O embaixador extraordinário e plenipotenciário da Federação Russa na República Popular Democrática da Coreia, Alexandr Matsegora, concedeu em 24 de maio uma entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti.
Na ocasião, o representante diplomático aclarou a posição de seu país sobre assuntos amplos como as medidas profiláticas de emergência e as de fortalecimento da capacidade de defesa nacional, tomadas pelo Partido do Trabalho da Coreia e o governo da RPDC, a situação atual da Península Coreana e as relações intercoreanas.
Enquanto à proliferação da COVID-19 na RPDC e suas medidas concernentes, o embaixador russo expressou como segue:
Em 2023, não foi registrado até então nenhum caso de contágio na RPDC. A grande propagação da variante Ômicron no período de maio a agosto do ano passado foi detida exitosamente graças aos enormes esforços do Estado. Isso não é um exagero. Os médicos militares cumpriram um papel destacado. Os êxitos no domínio econômico são muito valiosos e os habitantes não sofreram danos graves.
Já no final de janeiro de 2020, a RPDC tomou as medidas de isolamento completo do mundo exterior com vista a impedir a entrada das variantes mais perigosas no período inicial da pandemia e aplicaram as providencias profiláticas mais rigorosas.
Posto que já foram canceladas muitas medidas restritivas, as aulas ocorrem normalmente nas escolas e universidades, são desenvolvidas as atividades culturais e esportivas de massas e estão abertos parques, museus e bibliotecas.
Entretanto, seguem vigentes a desinfecção, a medição da temperatura corporal e o uso de máscara em todos os estabelecimentos públicos.
A RPDC não anula algumas medidas restritivas, embora muitos países permitam em nível considerável os contatos depois do contágio com a COVID-19.
A RPDC define como um conceito mais amplo a "crise sanitária global", considerando que a complicada situação mundial causada pela pandemia não está vinculada simplesmente com a COVID-19.
Neste contexto, observa atentamente o surto de novas epidemias como a varíola do macaco em outros países.
Ademais, os especialistas coreanos não excluem o surto repentino possível de novas variantes fatais de SARS CoV-2, ao contrário da opinião dos estrangeiros que estão seguros de que novas variantes não serão tão perigosas como as anteriores. Por esta razão, a RPDC concede atenção primordial a proteger os habitantes de novas enfermidades perigosas sem abrir apressadamente as fronteiras.
Diferente de muitos países, a RPDC aclara diretamente sem hesitação alguma que todos os problemas mundiais complexos ocorrem por causa dos EUA que se obstinam em manter a ordem unipolar mundial e pretendem reprimir por completo a Rússia e outros países opositores.
A RPDC pratica a política externa de caráter independente sem tolerar o despotismo dos EUA.
Nas arenas internacionais, os amigos coreanos manifestam solidariedade com a Rússia e a apreciam muito. Agradecemos muito por isso. E expressamos o entendimento e o apoio à posição de Pyongyang sobre a situação da Península Coreana, que se agrava nos últimos tempos devido à política hostil de Washington.
Os EUA colocam na parte sul da Península os armamentos estratégicos de ataque e empreendem incessantes exercícios bélicos. Indubitavelmente, o objetivo desta farsa militar é eliminar a Direção da RPDC, ocupar seu território e derrubar seu regime político. Por isso, a RPDC se vê obrigada a tomar as medidas de autodefesa, aumentar sua potencialidade de defesa nacional e fazer os preparativos perfeitos frente ao ataque do inimigo perigoso.
Em seguida, o embaixador expressou sua opinião sobre os esforços da RPDC pelo lançamento de mísseis, inclusive o disparo de prova do ICBM de novo tipo, efetuado em meados de abril passado:
O desenvolvimento de novos mísseis balísticos por parte de Pyongyang e seus lançamentos de prova se devem à política hostil dos EUA à RPDC.
Se não houvessem crescentes sanções e desafios militares, políticos e econômicos, as tentativas de interferência nos assuntos internos e a ameaça direta encaminhada a exterminar o regime socioeconômico do país socialista, a Direção da RPDC não haveria tido nenhum motivo para elaborar e executar o plano nuclear e de mísseis de grande envergadura.
Os coreanos não têm a intenção de atacar os EUA, o Japão e a Coreia do Sul para ocupá-los e mudar seus regimes políticos. Desejam somente que os deixem em paz, porém não toleram que os irritem. Por isso, a linha hostil de Washington, que é aplicada invariavelmente por várias décadas, é o que causa principalmente a inquietude e a preocupação. Washington tenta cumprir sua tarefa geopolítica agravando a tensão em várias regiões do mundo.
Há que reconhecer que o complexo da indústria armamentista da RPDC logrou êxitos incríveis durante os últimos 10 anos. De fato, foram desenvolvidos os mísseis balísticos e de cruzeiro de todas as séries e foram realizados os lançamentos de ensaio em dezenas de ocasiões que não exerceram ameaça à nossa região do Extremo Oriente. A parte coreana afirmou várias vezes que observa estritamente tal princípio. Não temos razão para não confiar.
Em seguida, o embaixador russo mencionou que a RPDC logrou avanço no desenvolvimento do programa de mísseis e no incremento das forças armadas.
O dirigente Kim Jong Un se referiu pessoalmente a alguns aspectos do programa de armas nucleares durante a celebração de vários atos.
Ademais, foram publicados tais fatos através dos despachos sobre sua visita às empresas da indústria armamentista. Em particular, já foi informado que foram desenvolvidas, testadas e implantadas nas forças armadas as ogivas nucleares e termonucleares que serão instaladas nos mísseis de mediano alcance e ICBM. As fotos destas armas foram publicadas também nos jornais. Não se sabe a quantidade delas e há somente a suposição.
O Secretário-Geral do Partido do Trabalho da Coreia apresentou no VIII Congresso do PTC, celebrado em janeiro de 2021, a tarefa de concentrar-se na produção de ogivas nucleares táticas e aumentar sua quantidade por progressão geométrica.
Nos últimos 2 anos, a RPDC desenvolveu e testou os transportadores de mísseis de curto alcance de diferentes tipos que podem portar ogivas táticas. Entre eles, figuram os lança-foguetes autopropulsados de 600mm de calibre, os mísseis balísticos e de cruzeiro que são lançados da profundidade da água e o aparato submarino não tripulado. É difícil afirmar a capacidade de produção atual dos norte-coreanos, mas deve ser levada muito a sério, se temos em conta que o dirigente da RPDC não diz palavras vazias.
O representante diplomático abordou também o tema da posição da Rússia sobre o assunto das relações intercoreanas.
Se levanta a onda de indignação na Coreia do Norte pelo resultado da recente visita do presidente sul-coreano aos EUA.
A RPDC considera que essa visita foi para firmar o plano de ataque contra ela, incluso o projeto de uso de armas nucleares.
Como vizinha da RPDC, a Rússia deseja de todo coração que o Norte e o Sul resolvam todos os complicados problemas existentes de maneira independente e no princípio de unidade nacional, sem intervenção das forças estrangeiras.
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