sábado, 22 de fevereiro de 2020

Sobre a construção do partido, do Estado e das forças armadas na pátria liberada


Discurso proferido ante aos quadros militares e políticos em 20 de agosto de Juche 34 (1945).

Camaradas,

Graças à vitória das forças democráticas antifascistas na Segunda Guerra Mundial foi esmagado o exército agressivo do imperialismo japonês e nosso povo pôde tornar realidade a histórica causa da restauração da pátria. Este grande triunfo está tingido com o precioso sangue de centenas de milhares de melhores filhos e filhas do povo coreano, que combateram heroicamente na luta contra os agressores imperialistas japoneses pela restauração da pátria, pela liberdade e felicidade do povo e pela construção de um empório socialista e comunista, livre de exploração e opressão.

Nosso povo obteve por fim a liberdade e a emancipação, encerrando a dominação colonial de quase meio século do imperialismo japonês, e ante a ele foi aberto um caminho luminoso para a construção de uma nova Coreia, independente e próspera.

Agora, ao fazer-se efetiva a histórica causa da restauração da pátria, surgem ante a nós novas tarefas combativas. Devemos levar continuamente adiante a revolução coreana e construir com as forças do próprio povo coreano um Estado soberano e independente, rico e poderoso, baseando-nos no êxito que foi nossa vitória.

O que devemos fazer para cumprir esta grandiosa tarefa?

Antes de tudo, devemos construir um partido marxista-leninista capaz de dirigir a revolução coreana à uma vitória segura. Ao mesmo tempo, devemos resolver a questão do poder, coisa fundamental na revolução, estabelecendo um poder popular; assim como organizar as forças armadas populares, chamadas a defender o país e o povo e a salvaguardar as conquistas da revolução. Estas três grandes tarefas imediatas se apresentam como deveres revolucionários cuja solução não permite nem um só dia de adiamento se queremos desenvolver com rapidez a revolução coreana na pátria liberada.

Apoiando-nos nas valiosas façanhas revolucionárias e nas ricas experiências de combate acumuladas no transcurso da Luta Armada Antijaponesa, devemos impulsionar com energia a construção do partido, do Estado e das forças armadas, para assim brilhantemente lograr a histórica tarefa da edificação de uma nova Coreia.


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Entre os deveres que a história apresenta aos comunistas coreanos na etapa atual, o mais importante é a fundação do Partido Comunista da Coreia, Estado-Maior da revolução coreana e destacamento de vanguarda da classe operária.

Sem um partido revolucionário da classe operária que sirva de Estado-Maior à revolução não é possível agrupar firmemente ao lado da revolução as grandes forças democráticas de todas as classes e estratos—com a classe trabalhadora na primeira fila—, nem efetuar exitosamente a construção do Poder popular e das forças armadas populares com a organização e mobilização das massas populares.

Em nosso país já estão preparadas as condições básicas para a fundação de um partido marxista-leninista unificado. As chamas da Luta Armada Antijaponesa nos serviram de frágua para forjar os cimentos organizativos e ideológicos do futuro partido ao superar, através de uma árdua luta contra as manobras conspiratórias e os atos subversivos de todos os inimigos internos e externos, as debilidades essenciais que padecia o movimento comunista da Coreia em sua etapa inicial.

Antes de tudo, formamos núcleos comunistas cheios de vitalidade, provados e forjados na prática da árdua luta revolucionária, o que nos proporciona hoje uma segura canteira para a fundação de nosso partido.

Os melhores filhos e filhas de nosso país, aqueles que a princípios da década de 30, quando o destino de nossa nação estava sobre um patíbulo, se levantaram empunhando as armas pela restauração da pátria e pela honra da nação, seguiram combatendo intransigentemente durante quinze anos, e em meio a esta luta renhida se converteram em ferventes revolucionários e magníficos núcleos comunistas.

Nós, os comunistas que nos forjamos nas chamas da Luta Armada Antijaponesa, somos os revolucionários mais confiáveis, que não somente superamos cabalmente o faccionalismo que se prendia como uma lapa ao movimento comunista de nosso país na década de 1920, mas que também, armados com as avançadas ideias e teorias do marxismo-leninismo, lutamos consagrando sem titubear nossa juventude e nossa vida ao cumprimento da justa linha da revolução coreana, sem claudicar ante a nenhuma situação adversa. Esta é precisamente a razão pela qual viemos desfrutando do apoio e carinho absolutos das massas populares e personificamos a grande esperança do povo coreano. Nós, os núcleos comunistas que assim nos modelamos, forjados e educados na prática da luta revolucionária e que desfrutamos do apoio e do carinho absolutos das massas populares, somos os chamados a servir hoje, na pátria já liberada, de segura pedreira e de eixo organizativo para a fundação do partido marxista-leninista.

