1. Introdução
O grande Dirigente camarada Kim Jong Il ensinou como segue:
"Os idealistas fizeram absoluto e mistificaram a consciência como se fosse algo que existisse independentemente da existência material." (Obras Completas de Kim Jong Il, volume 45, páginas 367 e 368)
O problema fundamental da filosofia no período anterior à filosofia do Juche é a relação entre a matéria e a consciência, e a filosofia é dividida entre materialismo e idealismo dependendo de como resolve este problema.
Para que se tenha uma compreensão científica da história da filosofia, consistente na luta entre materialismo e idealismo, é necessário ter uma correta compreensão sobre o materialismo e o idealismo. Em particular, o estudo sobre a origem do idealismo é uma questão-chave para elucidar cientificamente as limitações do idealismo.
O idealismo é uma das correntes básicas representativas da filosofia pré-Juche e, portanto, nos ensaios e livros que estudam a filosofia do período anterior à filosofia do Juche, foram tratados muitos filósofos idealistas.
Os livros representativos incluem "Mudança histórica na visão sobre a história da sociedade, da humanidade e do mundo na filosofia ocidental" (Casa de Publicação da Universidade Kim Il Sung, Juche 94 (2005)), "Filosofia da História de Hegel" (Casa de Publicação do Instituto Pedagógico Kim Hyong Jik, Juche 102 (2013)), "Coleção Completa de Filosofia Coreana - volume 4" (Editora de Ciências Sociais, Juche 99 (2010)); os ensaios curtos incluem "O ponto de vista que vê como doutrina absoluta a causa decisiva das atividades humanas e sua natureza reacionária." (jornal acadêmico da Universidade Kim Il Sung - filosofia e economia - 3 - Juche 88 (1999)), "O idealismo objetivo de Platão e sua natureza reacionária" (jornal acadêmico da Universidade Kim Il Sung - filosofia e economia - 1 - Juche 89 (2000)), "A concepção e o conceito histórico de Hegel e suas limitações" (jornal acadêmico da Universidade Kim Il Sung - filosofia e economia - 4 - Juche 94 (2005)), "A natureza reacionária da visão idealista religiosa sobre o homem da filosofia do Oriente na Era Medieval" (jornal acadêmico da Universidade Kim Il Sung - filosofia e economia - 2 - Juche 97 (2008)) e "A natureza idealista da visão de Platão sobre o homem" (jornal acadêmico da Academia de Ciências Sociais - 1 - Juche 99 (2010)).
Tais livros e ensaios contribuíram para a compreensão do idealismo, revelando a natureza idealista das filosofias idealistas representativas que existiam antes do surgimento das ideias revolucionárias da classe trabalhadora. Contudo, os livros e ensaios apenas discutiram a natureza reacionária e não científica com base no caráter idealista das correspondentes filosofias idealistas, e não prestaram atenção a estabelecer uma compreensão geral sobre o idealismo.
"A história da filosofia marxista-leninista" (Casa de Publicação da Universidade Kim Il Sung, Juche 102 (2013)) apresenta o problema de estabelecer uma metodologia geral para dissecar as limitações do idealismo, aclarando sua origem. Em "O segredo da construção especulativa" do livro "A sagrada família", Marx revelou pela primeira vez que o idealismo absoluto, o ponto de partida da filosofia idealista de Hegel, baseia-se na distorção de forma especulativa da essência do conceito que reflete as características essenciais das coisas e, analisando isso, apontou que embora a raiz epistemológica da filosofia idealista de Hegel tenha sido esclarecida, a raiz epistemológica do idealismo em geral não foi totalmente esclarecida. Ademais, apontou que a raiz epistemológica do idealismo reside na absolutização unilateral de um aspecto do processo epistêmico. No entanto, por mais que o objetivo do livro fosse analisar e avaliar as visões dos criadores do marxismo sobre Hegel, a discussão sobre a origem epistemológica do idealismo não foi aprofundada.
O problema de descobrir a origem do idealismo é um pré-requisito para reconhecer corretamente sua natureza não-científica.
Somente quando a origem do idealismo é revelada, uma metodologia científica pode ser estabelecida para analisar sua natureza não-científica e seu impacto negativo ao desenvolvimento social.
Pela importância do problema, no ensaio, o problema da origem do idealismo foi apresentado e explicado como problema independente.
Os problemas a serem resolvidos no ensaio são:
Primeiro, o problema acerca da origem classista do idealismo.
Todas teorias ideológicas refletem as demandas de uma certa classe, e é um requisito fundamental do estudo da história da filosofia revelar com precisão a natureza classista das ideias filosóficas correspondentes. Somente quando a origem classista do idealismo é revelada teoricamente, é possível compreender a metodologia capaz de revelar com precisão a essência classista das ideias filosóficas idealistas e revelar sua natureza não-científica.
