domingo, 2 de fevereiro de 2025

Ação imprudente que agrava a situação regional


Os Estados Unidos estão intensificando seus esforços para vender armas de ataque de longo alcance ao Japão. Neste ano, o governo dos Estados Unidos aprovou, em duas ocasiões, a venda de mísseis antiaéreos de médio alcance, mísseis de cruzeiro de longo alcance para ataque conjunto ar-solo, e outros equipamentos relacionados ao Japão. O valor total das vendas foi de cerca de 3,7 bilhões de dólares. Em outubro do ano passado, foi aprovada a venda de mísseis táticos e equipamentos relacionados no valor de 360 milhões de dólares ao Japão.

Além disso, de acordo com os dados recentemente divulgados pelo Departamento de Estado dos EUA no documento "Transferência de Armas e Comércio de Defesa do Ano Fiscal de 2024", os Estados Unidos forneceram ao Japão, no ano passado, aeronaves de reabastecimento aéreo e equipamentos relacionados no valor de 4,1 bilhões de dólares. Não há dúvida de que esses equipamentos de armamento são meios de ataque com um alcance operacional muito superior às fronteiras do arquipélago japonês.

Não é apenas uma questão dos Estados Unidos estarem vendendo meios de ataque de longo alcance ao Japão para fortalecer sua indústria militar, com interesses puramente econômicos como comerciantes de guerra. O objetivo principal é usar o Japão como uma linha de frente para aumentar a capacidade de combate da aliança Japão-EUA e utilizar isso em sua estratégia de hegemonia.

Os Estados Unidos historicamente atribuíram ao Japão, dentro do sistema de aliança militar, o papel de "escudo", limitando sua função a defesa nacional ou à proteção das forças estadunidenses, enquanto os EUA assumiam o papel de "lança", encarregados do poder de ataque. Por isso, os equipamentos militares fornecidos ao Japão eram, principalmente, limitados a itens com justificativa de defesa.

No entanto, na década de 2010, a estratégia de aliança dos EUA com o Japão passou a exigir que este último fosse capaz de lutar ao lado das forças estadunidenses. Os Estados Unidos passaram a exigir que o Japão não apenas adquirisse equipamentos militares, mas também que suas operações militares e treinamentos se alinhasssem com os métodos estadunidenses.

Os Estados Unidos permitiram que o Japão abandonasse publicamente o princípio da "defesa exclusiva" e possuísse porta-aviões para operações ofensivas, além de vender ao Japão dezenas de caças stealth de última geração que poderiam ser embarcados em porta-aviões. Também concordaram em fornecer 400 mísseis de cruzeiro "Tomahawk" e envolver o Japão em projetos conjuntos de desenvolvimento e produção de mísseis, bem como no apoio e manutenção das embarcações e aeronaves estadunidenses estacionadas na região.

Os Estados Unidos frequentemente realizam treinamentos conjuntos com o Japão, sob a bandeira de "recuperação de ilhas isoladas", com o objetivo de fortalecer a capacidade de desembarque das "Forças de Autodefesa" do Japão em territórios de outros países. Com base nisso, em 2018, o Japão formou uma força de operações terrestres conhecida como a versão japonesa dos fuzileiros navais, chamada de "Forças de Mobilidade Anfíbia". Além disso, os EUA organizam treinamentos regulares no Japão utilizando aeronaves de transporte "Osprey", visando aprimorar a capacidade de realizar operações de ataque surpresa em áreas inimigas.

Além disso, os Estados Unidos estão coordenando exercícios militares conjuntos entre o Japão e as forças da OTAN, envolvendo várias unidades militares e tipos de forças, em grandes áreas como o arquipélago japonês, o Pacífico e o Oceano Índico.

Juntamente com isso, os Estados Unidos fizeram com que o Japão criasse um comando unificado para supervisionar as "Forças de Autodefesa" Terrestres, Marítimas e Aéreas, e, com isso, o Comando das Forças Armadas dos Estados Unidos no Japão foi reformulado e ampliado para um Comando Militar Unificado. Essa mudança visa fortalecer a coordenação e o sistema de comando entre as duas forças armadas.

A crescente integração militar entre as forças dos Estados Unidos e as "Forças de Autodefesa" do Japão, tanto em termos de equipamentos de armamento quanto de sistemas de comando e operação, representa uma garantia prática de que o Japão será automaticamente envolvido nas guerras dos Estados Unidos como parte de um exército multinacional ou de uma força aliada.

Em abril do ano passado, durante uma cúpula de líderes, os Estados Unidos e o Japão alcançaram cerca de 70 acordos de cooperação militar, prometendo uma "nova era" de colaboração estratégica entre os dois países e declarando sua relação como uma "parceria global".

Esses recentes desenvolvimentos nas relações militares entre os Estados Unidos e o Japão mostram que a divisão de responsabilidades dentro da aliança está mudando, com o Japão assumindo também o papel de "lança", no contexto de uma nova estrutura de "compartilhamento conjunto de ataque e defesa" entre os dois países.

Sob a proteção e apoio dos Estados Unidos, o Japão está equipando-se com diversos meios de ataque de longo alcance, aumentando suas capacidades de ataque a alvos inimigos e suas habilidades para realizar operações militares ofensivas. A ambição expansionista do Japão, alimentada pelo apoio dos Estados Unidos para fortalecer suas capacidades de ataque preventivo, está criando um ambiente cada vez mais perigoso, o que deve agravar ainda mais a situação política na região do Indo-Pacífico.

Jang Chol

Rodong Sinmun

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