No período da Luta Armada Antijaponesa fomos nós quem demos ademais uma firme unidade e coesão às filas revolucionarias sobre a base de uma mesma ideia e uma mesma vontade, e que preservamos a integridade do marxismo-leninismo nas filas comunistas, detendo a tempo as intrigas contrarrevolucionárias e toda classe de ações subversivas dos faccionalistas servis às grandes potências e dos chauvinistas nacionais de visão estreita que, montados com o imperialismo japonês em um mesmo veículo de manobras intrigantes, estavam loucos para descompor por dentro as filas revolucionárias.

Este logro constitui uma valiosa garantia com a que nosso futuro partido contará para preservar firmemente entre suas filas a unidade e coesão de ideias e de vontade—que são a própria vida para um partido marxista-leninista—, revelando e destroçando a tempo qualquer ação faccionalista ou manobra de subversão e de sabotagem dos inimigos de classe e dos oportunistas de toda laia.

No período da Luta Armada Antijaponesa cimentamos igualmente um sólido terreno de massas para a fundação do partido, ao armar com a ideologia revolucionária da classe operária as amplas massas trabalhadoras lideradas pelos trabalhadores e camponeses, organizando e realizando um incansável trabalho político entre elas sem intimidar-nos sequer sob a rigorosa vigilância e selvagem repressão do imperialismo japonês,  e ao forjá-las em meio à prática da luta de massas contra este imperialismo.

Isso constitui uma firme garantia para que nosso partido, autêntico defensor e representante dos interesses do povo coreano, possa desenvolver-se sadiamente, profundamente arraigado nas massas trabalhadoras e em estreito vínculo com as massas populares. Assim sendo, nosso partido é fundado hoje, não sobre o vazio, mas após haver efetuado os preparativos organizativos e ideológicos idôneos no transcurso da larga e árdua Luta Armada Antijaponesa.

Porém, o fato de já ter pronto esses fundamentos jamais deve ser para nós um motivo de vaidade. Devemos prever que no curso da luta para fundar, consolidar e desenvolver o partido na pátria liberada surgirão problemas tão difíceis e complicados como os que surgiram no passado, na fase de preparação organizativa e ideológica.

Por não haver recebido todavia um treinamento organizativo e uma educação ideológica por parte de seu destacamento revolucionário de vanguarda, a absoluta maioria dos trabalhadores de nosso país não contam com a suficiente preparação organizativa e ideológica que lhes corresponde como classe dirigente. Ademais, como estiveram quase meio século sob a bota colonialista do imperialismo japonês, os trabalhadores, camponeses e outras classes e setores das massas populares se encontram permeados em medida considerável pelas ideias caducas de todas matizes que o imperialismo japonês disseminou, e o pior é que não poucos deles, cegos pela avalanche de difamações, calúnias e demagogia do imperialismo japonês e seus lacaios contra os comunistas coreanos, passaram a ter insegurança e preconceito enquanto ao comunismo. Isso constitui um obstáculo nada desdenhável para que nosso partido possa arraigar-se profundamente nas amplas massas trabalhadoras, ganhar o apoio e confiança das massas, e estender-se e consolidar-se organizativa e ideologicamente, em estreito vínculo com elas.

Devemos prever igualmente que os faccionalistas e os renegados da revolução que, cegados pela sede de hegemonia, tentarão fazer desmoronar a revolução coreana com suas rinhas sectárias, emergirão de novo disfarçados de revolucionários e tentarão enganar as massas trabalhadoras  desavisadas. Sobretudo, se temos em conta o fato de que as tropas de agressão do imperialismo ianque se estacionarão no Sul da pátria com o Paralelo 38 como linha divisória, veremos que nosso futuro trabalho tropeçará com muitas dificuldades.

Esta é, precisamente, a situação em que devemos construir o partido, estabelecer o Poder popular e edificar um Estado soberano e independente, rico e poderoso, ao passo da revolução democrática antimperialista e antifeudal.

Como então devemos construir o partido marxista-leninista em nosso país?

