sábado, 30 de março de 2019
Alguns problemas sobre o desenvolvimento da língua coreana
Conversa com linguistas em 3 de janeiro de 1964.
Desde muito tempo pensava em discutir alguma vez com vocês sobre o problema da língua, porém diversos motivos de impediram de fazê-lo. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para referir-me a algumas questões relacionadas com o desenvolvimento da linguística de nosso país.
No passado houveram repetidos debates em torno dos problemas linguísticos, especialmente, ao problema da reforma do alfabeto.
Alguns insistiram na imediata realização desta reforma, porém nos opusemos a ele de modo resoluto. Quais foram as principais razões para nossa oposição a ela?
Em primeiro lugar, eles não tratam o problema do idioma em relação com o problema nacional. A língua é um dos traços comuns mais importantes que caracterizam a nação. Embora tenha mesmo sangue e viva no mesmo território, aquela nação cujos membros falam línguas diferentes não podem considerar-se como uma só nação.
O povo coreano é uma nação homogênea que tem o mesmo sangue e fala o mesmo idioma. Por mais que nosso país se encontre dividido entre Norte e Sul devido à ocupação do sul da Coreia pelo imperialismo estadunidense, nossa nação é uma só. Atualmente, tantos os habitantes do sul como os do norte falam o mesmo idioma e utilizam letras iguais.
Sendo assim, o que ocorreria se reformássemos o alfabeto, como insistiam alguns? Se os sul coreanos e norte coreanos usam distintas letras, uns e outros não poderiam trocar cartas nem chegariam a compreender os jornais, revistas e outras publicações. Isto acarretaria na grave consequência de liquidar a comunidade nacional do povo coreano e, em última instância, se separar a nação. Eles somente tiveram em mente a reforma do alfabeto, porém não levaram em conta a divisão da nação. Nós, os comunistas, não podemos permitir nenhuma reforma do alfabeto que possa dividir nossa nação.
Em segundo lugar, eles não levaram em consideração os grandes obstáculos que a imediata reforma poria ao desenvolvimento das ciências e da cultura.
As letras desempenham um papel de grande importância no avanço científico e cultural. Os jornais, as revistas, os livros de ciência e tecnologia, as obras literárias, tudo se escreve com letras. Sem elas é impossível estudar as ciências e a cultura e desenvolvê-las.
Antes da libertação, os imperialistas japoneses trataram de eliminar nosso idioma e nossos caracteres. Impondo o idioma japonês como "língua nacional", eles proibiram o uso da língua coreana, obrigando-nos a falar sua língua. Em consequência, naquele tempo somente alguns linguistas se dedicaram ao estudo da língua coreana, e o resto das pessoas, geralmente, não podia fazê-lo.
Com a libertação, resgatamos nosso idioma e nossos caracteres, que estivemos a ponto de perder. De imediato apresentamos a orientação de desenvolver rapidamente a cultura nacional, e assim levamos a cabo com dinamismo a alfabetização e fomentamos em ampla escala o ensino popular. Como resultado, a totalidade de nosso povo sabe ler e escrever com seu alfabeto. Hoje, em nosso país os jornais, as revistas e todas as demais publicações são editadas com nossa escrita, e o povo as lê e entende.
Então, o que ocorreria se modificássemos repentinamente os caracteres? Todo o mundo voltaria ao analfabetismo de repente e se veria obrigado a aprendê-lo novamente. Ademais, teríamos que reescrever com nova escritura todos os livros e demais publicações já editadas. Seria impossível difundir entre os trabalhadores a ciência, os conhecimentos técnicos, a literatura e a arte através das publicações, enquanto as pessoas não houvessem aprendido os novos caracteres. Se as coisas marcham assim, poderíamos sofrer um atraso de décadas no desenvolvimento das ciências e cultura.
Na atualidade, em comparação com os países avançados, nosso país está atrasado no avanço das ciências e tecnologia. Por isso, já que é necessário difundir com rapidez as ciências e a tecnologia por meio da escritura que já nosso povo já conhece, qual seria o sentido então de retardar mais seu desenvolvimento com a reforma do alfabeto?
Em terceiro lugar, tampouco levaram conta a tendência internacional do desenvolvimento dos alfabetos. Somos comunistas, e ao fazer modificações em nossa língua e nosso alfabeto, devemos levar em consideração a orientação comum do desenvolvimento das línguas dos povos do mundo.
Desde logo, não se deve abandonar com demasiada presteza as peculiaridades nacionais de nossa língua por razão de aproximar seu desenvolvimento à tendência universal.
