de nossa nação e em eliminar para sempre a Coreia, o bom estudo da Pátria é para nós, os verdadeiros patriotas, uma das tarefas revolucionárias mais importantes.
Também é preciso adquirir desde agora ricos conhecimentos sobre a Pátria, para construí-la melhor quando a tivermos recuperado.
Todos os quadros de comando e os soldados do Exército Revolucionário Popular da Coreia são combatentes que empreenderam o caminho da revolução com o ardente desejo de reconquistar a Pátria pisoteada pelos imperialistas japoneses e erigir uma nova sociedade, feliz, no país recuperado. Nem nas mais difíceis condições quando estávamos realizando batalhas renhidas contra o exército agressor do imperialismo japonês, deixamos de centrar a atenção no estudo dos princípios do marxismo-leninismo e no estudo das linhas, estratégia e táticas da revolução coreana, dotando firmemente os quadros de comando e os soldados do Exército Revolucionário Popular com uma revolucionária concepção do mundo.
A situação de hoje, em vista da proximidade do grande acontecimento da restauração da Pátria, nos exige com urgência, além do estudo do marxismo-leninismo, adquirir de maneira sistemática os conhecimentos necessários para construir a economia e a cultura da Pátria liberada.
Como comunistas coreanos, poderíamos levar a feliz término a revolução na Coreia sem conhecer bem sua história e cultura, sua natureza e geografia, nem a elevada moral e os belos costumes do povo?
Os comunistas coreanos devem conhecer bem e sentir um grande orgulho e profundo carinho pela história milenar e brilhante cultura de cinquenta séculos de nosso povo, assim como pela terra-pátria e suas riquezas, professando o sublime ideal e a firme resolução de construir uma sociedade comunista, um paraíso para o povo, nesta bela terra.
É importante, antes de tudo, estudar bem a história de nosso país. Porém não se trata da história dos reis ou dos governantes feudais, mas a história das lutas de nosso povo, a história criadora. Somente adquirindo profundos conhecimentos sobre a história de luta e criação de nossa nação, poderemos ter profundor amor à Pátria, orgulho nacional e autoestima revolucionária.
Desde os tempos remotos, nosso povo vem lutando com firmeza contra a tirania dos governantes feudais e os agressores estrangeiros e, desenvolvendo as ciências e a cultura com seu trabalho criador e talento, fez com que a Coreia brilhasse no Oriente com luz imarcescível.
O povo coreano é um povo valoroso e inteligente, um povo que ama o trabalho e a paz. É, em particular, uma nação de firme patriotismo que luta defendendo sua dignidade, sem curvar-se aos agressores estrangeiros.
Desde a antiguidade até nossos dias, nosso país vem sendo sempre objeto de agressões de estrangeiros que se intensificaram significativamente desde os finais do século XIX.
Sempre que, desde as mais remotas épocas, nosso povo viu-se atacado por estrangeiros, este levantou-se como um só na sagrada luta pela defesa da Pátria e repeliu os invasores, e ao salvaguardar heroicamente a Pátria, escreveu uma riquíssima história de cinco milênios.
Sendo assim, a história de nosso povo, na idade antiga e média é a história de defesa da Pátria contra as invasões de Sui, Tang, Khitan e Yuan pela parte Norte e a do Japão pelo Sul, e na idade moderna, a história da luta antiimperialista - contra a invasão dos imperialistas japoneses e estadunidenses -, a história de luta pela libertação nacional.
Ao longo da história nosso país vem sendo sempre vítima de agressores estrangeiros, porém nosso povo não perdeu nem uma só vez sua lealdade à Pátria e seu arrojo, nem se rendeu.
A população de Koguryo, pessoas de engenho e audácia, considerava uma suprema honra defender com fidelidade o país. Para tal, estimavam que os homens deviam aprender as artes militares; desde a adolescência praticavam corrida, montavam a cavalo, aprendiam tiro com arco e a esgrima; e incluso as recreações e competições populares se baseavam principalmente nas artes marciais. Como podemos constatar na lenda do humilde e desconhecido On Dal, que após haver triunfado no torneio de caça foi promovido e chegou a realizar brilhantes façanhas defendendo a Pátria, em Koguryo se concedia suma importância, ao avaliar as qualidades de um homem, seu grau de conhecimento nas artes de guerra, a sua inteligência e sua valentia.
Como haviam sido educados desde jovens como o amor ao país e graças a que aprendiam as artes militares e a ser valentes, os homens de Koguryo, fortes de espírito e com alto orgulho nacional, puderam repelir a invasão de três milhões de soldados do exército de Sui, que na época era o maior país do continente asiático, e defenderam a honra de seu país e a dignidade nacional.
Também, a população de Silla e Paekje, Reinos do Sul do país, mantinham uma posição tão inabalável na defesa de sua terra que os inimigos estrangeiros tiveram que renunciar às invasões. Se na época dos Três Reinos, Koguryo, Silla e Paekje tivessem lutado unidos contra o inimigo estrangeiro, a Pátria haveria alcançado um desenvolvimento muito maior.
Quando Khitan invadiu com um exército de centenas de milhares de homens, a população de Koryo, sob comando do célebre general Kang Kam Chan, desferiu golpes demolidores ao inimigo no rio Amnok e em Kusong, e salvou o país.
