quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

A contradição entre os EUA e a Europa se agrava com a questão da Groenlândia


As relações entre a Europa e os Estados Unidos estão se deteriorando devido à questão da Groenlândia.

Atualmente, os EUA demonstram um "grande interesse" em transformar a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca, em parte de seu território e afirmam abertamente que não descartam o uso de força militar para alcançar esse objetivo. Caso a Dinamarca rejeite sua proposta, os EUA ameaçam impor tarifas "de nível muito elevado".

Os países europeus estão chocados, pois são justamente os EUA que estão pressionando um aliado a ceder território.

A Groenlândia é a maior ilha do mundo, com uma área superior a 2,17 milhões de km², e ocupa uma posição de grande importância estratégica militar. A ilha é rica em recursos subterrâneos, como petróleo, gás e terras raras.

De acordo com dados divulgados em 2023, entre os 34 materiais estrategicamente importantes para a União Europeia, 25 podem ser encontrados na Groenlândia. Com o derretimento do Ártico devido ao aquecimento global, torna-se possível o acesso a recursos naturais ainda inexplorados.

A Groenlândia foi uma colônia da Dinamarca, mas obteve autonomia há mais de 40 anos. Há cerca de 10 anos, com a promulgação da Lei do Governo Autônomo da Groenlândia, passou a exercer um controle mais amplo sobre seus recursos e desfrutar de uma autonomia maior.

Os EUA há muito cobiçam a Groenlândia devido à sua posição estratégica e à abundância de recursos naturais. No século XIX, quando compraram o Alasca do Império Russo a um preço baixo, também tentaram adquirir a Groenlândia e a Islândia. Em 1946, sob o pretexto de "fortalecer a segurança dos EUA", propuseram à Dinamarca a compra da Groenlândia, oferecendo mais de 100 milhões de dólares em ouro, mas a Dinamarca rejeitou a oferta.

Mais de 70 anos depois, em 2019, o governo dos EUA voltou a sugerir a compra da Groenlândia, alegando tratar-se de uma "grande transação". Na época, a Dinamarca classificou a proposta como um "absurdo".

Desta vez, com os EUA retomando esse jogo, as contradições entre Europa e EUA, que haviam sido ofuscadas pela crise na Ucrânia, começaram a se agravar novamente.

Um jornal dos Países Baixos alertou que, caso os EUA tomem ações militares contra a Dinamarca, um membro da OTAN, poderão surgir problemas internos complexos dentro da aliança.

A Dinamarca, afirmando estar diante de um "grave desafio à segurança", apressou-se em aumentar seu orçamento militar.

O primeiro-ministro da Noruega declarou que a tentativa dos EUA de tomar a Groenlândia ameaça a coesão da OTAN e a estabilidade da Europa, afirmando que isso é "absolutamente inaceitável".

O ministro das Relações Exteriores da França enfatizou que a Groenlândia é "território da União Europeia e da Europa" e que a UE jamais permitirá que outros países ataquem suas fronteiras soberanas. França e Alemanha defendem que a Groenlândia está protegida pela cláusula de defesa coletiva da União Europeia.

No entanto, os EUA ignoram essas objeções.

Recentemente, o secretário de Estado dos EUA alegou que a tentativa de controle sobre a Groenlândia deriva de "interesses legítimos de segurança nacional" dos EUA. Ele acrescentou que, como a China busca expandir sua presença nas rotas marítimas do Ártico e a Dinamarca não tem capacidade para impedir essa influência sobre a Groenlândia, a questão se torna um "assunto de interesse nacional" para os EUA. Ele chegou a afirmar que isso "não é uma brincadeira".

Em resposta, a primeira-ministra da Dinamarca declarou que os "interesses" mencionados pelo secretário de Estado dos EUA vão contra os interesses dinamarqueses e denunciou que as palavras dele revelam a intenção dos EUA de controlar o mundo inteiro. Ela enfatizou que a Europa deve responder a essa ameaça de maneira unificada e firme.

Essa situação é, sem dúvida, uma tragicomédia. Os EUA, que sempre afirmaram que "a segurança dos EUA está ligada à segurança da Europa" e que "valorizam a segurança de seus aliados", agora expõem abertamente sua intenção de prejudicar os interesses de seus próprios aliados para escapar de uma grave crise política e econômica e da iminente perda de sua hegemonia.

Desde a Segunda Guerra Mundial, raras vezes as contradições e conflitos nas relações entre EUA e Europa atingiram tamanha gravidade.

Os EUA exploram seus aliados quando lhes convém, mas, quando a situação se torna desfavorável, não hesitam em violar seus interesses.

A realidade mais uma vez demonstra que, para os EUA, seus aliados não passam de meros instrumentos sacrificáveis para garantir seus próprios interesses.

Ho Yong Min

Rodong Sinmun

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