Antes de tudo, temos que fundar o quanto antes um partido unificado da classe operária—o Partido Comunista da Coreia—, tendo como núcleo os comunistas forjados e  educados na árdua Luta Armada Antijaponesa. Desde logo, uma parte dos comunistas que empreenderam suas atividades dentro do país pode não estar forjada no organizativo nem estar imune aos venenos ideológicos do faccionalismo. Todavia, como contamos com um destacamento idôneo para servir de eixo à revolução coreana, um destacamento fogueado e provado nos longos anos da luta armada, aqueles poderão tomar um caminho correto dentro da revolução se confiamos audazmente neles e trabalhamos de coração aberto. Esta é a única maneira de prevenir a divisão nas filas comunistas, salvaguardar a unidade e coesão das filas revolucionárias e unir ferreamente no entorno do partido as amplas forças revolucionárias lideradas pela classe trabalhadora.

O Partido Comunista da Coreia não deve ser, sob nenhum conceito, uma organização formada por uns tantos comunistas. O Partido Comunista da Coreia deve ser um partido de massas profundamente arraigado nos amplos setores do povo trabalhador, com os trabalhadores e camponeses na primeira fila, e um experimentado Estado-Maior da revolução que organize e dirija a construção de uma nova Coreia. Por isso devemos ampliar com rapidez as filas do partido com os melhores elementos do obreirismo, do campesinado e da intelectualidade progressista, com aqueles que podem lutar com abnegação pelos interesses das massas trabalhadoras e desempenhar o papel de vanguarda mais exemplar na construção de um Estado democrático, soberano e independente.

Ademais, baseando-nos nos princípios organizativos do partido marxista-leninista, devemos assegurar a unidade de ideias, vontade e ação em todas suas filas, preservando-as do faccionalismo; armar todos os militantes com a ideologia e a teoria do marxismo-leninismo; estabelecer uma disciplina férrea e consciente e manter a todo custo o principio do centralismo democrático. De maneira especial, ao constituir o partido devemos manter uma aguda vigilância revolucionária contra as manobras de sabotagem e as ações sectárias dos especuladores políticos e dos faccionalistas para revelá-las e frustrá-las oportunamente.

Para que nosso Partido possa cumprir com sua missão e função como Estado-Maior da revolução coreana, é preciso dar uma sólida preparação política e ideológica a seus quadros que são os núcleos principais.

Os quadros do partido constituem suas forças mais importantes, as chamadas a decidir o futuro destino da revolução coreana. Sem constituir as magníficas filas de quadros políticos comunistas do Partido e sem ampliá-las logo incessantemente, não é possível elevar o papel dirigente dessa organização nem construir com êxito um Estado soberano e independente, rico e poderoso, repelindo os inimigos de toda laia, tanto internos como externos. Portanto, simultaneamente com a fundação do partido, nos apresenta a urgente tarefa de formar seus quadros dotados com a ideologia e a teoria do marxismo-leninismo e capazes de defender e de por em prática a linha e a política do partido. Para este fim devemos começar por organizar cursos de treinamento para quadros do partido.

Paralelamente a isso, e para que nosso partido possa agrupar amplas massas em seu entorno e assegurar uma posição dirigente entre as massas populares, temos que desenvolver a criação de organizações de massas por profissões e setores. Sem estar enlaçado por vínculos de sangue com as grandes massas populares, o partido não pode se tornar uma autêntica organização revolucionária, assim como tampouco pode cumprir sem o apoio e respaldo das massas seu papel como destacamento de vanguarda da classe operária. O problema de agrupar ou não grandes massas ao lado do partido e da revolução vem a ser a chave que decide o destino daquele e a vitória ou o fracasso desta. Por isso, a primeira semeadura que toda organização revolucionária deve fazer é sempre seu trabalho organizativo e ideológico entre as massas.

Mesmo nos momentos mais tenebrosos da dominação colonial do imperialismo japonês, nós disseminamos as sementes da revolução entre as amplas massas populares, as cultivávamos bem até que deram frutos por cima de todas as dificuldades e reveses; assim conduzimos a revolução à vitória apoiando-nos na força das massas. Com isso queremos significar que o núcleo dirigente dos comunistas coreanos nasceu no seio das massas organizadas e cresceu graças ao apoio e amparo ativos das grandes massas.

Por isso, a criação das organizações de massas —correias de transmissão que ligam o partido com as massas— cobra uma grande importância na hora de consolidar e desenvolver o partido organizativa e ideologicamente, preparar as forças revolucionárias e elevar o papel dirigente do partido.

