quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Entrevista (1) - Shin Eun Mi



Nascida na Coreia do Sul, mas moradora da Califórnia como cidadã estadunidense, Shin Eun Mi tornou-se muito conhecida pela mídia mundial após ter sido deportada por seu país por "falar positivamente do norte" em palestras após retornar de viagem ao país vizinho.

Com a decisão tomada pelos promotores da Coreia do Sul em 2015, Shin está impedida de entrar no sul da península até 2020, e recentemente, também foi impedida de ir ao norte por conta da proibição de Washington de cidadãos estadunidenses viajarem à RPDC - Algo que pode ser considerado no mínimo como um absurdo.

Tendo visitado muitas vezes a República Popular Democrática da Coreia, Shin pôde formular melhor sua visão sobre o país em questão, o que ainda consideravelmente poucos sul coreanos tiveram a possibilidade de fazer devido à restrições e censura imposta pelo governo sul coreano ao longo do tempo com relação ao norte.

Em entrevista à "A Voz do Povo de 1945", ela respondeu algumas perguntas importantes e relatou seus pontos de vista a cerca da República Popular Democrática da Coreia.

1 - O que você pensa sobre a atual administração dos EUA? É possível durante o governo de Donald Trump algo diferente de ameaças de guerra?

Shin Eun Mi: Eu não vejo nenhuma política consistente da administração de Trump para com a Coreia do Norte, exceto sanções contra o país. No entanto, acredito que as sanções não farão qualquer efeito no programa nuclear a Coreia do Norte. Enquanto a questão da guerra, não é uma solução viável, espero que a administração de Trump comece a conversar com a Coreia do Norte buscando uma solução pacífica.

2- Com a recente proibição dos EUA sobre cidadãos estadunidenses viajarem à RPDC você está impedida de entrar na península coreana por um tempo, certo? Como isso afeta sua vida e como você classifica ambas atitudes da Coreia do Sul e dos EUA (contra você)?

Nesta pergunta, Shin disse que havia respondido à uma questão semelhante em entrevista à NK News e sobre a questão sobre como ela classifica as atitudes dos EUA e da Coreia do Sul ela preferiu não comentar muito, dizendo apenas "Não sei como definir".

Resposta à NK News sobre como a proibição afeta sua vida: "Eu tenho uma mãe de 82 anos que passou por uma cirurgia de câncer e uma sogra de 86 anos vivendo em Seul, Coreia do Sul. Estou muito preocupada por não poder visitar a Coreia do Sul, mesmo que algo aconteça com a saúde delas.

Minha mãe vem aos EUA uma ou duas vezes por ano para me visitar apesar do voo longo, (algo) que seu médico não recomenda. Eu também me preocupo com a longa distância de viagem para os EUA, que pode prejudicar sua saúde.

Mas há uma coisa boa (resultante da minha proibição do Sul).

Depois de ter sido deportada da Coreia do Sul em janeiro de 2015, meu marido decidiu aposentar-se mais cedo do que o planejado e mudou-se para uma cidade tranquila no sul da Califórnia. Estamos realmente aproveitando nossa vida de aposentadoria agora."

3- Qual é sua visão sobre a RPDC? Vê a reunificação positivamente de um modo geral?

Shin Eun Mi: Antes de viajar para a Coreia do Norte, não tinha qualquer boa impressão do país devido à imagem demonizada pela mídia ocidental e à educação anti-comunista que recebi na Coreia do Sul. No entanto, descobri, na minha primeira viagem, que as pessoas da Coreia do Norte são iguais a qualquer outras do mundo.

Exceto sobre sistema político e econômico as pessoas da Coreia do Norte e da Coreia do Sul não são diferentes, uma vez que compartilharam a mesma história e cultura ao longo de milhares de anos. Assim, sou muito positiva de que as duas Coreias podem se unir sem muitos obstáculos no que diz respeito ao povo de ambos lados.

4- Com o atual Presidente Moon Jae In no poder você acredita ser possível alguma melhoria nas relações norte-sul?

Shin Eun Mi: Sim, eu acredito que as relações norte-sul vão melhorar em um futuro próximo.

5-O que mais te impressionou na RPDC? (pontos positivos e negativos)

Shin Eun Mi: O que mais me impressionou é que o povo da Coreia do Norte é muito gentil, diligente e não são "orientados ao dinheiro". Em segundo lugar, a Coreia do Norte é um país de auto-suficiência com plena soberania.

Um dos aspectos negativos inclui a condição econômica relativamente pobre. No entanto, a condição vem melhorando nos últimos anos.

6- Você visitou a RPDC muitas vezes, notou diferença ao longo do tempo com relação ao desenvolvimento do país?

Shin Eun Mi: Como mencionei, a economia norte coreana está crescendo significativamente e portanto o padrão de vida está ficando cada vez mais alto.

Foto: Engarrafamento em Pyongyang (por Shin Eun Mi)



Como citei em outra entrevista, o número de carros, incluindo táxis, aumentou drasticamente desde minha primeira visita em 2011 e uma vez que  á muitos táxis é possível passear por Pyongyang com os guias mesmo durante à noite, e também houve um "boom da construção" onde a maioria dos edifícios é para fins residenciais com mercados e lojas de departamento em menor escala e também notei muitos novos restaurantes agradáveis. Levando em conta isso, vejo que o padrão de vida do povo norte coreano está melhorando.

Foto: Shin Eun Mi na Rua dos Cientistas do Futuro (미래과학자거리) - Mirae (Futuro)



7- Qual as maiores diferenças entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul ?

Shin Eun Mi: A maior diferença que eu vejo entre o norte e o sul está na economia. Enquanto o sul está desfrutando de sua prosperidade econômica, o norte ainda está lutando para desenvolver sua economia.

8- Em sua opinião, qual é a melhor saída para o fim das hostilidades entre EUA e RPDC?

Shin Eun Mi: Um tratado de paz e a normalização diplomática acabariam com a relação anormal entre EUA e RPDC, que será um processo a longo prazo, mas deve ser alcançado para a paz e bem estar do nordeste asiático e para o mundo inteiro.

Agradeço muito à Shin Eun Mi por aceitar a entrevista e por sua colaboração para a causa da reunificação e para tirar a imagem demonizada que a mídia ocidental passa sobre a RPDC.

Todas as fotos: Shin Eun Mi

Entrevistador: Lenan Cunha

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