O drama sul-coreano de 2024 “Chefe de Polícia 1958” retratou graficamente os assassinatos em massa de civis pelo regime de Syngman Rhee. O fato de um drama sul-coreano ter retratado uma cena em que até mulheres grávidas foram mortas durante um massacre é algo surpreendente. Não seria exagero dizer que esse drama expôs de forma mais crua as atrocidades cometidas pelo exército sul-coreano durante a Guerra da Coreia.
Os militares dos EUA também cometeram massacres indiscriminados de civis durante a Guerra da Coreia. Da década de 1990 até os anos 2000, o governo sul-coreano tentou investigar os massacres de civis durante a guerra, inclusive aqueles cometidos pelo exército dos EUA. No entanto, infelizmente, devido às relações entre os EUA e a Coreia do Sul, muitos casos não puderam ser devidamente investigados. Em particular, os bombardeios dos EUA durante a Guerra da Coreia foram extremamente letais. Ao longo dos três anos de guerra, os Estados Unidos lançaram mais de 650.000 toneladas de bombas sobre a Península Coreana. Dessas, 30.000 toneladas eram bombas de napalm.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam indiscriminadamente a Alemanha e o Japão, matando um milhão de civis em cada país. Naquela época, a taxa média de destruição das cidades alemãs e japonesas não ultrapassava 50%, mas as cidades da Coreia do Norte excederam pelo menos 50% devido aos bombardeios dos EUA. Em casos mais graves, a destruição chegou a 100% — Sinuiju sendo um exemplo representativo.
O comandante da Força Aérea dos EUA, Curtis LeMay, certa vez afirmou que os Estados Unidos mataram 20% da população da Coreia do Norte. Pelo menos um milhão de civis norte-coreanos foram mortos pelos bombardeios dos EUA. Algumas estimativas chegam a afirmar que 2,5 milhões de norte-coreanos morreram. Em outras palavras, a Península Coreana se tornou um campo de extermínio provocado pelos Estados Unidos e pela Coreia do Sul. Na verdade, um dos principais motivos pelos quais a Coreia do Norte se tornou um Estado fortemente anti-EUA reside nesses massacres — atrocidades das quais a imensa maioria dos estadunidenses não tem nenhuma lembrança. Essa é uma parte da história que nem os estadunidenses nem os sul-coreanos recordam.
No entanto, esses massacres não se limitaram apenas aos bombardeios dos EUA. Mesmo após a Operação de Desembarque de Inchon, liderada por MacArthur, massacres foram realizados na parte norte da península por forças sul-coreanas, unidades de segurança da direita e forças aliadas. A Coreia do Norte afirma hoje que, durante esse período, entre 170.000 e 200.000 civis foram massacrados indiscriminadamente por esses grupos. Essa cifra exclui as mortes causadas pelos bombardeios dos EUA. O caso mais representativo entre esses episódios é o massacre de Sinchon, na província de Hwanghae.
Diz-se que o massacre de Sinchon ocorreu ao longo de um período de 40 a 50 dias, entre outubro e dezembro de 1950. Durante esse tempo, estima-se que 35.000 civis — um quarto da população de Sinchon — tenham sido massacrados. Segundo dados atualmente citados pela Coreia do Norte, o massacre guarda fortes semelhanças com as atrocidades cometidas pela Alemanha nazista na União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse massacre, não houve distinção entre crianças, adultos ou idosos. As pessoas foram mortas indiscriminadamente. Torturas brutais também foram praticadas — como cortar os seios de mulheres com facas ou cravar pregos em suas cabeças. Foram atos de crueldade tão horrendos que é difícil acreditar que tenham sido cometidos por seres humanos.
No entanto, isso é muito semelhante às atrocidades cometidas pelas tropas de repressão enviadas por Syngman Rhee durante o levante de Jeju de 3 de abril. Naquela época, a Liga Juvenil do Noroeste — capangas de Rhee — cometeu atrocidades que incluíam o assassinato de recém-nascidos. O ato de mutilar os seios de mulheres, mencionado anteriormente, também ocorreu. Portanto, as atrocidades denunciadas pela Coreia do Norte de forma alguma devem ser descartadas como exagero.
No entanto, há uma controvérsia entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte sobre se o massacre foi realmente cometido pelas forças dos EUA. A Coreia do Norte atualmente aponta os estadunidenses e unidades de segurança da direita que colaboraram com eles como os autores do massacre. Essas unidades de segurança da direita eram compostas por uma minoria da classe burguesa e seus descendentes, que foram perseguidos pelo regime norte-coreano após a libertação. Em termos simples, eram aqueles entre os membros da Liga Juvenil do Noroeste que permaneceram na Coreia do Norte em vez de fugir para o Sul.
A Coreia do Sul hoje nega o envolvimento dos EUA no massacre, citando a ausência de documentos estadunidenses como prova. Mas isso levanta uma questão crucial: durante o levante de Jeju de 3 de abril e a Rebelião de Yosu–Sunchon, os militares dos EUA intervieram e apoiaram os massacres cometidos por forças da direita. Padrões semelhantes foram observados em outros conflitos da era da Guerra Fria nos quais os EUA intervieram — como a Guerra Civil Grega, a Guerra do Vietnã, a Guerra Civil da Nicarágua, a Guerra Civil de El Salvador e a insurgência nas Filipinas. Nesse contexto, é muito difícil negar o envolvimento dos EUA. Assim, está mais próximo da realidade histórica concluir que os militares estadunidenses estiveram envolvidos no massacre de Sinchon.
Os Estados Unidos têm responsabilidade pelas atrocidades cometidas durante seu avanço rumo ao norte na Guerra da Coreia. É impossível negar essa responsabilidade. Uma vasta quantidade de evidências desses massacres existe por toda a Península Coreana. Além disso, durante a colonização das Filipinas no início do século XX, o exército dos EUA massacrou entre 600.000 e 1 milhão de filipinos como se fossem animais. O comandante que supervisionou esse massacre foi ninguém menos que o pai de Douglas MacArthur. E o próprio Douglas MacArthur participou como oficial.
Na época do massacre de Sinchon, na Coreia do Norte, Douglas MacArthur era o comandante-em chefe das forças da ONU. MacArthur não demonstrou qualquer preocupação com o massacre de civis norte-coreanos. De fato, seu comando cometeu crimes de guerra semelhantes aos dos nazistas, bombardeando vilas e cidades norte-coreanas com napalm, essencialmente como um experimento.
Em outras palavras, como o massacre de Sinchon ocorreu nesse tipo de guerra, os Estados Unidos devem ser responsabilizados por essa atrocidade.
A conclusão deste artigo é que o massacre de Sinchon, na província de Hwanghae, foi, em essência, um massacre perpetrado pelos imperialistas estadunidenses. Devemos estudar os massacres cometidos pelos imperialistas dos EUA e, com base em evidências históricas, condenar o imperialismo estadunidense!
Autor (sul-coreano) não identificado (por questão de segurança)
Nenhum comentário:
Postar um comentário