Segundo, a origem epistemológica do idealismo.
A raiz epistemológica do idealismo está na distorção do processo cognitivo. Somente quando a raiz epistemológica do idealismo é revelada, a natureza não-científica das filosofias idealistas pode ser revelada com base na metodologia científica.
No ensaio, foi tentado explicar a origem do idealismo através da análise de filosofias idealistas representativas desde os tempos antigos até os tempos modernos.
2. Tema principal.
2.1 A origem de classe do idealismo.
A filosofia representa os interesses de uma certa classe em um determinado período de tempo e, portanto, o problema de elucidar a origem de classe do idealismo torna-se uma demanda importante para esclarecer cientificamente a natureza de classe das filosofias idealistas do passado.
Quanto à origem de classe do idealismo, foi reconhecido no mundo acadêmico que esta filosofia reflete a demanda da classe dominante reacionária de justificar as superstições religiosas que mistificam o mundo real.
Observando a filosofia desde os tempos antigos até a Idade Média, esse entendimento da origem de classe do idealismo tem certa validade. No entanto, como muitas ideias filosóficas que refletem a aspiração ao desenvolvimento da sociedade na era moderna possuem caráter idealista, se são tradadas com esse tradicional método de reconhecimento uniforme, ideias progressistas podem ser confundidas com ideias reacionárias. Isso mostra que não é razoável considerar das demandas da classe dominante reacionária como a origem de classe do idealismo.
A partir disso, neste ensaio se busca analisar a origem classista do idealismo dividindo-o em dois aspectos.
O primeiro aspecto da origem de classe do idealismo é que desde os tempos antigos até a Idade Média se baseou principalmente nas demandas da classe dominante reacionária e defendeu sua posição privilegiada, além de mistificar a humanidade e os seres humanos se baseando na religião.
Foi nos tempos antigos que o idealismo apareceu pela primeira vez. O idealismo dos tempos antigos parecia refletir as demandas da classe dominante reacionária para consagrar sua posição privilegiada com base em superstições religiosas herdadas da sociedade primitiva. As superstições religiosas nasceram em sociedades primitivas onde a independência, criatividade e consciência das pessoas estavam em um nível muito baixo. Os povos primitivos, que ainda não conheciam a razão dos fenômenos naturais e tratavam a natureza com medo, a mistificavam, pensando que o mundo real foi criado por um ser sobrenatural.
Dos tempos primitivos à civilização antiga, as pessoas exploraram as próprias vidas baseando-se no conhecimento acumulado na sociedade primitiva. Desta forma, a visão do mundo mudou de uma visão de mundo religiosa e supersticiosa primitiva que explicava o mundo a partir da vontade de um ser sobrenatural para uma visão de mundo filosófica que vê e trata o mundo com base em certos conhecimentos sobre o mundo.
Como a sociedade foi dividida em classes antagônicas, a classe exploradora reacionária, que emergiu como classe dominante, surgiu com uma visão de mundo idealista justificava teoricamente as superstições religiosas que haviam sido herdadas das sociedades primitivas a fim de manter sua posição privilegiada.
As filosofias representativas do período antigo incluem a filosofia Upanixade da Índia antiga e as filosofias de Pitágoras e Platão da Grécia antiga.
A filosofia Upanixade da Índia antiga é uma filosofia idealista que surgiu para defender a autoridade dos sacerdotes brâmanes que ocupavam a posição mais elevada na sociedade, pois a sociedade era dividida em castas.
No século XVII a.C., quando ocorria a divisão de castas na Índia, os arianos que viviam na região da Ásia Central ocuparam a região da Caxemira e estabeleceram o sistema Varna que os elevou à posição mais alta na sociedade. O sistema Varna era um sistema reacionário que separava as pessoas por raça e status e impunha absoluta subserviência e obediência das castas dominadas à casta dominante.
O sistema Varna estava inextricavelmente ligado com as superstições religiosas primitivas dos drávidas, os nativos da Índia. Entre os drávidas, desde os tempos primitivos, domina a onipotência do sacrifício que diz que o destino das pessoas é influenciado pelo sacrifício ao deus. Eles acreditavam que a vitória ou a derrota na guerra e a escassez ou abundância na agricultura dependiam de quanto o deus estava satisfeito com os sacrifícios. Os arianos, que eram culturalmente atrasados, aceitaram essa cultura primitiva dos drávidas e fixaram a divisão de castas da sociedade, dando status mais elevado aos sacerdotes que supervisionavam as cerimônias de sacrifício e tomando a posição dos sacerdotes brâmanes.