Ao constituir as organizações de massas devemos agrupar, antes de tudo, os jovens, pois eles são a reserva do partido e representam o futuro da revolução.

Estreitar no entorno do partido as massas de jovens, futuros protagonistas da nova sociedade e trabalhadores dignos de toda confiança na construção de uma pátria rica e poderosa, é uma questão muito importante relacionada com o futuro destino da pátria. Esta é a razão pela qual em todo o curso da luta armada pusemos sempre um profundo interesse no trabalho com os jovens, compreendendo corretamente a missão e o papel que eles desempenham o desenvolvimento do movimento revolucionário. Tanto ao preparar a armação organizativa para a fundação do partido, como ao criar, consolidar e desenvolver a Guerrilha Antijaponesa, nosso trabalho sempre começou pelo trabalho da Juventude Comunista; e assim transformamos muitos jovens em fervorosos combatentes revolucionários, fortalecendo os trabalhos da União da Juventude Comunista e demais organizações juvenis.

A partir desta experiência, nós devemos formar um destacamento político à maneira de organização democrática da juventude, agrupando nela vastos setores juvenis, com os jovens trabalhadores na primeira fila e incluindo os jovens camponeses, estudantes, etc., para convertê-lo em um destacamento de vanguarda que combata heroicamente na construção de uma nova pátria, e em um invencível contingente revolucionário com uma férrea disciplina organizativa.

Agrupar dentro de uma organização as mulheres, que somam a metade da população em nosso país, adquire grande importância na hora de ampliar e fortalecer as forças revolucionárias e acelerar a construção de uma nova pátria, rica e poderosa.

Como extensão das experiencias acumuladas em nosso trabalho com as mulheres  durante o período da Luta Armada Antijaponesa, devemos criar uma organização de mulheres que abarque amplos setores de trabalhadoras, em conformidade com as condições concretas de nosso país e com os requisitos da situação imperante.

As mulheres de nosso país tem uma consciência revolucionária muito elevada por haver estado submetidas ao duplo ou triple maltrato e opressão sob a férula colonial-medieval do imperialismo japonês e os preconceitos feudais. Especialmente, no período da Luta Armada Antijaponesa muitas trabalhadoras coreanas lutaram orgulhosamente junto aos homens pela restauração da pátria e pela honra da nação, pela emancipação social e pela liberdade da mulher.

As revolucionárias, providas de firme concepção comunista do mundo e forjadas em meio a duras provas, combateram heroicamente com armas na mão atravessando montanhas e cordilheiras abruptas sob neve e defenderam sua honra de comunistas mantendo inalterável sua constância revolucionária, sem intimidar-se mesmo ante ao bosque de baionetas, nem quando eram submetidas a torturas medievais ou iam ao cadafalso.

Nós devemos procurar que todas nossas mulheres, fiéis à tradição de luta cimentada por suas esclarecidas e valorosas antecessoras, ocupem uma importante ala na construção de uma nova pátria.

Ao constituir as organizações de massas devemos impulsionar simultaneamente o trabalho encaminhado à criação dos sindicatos operários. É imenso o papel que lhe cabe desempenhar à classe operária na construção de uma nova Coreia. Tanto na defesa das conquistas revolucionárias frente às manobras de subversão e de sabotagem de nossos inimigos internos e externos, como na construção de um Estado soberano e independente, rico e poderoso, a classe operária deve situar-se sempre na vanguarda e guiar as massas com o exemplo prático. Para lograr isso devemos sindicar o quando antes os trabalhadores e dar-lhes maior calibre organizativo e ideológico para que a classe operária cumpra cabalmente com seu dever histórico na construção de uma nova Coreia democrática.

Agrupar organizadamente e mobilizar os camponeses, —que ocupam mais de 80% de nossa população—,  para a luta revolucionária, é um dos deveres mais importantes que nós, os comunistas, temos na etapa atual.

Como consequência da política de pilhagem colonial no campo e do obscurantismo em toda a nação, praticadas ambas pelo imperialismo japonês, os camponeses de nosso país vem vivendo em condições desumanas e muito afastados da civilização moderna.