Na época da dinastia dos Ri, nosso povo fez frente valorosamente aos inimigos estrangeiros. Todavia, os governantes feudais, em ver de reforçar a defesa do país e preparar o exército para enfrentar a agressão do inimigo estrangeiro, não faziam mais que cantar loas a uma vida de paz e de solaz. Esta foi oportunidade que os crueis samurais aproveitaram no ano Imjin (1592) para invadir nosso país com seu enorme exército. Os governantes feudais, que nunca haviam se preocupado em organizar a defesa permanente do país, carcomidos pela preguiça e incapazes de cortar o caminho à invasão japonesa, fugiram para Uiju com o rei, abandonando o país e o povo à pilhagem do inimigo.
Porém, o povo coreano, inteligente e audaz, combateu heroicamente o agressor em todas partes, no Mar do Sul, em Jinju, Yonan, Pyongyang, e em outros lugares. O almirante Ri Sun Sin soube defender, com as escassas forças da marinha que contava, o estreito marítimo da província de Jolla, fechando o caminho para os agressores japoneses, e alcançou na ilha Hansan uma relevante vitória ao causar uma decisiva derrota à marinha de guerra japonesa. Kwak Jae U e outros patriotas organizaram a luta de voluntários em distintos lugares para aniquilar o inimigo japonês.
O mesmo fizeram os camponeses, os dignatários de nível inferior e incluso os bonzos que viviam retirados nas montanhas. Até as mulheres acudiam em todas as partes para combater os agressores. Depois de sete anos de guerra de vida ou morte, o povo coreano conseguiu expulsar os ferozes e sinistros samurais e salvaguardar a honra e a dignidade do país.
Em meados do século XIX nosso país foi outra vez vítima de uma agressão, agora por parte das potências capitalistas da Europa e dos EUA. Os governantes feudais, impotentes e inveterados, seguiam envolvidos em lutas sectárias pela autoridade e interesses pessoais, afastando-se do país e do povo. E outra vez foi o povo que fez frente aos agressores imperialistas estrangeiros.
Em 1866 os habitantes de Pyongyang afundaram um barco pirata ianque "General Sherman", que adentrou o rio Taedong, e em outra ocasião o povo e os militares obrigaram um barco incursionista francês a retirar-se.
Em 1894 estalou na província de Jolla uma guerra camponesa contra a infame política dos governantes feudais. Os camponeses, militares e homens patrióticos avançaram uma renhida contra os governantes e contra o exército agressor japonês, que havia aproveitado o caos interno para invadir o país.
Como vimos, ao longo de cinco milênios o povo coreano vem lutando contra os agressores estrangeiros, sem render-se, para salvar a Pátria, dando ao mundo inteiro provas de fervoroso amor à Pátria, de valor e espírito abnegado.
Porém os governantes feudais, em vez de repelir as forças estrangeiras e de procurar aumentar as próprias forças para salvaguardar o país, adulavam servilmente, cada qual de sua maneira, as grandes potências e, apoiando-se nelas, perseguiam rinhas sectárias, até chegar a perpetrar uma ação de traição ao país e nação, que eternamente seria condenada: a venda da Pátria aos agressores japoneses.
Incluso depois de nosso país ser ocupado pelos imperialistas japoneses em 1910, nosso povo não deixou de lutar: surgiram o movimento de voluntários, o movimento do Exército Independentista e outros movimentos antijaponeses de trabalhadores, camponeses e jovens estudantes. Nos finais da década de 1920 começou uma luta violenta contra o imperialismo japonês e seus lacaios.
Em particular, a princípios dos anos de 1930, nós, os comunistas, autênticos patriotas, organizamos e empreendemos a heroica Luta Armada Antijaponesa, elevando assim a luta de libertação nacional da Coreia e uma etapa superior, e desferimos durante mais de uma década duros golpes político-militares aos inimigos imperialistas japoneses, arrastando-os à derrota.
Valoroso e inteligente, o povo coreano nunca se renderá, e o espírito da Coreia perdurará no tempo. Não cabe dúvida que a luta antijaponesa de libertação nacional do povo coreano, guiada pela invencível ideologia revolucionária do marxismo-leninismo, triunfará, e que recuperaremos sem falta a Pátria. Se aproxima o dia em que o espírito da Coreia brilhará ante ao mundo inteiro.
Com o estudo profundo da gloriosa história destas lutas do povo coreano, devemos avivar mais nosso amor à Pátria, o orgulho nacional e o ódio implacável ao inimigo.
O povo coreano é uma nação civilizada, uma nação com talento e inteligência, que criou brilhantes tradições no que se refere ao progresso das ciências e da cultura.
Desde a antiguidade, nossos antepassados criaram uma rica cultura que por sua vez fez florescer a cultura do Oriente.
Já em tempos remotos se conhecia em nosso país a fundição de ferro, e na época dos Três Reinos tinham ampla difusão os utensílios deste metal e se desenvolveu muito a ourivesaria com ouro, prata e cobre.
Na primeira metade do século VII, nossos antepassados construíram o Chomsongdae, observatório astronômico que ganhou fama mundial e contribuiu notavelmente ao progresso da meteorologia e da astronomia.
Nessa mesma época dos Três Reinos a arquitetura conheceu também um grande desenvolvimento. O pagode de 9 degraus no Templo Hwangnyong, erigida no século VII, e os pagodes Tabo e Sokka do Templo Pulguk que ainda conserva hoje, a cabo de milênios e séculos, seu aspecto original, são provas fidedignas do nível que a arquitetura alcançou naqueles tempos. Os afrescos nas antigas tumbas de Koguryo, que apesar dos milênios transcorridos, conservam claras suas cores, e as esculturas do Templo Sokkul de Silla, são testemunho do alto desenvolvimento que tinha a arte pictórica de nosso país na antiguidade.
