terça-feira, 2 de outubro de 2018

A postura submissa da Coreia do Sul ainda não foi alterada



Recentemente, o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae In, que acabara de realizar a histórica 5ª reunião e conversações de Cúpula Norte-Sul em Pyongyang, onde foi assinada a Declaração Conjunta de Pyongyang de Setembro, concedeu uma entrevista para o canal de televisão estadunidense Fox News onde demonstrou algumas posições que evidenciam, apesar de tudo, sua submissão à Washington.

Dentre respostas semelhantes às que deu em outras oportunidades, que demonstrou confiança no Máximo Dirigente Kim Jong Un e na desnuclearização e no processo de reconciliação e reunificação com o Norte, ele soltou algumas afirmações que envergonham profundamente o povo coreano, membros de uma nação que no passado viveu por milhares de anos juntos e sem submeter-se à forças estrangeiras.

Quando perguntado sobre a questão das tropas estadunidenses na Coreia do Sul, se ele desejaria que elas deixassem o país para o processo de paz, prosperidade e reunificação na Península Coreana, ele disse: "Eu diria que não. As forças dos EUA na Coreia do Sul não apenas beneficiam nossa dissuasão em relação à Coreia do Norte, mas também desempenham um papel importante em termos de manter a paz e a estabilidade na região do Nordeste Asiático como um todo."

Com estas palavras, Moon Jae In demonstrou da forma mais clara possível a falta de consciência sobre independência nacional.

Em certo ponto, é contraditória sua afirmação se fizermos uma volta ao passado. Nascido em "campo de refugiados" na Coreia do Sul, Moon conheceu a situação difícil na Coreia do Sul no pós guerra e cresceu sob as sangrentas ditaduras de Syngman Rhee e Park Chung Hee, o que lhe deu uma consciência sobre o quão injusta e repressora era aquela sociedade. Por este motivo, nos anos da década de 1980 estava junto ao futuro presidente Roo Moh Hyun, advogando pela democracia e direitos humanos. Ele pôde ver claramente o quão prejudicial era a ocupação militar dos EUA em seu país, que matava os seus compatriotas e não os davam direito a se expressar e em alguns momentos de sua carreira política chegou a soltar afirmações sobre a necessidade de Seul ser capaz de dizer "não" para Washington quando achar necessário. Todavia, apesar de tudo que passou, ele, agora sob a democracia burguesa que tanto advogou, não mostra espírito de independência ao dizer que é necessário que tropas daqueles que causaram a Guerra da Coreia permaneçam em seu país, mesmo com a reunificação.

Uma Coreia unificada e com tropas estadunidenses é impensável e vai contra o desejo das amplas massas populares no Norte e no Sul que clamam pela saída das tropas estadunidenses há décadas.

A afirmação de Moon Jae In vai contra todas as propostas de reunificação independente e pacífica publicadas até o presente momento. É importante relembrar os pontos 1 e 5 do Programa de 10 Pontos da Grande Unidade de Toda a Nação para a Reunificação do País, que goza de grande aprovação do povo coreano no Norte, no Sul e no exterior.

"1. Um Estado unificado, independente, pacífico e neutro, deve ser fundado através da grande unidade de toda a nação."

Isso significa que a Coreia deve ser liberta de qualquer força estrangeira, que esteja ativamente presente dentro do país e tenha grande influência sob suas decisões. Embora os governantes sul coreanos clamem por sua "independência" para dizer que fazem escolhas por si mesmos e uma certa mudança ter sido notada com a presença de figuras mais progressistas, ainda vemos uma posição inclinada a repetir o discurso de Washington em língua coreana. É preciso mudar esse pensamento, independentemente do governante no Sul ter uma ideologia diferente do mandatário do Norte. É de suma importância que as tropas estadunidenses saiam da Coreia para o estabelecimento da paz e prosperidade duradoura e para que a reunificação pacífica e independente ocorra de fato.

"5. O medo da invasão do sul e do norte, e as idéias de prevalecer sobre o comunismo e comunização devem ser dissipados, e norte e sul devem acreditar em si e unir-se."

O principal medo dos governantes dos EUA, das forças conservadoras sul coreanas e mesmo de figuras progressistas fantoches como Moon Jae In é que a a propagação da ideologia do Norte venha a surtir efeitos "adversos" na estrutura atual da sociedade sul coreana, mesmo passado 7 décadas de divisão e uma completa americanização tenha sido feita na mente dos coreanos do sul. É retrógrado e irracional o pensamento de que o Norte tentaria alguma tática direta para derrubar o regime capitalista estabelecido no sul, e mais ainda, o medo do natural confronto de ideias.

Foi muito importante a chegada de Moon Jae In ao poder e suas decisões para a melhoria das relações intercoreanas que ocorreram no presente ano. Todavia, trata-se de mais um fantoches dos EUA, e a prova clara disso é que apesar de ser dito como progressista, no ano passado manteve uma política hostil ao Norte sob ordens de Washington por conta das atividades de testes de bomba atômica e mísseis por parte da RPDC. Mas alterou suas ações somente no momento em que o Máximo Dirigente Kim Jong Un anunciou a nova política estratégica do PTC a ser iniciada neste ano.

É importante a reconciliação e cooperação entre o Norte e o Sul da Coreia, que neste momento vivem o melhor momento na história das relações intercoreanas. Entretanto, o povo coreano jamais poderá aceitar a presença eterna das tropas estadunidenses que não contribuem para a paz e sim para a confrontação e guerra fratricida.

O espírito de independência deve ser posto em pleno jogo para a realização da histórica causa da reunificação pacífica da Coreia, e para tal, é necessário que os progressistas na Coreia do Sul, as amplas massas populares, levem a cabo uma luta para a independentização da Coreia do Sul e eleja futuramente um presidente que pense todas suas ações somente no povo e não nos interesses de força estrangeira.

Por: 레난 쿠냐

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