À medida que o nível de consciência das pessoas melhorou e o artesanato e o comércio se desenvolveram, surgiram novos senhores de escravos que acumularam muita riqueza proveniente das pessoas que se dedicavam a eles. Eles estavam insatisfeitos com o sistema Varna, que dava aos sacerdotes todo tipo de privilégios, e com isso começaram a surgir gradualmente as contradições e antagonismo na sociedade.
Os sacerdotes brâmanes criaram a religião do bramanismo baseada no ponto de vista da onipotência do sacrifício, uma concepção supersticiosa transmitida desde os primórdios do estudo sobre a origem do idealismo, para defender o sistema Varna no qual ocupavam uma posição privilegiada.
O bramanismo é uma religião que coloca o deus Brama (também chamado de Purusha) como supremo criador e governante do mundo e prega que as pessoas podem ir ao mundo dos deuses e se livrar de todo tipo de sofrimento.
O domínio dos sacerdotes brâmanes baseado no bramanismo foi ameaçado pelo surgimento do materialismo da nova classe de senhores de escravos que negava deus. Assim, os sacerdotes brâmanes distorceram o fenômeno da consciência, que é a função que direciona as atividades humanas, e justificaram a criação e dominação do mundo por deus, dizendo que sua essência era deus.
Como tal, a filosofia Upanixade, que representa a filosofia idealista da Índia antiga, surgiu em resposta às demandas dos sacerdotes brâmanes para mistificar seus privilégios ao justificar a religião de forma teórica.
Pitágoras (572 a.C - 492 a.C) é o progenitor da filosofia idealista da Grécia antiga.
A filosofia de Pitágoras, que mistifica os números e reduz tudo no mundo a relações numéricas, está intimamente relacionada com o orfismo, uma religião da Grécia antiga que pregava a obediência dos escravos e plebeus aos aristocratas.
A área da Grécia é geograficamente apenas uma estreita península. As planícies da Grécia eram cercadas por montanhas, os rios e córregos eram extremamente desfavoráveis para a drenagem e o solo não era fértil. No entanto, as belas paisagens das montanhas e rios atraíram a atenção das pessoas.
Antes do século XXX a.C., a Grécia continental era habitada por outras raças além dos gregos. No final do século XXX a.C, os gregos invadiram o norte da Grécia, expulsaram os nativos e passaram a viver lá. Os grupos étnicos compostos por jônios e aqueus se espalharam pela Grécia entre o século XX a.C. e o século X a.C. No final do século XII a.C., os dórios, que viviam na região norte da Grécia, invadiram o território dos aqueus, que haviam começado a declinar, e junto com os jônios e aqueus formaram os grupos étnicos básicos da Grécia antiga.
No início da formação do Estado, na Grécia, a aristocracia estabeleceu cidades-Estados e tentou realizar seu governo utilizando os remanescentes da sociedade primitiva.
O ponto de vista supersticioso dos gregos, que começou com a adoração aos totens, em que espíritos com poderes misteriosos habitariam as águas, árvores e florestas e até mesmo diversos animais possuiriam poderes misteriosos, foi transformado em uma visão de mundo mitológica que tem como núcleo a personificação de Zeus no momento da divisão de classes. A visão de mundo mitológica centrada em Zeus refletia os remanescentes da sociedade tribal e a divisão de classes da sociedade que haviam permanecido até então, e justificava a desigualdade social estabelecendo relações de grau de consanguinidade com os deuses.
À medida que as cidades-Estados da Grécia antiga prosperavam, ocorria uma luta dos escravos e pobres contra o domínio da classe dominante e uma luta pelo poder político entre os aristocratas e os superiores dos plebeus que acumulavam grande quantidade de riqueza por meio do artesanato individual e do comércio. Em razão disso, a classe dominante introduziu a ideia supersticiosa da imortalidade do espírito para solidificar ainda mais a religião como meio de domínio ideológico sobre as massas trabalhadoras.
Nesse processo, as religiões politeístas foram transformadas em religiões monoteístas baseadas na ideia da imortalidade do espírito.
As religiões representativas são o orfismo e o culto dionisíaco.
O culto dionisíaco pregava que os seres humanos deveriam se separar da sociedade humana pecaminosa e se unir ao deus Dioniso. Originalmente, Dioniso era o deus da agricultura e da colheita, e era especialmente adorado pelos camponeses na Grécia. O culto dionisíaco combina o conceito da imortalidade do espírito com a ideia supersticiosa sobre Dioniso e a crença na vida após a morte.
O orfismo pode ser visto como uma religião separada do culto dionisíaco.
Segundo ele, os seres humanos são seres com alma e que se encontram parcialmente na terra e parcialmente no céu. Diz que quando se leva uma vida purificada, a parte celestial aumenta e a terrena diminui. A purificação pode ser alcançada observando estritos rituais e evitando a contaminação. Os espíritos das pessoas, que vivem eternamente, receberão bênçãos ou sofrimento no outro mundo, dependendo de terem ou não levado uma vida terrena purificada. Aqueles que levam uma vida purificada acabam alcançando a união com o deus Dioniso e recebem bênçãos eternas.