Nos tempos imemoriais floresceram em nosso país a música e a dança. Nossos antepassados criaram o kayagum e o komungo e outros instrumentos musicais de grande perfeição, com os quais desenvolveram a música e a dança nacional de belos e graciosos movimentos.
Já desde a época dos Três Reinos, o desenvolvimento da cultura, as técnicas da metalúrgica e da cerâmica muito desenvolvidas de nosso país chegaram a difundir-se e ser famosos em países distantes. Naquela época, nossos artesãos, construtores, pintores e sábios foram ao Japão difundir as letras e a técnica, influenciando em grande medida no progresso da cultura desse país.
O povo de Koryo aportou um grande avanço à tipografia, ao inventar pela primeira vez no mundo tipos metálicos; estendeu a fama de nosso país pelo mundo com suas obras de cerâmica de cores vivas e maravilhosos desenhos e formas, obras que o mundo todo considera de grande valor artístico.
Na época dos Três Reinos nosso povo começou a usar as letras Ridu, e em 1444 o Hunmin Jongum, um alfabeto mais adiantado, que contribuiria consideravelmente ao progresso da cultura.
Enquanto os governantes feudais, mergulhados no servilismo às grandes potência, matavam o tempo doutrinando-se nos dogmas confucionistas ou cantando loas à natureza e lua, o povo criava com seu destacado talento obras de arte de valor universal, construía, em colaboração com os técnicos, o original e poderoso kobukson - navio tartaruga -, o primeiro barco de guerra blindado do mundo.
Somente estes feitos que mencionei nos dão uma ideia clara do quão engenhoso e inteligente é o nosso povo, da inestimável contribuição que fizeram ao progresso das ciências e da cultura da humanidade.
Nós, os comunistas, temos que conhecer bem as tradições da ciência e da cultura acumuladas por nossos antepassados e saber apreciá-las. Somente assim se poderá desenvolver na Pátria liberada uma ciência que sirva de verdade ao povo e à construção de uma nova sociedade, e criar uma cultura nacional, democrática e socialista. A nova cultura nacional, a socialista, não surge do nada; nasce em um processo de herança e desenvolvimento com espírito crítico das melhores tradições culturais que nos legaram as gerações anteriores. Para criar no futuro uma nova cultura nacional, socialista, é necessário que conheçamos bem as melhores tradições culturais da nação, as analisemos e valorizemos com sentido crítico.
Somos uma nação homogênea com uma história de cinco milênios, uma nação de homens e mulheres intrépidos e decididos que desde os tempos remotos vem lutando energicamente contra os invasores estrangeiros e contra toda classe de governantes reacionários. Uma nação inteligente que fez muito para o progresso das ciências e da cultura da humanidade.
Nós, os comunistas, que altamente consideramos a pátria e ao povo, temos que manter muito altos a autoestima e o orgulho como integrantes da nação coreana, assim como a dignidade e o orgulho revolucionários como combatentes que vem mantendo uma luta sangrenta há mais de 10 anos pela liberdade e independência da Pátria. Quando não se tem essa autoestima nacional e esse orgulho revolucionário, se cai na mesquinhez, no niilismo nacional e no servilismo às grandes potências, ideias perniciosas que conduzem, no fim das contas, a trair a Pátria e a nação. Nós que somos comunistas e que sabemos amar imensamente a Pátria e a nação, temos que ser intransigentes na luta contra o niilismo nacional e o servilismo às grandes potências, que ignoram a nação e a história do país.
Se não houvéssemos sentido o patriotismo fervente que nos chama a defender a dignidade da Pátria e a admirar a nação, não poderíamos ser autênticos patriotas, tampouco verdadeiros comunistas fiéis à revolução do país. Como somos patriotas que queremos e apreciamos mais do que tudo a Pátria e a nação, empreendemos a luta para salvar uma e a outra, as que o imperialismo japonês tem subjugado, e neste momento somos excelentes comunistas, dotados com uma firme concepção revolucionária do mundo, marxista-leninista, e forjados no curso de uma longa luta revolucionária.
Devemos conhecer bem não só a história da Pátria, mas também sua geografia.
O objetivo final de nossa revolução é converter a Coreia em um país poderoso e rico, com uma vida abundante e cheia de felicidade para o povo. Em outras palavras: construir em nosso país um paraíso socialista, comunista. E que vai construí-lo, se não nós mesmos? Temos que derrotar o imperialismo japonês e depois levantar na terra-pátria um Estado socialista com uma indústria e agricultura desenvolvidas como na União Soviética. E para isso temos que explorar os recursos que nosso país possui em abundância, restaurar e desenvolver todos os ramos da economia: a indústria, a agricultura, a indústria pesqueira, etc.
Nosso país reúne todas as condições, tanto por sua superfície e população como por seus recursos naturais, para construir um Estado soberano e independente, rico e poderoso.
Situado ao Leste da Ásia, nosso país faz fronteira com o continente pelo Norte, estando banhado pelo mar em suas três partes restantes: Leste, Oeste e Sul. Com mais de 220.000 quilômetros quadrados de superfície e 23 milhões de habitantes, não somos um país grande, porém, tampouco pequeno. No mundo há muitos países considerados por agora como potências ou países civilizados, sendo muito menores que o nosso em superfície e população. E enquanto aos recursos naturais, há poucos tão ricos como o nosso.
