Por que vozes como essas estão surgindo?
É porque fica cada vez mais evidente a verdadeira intenção dos Estados Unidos de explorar ao máximo, ou melhor, de se aproveitar descaradamente da Austrália para realizar sua hegemonia na região da Ásia-Pacífico.
A AUKUS foi formada em setembro de 2021 pelos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. O núcleo do acordo, adotado como parte dessa aliança, é equipar a Austrália com uma frota de submarinos de propulsão nuclear. Segundo o acordo, os Estados Unidos forneceriam primeiro três submarinos nucleares da classe "Virginia", e depois os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália construiriam em conjunto novos submarinos nucleares da classe "AUKUS".
Esse acordo da AUKUS jamais foi firmado em benefício dos interesses de segurança da Austrália. O verdadeiro objetivo dos Estados Unidos é transformar a Austrália, assim como o Japão, em uma força de choque subordinada à sua política de hegemonia sobre a região da Ásia-Pacífico.
Em uma reunião realizada em janeiro deste ano, as palavras de um então presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos revelaram claramente essa intenção oculta dos EUA. Ele declarou que os Estados Unidos consideram a Austrália uma cabeça de ponte para enfrentar a China, e que, por isso, a AUKUS é importante. Afirmou ainda que, se uma Terceira Guerra Mundial ocorrer, é muito provável que ela comece na região do Indo-Pacífico, razão pela qual a Austrália deve ser transformada em uma fortaleza dos Estados Unidos. Segundo ele, a Austrália deve se tornar uma base avançada que contribua para manter a presença estratégica e militar dos EUA na região da Ásia-Pacífico.
Para alcançar esse objetivo, os Estados Unidos têm imposto à Austrália um enorme fardo financeiro. Segundo dados disponíveis, a Austrália precisará gastar 242 bilhões de dólares para executar o plano da AUKUS. Além disso, terá que pagar uma multa altíssima à França por ter cancelado o contrato anterior de compra de submarinos.
E não é só isso. Para apoiar a indústria de construção de submarinos dos Estados Unidos, a Austrália deverá investir mais 3 bilhões de dólares — dos quais já pagou 500 milhões. Como se vê, o peso financeiro é extremamente oneroso.
Não é por acaso que alguns políticos australianos afirmam que, com esse valor, seria possível adquirir de 40 a 50 submarinos convencionais, e que o acordo AUKUS é "o pior negócio da história". Um senador do país lamentou que, em troca do gasto colossal para adquirir submarinos de propulsão nuclear, o povo australiano receberá o "privilégio" de ver seu país se transformar em um depósito de resíduos nucleares — enquanto as indústrias militares dos Estados Unidos e do Reino Unido encherão os bolsos com o dinheiro australiano. Ele ainda declarou: "Com este acordo, nunca conseguiremos nos libertar da sombra dos Estados Unidos."
O acordo AUKUS, que desde sua adoção inicial já causava muitas polêmicas, está provocando ainda mais controvérsias durante seu processo de implementação.
Em primeiro lugar, os planos relacionados à entrega dos submarinos são vagos, e o cronograma é incerto. Não existe sequer um plano de contingência caso os submarinos não sejam entregues dentro do prazo estipulado.
Além disso, a lei relacionada à aliança AUKUS, aprovada pelo Congresso dos EUA em dezembro de 2023, apresenta problemas. Nessa lei existe uma cláusula chamada de "laço" — que exige que o presidente dos Estados Unidos garanta que a venda dos submarinos nucleares da classe "Virginia" à Austrália não prejudicará a capacidade operacional da Marinha dos EUA. Atualmente, estima-se que a capacidade de combate submarino da Marinha estadunidense esteja defasada em 20%. Por isso, muitos analistas dentro e fora dos EUA questionam se Washington realmente cumprirá o contrato de entrega.
De fato, até o momento, a Austrália ainda não recebeu uma garantia incondicional dos Estados Unidos de que os submarinos da classe "Virginia" serão entregues conforme o acordo. Para piorar, recentemente vozes dentro dos próprios EUA têm levantado dúvidas sobre se a Austrália seria capaz de administrar adequadamente submarinos de propulsão nuclear.
Diante disso, não surpreende que cresçam dentro da política australiana o ceticismo em relação às promessas dos EUA e os apelos para que o país abandone esse acordo desfavorável.
Um veículo de imprensa estrangeiro chegou a comentar que, dentro da AUKUS, a Austrália não passa de uma peça menor no tabuleiro dos Estados Unidos, e que aderir cegamente à estratégia hegemônica de Washington e mergulhar em uma corrida armamentista sem sentido constitui um erro estratégico e uma avaliação equivocada.
A história mostra que seguir cegamente os Estados Unidos só leva a esse tipo de humilhação.
Ho Yong Min
Nenhum comentário:
Postar um comentário