quarta-feira, 2 de abril de 2025

Após o fim da Guerra Fria, revelou ainda mais sua natureza agressiva

A existência cancerígena para a paz – denunciando os crimes da OTAN (4)

Após a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, em 1989, a estrutura da Guerra Fria desmoronou rapidamente.

A Organização do Tratado de Varsóvia, que confrontava a OTAN, encerrou seus 36 anos de história e foi dissolvida em março de 1991. Com isso, a OTAN perdeu sua justificativa de existência baseada na "defesa do mundo livre contra a ameaça comunista". No entanto, ao invés de se limitar a uma "defesa regional coletiva", a OTAN expandiu sua missão e tarefas para a "garantia da segurança mundial", buscando consolidar uma posição hegemônica no cenário político-militar internacional.

Na época, o presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA declarou que a afirmação de que a OTAN havia "cumprido sua missão" "não condizia com a realidade", reafirmando a manutenção das tropas estadunidenses na Europa e a continuidade da participação dos EUA nas atividades da OTAN. Os ministros da Defesa dos países membros da OTAN, ignorando a oposição da opinião pública mundial, decidiram criar uma força de resposta rápida, revelando sua intenção de ampliar o alcance das operações militares da aliança.

Em novembro de 1991, os EUA e os países membros da OTAN adotaram um novo "conceito estratégico" durante a cúpula da aliança realizada em Roma, na Itália. Originalmente, o "conceito estratégico" servia como diretriz para as atividades e métodos da OTAN, sendo elaborado em sigilo a cada dez anos durante a Guerra Fria.

Com o desaparecimento de seu adversário, esse "conceito estratégico" foi abertamente adotado, estipulando que a OTAN responderia rapidamente a "crises reais e principais", tais como guerras locais e conflitos regionais, confrontos étnicos, disputas religiosas, crimes transnacionais e problemas relacionados a refugiados ao redor do mundo. Isso ultrapassava em muito o escopo da "defesa regional coletiva" da época da Guerra Fria.

No ano seguinte, em outubro, a força de resposta rápida da OTAN foi oficialmente estabelecida.

Essa mudança estratégica foi resultado da tentativa dos EUA, fortalecidos pelo fim da Guerra Fria e pela Guerra do Golfo, de utilizar a OTAN como uma ferramenta poderosa para consolidar sua dominação unipolar.

Em agosto de 1990, quando a invasão do Kuwait pelo exército iraquiano gerou uma grave crise, os Estados Unidos organizaram uma força multinacional com seus aliados da OTAN e outros países seguidores, lançando operações militares como "Escudo do Deserto" e "Tempestade no Deserto" para expulsar o Iraque. Na época, o presidente dos EUA, George H. W. Bush, declarou na Assembleia Geral da ONU que "estabelecer uma nova ordem mundial é uma responsabilidade inadiável dos Estados Unidos" e, em seu discurso televisivo de janeiro de 1991 ao declarar guerra, proclamou com entusiasmo: "Temos diante de nós a oportunidade de estabelecer uma nova ordem mundial".

A OTAN, ferramenta da estratégia de dominação mundial dos EUA, não hesitou em intervir militarmente na Iugoslávia. Com o fim da Guerra Fria, os conflitos internos na Iugoslávia se intensificaram, e as forças da OTAN, lideradas pelos EUA, iniciaram em março de 1999 uma invasão militar contra o país sob o pretexto de evitar uma "catástrofe humanitária", desconsiderando a oposição e condenação da opinião pública mundial e sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU. Durante quase 80 dias, até o início de junho, a OTAN realizou cerca de 2.300 bombardeios indiscriminados contra o país, matando mais de 1.800 civis, causando um êxodo de mais de um milhão de refugiados e provocando perdas econômicas de mais de 200 bilhões de dólares.

Por meio dessa intervenção militar, a OTAN revelou ainda mais abertamente sua intenção de estabelecer um sistema de dominação unipolar liderado pelos EUA.

Em abril de 1999, quando a invasão da Iugoslávia estava em pleno curso, a cúpula da OTAN realizada em Washington adotou um novo "conceito estratégico" para o século XXI. Esse documento acrescentou às funções principais da OTAN, além da defesa coletiva, a missão de "proteger a democracia, a liberdade, os direitos humanos e o Estado de Direito", ampliou seu campo de atuação para além dos territórios de seus países membros e estipulou que poderia intervir militarmente em determinada região sem a aprovação da ONU.

A imprensa internacional criticou a OTAN por ignorar as organizações internacionais, incluindo a ONU, interferir nos assuntos internos de Estados soberanos e conduzir diversas atividades militares violando o direito internacional, classificando o novo "conceito estratégico" como uma expressão clara de seu desejo belicista, que ameaça a soberania, a independência e a liberdade dos países do mundo.

A OTAN, que deveria ter sido dissolvida com o fim da Guerra Fria, transformou-se, ao contrário, na maior aliança político-militar do mundo e em um instrumento militar para a realização da estratégia de dominação global dos Estados Unidos, permitindo sua interferência em qualquer questão fora de sua região.

Jang Chol

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