O subsolo de nosso país é abundante em mineral de ferro e em centenas de variedades de outros minerais úteis e preciosos. Pode-se dizer que nosso solo é um verdadeiro cofre cheio de ouro, prata, pedras preciosas, etc.
No planalto Paekmu, no Norte, há jazidas inesgotáveis de magnetita, e nas planícies do Oeste abunda a limonita de elevado valor. As reservas de ferro descobertas até o presente chegam a uma cifra muito fabulosa, a bilhões de toneladas, porém se espera no futuro descobrir mais.
Nas regiões do Norte há ricas jazidas de carvão betuminoso de muito valor calorífero, enquanto que nas regiões da província de Phyongan Sul e na cordilheira Thaebaek, da zona central, são inesgotáveis as reservas de antracite. Nosso solo guarda carvão em quantidades que verdadeiramente não serão consumidas por completo em muitas gerações.
No subsolo de nosso país há, ademais, ouro, prata, cobre, chumbo, zinco, grafite, molibdênio, magnesita e outros metais e minerais preciosos em tais quantidades que outros países gostariam de ter. O calcário há em todas as partes e em grandes quantidades.
Também somos ricos em recursos energéticos, sobretudo de origem hidráulica. No planalto Kaema que chamamos de teto do país, e em outras comarcas do Norte há recursos hidráulicos para produzir milhões de quilowatts de eletricidade. Se trasvasamos a água dos planaltos Kaema e Pujon na direção do Mar Leste, poderemos conseguir uma forte queda d'água, pela qual seria idôneo construir ali centrais elétricas. Aqui, precisamente, se encontram as Centrais Hochongang, Jangjingang e Pujongang, e a Central Elétrica de Suphung, a maior do Oriente, com uma capacidade geradora de 700.000 quilowatts, aproveita também os recursos hidráulicos do Norte. Se no futuro conseguimos aproveitar eficazmente os recursos hidráulicos, poderemos criar uma capacidade, de pelo menos uns tantos milhões de quilowatts. Se o logramos, nosso país se tornaria abundante em eletricidade.
Em nosso país se dá o arroz mais rico do mundo. No sul as planícies Mangyong em Kimje, Ryongnam e Kyonggi rendem colheitas anuais de milhões de soks de branquíssimo arroz, e no Norte, as planícies Yonbaek, Namuri e Pura. Todos os anos são recolhidos mais de 15 milhões de soks em uma superfície de mais de um milhão de hectares. No futuro, quando tenhamos construído um Estado popular, poderemos obter centenas de milhares de hectares de terra fértil ganhando as marismas ao Mar Oeste; ali poderemos recolher vários milhões de soks de arroz. Os frutais de nossas colinas dão colheitas muito ricas. As frutas de nosso país são muito apreciadas, como por exemplo, as maçãs de Hwangju, Taegu, Anbyon e Pukchong, as tangerinas e os caquis das zonas do litoral meridional, as peras de Haeju e Togwon, e as doces castanhas de Pyongyang e Jungsan.
Banhado pelo mar por três partes, nosso país possui muitas riquezas marítimas. No Mar Leste, que está próximo a uma das três grandes zonas pesqueiras do mundo, há uma variedade de espécies e a pesca é abundante. Na primaveram sobem do Sul cardumes de cavala e anchova, enquanto que do Norte vem o arenque. No verão aparecem cardumes de sardinha, e no inverno são abundantes os escamudos do Alasca (Pollachius pollachius), espécie muito apreciada na Coreia. Somente com a captura desta espécies migratórias a pesca chegaria a ser de milhões de toneladas. No Mar Leste abundam também salmão e atum e outras espécies das mais estimadas. Também nos Mares Sul e Oeste abunda a pesca.
Como se vê, nosso país é rico em recursos. Todavia, nosso povo ainda não pode beneficiar-se destas riquezas. Hoje os imperialistas japoneses, para suprir a enorme quantidade de material de guerra frente a agressão à China e a Guerra do Pacífico, nos roubam todo ano oito bilhões de quilowatt-hora de eletricidade, mais de três milhões de toneladas de minerais de ferro, mais de cinco milhões de toneladas de carvão e mais de oitocentos mil de cimento. Levam também dez milhões de soks de arroz, cerca de dois terços de toda a produção, mais de cem mil cabeças de gado bovino e os produtos marítimos dos Mares Leste, Oeste e Sul. A pilhagem do imperialismo japonês reduz rapidamente as riquezas do país. Para por os ricos recursos do país ao verdadeiro serviço do povo, é indispensável derrotar o imperialismo japonês e construir um Estado popular, onde os operários e camponeses sejam seus donos. Depois de estabelecido tal Estado, se desenvolvemos as indústria de eletricidade, carvão, metalurgia e química, assim como a agricultura e a indústria pesqueira sobre a base desses abundantes recursos, nossa Pátria será um país civilizado, forte e rico, com uma indústria avançada; um país que terá de tudo; então nosso povo verá feito realidade seu sonho milenar: uma vida feliz, rica comida à base de arroz e carne. Se as coisas procedem assim, não somente os 23 milhões de habitantes de agora, mas incluso 100 milhões poderiam ter o suficiente para viver felizes.