Para poder resgatar a própria cultura da nação coreana, nação inteligente, com uma longuíssima historia de cinco milênios e uma brilhante cultura, e alcançar o quanto antes os países avançados do mundo em todos os domínios, tanto político e econômico como cultural, devemos começar por libertar por completo as massas camponesas—que constituem a absoluta maioria da população e se encontram na situação mais atrasada— dos remanescentes ideológicos do imperialismo japonês e dos costumes feudais caducos. Para lograr que as massas camponesas assumam e cumpram ao lado da classe trabalhadora seu papel de força principal na construção de uma nova pátria, há que elevar sua consciência de classe e as educar em ideias patrióticas e no espírito coletivista, tudo como é requerido, ao organizar uma união de camponeses e se agrupe estreitamente nela todos os camponeses.





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A questão do poder é fundamental na revolução. Nós, os comunistas, como autênticos patriotas coreanos, e o povo revolucionário, organizamos e empreendermos durante longo tempo a Luta Armada Antijaponesa para aplastar e aniquilar o imperialismo japonês, para instaurar na terra pátria uma vez liberada um autêntico poder popular e construir uma Pátria nova e próspera. Naqueles dias de renhidas batalhas, nós, encarando todos os sofrimentos e sem medo à morte, lutamos sempre a sangue e fogo por um poder popular que assegurava ao povo a liberdade e felicidade em uma pátria livre.

Nosso desejo de construir um Estado soberano e independente, rico e poderoso, onde o povo seria o dono do país, pôde realizar-se com o logro de nossa sagrada causa de restauração da pátria.

Agora bem que tipo de poder devemos estabelecer na pátria liberada?

Com a dominação colonial de tipo medieval, implantada pelo imperialismo japonês, nossa nação sofreu restrições no que deveria haver sido seu desenvolvimento capitalista e se manteve durante longo tempo como uma sociedade colonial e semifeudal. Por isso segue vigente ante ao povo coreano a tarefa de fazer uma revolução democrática antimperialista e antifeudal e, no referente à questão do poder, a de instaurar uma República Popular Democrática que represente os interesses de todo o povo coreano, partindo do caráter e tarefas da revolução de nosso país na etapa atual. A República Popular Democrática deve ser necessariamente obra dos próprios coreanos. O povo coreano tem forças para dar-se um poder por seus próprios meios e nós contamos ademais com a rica experiencia de haver constituído um poder popular.

Entre nossas experiências está a de haver estabelecido no início da Luta Armada Antijaponesa o Governo Revolucionário Popular, autêntico poder do povo, nas bases guerrilheiras das zonas liberadas, para o qual tivemos que descartar a linha esquerdista para o estabelecimento de um governo a base de “soviets”, sustentada por faccionalistas servis às grandes potências; e, visto que o primeiro ponto do Programa da Associação para a Restauração da Pátria estipulava a tarefa de estabelecer um governo popular, viemos lutando durante longo período para seu cumprimento. Se sustentamos e materializamos a linha do estabelecimento de um governo popular, baseando-nos firmemente na mencionada experiência, poderemos implantar com todo êxito um poder popular de novo tipo nesta terra-pátria liberada.

Para construir uma República Popular Democrática devemos criar, antes de tudo, uma frente unida nacional democrática que, sob a direção da classe operária, abarque forças democráticas de todas as classes e estratos—as grandes massas camponesas, os intelectuais, os capitalistas nacionais honestos, etc.—, e sobre esta base, estabelecer o Poder popular. Como em nosso caso se trata de uma frente unida para a construção da República Popular Democrática, devem ser incluídas nela todas as classes e estratos presentes dentro das forças patrióticas e democráticas, as quais exigem a construção de um Estado democrático independente: na primeira fila, os trabalhadores e camponeses, que são os autênticos donos do país, e ademais intelectuais trabalhadores, pequenos proprietários urbanos, capitalistas nacionais honestos, etc.; enquanto que todas as forças reacionárias como os elementos pró-japoneses, os traidores da nação, etc., devem ser proibidos de entrar nela.

Ademais, há que selecionar os melhores patriotas, aqueles que estejam dispostos a combater abnegadamente pela pátria e povo, e estruturar os organismos do Poder popular com eles como núcleo. Dessa maneira, devemos fazer de nosso Poder popular uma poderosa arma da luta de classes que, sob a direção do partido da classe operária, agrupe no seu entorno o máximo de forças patrióticas e democráticas integrantes da frente unida nacional democrática, com trabalhadores e camponeses na vanguarda, e isole e combata todas as forças contrarrevolucionárias como são os elementos pró-japoneses, os traidores da nação, os latifundiários reacionários, os capitalistas entreguistas, etc.