Pitágoras separou a alma do corpo humano e insistiu na imortalidade da alma para justificar o orfismo.
Platão (427 a.C. - 347 a.C.) é um representante do idealismo da Grécia antiga. Representando os interesses da aristocracia, se opôs veementemente à democracia escravista e buscou concentrar todo o poder nos aristocratas locais.
Representando as demandas dos aristocratas que usavam a religião como meio de governança ideológica para manter seu domínio, Platão aceitou os elementos religiosos da filosofia de Pitágoras e disse que o lar da razão humana é o mundo das ideias, e que as ideias são como "deuses".
Na Idade Média o idealismo foi intensificado. O idealismo da Idade Média também reflete a demanda da classe dominante reacionária de usar a religião para defender e manter sua posição privilegiada.
Durante a Idade Média, a capacidade de pensamento filosófico das pessoas foi elevada e seu conhecimento sobre o mundo e a humanidade foi aprofundado. Na Europa, onde o cristianismo dominava tudo, a filosofia se desviou de seu curso normal de desenvolvimento, enquanto no Oriente surgiram visões de mundo materialistas que se rebelaram contra o idealismo que justificava a religião e servia de meio ideológico de domínio dos governantes feudais reacionários. A partir de então, os governantes feudais conceberam ativamente uma ideologia capaz de justificar a religião ao mesmo tempo em que refinava mais o engano às massas populares.
O idealismo da Ideia Média é representado pela filosofia budista maaiana, a filosofia vedanta o neoconfucionismo da escola de Zhu e o yangmingismo (também conhecido como Simhak; "estudo do coração").
A filosofia budista maaiana é uma filosofia idealista que surgiu para racionalizar teoricamente o dogma do budismo maaiana, que representava a demanda dos governantes feudais da Índia Medieval para solidificar o budismo como meio de dominação ideológica sobre as massas trabalhadoras.
Originalmente, o budismo era uma religião que se opunha ao bramanismo, que defendia a posição privilegiada dos sacerdotes brâmanes, e a filosofia do budismo primitivo tinha tanto elementos idealistas como elementos materialistas.
Com a queda da classe escravista e a dissolução das relações sociais escravistas, o budismo primitivo foi transformado em budismo hinaiana, com a divisão em diferentes escolas que refletiam as necessidades de diferentes classes e estratos. As classes e estratos representados pelo budismo hinaiana eram diferentes, mas prevaleceram as classes progressistas e que se opunham à escravidão. A partir disso, na filosofia budista hinaiana, alguns elementos idealistas da filosofia budista primitiva foram negados no estudo sobre a origem do idealismo, e os elementos materialistas foram bastante enfatizados. Na filosofia budista hinaiana, a ideia do "não-eu" da filosofia budista primitiva, que negava a realidade do mundo objetivo, foi negada, enquanto a ideia do "ser existente", que afirmava a realidade do mundo objetivo, foi enfatizada.
Entrando na Idade Média, os governantes feudais da Índia criaram uma filosofia religiosa que racionaliza o cultivo espiritual do budismo convertendo o budismo em budismo maaiana, que tem como propósito aliviar as massas de um chamado sofrimento, a fim de fortalecer o budismo como meio de dominação ideológica que obriga as massas do povo trabalhador a se submeter e obedecer cegamente. Desta forma, uma consciência sobrenatural chamada "Arayashiki" emergiu junto com um idealismo extremado que diz que somente a consciência como consciência é real e que o mundo exterior não existe.
Na Índia, o budismo declinou gradualmente a partir do século VII, e o hinduísmo, uma interpretação do bramanismo, que era a religião tradicional da Índia, emergiu como religião dominante. A fim de fortalecer seu domínio feudal, os governantes indianos negaram ativamente a percepção sobre o mundo real por meio da filosofia vedanta, que aprofundou ainda mais o princípio sobre a identidade bramã e atman que distorceram o estado consciente enquanto preparava o hinduísmo.
O idealismo neoconfuciano nasceu refletindo as demandas dos governantes feudais que queriam eliminar o antagonismo e o confronto entre as classes, fortalecer a monarquia e defender a moral confuciana.
O neoconfucionismo surgiu na China no período da Dinastia Song (960-1279).
Encontrando lições do colapso das Dinastias Tang e Han, a Dinastia Song buscou fortalecer a centralização desde o começo de seu reinado. A Dinastia Song fomentou a seleção de burocratas em grande escala através do histórico de vida, ao mesmo tempo em que concentrou todo o poder nos burocratas centrais. Assim, o governo dinástico, que dependia dos aristocratas de uma mesma linhagem, mudou gradualmente para um sistema burocrático centrado nos burocratas feudais.