Provavelmente haverá de transcorrer muito tempo até que o comunismo se estabeleça em todo o mundo. Por isso é necessário manter em vigência o nacional até o tempo determinado. É errôneo ter em conta somente o nacional, descuidando o que é universal, e vice-versa.
Desde este ponto de vista, nos parece inconsistente a teoria que mantém alguns de reformar o alfabeto. Várias vezes escutamos suas explicações, porém não puderam apresentar nenhum argumento científico.
Nosso Partido teve plena razão em opor-se a sua teoria de reformar o alfabeto.
Eles não viram a influência que exerceria esta reforma sobre nossa vida social, nem souberam dar uma orientação correta a respeito. Com sede de fama, idealizaram de maneira subjetiva e aos seus caprichos a nova escritura e trataram de difundi-la de imediato, sem ter em consideração nem o futuro da nação, nem o desenvolvimento das ciências e tecnologia.
Originalmente a língua está relacionada com a questão nacional e estatal, assim como mantém estreitas relações com todos os aspectos da vida humana. Sendo assim, a meneira de desenvolver a língua e o alfabeto constitui uma questão muito séria.
Nós nos opusemos à reforma do alfabeto em si. Já que o nosso adoece de certos defeitos, é necessário estudar sua modificação com vistas ao futuro.
Nossas letras são ordenadas de forma quadrangular. Se as seguimos ou não é uma questão que teremos que estudar. É certo que haverá também pontos positivos se as modificamos: seria fácil lê-las e realizar prontamente sua mecanografia e sistematização.
Todavia, embora quando estivemos dispostos a reformar o alfabeto, devemos efetuá-lo somente depois da reunificação do Sul e do Norte, e depois que nossa ciência e tecnologia avancem ao nível mundial. Então não ocorrerá o caso de que nossa nação utilize distintas letras depois da modificação do alfabeto; nem haverá grandes dificuldades no desenvolvimento das ciências e cultura, embora se necessite um determinado tempo até que as pessoas aprendam o novo alfabeto.
Por agora é preciso escrever com as mesmas letras que utilizam tanto os norte coreanos como os sul coreanos, e desenvolver com elas as ciências e a cultura.
E embora no cado de que empreendamos a modificação do alfabeto no futuro, devemos fazer de maneira que este mantenha viva as peculiaridades nacionais e, por sua vez, se acerque facilmente da tendência universal.
Estes são princípios que devemos tomar como guia não somente na reforma do alfabeto, mas também em todos os problemas concernentes ao desenvolvimento de nossa língua.
O fato de que nossa nação possui sua própria língua e alfabeto é para nós um grande orgulho e uma grande força. O povo coreano pôde criar uma brilhante cultura nacional e manter continuamente os belos costumes e tradições da nação devido a que contava desde a antiguidade com seu próprio idioma. Nosso povo possui um alto orgulho nacional e uma forte vocação unitária graças a que conta com uma língua excelente.
Hoje, também, nossa língua e nossa escritura servem de poderosa arma para o desenvolvimento da economia, da cultura da ciência e da tecnologia de nosso país e para todos os campos da construção socialista. Se não houvéssemos tido um idioma e uma escrita excelentes, nem uma longa história e tradições culturais formadas e herdadas por este meio, e se hoje nosso alfabeto não tivesse sido difundido amplamente em todo o país e, por consonância, não houvesse sido elevado rapidamente o nível da consciência nem o nível técnico e cultural do trabalhadores, não poderíamos avançar rapidamente com o vigor de Chollima na construção socialista.
Na realidade, nossa língua coreana é de grande excelência. Ela é fluída; apresenta tons altos e baixos, longos e curtos e uma boa entonação, e é muito agradável ao ouvido, assim como riquíssima em vocábulos, pelos quais se pode expressar magnificamente todas as ideias complexas e sentimentos delicados; emocionar, fazer chorar e rir as pessoas. Nossa língua pode manifestar claramente a cortesia e as boas maneiras, graças o qual é muito apropriada também para a educação das pessoas na moral comunista. Ademais, é riquíssima em tons fonéticos. Graças a isso, com nossa língua e escrita se pode expressar quase todos os sons dos idiomas estrangeiros, tanto do Oriente como do Ocidente.
Com todo direito devemos sentir orgulho e afeto por nossa língua nosso alfabeto.
É certo que o idioma coreano também tem defeitos. Por isso temos que desenvolvê-lo para que seja perfeito e bonito, eliminando suas deficiências.
A questão mais importante a que devemos dirigir nossa atenção hoje é a questão das palavras provenientes do mandarim, que se encontram mescladas em grande proporção em nosso idioma.
Antes de tudo, devemos adotar uma atitude correta com respeito a elas. Atualmente reaparecem muitas destas palavras as quais foram deixadas de lado inclusive por nossos antepassados, e não cessam de surgir novos vocábulos formados a partis da mescla desordenada de caracteres chineses.
À medida que se desenvolvam a ciência e a tecnologia e progrida a sociedade, é necessário aumentar também os vocábulos de nosso idioma. Devemos criar muitos neologismos.
Porém neste processo o princípio que se deve assumir é partir das raízes de nossa língua. Não há necessidade de complicar o sistema lexical dividindo-o em dois: o léxico propriamente nosso e o léxico proveniente de caracteres chineses. As palavras devem ser criadas segundo um sistema único, baseado em palavras autenticamente nossas. É necessário que vocês indaguem quantas são as raízes propriamente nossas e as provenientes dos caracteres chineses, e façam uma estatística a respeito.
Devem averiguar se não é suficiente o número das raízes propriamente nossas e se não reside nisto a causa da constante introdução de palavras formadas de caracteres chineses. Se não bastam as raízes propriamente nossas, então o problema se apresenta de outra maneira; porém por não ser assim, devemos desenvolver o idioma coreano com nossas raízes.
Por exemplo, seria bom criar com nossa palavra 《못》(mot - prego) os neologismos como 《나사못》(nasamot - prego de rosca), 《타래못》(taremot - parafuso), 《나무못》(namumot - prego de madeira). Todavia, entre as palavras recentemente aparecidas há muitas incompreensíveis para os jovens, como: 《돈육》(donyuk - carne de porco), 《자돈》(jadon - leitão), 《모돈》(modon - porca) , 《묘목》(myomok - muda de árvore), 《묘포전》(myopojon - viveiro de mudas), etc.
Se usamos ideogramas chineses, seria outra coisa; porém como não queremos usá-los, não devemos seguir idealizando palavras de tal espécie. Em vez de 《뽕잎》(ppongip - folha de amoreira), 《뽕밭》(ppongbat - campo de amoreiras) e 《뽕나무》(ppongnamu - amoreira), dizem 《상엽》(sangyop),《상전》(sangjon) e《상목》(sangmok), respectivamente; porém estas palavras somente podem entender aqueles que conhecem os caracteres chineses, os jovens não. Se escreve 《상전》(sangjon - campo de amoreiras), os jovens confundirão provavelmente com 《상전》(sangjon - mestre), que se usa para condenar os títeres que consideram os ianques como seus "mestres". Do mesmo modo, não é correto usar as palavras 《양잠》(yangjam), 《잠견》(jamgyon) e 《잠사》(jamsa), já que há magníficas palavras equivalentes como 《누에치기》(nuechigui - sericultura), 《명주》(myongju - seda) e 《명주실》(myongjusil - fio de seda), assim como é incorreto dizer 《돈사》(donsa) em vez de 《돼지우리》(duezihuri - estábulo de porcos), e 《십구세》(sipkuse) em vez de《열아홉살》(yolajopsal - dezenove anos de idade).
Por que deveríamos usar a palavra 《연초》(yoncho - tabaco), quando temos uma boa palavra como 《담배》(dambe)? Igualmente, seria melhor usar 《돌다리》(doldari - ponte de pedra) em vez de 《석교》(sokkyo).
Naturalmente não há necessidade de abandonar inclusive aquelas palavras provenientes dos caracteres chineses que se converteram totalmente ao nosso idioma. As palavras como 《방》(bang - quarto), 《학교》(hakkyo - escola), 《과학기술》(gwahakkisul - ciência e tecnologia), 《삼각형》(samgakhyong - triângulo), etc., entraram em nosso léxico. Não há necessidade de substituir 《학교》(hakkyo) por 《배움집》(beumjip) e 《삼각형》(samgakhyong) por 《세모꼴》(semokkol). Isto seria um desvio.
A meu ver, tampouco é possível eliminar o sufixo 《업》(op). As palavras como 《사업》(saop -trabalho)《농업》(nongop - agricultura) e《공업》(gongop - indústria) e outras do mesmo estilo devem continuar sendo utilizadas.
Especialmente, nos artigos científicos ou informe políticos pode-se utilizar um número relativamente maior de palavras proveniente dos caracteres chineses. A terminologia política apresenta algumas complicações. Enquanto aos vocábulos como 《련합회》(ryonhabhoe - reunião conjunta), 《분과회》(bungwwahoe - reunião de comissão), não há outra alternativa que a de os usar como são.
Ademais, ainda no caso de que seja necessário usar certas palavras dessa origem, não devemos introduzi-las tal como são, somente modificando sua pronúncia. Alguns dizem 《공작보고》(gongjakbogo) em vez de 《사업보고》(saopbogo - informe sobre o trabalho), porém 《공작보고》(gongjakbogo) é uma palavra de origem chinesa. Há que usar a palavra 《사업보고》(saopbogo) que é conhecida por todos. Se nos fixamos na versão coreana da revista chinesa 《흥기》(红旗 - Hongqi - 'Bandeira Vermelha' em mandarim), nos encontramos com muitas palavras do idioma chinês atual, só que com pronúncia coreana. Ali aparecem escritas as palavras 《화차참》(hwachachan), no lugar de《정거장》(jonggojang - estação ferroviária) e 《공인계급》(gonginguegup) em vez de 《로동계급》(rodongguegup - classe operária), e não são palavras coreanas.
Enquanto às palavras cujas raízes provém dos caracteres chineses, porém já estão consolidadas em nosso idioma, não é necessário modificá-las. O erro consiste em criar e utilizar continuamente neologismos com caracteres chineses, longe de esforçar-se em buscar e usar nossos vocábulos, que são vastos. Devemos limitar o uso das palavras formadas de caracteres chineses a certas palavras de uso indispensável e proibir a criação de palavras que caiam fora desses limites. Se deixamos como está, com cada um fabricando a seu gosto os vocábulos a partir de palavras chinesas, ao final o resultado seria que nossos vocábulos se reduziriam a um número insignificantes.
Em poucas palavras, no caso de que existam dois sinônimos - Um propriamente coreano e outro proveniente do ideograma chinês -, há que usar no possível o primeiro; limitar o uso das palavras formadas de caracteres chineses somente a determinadas palavras já consolidadas em nosso léxico; e enriquecer e desenvolver mais nosso idioma tomando como base, em todo caso, as raízes originais de nosso país, em vez de criar contínuos neologismos com caracteres chineses.
Logo, há que reajustar os estrangeirismos. Em vez de empregá-los devemos usar as palavras de nosso país o tanto que seja possível.
Nos primeiros anos que se seguiram após a libertação, O Gui Sop, para se exibir, usava com frequência palavras como 《이데올로기야》(ideollogiya - ideologia), 《하게모니야》(hagemoniya - hegemonia), etc., tratando de russificar o idioma coreano. Por isso lhe fizemos uma crítica. De igual modo, hoje os petimetres do sul da Coreia usam a seu arbítrio um idioma mesclado com anglicismos e japonismos, deformando assim nossa língua.
Também entre nós existe o mau costume de usar estrangeirismos. Por exemplo, se emprega a palavra 《에끄자멘》(ekkujamen - exame) no lugar de 《시험》(sihom), e 《클라스》(kullasu - classe) no lugar de 《학급》(hakkup). Agora se usam paralelamente as palavras 《쁠란》(ppulan - plano) e 《계획》(gyehek), 《리듬》 (ritum - rítmo) e 《속도》(sokdo); destas, as palavras nossas 《계획》(gyehek) e《속도》(sokdo) são mais compreensíveis para as massas.
Alguns seguem usando os japonismos e chamam de《우와기》(uwagi) em vez de《양복저고리》(yangbokjogori - jaqueta) e 《즈봉》(jubong) em vez de《양복바지》(yangbokbari - calça). E, particular, entre a terminologia minera figuram muitos japonismos.
Entre as denominações das maçãs se encontram as palavras 《욱》(uk) e 《축》(chuk) que se derivam das palavras japonesas 《아사히》(asahi) e 《이와이》(iwai), pronunciadas de maneira coreana. Se estas maçãs fossem de procedência japonesa, deveríamos chamá-las com nomes japoneses, mas se elas são de nosso país devemos as denominar em coreano.
Em outros países, em geral, as bebidas recebem como nome os topônimos dos lugares onde são produzidas. Assim, 《샴팡》(shyampang - champagne) é nome de um lugar da França; e a palavra 《모태》(mote - maotai) é topônimo de um lugar na província de Guizhou. E para nós também seria melhor denominar 《북청》(Pukchong) a maçã que se produz em Pukchong (condado da província de Hamgyong Sul), e 《황주》(Hwangju) a que se dá em abundância no condado de Hwangju (província de Hwanghae Norte);
É impossível, desde logo, eliminar todos os estrangeirismos. É inevitável utilizá-los em certa medida e haveremos que aceitar alguns deles.
Especialmente, teremos que usar não poucos estrangeirismo como términos científicos e técnicos. Assim, seria melhor seguir empregando as palavras 《뜨락또르》(turaktoru - trator), 《선반》(sonban - torno), 《볼반》(bolban - britadeira) e 《타닝반》(taningban - torno vertical). Originalmente não existia em nosso país uma palavra correspondente a 《뜨락또르》(trator), fato tal que não pudemos fugir deste estrangeirismo. Quando queiram mudar os términos científicos e técnicos, devem consultar os especialistas.
Enquanto aos nomes próprios de outros países, seria bom escrevê-los segundo a pronúncia destes países, em vez de expressá-los através das pronúncias japonesas ou chinesas. O nome de um país deve ser escrito tal como se pronuncia nesse país.
Também no que diz respeito às cifras, devemos seguir o sistema numérico de nosso país. Não devemos escrever 《10천》(ship chon - 10 mil) como escrevem os europeus, em vez de 《만》(man). Devemos tomar 《만》como uma unidade numérica. Como as cifras são escritas de forma similar em todo o mundo, pondo ponto a cada três algarismos, é bom, desde logo, seguir este sistema.
Desejamos reajustar os muitos estrangeirismos que foram mesclados no idioma coreano, os usar menos e procurar reviver o quanto for possível as nossas palavras.
Agora gostaria de referir-me ao problema dos ideogramas chineses. Deveríamos seguir usando-os ou não? Não faz falta utilizá-los. Por que teríamos de usar, se inclusive os chineses, criadores desses ideogramas, se propõem a abandoná-lo no futuro por ser difícil de aprendizagem e inconveniente para escrever?
Os ideogramas chineses, por ser de outro país, deveriam ser utilizados somente durante um tempo determinado.
O problema dos ideogramas chineses deve ser tratado necessariamente com a questão da reunificação de nosso país. Ninguém pode afirmar com exatidão quando se resolverá a questão, porém não há dúvida de que de todas as maneiras os ianques vão ser derrotados e nosso país reunificado. Todavia, como os sul coreanos seguem empregando ideogramas mesclados com nossos caracteres, não podemos os abandonar por completo. Se agora mesmo desistimos totalmente deles, não poderíamos ler os jornais e revistas sul coreanos. Aqui reside a importância de aprender e usar os ideogramas chineses durante um tempo determinado. Porém isto não significa, desde logo, que os usemos em nossos jornais. Todas nossas publicações devem ser editadas com nosso alfabeto.
O que gostaria de abordar agora é o problema de como dar forma para as palavras.
As palavras devem ser escritas separadas uma da outra. Atualmente, a escritura de nosso país não tem uma forma fixa. Por isso dá a impressão de uma linha ininterrupta de caracteres; é assim que, a primeira vista, não se capta seu significado tão fácil quando se trata de ideogramas chineses ou letras de países europeus. As palavras só poderão ter formas fixas quando os signos alfabéticos sejam escritos um atrás do outro, como na escritura europeia. Já que a forma da palavra não é fixa, resulta difícil também a ortografia. Porém, provavelmente, o problema de fixar a forma das palavras terá que ser resolvido depois da reunificação do Sul e do Norte, embora fosse bom estudar o tema desde agora.
Ainda utilizando caracteres de forma quadrangular como os que usamos hoje, será possível, ao meu ver, dar uma solução a este problema em certa medida se o consertamos por meio da separação das palavras e da pontuação. Assim, se deve escrever 《강, 물》(gang, mul - rio, água) se quer dizer 《강과 물》(ganggwamul - rio e água); porém quanto a 《강물》(gangmul - água do rio), não se deve escrever por separado, mas sim com a forma unidade 《강물》(gangmul). Há que estudar a maneira de formar as palavras ainda com caracteres de forma quadrangular.
Se dispomos bem as palavras segundo a ortografia de separação e união, será muito mais fácil a leitura de nossa escrita. Também na datilografia se deve escrever unidos os caracteres de uma palavra e deixar certa distância entre as palavras.
Mas, além disso, existiriam outros muitos problemas relacionados com o desenvolvimento de nossa linguística. É por isso que os cientistas deste campo terão que realizar múltiplos esforços a respeito.