Nosso país, além de abundantes recursos, possui uma bela natureza. As montanhas, altas ou baixas, e os rios de águas cristalinas, que são vistos por toda parte, oferecem um panorama maravilhoso. Desde o grande monte Paektu, no Norte, se desprende uma cadeia prolongada de pitorescas cordilheiras que terminam no monte Halla, na ilha Jeju, passando pelos montes Kumgang e Thaebaek. Nosso país é, literalmente, um território de montes e rios dourados que se estendem ao longo de três mil ris: extensas planícies pelas que correm os rios Amnok, Tuman, Taedong, Han, Raktong e Kum, regando com suas águas, as terras do Leste, Oeste e Sul; milhares de léguas de litoral bordado de pitorescas paisagens. Temos também as fontes termais em Juul, Yangdok e em muitos outros lugares, e por todo canto, em Sambang e Kangso especialmente, mananciais de águas minerais.
Belas as montanhas, cristalinas as águas, pitorescas as paisagens, quão feliz seria nosso país se tudo isso estivesse à serviço da saúde e do descanso do povo! Temos de libertar o quanto antes a Pátria, construir casas de repouso nos lugares mais pitoresco, para que os trabalhadores possam gozar de um bom descanso, e levantar sanatórios para o fomento da saúde do povo ali onde a água é mais cristalina e o ar é mais puro.
Existem no mundo muitos países, porém há poucos tão bonitos como o nosso, tão propícios para viver como nossa Pátria. As belas paisagens de montanhas e rios, campos férteis onde maduram toda classe de cereais e frutais, riquezas em ouro, prata e outros tesouros que nosso subsolo guarda, e um povo inteligente, valoroso, civilizado, como não dizer que temos uma Pátria digna e preciosa?
Entretanto, nosso povo leva hoje a vida mais pobre do mundo. Nossa brilhante cultura nacional, de cinco milênios de tradições, vai sendo apagada. Despojaram nosso povo do direito de comer o arroz que ele mesmo cultiva, lhe privaram até do direito de viajar livremente em sua própria terra. Grande número de compatriotas, nossos irmãos e irmãs, vivem uma vida de fome. Enquanto não derrotemos o inimigo imperialista japonês e não construamos um país para o povo, um país onde operários e camponeses sejam os donos, o encanto de nossas montanhas e rios não poderá nos alegrar, nem a abundância de ouro e prata trará benefício ao nosso povo.
Os comunistas, revolucionários coreanos, temos que expulsar os imperialistas japoneses e tornar realidade os desejos seculares de recuperar a Pátria, assim como edificar um paraíso comunista na terra de três mil ris, para que todo o mundo admire nossa Pátria. Precisamente para materializar esta missão histórica, viemos lutando há mais de dez anos e continuaremos a luta.
2. Algumas tarefas imediatas.
Atualmente, na Segunda Guerra Mundial, os imperialistas japoneses se encontram em uma situação problemática, e à medida que se aproxima a derrota vão caindo cada vez mais na exasperação.
A opressão e o saque a nosso povo por parte do imperialismo japonês chegam ao extremo depois de estalar a Guerra do Pacífico. Na Coreia tem acantonadas permanentemente mais de três divisões. Contam também com um enorme aparato de polícia, gendarmeria e outros corpos de repressão fascista para atropelar os coreanos. Tudo o que parece suspeito para eles, colocam a etiqueta de "coreano desobediente", lhe detém ou encarceram sem fundamento algum.
Os policiais japoneses ultrajam incluso os idosos sob o pretexto de "cidadão indigno", pelo simples fato de que devido à memória ruim não conseguem gravar o "juramento dos cidadãos do Imperio japonês", e castigam severamente as crianças pelo "crime" de falar coreano.
Os imperialistas japoneses, além de atuarem freneticamente para suprimir tudo o que é coreano, exploram sem freio a força de trabalho e os bens materiais sob o pretexto de "realizar a guerra". Arrastam à força ao campo de batalha como bucha de canhão um grande número de jovens coreanos sob o nome de "militares conscritos". Ademais, levam ao Japão, a título de conscrição laboral, grande número de jovens e homens de meia idade aptos para o trabalho, e ali os submetem ao trabalho forçado nas minas ou nas instalações militares.
Aos que se livram da conscrição laboral, os mobilizam forçadamente ao "corpo de serviço laboral ao Estado", para explorá-los sem limites em trabalhos sem remuneração. Até os pequenos, os escolares, estão obrigados a cumprir o "serviço laboral" em trabalhos permanentes e pesados.
Porém isso não é tudo. Para cobrir as crescentes demandas da guerra, os imperialistas japoneses redobram a pilhagem econômica como nunca antes, levando até as louças e materiais cobertos de latão.
Porém ainda sob esta opressão extrema do inimigo, o povo coreano, estimulado pela atividade política e militar de nosso Exército Revolucionário Popular, luta com energia contra o imperialismo japonês. Nas fábricas de Seul, Pyongyang, Chongjin, Hungnam, Pusan e outras cidades industrias de grande importância e nas principais obras de construção, portos e indústrias de guerra, os trabalhadores efetuam continuamente greves e sabotagens, deserções coletivas e outras ações de luta de diversa índole. Os camponeses se negam à entrega forçosa de produtos agrícolas e lutam abnegadamente contra as monstruosas contribuições do tempo de guerra e a mobilização forçada. São frequentes os incidentes ideológicos dos professores e estudantes, as greves estudantis, a renúncia de jovens e adultos a participaram nas conscrições militar e laboral, e nos trabalhos forçados. De modo especial, entre as massas se nota cada dia mais nitidamente a decisão de alçar-se com armas apoiando a Luta Armada Antijaponesa, e muitos jovens e estudantes procuram estabelecer contato com o Exército Revolucionário Popular da Coreia.
