sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

As contradições internas do mundo ocidental estão se tornando cada vez mais aparentes


Recentemente, foi realizada a 61ª Conferência de Segurança de Munique na Alemanha. Participaram centenas de pessoas, incluindo chefes de Estado e de governo de mais de 50 países e 150 ministros, para discutir questões globais importantes, como segurança, conflitos regionais e mudanças climáticas.

Após os três dias de conferência, o presidente da Conferência de Segurança de Munique afirmou: "Devemos nos preocupar com o fato de que nossos valores agora não estão mais alinhados", reconhecendo que há um crescente desacordo entre a Europa e os Estados Unidos.

O vice-presidente dos Estados Unidos, que participou da conferência, usou a expressão "Um novo xerife chegou à cidade" para sugerir a nova postura externa dos EUA, ao mesmo tempo em que pressionava os países europeus membros da OTAN a aumentarem os gastos militares e, unilateralmente, declarava uma "solução razoável" para o fim da crise na Ucrânia, adotando uma postura autossuficiente. Além disso, em seu discurso de abertura, fez críticas, afirmando que ameaças internas à Europa eram preocupantes e que a liberdade de imprensa estava recuando em toda a Europa.

Em resposta, os países europeus reagiram fortemente.

O presidente da Alemanha criticou o novo governo dos Estados Unidos, dizendo que ele possui uma visão de mundo muito diferente, e o presidente da Comissão Europeia alertou que a fracassada Ucrânia enfraqueceria não só a Europa, mas também os Estados Unidos.

Não é a primeira vez que as tensões entre os EUA e a Europa se tornam evidentes no palco da Conferência de Segurança de Munique, que ocorre anualmente desde a década de 1960. Na conferência de 2012, surgiram descontentamentos e preocupações da Europa em relação à mudança do centro estratégico dos EUA para a região da Ásia-Pacífico. Em 2017, houve um atrito quando os EUA forçaram os países membros da OTAN a aumentar seus gastos militares para 2% do PIB. Em 2020, durante a conferência, países como Alemanha e França expressaram sua insatisfação com os EUA, que, segundo eles, enfraqueceram a Europa ao priorizar seus próprios interesses em detrimento dos aliados.

Neste evento, as tensões aumentaram ainda mais devido ao fato de que, apesar dos países europeus terem se envolvido ativamente nas sanções contra a Rússia e na guerra por procuração, agora os EUA estavam adotando uma postura unilateral, pressionando a Europa a aumentar ainda mais os gastos com segurança, o que irritou ainda mais os países europeus.

Atualmente, enquanto o Ocidente continua declinando, o poder e a influência dos países em desenvolvimento e das economias emergentes estão crescendo. Dentro do bloco ocidental, tem-se observado um comportamento crescente de sacrificar os outros para proteger os próprios interesses, revelando profundas contradições latentes.

Originalmente, a Conferência de Segurança de Munique era um espaço para os países membros da OTAN discutirem e coordenarem suas políticas de defesa, mas após o fim da Guerra Fria, ela se expandiu, convidando países do Oriente Médio, África, Rússia, China, Brasil, Índia e outras economias emergentes, tornando-se um fórum internacional de segurança, atrás apenas da Assembleia Geral da ONU.

A agenda de discussões também se expandiu para incluir questões de disputas, economia, comércio, clima, cibersegurança e outras, e com a chegada do século XXI, chefes de Estado e de governo, assim como representantes de organizações internacionais, passaram a participar. Em 2008, a conferência foi oficialmente renomeada para Conferência de Segurança de Munique.

Os Estados Unidos têm utilizado este fórum para impor seus padrões duplos injustos e manter seus interesses hegemônicos de maneira agressiva. Na conferência de 2019, os EUA alegaram que os produtos das empresas de telecomunicações chinesas representavam uma "ameaça" à segurança, exigindo que os países envolvidos os excluíssem. Já na conferência do ano passado, o secretário de Estado dos EUA afirmou que "se não puder sentar à mesa do sistema internacional, vai acabar no cardápio", revelando claramente que o tipo de ordem internacional que os EUA buscam é uma em que prevaleça a lei do mais forte, uma sobrevivência baseada na força.

Por outro lado, de 2023 a 2024, muitos países em desenvolvimento participaram e expressaram sua raiva contra a atual ordem internacional liderada pelo Ocidente, defendendo o estabelecimento de uma nova ordem internacional mais justa.

Nesta conferência, a ascensão do protecionismo e o aumento da violência unilateral foram discutidos, enquanto se enfatizou que a multipolaridade é uma tendência inevitável no desenvolvimento histórico. Em particular, a China declarou sua firme disposição de responder com força às pressões dos EUA, destacando o aumento das tensões nas relações sino-estadunidenses.

Em relação a isso, países como Alemanha e França elogiaram a postura firme e clara da China em apoiar o multilateralismo durante a conferência, expressando sua intenção de se opor ao protecionismo e às guerras comerciais em conjunto, afastando-se da atitude unilateral dos EUA.

Esta edição da Conferência de Segurança de Munique evidenciou, de forma contundente, que, à medida que o poder e a capacidade do Ocidente para lidar com os desafios globais diminuem, as contradições internas e os conflitos se aprofundam ainda mais.

Jang Chol

Rodong Sinmun

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