Entre os burocratas escolhidos pelo histórico passado, havia pessoas de linhagem nobre, mas também havia as pessoas de origem desconhecida. O poder deles foi dado pelo imperador e assegurado pela monarquia. A partir disso, eles tiveram muito interesse em defender e fortalecer o poder da monarquia.
Os burocratas feudais renovaram o confucionismo, que era seu meio de dominação ideológica, para fortalecer o poder da monarquia.
O confucionismo é uma religião que apresenta a política e a moralidade patriarcal que tornam absoluta a distinção de classes entre as pessoas em nome do "céu" místico. Desde que o confucionismo foi proclamado como religião nacional durante a Dinastia Han, serviu para defender o sistema de governança feudal pregando a política e a moral que tornam absoluta a distinção de classes entre as pessoas. E o pensamento confucionista feudal foi essencial para manter e fortalecer o sistema de governança centralizado.
No entanto, no pós-Dinastia Han, em meio à constante divisão e confusão, e ao transbordamento do budismo e do taoísmo, o confucionismo, que se limitava à interpretação dogmática das escrituras confucionistas usando a autoridade do "céu" misterioso, começou a se afastar da vida cotidiana das pessoas. A adoração das pessoas pelo "céu" misterioso gradualmente desapareceu, a moralidade confuciana tornou-se algo natural e o cultivo da moral confuciana passou a ser negligenciado.
Para usar a moralidade feudal confuciana, essencial para manter e fortalecer o sistema de governança centralizado, o confucionismo, que contava apenas com a autoridade do "céu" misterioso, teve que ser justificada ligando-se à uma cosmovisão filosófica.
A burocracia da classe dominante da Dinastia Song, partindo da realidade de sua ideologia dominante, estabeleceu um novo pensamento confuciano extraindo teorias do budismo e do taoísmo.
Os defensores ideológicos da classe dominante feudal tentaram estabelecer uma existência especial que dominasse todas as coisas do mundo e reinasse sobre todas as coisas do mundo a partir de suas demandas e interesses para tornar absoluto o poder da monarquia enquanto estabelecia o neoconfucionismo. A partir disso, eles o separaram o princípio como atributo e lei das coisas de uma entidade material, e o estabeleceram como um ser absoluto acima de todas as coisas. Desta forma, o princípio, como atributo e lei das coisas, foi apresentado como um ente independente, surgindo assim o neoconfucionismo como um estudo centrado nisso.
O fortalecimento da monarquia feudal, ativamente defendido pelo neoconfucionismo, encorajou o despotismo dos burocratas feudais, agravou a opressão e exploração das massas populares e inibiu severamente o desenvolvimento social.
Em oposição à opressão e exploração cada vez mais duras dos governantes feudais, as amplas massas trabalhadoras, incluindo os camponeses, se levantaram em uma luta antifeudal, e revoltas camponesas eclodiram incessantemente em várias localidades.
À medida que a luta antifeudal se intensificava, a classe dominante burocrática e reacionária reprimia militarmente cada levante camponês ao mesmo tempo em que tentava reprimir o espírito rebelde das massas trabalhadoras com base no confucionismo feudal. Porém, como o neoconfucionismo coloca o princípio no centro e apresenta como base o cultivo da percepção sobre este, uma imposição de conciliação não poderia ser plenamente realizada. Assim surgiu o yangmingismo para realçar o papel do confucionismo feudal como meio de dominação ideológica sobre as massas trabalhadoras, simplificando o complexo refinamento moral confuciano e combinando-o estritamente com a vida prática.
Sendo assim, o idealismo do período antigo e medieval está enraizado nas demandas da classe dominante reacionária, buscando defender sua posição privilegiada no mundo real e intensificar a exploração e opressão das massas trabalhadoras.
O segundo aspecto da origem de classe do idealismo é que o idealismo nos tempos modernos reflete as fracas demandas da burguesia, que aspira à sociedade moderna, mas é intimidada pelo avanço revolucionário das massas populares.
No período final da sociedade feudal, as contradições e a corrupção da sociedade feudal foram reveladas, e a luta das massas populares contra ela estava na ordem do dia. A sociedade feudal, que chegou ao seu fim através da luta das massas populares, gradualmente entrou em colapso, e novas relações capitalistas surgiram e se desenvolveram.