Pequenas unidades do ERPC, desafiando a densa rede de vigilância que os imperialistas japoneses estenderam ao longo da fronteira com centenas de milhares de efetivos, conseguem penetrar no país e lograr grandes êxitos com suas hábeis operações. Ao mesmo tempo, o grosso se prepara frutiferamente no aspecto político e militar para receber o grande acontecimento.
Ante à iminente derrota, os imperialistas japoneses realizam esforços desesperados para impedi-la, porém a situação interna e externa do país está se desenvolvendo decididamente a favor da revolução.
Contudo, por mais madura que esteja a situação revolucionária no interior e no exterior do país, os comunistas, que somos a força dirigente da revolução coreana, não poderemos lograr a vitória decisiva da revolução se não nos responsabilizamos da organização e mobilização exitosas das massas.
Temos que lutar com todas nossas energias e todo nosso talento para adiantar ao máximo o grande acontecimento, a libertação da Pátria.
Para preparar com iniciativa o grande acontecimento da restauração da Pátria, devemos intensificar ainda mais as atividades político-militares do Exército Revolucionário Popular da Coreia, e dar assim maior coragem às nossas próprias forças revolucionárias e preparar a nação inteira para a luta final contra o imperialismo japonês.
Para isso é preciso, em primeiro lugar, aglutinar com firmeza todas as forças patrióticas, dando forte impulso, em escala nacional, ao movimento da frente unida nacional antijaponesa, com vistas a preparar um firme terreno de massas para o combate decisivo contra o vandálico imperialismo japonês.
Após a fundação da Associação para a Restauração da Pátria em maior de 1936, o movimento da frente unida nacional antijaponesa conseguiu progressos de muita transcendência em nosso país.
Ao serem formadas numerosas organizações subordinadas à Associação para a Restauração da Pátria nas zonas ribeiras dos rios Amnok e Tuman e até no interior do país, diversas classes e estratos do povo puderam aderir à mencionada frente.
Apesar da cruel repressão do imperialismo japonês, a partir do ano de 1939 estão se ampliando as organizações filiais desta frente nas comarcas do Nordeste do Paektu e em muitas outras zonas do interior do país.
Há que dizer que ainda não se incorporaram todavia em medida suficiente as forças patrióticas antijaponesas do país à frente unida.
Se não conseguimos organizar e aunar com solidez todas as forças antijaponesas, não disporemos de uma firme base de massas para as futuras lutas decisivas que serão empreendidas no interior contra o imperialismo japonês. Por isso estender e consolidar em escala nacional as organizações da frente unida nacional antijaponesa, organizar e agrupar nelas o maior número possível de forças, é o fator chave que determinará os resultados de nosso combate final. Temos que destinar ao interior do país um maior número de agentes políticos competentes para que sejam criadas em todas as partes as organizações de base da frente unida nacional antijaponesa e impulsionem mais energicamente as atividades organizativas e políticas encaminhadas a agrupar as amplas forças antijaponesas que são jovens estudantes, intelectuais, capitalistas nacionais conscientes, religiosos patriotas, etc. com os trabalhadores e camponeses como núcleo.
Atualmente no interior do país estão mais maduras que nunca as condições objetivas para fortalecer e desenvolver a frente unida nacional antijaponesa. A extremamente cruel repressão e saque dos imperialistas japoneses levaram à uma situação crucial todos os coreanos, sem distinção de opiniões políticas, bens de fortuna, grau de conhecimentos e crença religiosa. Os trabalhadores são submetidos à conscrição laboral, quando não, a cumprir trabalhos forçados extenuantes em fábricas de guerra, como se fossem presos. Por toda alimentação, recebem cem grãos de farinha de soja que trazem da Manchúria. E com isso tem que aguentar cumprir os agoniantes trabalhos em uma jornada interminável.
De salário ou segurança de trabalho não há nem o que falar.
A situação dos camponeses todavia é mais trágica. No campo produz-se muito menos que antes, pois a terra está arruinada e sente-se a carência de gente jovem ou adulta. A maior parte do que produz-se é confiscado pelos imperialistas japoneses, pelos latifundiários e altos dignatários. Os camponeses ficam com uma quantidade mísera.
Segundo as estatísticas dos imperialistas japoneses, que por certo estão diminuídas, na primavera, época de fome, as famílias carentes de alimentos chegam a mais de 50%. Porém, de fato, o campesinato inteiro a duras penas passas o inverno com a raiz de kudzu que tira de debaixo da neve, enquanto que na primavera se alimenta com raízes de ervas. Como se tudo isso fosse pouco, o inimigo coloca sobre os camponeses todo o peso de contribuições de guerra: "contribuição para a defesa nacional", "doação para as armas", "bilhetes de loteria", etc. Já começaram a roer, por assim dizer, os ossos do campo coreano, que encontra-se deteriorado.