Na construção do poder, nós, os comunistas, jamais devemos ter uma atitude passiva nem trabalhar com ignávia. Tanto na construção da frente unida nacional democrática como na implantação do Poder popular, nós comunistas devemos sempre assumir e desempenhar um papel iniciativo, ativo e dirigente, sendo sempre os precursores e organizadores que guiemos todas as classes e estratos das massas populares.

Se nós desconsiderássemos, por pouco que fosse, o trabalho encaminhado a estabelecer o poder em nossa pátria liberada, cuja restauração foi paga com o precioso sangue de nossos camaradas de armas revolucionários, isso significaria precisamente trair os desejos desses camaradas de armas caídos e frustrar as aspirações da nação coreana. Por isso, devemos instaurar o quanto antes e com todo ânimo o Poder popular, bandeira da liberdade e libertação popular nesta terra de três mil ris onde durante quase meio século reinaram as trevas, e abrir assim um caminho de prosperidade para a pátria e de felicidade para as gerações vindouras.

A luta pela instauração do poder é uma séria luta de classes para ver "quem vence quem".

Nós não devemos esquecer que no futuro próximo, aproveitando a complexa situação criada na pátria liberada, aqueles mesmos faccionalistas que no passado se disfarçaram de comunistas e conduziram a revolução ao fracasso, aqueles nacionalistas que degeneraram em servidores do imperialismo japonês, e até os lacaios pró-japoneses tentarão loucamente, por trás de sua máscara de patriota, escalar os órgãos do poder e realizar suas descaradas ambições políticas. Por isso, com elevada vigilância revolucionária, temos que revelar e destroçar a cada passo toda classe de intrigas e manobras de subversão dos inimigos.

Qual é, então, o programa de ação que o Poder popular deve por em prática?

1. Criar uma frente unida nacional democrática que abarque todas as forças patrióticas e democráticas de nosso país: trabalhadores, camponeses, intelectuais progressistas, capitalistas nacionais e religiosos honestos, etc., e sobre esta base instaurar a República Popular Democrática.

2. Assegurar a liberdade de expressão, imprensa, reunião, associação e religião e garantir a todos os cidadãos de ambos sexos com 18 anos ou mais o direito a eleger ou ser eleito.

3. Confiscar e estatizar todas as fábricas e empresas, ferrovias, bancos, barcos, fazendas, instalações de irrigação e todos os demais bens pertencentes aos imperialistas japoneses, aos coreanos pró-japoneses e aos traidores da nação.

4. Confiscar as terras dos japoneses e dos latifundiários coreanos pró-japoneses e reacionários e as distribuir gratuitamente entre os camponeses sem terra ou com pouca terra.

5. Varrer todas as forças restantes do imperialismo japonês e todos seus elementos residuais.

6. Implantar a jornada laboral de 8 horas e o sistema de salário mínimo para assegurar ao trabalhador sua subsistência, assim como garantir emprego aos desempregados.

7. Oferecer um bom trato social aos homens do setor cultural e técnicos e melhorar suas condições de vida.

8. Restaurar a longuíssima e brilhante cultura nacional do povo coreano, desenvolver nossa língua e nosso sistema de escrita e por em vigor de maneira gradual o ensino obrigatório.

9. Aplicar um sistema de impostos progressivos por conceito de renda e de nível de vida do povo.

10. Abolir as instituições financeiras do imperialismo japonês e anular todos os rendimentos usurários e obrigações bancárias.

11. Fazer efetiva a igualdade de direitos do homem e da mulher em todas esferas - política, econômica e cultural -, e conceder igual retribuição por igual trabalho.

12. Proibir a violação dos direitos humanos e todo tipo de perversão penitenciária.

13. Estabelecer amizade com nações e países que queiram tratar em pé de igualdade a nação coreana liberada e nosso país independentizado.



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Para que nosso país seja um Estado totalmente soberano e independente temos que organizar nosso próprio exército nacional, um exército tão poderoso que seja capaz de defender o país e a nação e salvaguardar as conquistas da revolução.

Não se pode considerar um Estado totalmente soberano e independente aquele país que não tenha seu próprio exército nacional. Uma das causas principais de que nossa pátria foi ocupada pelos agressores imperialistas japoneses residiu no fato de que não teve um poderoso exército nacional próprio. Em tempos passados os governantes feudais da dinastia feudal de Joson mantinham uma espécie de exército como instrumento para oprimir o povo, porém suas forças eram tão exíguas e seu armamento tão insignificante que não puderam fazer frente ao agressivo exército do imperialismo japonês, que era um exército regular e contava com armas modernas.