A coisa mais premente para a burguesia, que emergiu com a formação e desenvolvimento das relações capitalistas de produção, foi o desenvolvimento industrial e da produção capitalista. A partir disso, a burguesia aboliu o sistema feudal de castas que dificultava ao máximo o desenvolvimento da produção capitalista, perseguiu um sistema social moderno no qual a "liberdade" e a "igualdade" individuais seriam realizadas e aproveitou-se da luta antifeudal das massas trabalhadoras. No entanto, o fortalecimento do avanço revolucionário das massas populares contra a exploração e opressão também trouxe certo medo à burguesia que desejava obter o controle da sociedade. Assim, entre a burguesia, uma demanda foi levantada para concretizar sua relação com a aristocracia feudal para escapar da restrição do sistema de feudal de castas e, ao mesmo tempo, impedir o avanço revolucionário das massas do povo trabalhador. Refletindo essa demanda, pensamentos filosóficos idealistas também surgiram na filosofia burguesa moderna.
A filosofia de Descartes e a filosofia clássica alemã são filosofias idealistas representativas que refletem as fracas demandas da burguesia moderna.
Como referência, gostaria de tratar do problema da filosofia de Berkeley e Hume.
Em termos de tempo, os britânicos Berkeley e Hume também devem ser citados como representantes da filosofia idealista no período moderno.
Entretanto, não discutir sua filosofia como representativa ao tratar do idealismo da filosofia burguesa moderna está relacionado à situação de que a burguesia representada por Berkeley e Hume não é uma burguesia que já buscou o progresso social, mas já se tornou uma burguesia reacionária. Na Grã-Bretanha, onde foi realizada a primeira revolução burguesa na Europa, o sistema capitalista entrou em um período de "estabilidade" após a "revolução gloriosa" em 1688, e a burguesia se tornou mais reacionária. Portanto, ao discutir a origem de classe da filosofia idealista da burguesia moderna, a filosofia de Berkeley e Hume é colocada fora do debate.
Descartes (1596-1650) refletiu as demandas da nova burguesia que tentou libertar a filosofia e a ciência das restrições da religião, mas não conseguiu escapar completamente do apego ao Deus governante de tudo.
A Europa Medieval era uma sociedade das trevas dominada pelo clero e pelo sistema feudal de classes. Naquela época, a aristocracia feudal e o clero na Europa santificavam e justificavam seus privilégios de classe, posição dominante, opressão e exploração feudal em nome de Deus, e mesmo pequenos elementos contrários à doutrina religiosa e à filosofia escolástica eram condenados como heresia e reprimidos.
O despotismo e a opressão religiosa bloquearam o caminho da nova burguesia que tentava libertar a ciência do dogma e da obscuridade e torná-la uma poderosa força motriz para o desenvolvimento do capitalismo. Naquela época, os domínios acadêmico e espiritual da Europa foram sufocados pela ditadura ideológica e espiritual da religião. Na Europa, onde dominava a escolástica religiosa, a filosofia tornou-se serva da religião e a dedução escolástica era o único método que substituía a metodologia científica. A razão humana e os pensamentos científicos íntegros foram completamente pisoteados pela igreja e pela religião e até mesmo triviais invenções e descobertas científicas naturais foram tratadas como heresia, e o campo acadêmico tornou-se um solo congelado da civilização. Isso foi um grande obstáculo para a nova burguesia que buscava o desenvolvimento da indústria capitalista com base no desenvolvimento das ciências naturais como matemática, física e biologia. A nova burguesia, que desejava desesperadamente o desenvolvimento da produção capitalista, exigia um novo método de pesquisa científica livre de fantasias religiosas.
Como impedia o desenvolvimento da ciência, a religião não atendia às necessidades da nova burguesia, mas era necessária para subjugar e explorar as massas trabalhadoras. A partir disso, a nova burguesia se opôs à opressão da religião sobre a ciência e tentou separar a ciência e a religião sem negar a última.
Descartes, representando a demanda da nova burguesia, atribuiu ao viés escolástico o efeito prejudicial da religião para o desenvolvimento da ciência e tentou superar o viés escolástico por meio da "dúvida universal". Na "dúvida universal", ele apresentou o princípio idealista de "penso, logo existo" como primeiro princípio da filosofia.
A filosofia clássica alemã representa as demandas da nova burguesia que conciliou com os junkers feudais, se encontrando assustada com o espírito de luta das massas populares, e aspirava à revolução burguesa.
No início do século XIX, a Alemanha, ao contrário da Inglaterra e da França, ainda era um país atrasado dominado pela ordem política feudal e pelas relações feudais de produção. O chamado "Sacro Império Romano-Germânico" era apenas no papel. A Alemanha era dividida em 300 pequenos reinos independentes, cada um dos quais estava sob o domínio de uma monarquia absolutista. Como resultado do Congresso de Viena (setembro de 1814), 35 países e 4 cidades livres na Alemanha organizaram a Confederação Germânica, mas na maioria dos Estados alemães reinava uma monarquia reacionária e a constituição era apenas uma formalidade. Os camponeses, que representavam a grande maioria da população, sofriam com vários fardos feudais porque não possuíam terras e, a classe operária, que aparecia na cena história com o desenvolvimento do capitalismo, sofria com os fardos feudais e com a opressão e exploração capitalistas. As massas trabalhadoras, incluindo a classe operária, se levantaram na luta contra a monarquia reacionária.
A nova burguesia da Alemanha também estava insatisfeita com o domínio político dos senhores feudais, mas estava assustada com o crescente espírito de luta das massas populares e seguiu pelo caminho de conciliação com o feudalismo.
A filosofia clássica alemã, refletindo tal esnobismo da nova burguesia, deu origem a um idealismo que reconheceu a realidade da monarquia feudal e perseguiu o ideal da burguesia na torre de marfim da subjetividade.
Para nós, nem o ego de Kant (1724-1804), que produziu o "mundo dos fenômenos", nem a ideia absoluta de Hegel de que a razão universal cria o mundo, são transformações revolucionárias, mas um reflexo da demanda classista da burguesia alemã que realizava suas demandas conciliando com o domínio feudal.
Desta forma, a filosofia idealista aparentou refletir a demanda da classe exploradora de subjugar e dominar as massas trabalhadoras.
2.2 A raiz epistemológica do idealismo
O problema da raiz epistemológica do idealismo está em como o idealismo apareceu pela distorção do processo cognitivo.
A questão da raiz epistemológica do idealismo é levantada porque está relacionada ao fato de que o idealismo é uma filosofia que distorceu o fenômeno da consciência humana.
A consciência é um processo de reflexão das pessoas e do mundo objetivo e o seu resultado. Portanto, a substancialização da consciência não pode ser alcançada sem distorcer o processo de reflexão sobre o mundo e seu resultado.
A compreensão sobre vários fenômenos e coisas, que estão em constante mudança e relacionados entre si, passa por um processo de cognição complexo. As pessoas obtêm um reflexo vívido de coisas e fenômenos por meio da cognição sensitiva. No entanto, a cognição sensitiva, como etapa essencial da cognição, dá um reconhecimento vivo de um objeto, mas as coisas internas e externas, casuais e necessárias, individuais e gerais, se misturam nos dados aqui obtidos. Portanto, na cognição sensitiva, a essência e a legitimidade dos fenômenos e coisas não são reconhecidos. Desta forma, a cognição passa do estágio de cognição sensitiva para o estágio de cognição racional. Na cognição racional, o concreto é abstraído pela abstração científica e o abstrato volta a ser concreto. Em outras palavras, a cognição começa pela intuição e representação sensitivas, passa pelo processo de ir para conceitos e categorias e por fim chega ao processo em que vai para coisas concretas.
Este processo cognitivo é um processo de atividade autônoma e ativa do ser humano.
O idealismo distorceu o processo de produção das coisas e fenômenos ao absolutizar unilateralmente um aspecto da complexa cognição.
No idealismo, primeiramente, a diferença entre a cognição sensitiva e a cognição racional foi absolutizada negando a natureza primária da matéria e transformando a consciência em uma entidade independente.
A cognição sensitiva toma o mundo real meramente como um fenômeno. O fenômeno é regulado pela essência, expressa a essência mas não é absolutamente idêntico à essência. A essência é geral, interna, mais sólida, permanente e indiretamente expressa através dos fenômenos, mas os fenômenos são individuais, externos, variáveis, temporários e aparecem diretamente. Por causa dessa diferença, a essência não pode ser reconhecida pela cognição sensitiva, mas apenas pela cognição racional.
A partir dessa diferença entre cognição sensitiva e cognição racional, os idealistas eliminaram as relações entre elas e tomaram como fundamental o resultado da cognição sobre a essência.
As filosofias representativas são a Upanixade e a de Platão.
Na filosofia Upanixade, é dito que todos fenômenos e coisas têm atman como essência interna que regula sua existência e mudança de movimento, e que constituem a consciência pura que não é afetada pelo corpo ou coisas externas. Além disso, justificou a criação e dominação do mundo pelo Deus do bramanismo, dizendo que são idênticos a Deus.
Na filosofia de Platão, as ideias como "arquétipo" das coisas sensitivas eram apresentadas como seres verdadeiros.
Segundo ele, as ideias são eternas, incolores, intangíveis, disformes, não relacionadas à geração, extinção e mudança de objetos sensitivos e irrestritas pelo tempo e espaço. E o objeto é a "imitação" e "imagem" da própria ideia
Na realidade, as ideias apresentadas na filosofia de Platão são materializadas de fato com a separação do conceito das próprias coisas. Segundo Platão, quando se fala em escrivaninhas, existem vários tipos de restrições de espaço e tempo, como escrivaninhas grandes e escrivaninhas pequenas, escrivaninhas de madeira e escrivaninhas de metal, escrivaninhas azuis e escrivaninhas pretas, esta escrivaninha e aquela escrivaninha, e as escrivaninhas que existiram antes e os que serão feitas no futuro. Essas escrivaninhas específicas surgem e desaparecem, mas a ideia da escrivaninha como "uma mesa que permite estudar colocando livro ou caderno sobre ela" é imortal. Nesse ponto, a ideia de "uma mesa que permite estudar colocando livro ou caderno sobre ela" significa a essência de uma escrivaninha.
Os idealistas também afirmaram a natureza primária da cognição absolutizando e distorcendo unilateralmente o desenvolvimento da consciência do abstrato para o concreto.
O objeto geralmente reconhecido não é simples, mas um todo integral que existe em relação a outros objetos com várias características e aspectos. Portanto, a cognição que obtém normas abstratas por meio da abstração científica não pode ser completada, e se deve proceder para sintetizá-la. Assim, a cognição sai do abstrato para o concreto.
No entanto, o que não deve ser esquecido é que o concreto do pensamento não é o concreto da realidade como ponto de partida da cognição, mas o resultado da cognição.
No entanto, os idealistas eliminaram unilateralmente o processo de ascensão da cognição do abstrato para o concreto, como processo de produção de coisas concretas, do abstrato para o concreto.
A filosofia budista e a filosofia de Hegel são filosofias idealistas representativas que afirmam a natureza primária da cognição ao absolutizar unilateralmente o desenvolvimento da cognição do abstrato para o concreto.
De acordo com a teoria do conhecimento do budismo, apenas a consciência existe, o mundo exterior não existe e a consciência é a fonte de todas as coisas do mundo.
Segundo ela, as sementes de todas as coisas estão armazenadas na consciência. A semente aqui referida nada mais é que o conceito em questão. Essas sementes se transformam e aparecem como objetos concretos. Todas as coisas não existem fora da consciência, mas existem dentro da consciência. Essa consciência é dividida em auto-observação e da autoconsciência, produz inúmeras novas sementes e, como resultado, vários mundos reais aparecem.
Dessa forma, se a filosofia budista absolutizou unilateralmente o desenvolvimento da cognição do abstrato ao concreto e caiu no idealismo subjetivo, a filosofia de Hegel objetificou isso como processo de autodesenvolvimento da "ideia absoluta" sobrenatural.
Hegel ignorou a base realista da razão abstrata, transformou-a em razão irrestrita e viu que o mundo real foi criado no processo de sua aparência. Esta é uma absolutização unilateral do processo de elevação da cognição do abstrato para o concreto e uma distorção no processo de criação no mundo real.
Os idealistas também fizeram das coisas objetivas produto da cognição subjetiva distorcendo o aspecto em que a consciência humana é realizada proposital e conscientemente.
A cognição humana é uma atividade intencional e ativa, razão pela qual existe uma diferença entre objetividade e subjetividade. O idealismo inverte a relação entre sujeito e objeto ao absolutizar a diferença entre sujeito e objeto que surge da atividade humana.
As filosofias representativas são a de Kant e o yangmingismo da China.
Wang Yangming (1472-1529), um representante do "estudo do coração" da China, defendia uma teoria extremamente solipsista de que tudo no mundo existe na consciência subjetiva.
Segundo ele, todas as coisas no mundo são manifestações de princípios ou verdades, e como estes existem na subjetividade do homem, não pode haver nada separado do coração subjetivo.
O princípio de que ele fala é a lei das coisas como resultado da cognição racional. A lei das coisas não pode ser separada da própria coisa original, mas toma sua própria forma por meio da abstração científica.
No entanto, no yangmingismo, o processo de reconhecimento do abstrato ao concreto, que é ativamente realizado, é rejeitado como o processo de produção de objetos.
Kant caiu na teoria agnóstica de que o próprio objeto não pode ser conhecido, distorcendo as formas objetivas de tempo e espaço que os objetos sensitivos têm em suas formas inatas e subjetivas.
Desta forma, o idealismo é uma teoria que absolutiza e distorce um aspecto da cognição humana.
3. Conclusão
O idealismo, que mistifica e absolutiza a mente como se fosse uma entidade que existe de forma independente da existência material é, fundamentalmente, uma doutrina da classe exploradora destinada a explorar e dominar as massas do povo trabalhador e uma teoria não-científica que distorce a essência do mundo.
Isso mostra que é impossível liquidar o domínio da classe exploradora e moldar com sucesso o destino das massas populares sem destruir completamente o idealismo.
Devemos manter firmemente a posição jucheana, reconhecer a natureza não-científica do idealismo e defender resolutamente a pureza da Ideia Juche.
Palavras-chave: idealismo, abstração científica, atividade cognitiva
Doutor Jang Il Kyong, professor associado de filosofia da Universidade Kim Il Sung.
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