A situação dos estudantes e dos intelectuais é também sumamente grave. A guerra incluso fechou as escolas. Os escassos estudantes que havia nas universidades e nas escolas especializadas foram recrutados como "voluntários", e as escolas secundárias se converteram em centros de instrução militar. Até os alunos das escolas primárias se viram obrigados a passar pela instrução militar, e se aumentou os dias de trabalho forçado em relação aos de estudo escolar.
Como se vê, hoje em dia nossos trabalhadores e camponeses e todas as demais classes e estratos do povo coreano se encontram na pior das situações. "Quando se derrubará este maldito mundo?", dizem os coreanos, e esperam com ânsia que nosso ERPC aniquile o quanto antes o imperialismo japonês e salve a Coreia.
Nestas condições, se desenvolvemos ativamente o movimento da frente unida nacional antijaponesa, todas as classes e estratos adeririam sem falta a ele, exceto, claro, um punhado de pró-japoneses e traidores da nação.Em vista da brutal repressão e do extermínio de seres humanos por parte dos japoneses e sua densa rede de vigilância, temos que nos esforçar energicamente para aprender hábeis métodos de trabalho político e de atividade clandestina, assim como organizar e mobilizar com êxito as massas populares na batalha decisiva.
Em segundo lugar, há que formar no interior do país as bases revolucionárias, sólidos pontos de sustentação organizativa. Para essa batalha final contra o vandálico imperialismo japonês necessitamos bases firmes nas que se apoiem as principais unidades do Exército Revolucionário Popular da Coreia. Sem essas bases não se poderão suprir e ampliar com rapidez as filas do ERPC com a juventude do interior do país, nem instruí-la em pouco tempo ou desferir no inimigo golpes decisivos.
Dada a situação criada e a correlação de forças entre nós e os inimigos, é de suma importância criar bases revolucionárias no interior do país. No futuro os imperialistas japoneses se verão sumamente isolados e obrigados a dispersar suas forças, com o que se criarão muitos resquícios no interior do país. Aproveitando estes resquícios, poderemos criar bases revolucionárias em montanhas de distintos lugares do país, bases que servirão de apoio para ampliar e fortalecer as filas armadas e propiciar um terreno de massas para estas.
Também é ótimo o terreno entre as massas para formar as bases revolucionárias. Atualmente, no interior do país, além das organizações revolucionárias clandestinas que havíamos criado, há muitos jovens refugiados nas montanhas após fugirem do recrutamento militar e laboral ordenado pelo imperialismo japonês. Em distintos lugares, os jovens formaram organizações secretas e possuem armas, prontos para colaborar na eventual ofensiva do ERPC. Há entre eles muitos jovens que já tiveram contato com nosso exército ou que se esforçam para tê-lo; outros arriscam a vida para chegar até nossas unidades. Dadas as circunstâncias, se consolidamos as bases revolucionárias nas cordilheiras de Rangmin, Thaebaek e outras zonas montanhosas no interior do país e lançamos um chamamento aos jovens coreanos, iriam para lá sem falta um grande número. Se ampliamos rapidamente nossas filas armadas com estes jovens, tendo como espinha dorsal os camaradas já formados e forjados ao longo de mais de dez anos de Luta Armada Antijaponesa, e se nos instruímos e empreendemos mais tarde o combate de vida ou morte contra o imperialismo japonês, poderemos expulsá-los de nosso solo e cumprir a grande tarefa de recuperar a Pátria com nossas próprias forças.
Temos que estar prontos para, uma vez criadas as condições, entrar prontamente no país com o grosso de nosso exército. E uma vez ali as unidades principais deverão ocupar as montanhas deslocando-se por zonas, como as províncias de Hamgyong Norte e Sul, Phyongan Norte e Sul, Kangwon, Hwanghae e outras, e incorporar em suas filas, em contato com o núcleo dirigente que já formamos em cada localidade, os jovens que andam pelas montanhas em busca de nossas unidades, fugindo do recrutamento militar e laboral, assim como muitos outros jovens patriotas, para armá-los e instruí-los. Assim devemos preparar a base definitiva.
Com este fim é preciso antecipar a formação de unidades principais por zonas, e de unidades de reserva, e preparar as armas necessárias.
Contamos com suficientes meios para armar as massas populares revolucionárias do país na medida que a situação exige. Dispomos já de uma grande reserva de armamento tomado do inimigo nos anos passados, e temos possibilidades suficientes para armar mais gente, tomando as armas do inimigo, quando suceder o grande acontecimento. É de tudo possível, pois, armar as filas em rápido crescimento, como demonstram as experiências adquiridas em mais de dez anos de combates reais.
Por outra parte, algumas de nossas unidades deverão estabelecer novas bases guerrilheiras no Leste e no Sul da Manchúria e ampliar a área de luta armada, mantendo à vista os efetivos do exército Guandong, em apoio ao grosso de nossas forças, que operaria no interior do país.
Temos preparadas as forças de núcleos dirigentes capazes de libertar a Pátria com nossos próprios meios. Contamos com quadros de comando dotados de rica experiência e da técnica de combate que adquiriram nas mais diversas circunstâncias, durante mais de uma década de duros anos de renhidas lutas e atividades político militares; contamos, ademais, com quadros políticos que possuem uma elevada arte de direção e métodos revolucionários de trabalho para organizar e dirigir as massas, compenetrando-se com elas.