Se nós não fundamos um poderoso exército ao mesmo tempo que estabelecemos na pátria liberada o Poder popular, nos será impossível salvaguardar as conquistas da revolução, obtidas a custo de tanto sangue, frente à agressão armada dos imperialistas estrangeiros, e retrocederíamos à nosso lamentável passado de escravos apátridas. Ainda mais agora em que a pátria se encontra em uma situação tão complexo.

Ainda que os imperialistas japoneses tenham sido derrotados, se diz que na região ao sul do Paralelo 38 se estacionarão as tropas do imperialismo ianque. É certo que o imperialismo estadunidense combateu contra os fascistas japoneses, alemães e italianos, mantendo-se formalmente ao lado das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial e intervendo diretamente na guerra contra o Japão. Porém, nós sabemos bem como surgiu esse país e como veio se expandindo. Desde o final do século XIX o imperialismo ianque vem estendendo seus tentáculos agressivos a nosso país, e após a assinatura do convênio secreto entre Katsura e Taft em 1905 deu ajuda ao imperialismo japonês na ocupação da Coreia.

A situação política nestes momentos em que as tropas de agressão do imperialismo estadunidense, que desde muito tempo vem aguardando a oportunidade propícia para tomar nosso país, e estão próximas de se estacionar no território Sul da pátria, nos impõe uma aguda vigilância revolucionária e nos apresenta como tarefa decisiva e inadiável a fundação de nosso exército nacional, um exército tão poderoso que seja capaz de preservar o país e a nação frente à agressão do imperialismo estrangeiro.

Sejam quais forem nossas dificuldades teremos que contar sem falta com um exército revolucionário regular integrado por nossas próprias forças.

Nós possuímos seguros fundamentos para poder estruturar um exército revolucionário regular. No período mais tenebroso da dominação colonial do imperialismo japonês, nós comunistas coreanos organizamos o Exército Revolucionário Popular da Coreia, primeiras forças armadas populares da revolução em nosso país, com os trabalhadores e camponeses de maior valia e jovens patriotas; e os militares do Exército Revolucionário Popular combateram valentemente pela restauração da pátria e pela honra da nação, unidos todos como um só. Em mais de 15 anos que ardeu a fogueira da Luta Armada Antijaponesa em aras da independência nacional e da emancipação social, o Exército Revolucionário Popular da Coreia se forjou e se desenvolveu como um invencível destacamento de aço e como um exército de quadros, preparado tanto político como militarmente. Isso significa que hoje já contamos com firmes fundamentos sobre os quais podemos integrar oportunamente nossas forças armadas revolucionárias regulares.

O exército revolucionário que vamos criar terá como espinha dorsal os combatentes revolucionários forjados e crescidos em meio às provas da Luta Armada Antijaponesa, e a ele se incorporarão os filhos e filhas de trabalhadores e camponeses e outros setores do povo trabalhador. Para criar as forças armadas revolucionárias devemos herdar o fervoroso amor à pátria e ao povo e o ódio fervente aos inimigos, o espírito revolucionário de.superar qualquer dificuldade e contratempo com nossas próprias forças, o tradicional estilo de união entre superiores e subordinados e entre o exército e o povo, a camaradagem revolucionária e o estilo popular de trabalho, a disciplina militar consciente e o regime de vida revolucionário, etc., que patentizaram durante o período da Luta Armada Antijaponesa os militares do Exército Revolucionário Popular; em todo esse espírito há que educar e capacitar o exército revolucionário que nos propomos criar.

A construção das forças armadas revolucionárias é uma questão importantíssima que decide a vida ou a morte, a sobrevivência ou a ruína do Estado e do povo, pela qual nós mesmos, quadros que servimos de núcleos dirigentes, devemos participar todos diretamente nesse trabalho e tomar a dianteira. Pondo nele todas nossas forças, temos que fundar o quanto antes na pátria restaurada o exército revolucionário regular: invencíveis forças armadas populares firmemente equipadas com a ideologia marxista-leninista.


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Camaradas:

O êxito ou o fracasso na realização destas três grandiosas tarefas que são a construção do partido, do Estado e das forças armadas na pátria liberada, depende muito do papel que nós, os núcleos dirigentes comunistas, desempenhemos.

Para executar com êxito estas tarefas, a primeira coisa que devemos fazer é agrupar firmemente ao lado da revolução, mediante um trabalho educativo, os trabalhadores, camponeses e todas as demais classes e estratos que constituem as grandes forças patrióticas, e canalizar e mobilizar ativamente à construção do país o entusiasmo político dessas massas populares, acrescentado pela alegria da libertação. Somente com seu ativo apoio e participação, possibilitados por um trabalho como esse, podemos realizar com êxito essas três grandes tarefas que são a construção do partido, do Estado e das forças armadas.

No caminho de luta para levar a cabo estas três grandes tarefas tropeçaremos com várias dificuldades e contratempos que não pudemos prever, e surgirão muitas complexidades. Entretanto, nós comunistas somos revolucionários otimistas, não tememos dificuldades e confiamos na vitória final em qualquer situação adversa; possuímos ademais essa característica própria de todo bom revolucionário, que é executar até o fim suas tarefas por mais difíceis que sejam. Se nós seguimos trabalhando com esse inabalável espírito de combate com que lutamos até a hora do triunfo, com o único objetivo da independência da pátria e da libertação nacional sem temer dificuldades ou reveses ou mesmo a morte, percorrendo o caminho durante a noite e açoitado pelo vento daqueles dias da árdua Luta Armada Antijaponesa, seguramente poderemos cumprir com êxito qualquer tarefa por mais difícil que seja.

Nós, os comunistas, não fazemos a revolução para lograr grandes dignidades nem por motivos de glória pessoal ou arrivismo, nem tampouco para desfrutar da opulência e do luxo, mas pela soberania e independência da pátria, pela liberdade e felicidade do povo e pelo socialismo e comunismo. Não importa onde e qual trabalho façamos, devemos considerar sempre como uma honra a missão que nos cabe, e cumpri-la com lealdade sem fazer distinções entre o sublime ou consueto, grande ou pequeno, pesado ou leve; e com um único espírito e vontade, consagrar toda nossa energia e talento em aras dos interesses do país, do povo e da revolução.

Onde que que estejamos devemos confiar sempre na força das massas populares e trabalhar apoiando-nos nelas. Por esta razão, temos que penetrar profundamente nas massas populares, por afinco tanto em educá-las como em aprender com elas, e captar e solucionar a tempo suas necessidades e expectativas compartilhando com elas sua vida e o risco da morte, as alegrias e as penas para ganhar assim seu apoio e confiança.

Se queremos construir nosso partido, nosso poder e nossas forças armadas populares, temos que saber muito mais coisas. Tão somente com o entusiasmo revolucionário não podemos realizar exitosamente essas tarefas. Nós devemos adquirir uma boa bagagem política, teórica e prática mediante a aprendizagem perseverante das avançadas ideias e teorias do marxismo-leninismo, o estudo consciente das experiências de um país adiantado como a União Soviética e a acumulação constante de experiências no curso do trabalho prático.

Está claro que de nenhuma maneira podemos dizer que somos inexperientes em assuntos da revolução. Todavia, por mais experiências que tenhamos adquirido ao longo de nossas atividades revolucionárias, se não nos preparamos e não nos forjamos constantemente em matéria política, nos tornaríamos arrogantes, indolentes, ficaríamos atrasados em relação à realidade em desenvolvimento e assim nos veríamos não somente incapacitados para desempenhar nossa função de quadros revolucionários, mas também à margem das filas revolucionárias. Por isso, devemos nos preparar e nos forjar incansavelmente no político, encontrando e retificando a tempo nossos defeitos no curso da prática revolucionária, fortalecendo a crítica e a autocrítica em um marco de camaradagem, e nos avaliando introspectivamente de forma regular.

Ao mesmo tempo que nos forjamos constantemente, devemos lutar ativamente para que dentre os quadros da nova Coreia que operarão em todos os domínios da atividade do partido e do Estado não surjam elementos ávidos de hierarquia e burocratas.

A experiência indica que os arrivistas, em última instancia, degeneram em faccionalistas.

Igualmente, devemos prevenir a aparição da vaidade, do burocratismo, do subjetivismo, do liberalismo e outras manifestações perniciosas, e lutar impiedosamente contra todos os remanescentes do imperialismo japonês.

Assim sendo, devemos fundar o quanto antes o Partido Comunista, destacamento de vanguarda da classe operária, desenvolvê-lo como um poderoso partido marxista-leninista e impulsionar com toda energia e vigor as atividades que culminarão no estabelecimento do Poder popular e na criação das forças armadas revolucionárias regulares.

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