segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

A crise do capitalismo e seu futuro sombrio vistos através da dívida pública (3)


A dívida nacional em constante aumento nos Estados Unidos e nos países ocidentais tornou-se uma crise grave que ameaça a existência e o futuro do sistema capitalista.

Nos EUA, os partidos Democrata e Republicano frequentemente travam acirradas disputas em torno do limite da dívida nacional.

Os Estados Unidos estabeleceram um limite para a dívida nacional desde 1917. No ano anterior ao fim da Primeira Guerra Mundial, buscando maiores lucros e apostando na vitória iminente dos "Aliados", os EUA cobriram os custos da guerra por meio da emissão indiscriminada de títulos. Durante esse processo, o Congresso aprovou uma lei para estabelecer um limite, a fim de evitar que o país entrasse em crise devido ao endividamento.

Ao longo de mais de 100 anos, o limite da dívida nos EUA continuou aumentando, pois o país contraiu grandes empréstimos devido às guerras de agressão e às crises econômicas. Sempre que os EUA enfrentaram uma grave crise política e econômica devido à questão da dívida, o Congresso inevitavelmente teve de aumentar o limite da dívida nacional.

No entanto, a decisão de reajustar esse limite frequentemente leva a intensas disputas partidárias dentro do Congresso. O partido governista busca elevar o teto da dívida para cumprir promessas eleitorais ou acumular realizações, enquanto a oposição resiste obstinadamente para melhorar sua imagem e garantir a próxima eleição. As partes lutam até o último momento para proteger seus próprios interesses e, embora acabem chegando a um compromisso, houve ocasiões em que o governo ficou paralisado financeiramente por falta de acordo.

Isso demonstra que a questão do limite da dívida se tornou um dos principais temas de disputa partidária.

Em 2023, após disputas partidárias, os partidos Republicano e Democrata chegaram a um compromisso para adiar a aplicação do limite da dívida por dois anos. No final do ano passado, um projeto de lei que previa gastos no nível atual até meados de março deste ano e o aumento do teto da dívida nacional até janeiro de 2027 foi rejeitado.

A questão da dívida nacional tornou-se um dos fatores que aprofundam ainda mais a polarização política e os conflitos partidários nos Estados Unidos.

Nos demais países ocidentais, disputas políticas em torno de questões fiscais, como a elaboração do orçamento, têm se intensificado a ponto de provocar mudanças frequentes de governo.

No ano passado, o governo do Partido Conservador, que governava o Reino Unido há longo tempo, caiu. Na França, o gabinete recém-formado renunciou em apenas três meses, e na Alemanha, a coalizão governista desmoronou, resultando na rejeição do voto de confiança ao chanceler.

O motivo comum por trás dessas instabilidades é o agravamento da crise da dívida, o aumento da inflação e do desemprego, fatores que alimentaram o descontentamento popular.

No Japão, a mudança de governo ocorreu dentro do próprio partido governista, mas o novo gabinete perdeu a maioria parlamentar nas eleições gerais e, sob a pressão da pior dívida pública do país, foi forçado a buscar acordos com a oposição para definir políticas fiscais, como a formulação do orçamento.

A crise socioeconômica decorrente da dívida nacional também se tornou extremamente grave.

Recentemente, o Banco Central Europeu alertou que o aumento da dívida dos países da zona do euro e a persistência do déficit orçamentário levarão as pequenas e médias empresas europeias, bem como as famílias de baixa renda, a enfrentar grandes dificuldades econômicas.

O Instituto de Pesquisa Comercial de Tóquio relatou que, no Japão, o número de falências empresariais em 2024 aumentou mais de 15% em relação ao ano anterior, marcando o terceiro ano consecutivo de crescimento.

Com a redução drástica dos gastos com seguridade social em muitas economias ocidentais, a falsidade da chamada "assistência social", usada para embelezar o sistema capitalista, está sendo cada vez mais exposta.

As condições de emprego se deterioram, a desigualdade de renda se amplia, os impostos aumentam, as taxas dos seguros de saúde sobem e o fardo financeiro sobre a população cresce, agravando as dificuldades da vida cotidiana. Como as finanças públicas dependem principalmente da arrecadação de impostos, a crescente montanha de dívidas significa que as gerações futuras terão de pagar mais tributos para cobrir esse passivo, intensificando a insegurança social em relação ao futuro.

O modelo econômico baseado na dívida dos Estados Unidos e a confiança nos ativos em dólar estão sendo cada vez mais questionados em muitos países.

Com a queda na credibilidade dos títulos do governo estadunidense e do dólar, os mercados financeiros de outros países capitalistas, fortemente interligados a esses ativos, também sofrem impactos negativos. A economia capitalista como um todo está em estagnação, enquanto a inflação continua crescendo.

Entre os analistas econômicos ocidentais, há um temor crescente de que o colapso da bolha da dívida pública, amplamente interligada a vários produtos financeiros derivados, possa levar a uma rápida desvalorização das moedas nacionais e causar um impacto devastador na economia real.

Isso demonstra que os países capitalistas ocidentais estão mergulhando cada vez mais em uma crise política e econômica ainda mais profunda.

Jang Chol

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