Este núcleo reitor revolucionário é, verdadeiramente, um valioso tesouro da revolução coreano. Se, quando chegar a hora, agrupamos toda a nação em unidade combativa, tendo como estrutura estes núcleos dirigentes, e empreendemos a batalha definitiva contra o vandálico imperialismo japonês, não cabe dúvida que os esmagaremos.
Em terceiro lugar, todos os quadros de comando e soldados do Exército Revolucionário Popular da Coreia devem se preparar cabalmente tanto no sentido político como militar, para receber o grande acontecimento da recuperação da pátria.
Na luta revolucionária o triunfo ou o fracasso depende em grande medida da preparação político-ideológica de seus participantes e, sobretudo, do nível político-teórico e da arte reitora das pessoas de comando que organizam e dirigem a luta. Por mais favorável que seja a situação e por mais maduras que estejam as condições, se os dirigentes que organizam e dirigem a luta não traçam uma estratégia e uma tática acertadas, nem asseguram uma direção científica, partindo de um cálculo correto da correlação de forças entre nós e o inimigo, não poderão conduzir as massas à vitória. Portanto, o mais importante para receber bem preparados o grande acontecimento consiste em que nós, os dirigentes da revolução, nos armemos firmemente com a teoria revolucionária do marxismo-leninismo, tracemos uma estratégia e uma tática corretas e possuamos uma provada arte de comando. Esta é uma tarefa apremiante não só para triunfar no combate decisivo para a libertação da Pátria, mas também para construir uma nova Pátria, depois de derrotado o imperialismo japonês e liberada a Pátria.
Nossa missão não acaba com a libertação da Pátria. Temos que criar na Pátria liberada um Estado popular, soberano e independente, rico e poderoso. Porém não poderemos cumprir com êxito se não conhecemos as teorias revolucionárias e os problemas práticos da construção do Estado. E para elevar seu nível político e teórico, os membros do ERPC devem estudar mais do que nunca.
Todos os quadros de comando e soldados tem que estudar a fundo, sobretudo, as orientações estratégico-táticas da revolução coreana e a realidade da Coreia, começando pela história e geografia da Pátria.
Ademais, todos os quadros de comando e soldados do ERPC devem elevar a um nível superior sua técnica militar.
Nossos quadros de comando e os soldados do Exército Revolucionário Popular da Coreia constituem um tesouro, são homens e mulheres com ricas experiências adquiridas em mais de 10 anos de luta no fogo da árdua guerra guerrilheira. Porém somente com a luta guerrilheira não poderemos vencer a batalha decisiva que teremos de empreender contra o vandálico imperialismo japonês. Teremos que realizar a luta de vida ou morte, cara a cara, frente ao poderoso exército japonês equipado com moderna técnica militar. De modo que se não aplicamos habilmente todos os métodos modernos de combate, tais como operações ofensivas, operações de desembarque marítimo e aéreo, etc. não poderemos combater com êxito o agressor imperialista japonês. Temos, pois, que combinar as ricas experiências acumuladas na guerra guerrilheira com a técnica militar moderna, os métodos de luta guerrilheira, de uma habilidade extraordinária, com os métodos modernos de combate, para superar o inimigo estratégica e taticamente e aniquilá-lo.
Com este objetivo, necessitamos estudar e aprender bem as táticas ofensivas e defensivas próprias de exército regular, e intensificar os exercícios de desembarque marítimo e aéreo e outros treinamentos táticos que tem como objetivo assimilar os modernos métodos de combate.
Está claro que em um curto prazo de tempo não nos será fácil terminar o estudo político-teórico - o que equivaleria a vários anos em uma universidade regular -, e o estudo militar, igual a vários anos disciplinas militares na escola regular de oficiais.
Porém nós não somos simples estudantes, mas combatentes revolucionários que que estamos empreendendo uma sangrenta luta revolucionária. Não estudamos pelo mero fato de elevar nossa capacidade pessoal, mas porque no estudo vemos uma questão de responsabilidade relacionada com a libertação e o destino futuro da Pátria; é uma tarefa combativa que assumimos ante à nossa querida Pátria e à revolução. Os revolucionários são pessoas de vontade férrea, para quem não há nada impossível de realizar quando a revolução o pede. Somos combatentes revolucionários que, quando a revolução o necessita, nos apoiamos em nossas próprias forças, sejam nas circunstâncias que for. Com este espírito revolucionário viemos avançando, de vitória em vitória, vencendo todas as provas e obstáculos.
Os atuais quadros de comando devem ter em mente que no futuro deverão mandar em dezenas de milhares de oficiais e soldados, ocupando graus mais altos. Também os soldados tem que ter a consciência de que no futuro serão quadros políticos e militares capazes de mandar em centenas ou milhares de soldados.
Deste modo, camaradas, vocês que estudar para a Pátria do futuro, para o país do povo, para a futura sociedade socialista e comunista que se construirá em nossa terra, com a que sonharam nossos camaradas de armas caídos na sagrada luta pela restauração da Pátria. Se estudamos e treinamos o revolucionário e o combativo com a elevada consciência e o alto espírito de sacrifício próprios dos revolucionários, poderemos dominar em pouco tempo todo tipo de teoria e técnica, por mais difíceis que sejam.
A Pátria e o povo, que estão vivendo uma tragédia, nos esperam com ânsia. A situação crítica nos apremia. Estudemos todos, treinemos todos, redobrando energias e pondo em pleno jogo todas as nossas forças com o fim de estar preparados parados para o grande acontecimento: a recuperação da Pátria.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário