sábado, 7 de setembro de 2019

A verdadeira independência ainda deve ser conquistada no Brasil


Neste 7 de setembro de 2019, a República Federativa do Brasil celebrou os 197 anos de independência de Portugal, data em que em 1822, Dom Pedro gritou nas margens do riacho do Ipiranga “Independência ou Morte!”.

A data, repleta de simbolismo que é relembrada em nosso hino nacional, embora tenha sua importância no desenvolvimento natural da história, deve ser cautelosamente analisada para que o povo brasileiro não permaneça na condição de colonizados sem dar-se conta disso.

Primeiramente, deve-se notar que o processo de independência do Brasil foi um processo à parte das massas, da população em geral, empreendida por interesses da classe dominante em oposição ao Reino de Portugal.

Quando o então príncipe-regente Dom Pedro bradou às margens do Ipiranga, não dava-se início à uma luta para construir um país que defendesse realmente os interesses das amplas massas do povo, mas sim uma luta para defender a elite "brasileira" que encontrava-se insatisfeita com as políticas tomadas pelas cortes portuguesas.

Aquela data foi apenas o início da guerra de independência do Brasil que seguiu até a coroação de Dom Pedro como primeiro Imperador do Brasil em dezembro daquele ano. Durante esse período, as tropas leais à D.Pedro tiveram que enfrentar as tropas das províncias onde os governantes mantinham-se fiéis às autoridades de Lisboa.

Embora "independente", o Brasil agora devia 2 milhões de libras como indenização ao Reino de Portugal, era governado por um português e era escravista. Sua população, uma grande mistura de raças e etnias, vivia nas mãos de alguém que governava de acordo com seus interesses e que nem sequer fora escolhido por eles, tampouco nascido em território tupiniquim.

Diferente da independência de países como Coreia, Vietnã e Cuba, no Brasil o povo não obteve sua vitória na luta, mas aprendeu a "comemorar" a vitória da classe dominante que forjou um falso patriotismo nas mentes da população.

De fato, foi importante a independência do Brasil, independentemente da forma como se deu, contudo, em vista dos ensinamentos da história, a verdadeira independência é lograda somente através da luta revolucionárias das massas populares e, portanto, estamos próximos de chegar à vergonhosa marca de 200 anos de "independência" meramente simbólica.

Atualmente, nossa República que passou por diversas fases turbulentas de disputas entre liberais e conservadores, encontra-se em terrível fase de lacaismo, onde nossas autoridades são subservientes aos interesses das grandes potências, sobretudo aos imperialistas estadunidense.

Os vende-pátria celebram a "independência" do Brasil em desfiles e festividades ao longo do país enquanto a situação do povo encontra-se deplorável em meio ao completo descaso das autoridades com setores essenciais como os da saúde e educação.

Nosso Brasil "independente" segue constantemente os conselhos de seu amo estadunidense em nome de uma "afinidade ideológica" com a "nação amiga" que defende com unhas e dentes o que lhes pertence enquanto finca livremente suas garras em nosso sagrado território.

Um país que ainda vive as mazelas da colonização portuguesa, sobretudo no que refere-se à escravidão, mas que também exporta outros aspectos maléficos como a xenofobia e o fundamentalismo, característico de outras sociedades.

É uma terra de enorme desigualdade social, onde um punhado de privilegiados vociferam serem os "donos" do país e utilizam-se de artifícios retrógrados para formar seu rebanho de apoiadores, verdadeiros escravos conformados, escórias da nação.

Não há nação sem povo; um Estado não pode existir sem as massas populares. Se aqueles que produzem a verdadeira riqueza de nosso país e que fazem-o se desenvolver são ainda subjugados por parasitas de terno e gravata, é porque, infelizmente, somos ainda colonizados.

A independência é um atributo inerente ao ser social e, de forma natural, o percurso da história é o da luta para lográ-la por suas próprias forças. Todavia, a classe dominante jamais cederá sem luta e não deseja conceder "privilégios" aos seus servos.

Somente quando o povo brasileiro se unir, independentemente de posições políticas, crenças religiosas e ideologia, para tomar para si o Estado e geri-lo de acordo com suas demandas, derrubando as forças parasitárias anti-povo, poderemos dizer com orgulho que somos um povo independente.

Não devemos jamais diminuir o significado da palavra independência, que traz consigo a nação de libertação do jugo de algo ou alguém e provém felicidade à uma ampla quantidade de indivíduos, um coletivo.

Assim sendo, ao comemorar o chamado "Dia da Independência", devemos nos inspirar para lograr aquilo que ainda não alcançamos e valorizar ao máximo nossa soberania, nossas riquezas e nosso povo.

Por: 레난

Nenhum comentário:

Postar um comentário