No que se refere ao desenvolvimento de nossa língua, não é permitido tomar como exemplo nenhum idioma estrangeiro, nem ver como protótipo a linguagem de Seul, a qual foi mesclada com muitos anglicismos e japonismos. Devemos desenvolver o idioma coreano tomando como base, em todo caso, o vocabulário original de nosso país e desempenhando o papel principal nós mesmos, que construímos o socialismo.
Antes de tudo, há que ordenar nosso léxico. Isto é o mais importante na etapa atual. E depois se deve estudar o problema de fixar a forma das letras e a ortografia.
Não é fácil de modo algum ajustar nossos vocábulos. Para isso se necessita grandes trabalhos de indagação e estudo, assim como um controle rigoroso.
Vocês deverão averiguar quantos são os vocábulos propriamente nossos e os provenientes de caracteres chineses no léxico coreano. Devem fazer uma pesquisa para saber quais são os vocábulos formados de raízes chinesas que devemos seguir empregando e quais os que devemos abandonar, e é aconselhável que eliminem com audácia estes últimos do dicionário. Seria difícil culpar aquele que usa palavras que figuram no dicionário. Portanto, há que eliminar de uma vez por todas do dicionário de língua coreana as palavras formadas por caracteres chineses que não vamos usar, limitando-as somente ao dicionário de caracteres chineses.
O "Dicionário da Língua Coreana" 《조선말사전》, recopilado pela Academia de Ciências, parece um dicionário de caracteres chineses por ter palavras derivadas. Daqui pra frente não se deve mais escrever dicionários dessa maneira.
Ademais, é preciso proibir que os ministérios e outros organismos criem ao seu gosto novos términos, e controlá-los rigorosamente para que escrevam de forma correta as palavras coreanas em seus documentos oficiais e publicações.
O Instituto de Linguística e Literatura deve ser o organismo encarregado de ajustar o léxico de nosso idioma e de controlar a criação de neologismos. Vocês não devem limitar-se tão somente a refinar os vocábulos já existentes, mas também criar muitos e apropriados neologismos. Para isso, terão que fazer estudos mais profundos e realizar esforços ainda maiores. Ao ajustar o léxico de nossa língua, vocês devem evitar as confusões que podem derivar-se de julgar bons ou ruins os termos segundo como soem aos seus ouvidos.
Os linguistas devem ajustar, fazer mais rico e desenvolver nosso idioma de acordo com a orientação principal anteriormente mencionada.
Logo, através de uma mobilização ideológica e social, há que criar um ambiente propício para que todo o povo empregue de forma correta a nossa língua. O Partido deve realizar uma ampla propaganda sobre a necessidade de usar palavras de fácil compreensão para as massas, em vez de utilizar palavras difíceis derivadas de caracteres chineses. Diferente da sociedade capitalista, em nossa sociedade socialista, quando o Partido apresenta uma orientação correta, as massas a seguem de imediato.
Desde os primeiros dias que seguiram a libertação, viemos insistindo que se use as palavras fáceis e não as difíceis; porém todavia existem muitas pessoas que empregam términos cuja compreensão resulta complicada para as massas.
Algumas pessoas se consideram cultas por usar muitas palavras derivadas do mandarim e incompreensíveis para outros; porém na realidade são ignorantes. É preciso os fazer entender que os que falam e escrevem palavras simples são os mais instruídos e nobres.
De fato, os bem-versados no marxismo-leninismo sabem explicar de forma compreensível todas as teorias, sem recorrer a palavras difíceis.
Pelo contrário, os que tem profundos conhecimentos teóricos preferem extrair citações dos livros e gostam de pronunciar palavras difíceis, dificultando assim a compreensão dos ouvintes. Isso mostra também, em certo grau, a pobreza de conhecimentos linguísticos. O fato de que mesmos os graduados universitários não sabem usar corretamente a língua coreana, nos faz pensar que provavelmente nas escolas não os ensinam como é devido.
Nas escolas há que melhorar e intensificar mais o ensino da língua coreana, e estabelecer em todos os organismos um sistema para estudá-la.
Junto com a revisão do dicionário da língua coreana, há que redigir também os livros de referência necessários. Se deve corrigir os manuais linguísticos e de literatura e formar um grande número de professores de filologia. E todos os outros manuais devem também ser revisados a fim de arrumar seus termos e sua escrita.
Assim, tomando estas medidas, devemos lograr que todos saibam empregar nosso idioma e nosso alfabeto de forma correta e compreensível.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário