sexta-feira, 1 de março de 2019

O impasse da Cúpula de Hanói e o futuro das relações RPDC-EUA


Sob os olhares de expectativa de todo o mundo, foi realizada entre os dias 27 e 28 de fevereiro do presente ano a II Cúpula RPDC-EUA, tendo Hanói, capital do Vietnã, como sede. Entretanto, ao contrário da primeira e histórica Cúpula da Ilha Sentosa de junho passado, não foram obtidos logrados grandes acordos para a melhoria das relações entre os dois países e estabelecimento da paz na região, deixando incerto o caminho das relações bilaterais entre as duas partes.

Depois de 260 dias desde a marcha empreendida em Singapura, onde foi aprovada a Declaração Conjunta aplaudida unanimemente pela comunidade internacional, os líderes da RPDC e dos EUA trilharam um longo caminho para a realização exitosa da segunda Cúpula, porém, com pontos de vistas diferentes sobre os temas de grande relevância para o empreendimento de relações normais, com respeito à autodeterminação e soberania, não chegou-se a um novo acordo.

Embora abaixo da expectativa geral de grande parte do público mundial, as conversações entre os máximos líderes da República Popular Democrática da Coreia e dos Estados Unidos da América serviram como ocasião para aprofundar o entendimento mútuo sobre questões de suma importância que dizem respeito aos máximos interesses estatais de ambas as partes. Mesmo sem acordo e certa decepção pela parte coreana (e não tanto pela estadunidense), as partes ressaltaram o compromisso que assumiram no primeiro encontro e comprometeram-se a seguir mantendo os contatos de alto nível para enfim colocar as relações RPDC-EUA em nova fase de desenvolvimento.

Ainda que a RPDC tenha tomado iniciativas protagonísticas e de boa fé, a contraparte não realizou medidas efetivas para levar a frente as negociações entre as partes, causando vários entraves para o desenvolvimento positivo do que foi firmado. A postura duas-caras do governo estadunidense, característica durante os 70 anos de relações de desconfiança e hostilidade, permaneceu de forma explícita nos últimos meses, com acusações infundadas sobre "tráfico de pessoas", "violação dos direitos humanos", além de ajustar meios para manter a pressão e sanção sobre o país do leste asiático.

Posto que inicialmente cancelaram os exercícios militares com a Coreia do Sul durante o início das negociações, esperava-se que postura semelhante fosse tomadas nos meses posteriores. Reforça esta ideia a afirmação de Trump em Singapura, reconhecendo que os exercícios militares são provocativos. Contudo, os belicistas estadunidenses seguiram sua ambição militarista e até mesmo forçaram o governo sul coreano a aumentar a quantia para a manutenção de suas tropas e fortalecimento das forças de 'defesa'.

Enquanto a RPDC desmantelou bases de testes nucleares e lançamento de mísseis com a presença de jornalistas e inspetores da área de várias partes do mundo e cessou suas atividades de lançamento de mísseis desde então, os EUA segue incrementando suas forças, interferindo nos assuntos internos de outros países, aplicando e renovando sanções e acusando os outros daquilo que eles são.

Vimos também no transcurso desta marcha de negociações uma luta intensa acerca do tema tanto em termos de disputas partidárias, como divergências claras entre posicionamento de autoridades de nível governamental. Mas a base firme da confiança no sucesso das relações sempre se manteve pelos diálogos direitos entre Kim Jong Un e Donald Trump, que trocaram cartas e demonstraram elevado respeito um para com o outro em declarações que realizaram.

A ideia de desnuclearização completa, verificável e irreversível elaborada pelos Estados Unidos, sem qualquer medida plausível por sua própria parte, é uma medida unilateral que o governo da RPDC rejeita veementemente. Também, as passadas declarações absurdas de Pompeo e Bolton definindo o modelo líbio como o pensado para a Coreia, corroboraram a desconfiança por parte do governo norte coreano, que proferiu críticas duras acerca disso.

Como sempre frisei, a RPDC não pretende eliminar as armas que já possui, desenvolvidas à custa de muito esforço, mas não levar adiante seu desenvolvimento, como forma de demonstrar sua abertura às negociações e seu ponto de vista diplomático e não agressivo. Como foi no passado, é no presente, e também será no futuro, a Coreia socialista não colocará em jogo sua soberania nacional e tomará as medidas razoáveis de acordo com a situação que se apresenta.

Os EUA pedem mais do que dão; falam coisas bonitas e fazem coisas ruins. O relaxamento nas sanções, somente nas que afetam diretamente na vida da população foi a demanda da parte coreana, mas Trump além de rejeitá-la, mentiu na conferência de imprensa ao dizer que pediam a retirada total das sanções.

O Presidente Kim ofereceu a Trump o desmantelamento do principal reator nuclear em Yongbyon e não pediu pelo relaxamento das sanções no campo militar, todavia, Trump disse que não se pôde assinar nenhum acordo ainda pois o que ofereceu a contraparte não é suficiente, dizendo que não era o mais importante que eles ofereciam, e considerou cedo demais para tirar ao menos em parte as sanções. Isso demonstra o modo soberbo dos EUA que consideram seus interesses acima dos de outras nações.

Após o fim das conversações, que foram encerradas antes do esperado devido às divergências das partes, os máximos líderes agradeceram pelos esforços para chegar a um consenso. O Presidente Kim disse quando perguntado que não estava de tudo pessimista, embora seja cedo para fazer uma avaliação mais profunda.

Na coletiva de imprensa pós-conversações também o ministro das Relações Exteriores da RPDC, Ri Yong Ho disse que embora as negociações sigam, não haverá proposta melhor por parte do governo norte coreano e que a postura atual será mantida. A vice ministra das Relações Exteriores, Choe Son Hui, disse que tem a impressão de que, os estadunidenses seguindo esta posição, podem fazer o Presidente Kim perder o interesse em buscar um acordo. São demonstrações claras da decepção que fica não somente da parte coreana mas dos progressistas em todo o mundo.

Expectativas grandiosas sobre nossos passos nas relações bilaterais entre RPDC e EUA e movimentações para por fim definitivo na Guerra da Coreia, substituindo o Armistício de Panmunjom por um tratado de paz, foram frustradas, mas nem tudo está perdido.

O tempo nos mostrará que caminho tomará as inconstantes negociações entre os dois países e torcemos para que de forma justa sejam futuramente logrados novos acordos e resolvidas as antigas pendências que necessitam ser resolvidas o quanto antes.

Por: 레난 쿠냐

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